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Estudo comparativo de gravidez em adolescentes e em adultas no Brasil: 2013 a 2017 / Comparative study of pregnancy in adolescents and adults in Brazil: 2013 to 2017

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Braz. J. of Develop.,Curitiba, v. 6, n. 8, p.58102-58110 aug. 2020. ISSN 2525-8761

Estudo comparativo de gravidez em adolescentes e em adultas no Brasil: 2013 a

2017

Comparative study of pregnancy in adolescents and adults in Brazil: 2013 to

2017

DOI:10.34117/bjdv6n8-282

Recebimento dos originais:08/07/2020 Aceitação para publicação:17/08/2020

Mariana Albuquerque Montenegro

Estudante de Medicina pela Universidade de Fortaleza (UNIFOR) Instituição: Universidade de Fortaleza

Endereço: Rua Desembargador Floriano Benevides Magalhães, 221 - Edson Queiroz, Fortaleza-Ce, Brasil

E-mail: mariana.mam98@gmail.com

Rayanne Cristina Pontes de Oliveira

Estudante de Medicina pela Universidade de Fortaleza (UNIFOR) Instituição: Universidade de Fortaleza

Endereço: Rua Desembargador Floriano Benevides Magalhães, 221 - Edson Queiroz, Fortaleza-Ce, Brasil

E-mail: rayannecpo12@gmail.com

Fernanda Teixeira Bentes Monteiro

Estudante de Medicina pela Universidade de Fortaleza (UNIFOR) Instituição: Universidade de Fortaleza

Endereço: Rua Joaquim Nabuco, 2576, apartamento 1402 – Dionísio Torres, Fortaleza-Ce, Brasil E-mail: fernandatbm@gmail.com

Giovana Barroso de Melo Rios

Estudante de Medicina pela Universidade de Fortaleza (UNIFOR) Instituição: Universidade de Fortaleza

Endereço: Rua Marcos Macêdo, 843, apartamento 2102 - Aldeota, Fortaleza-Ce, Brasil E-mail: giovanarioseumesma@gmail.com

Thainá Bastos Mangueira Moreira

Estudante de Medicina pela Universidade de Fortaleza (UNIFOR) Instituição: Universidade de Fortaleza

Endereço: Av. Antônio Justa, 3435, apartamento 801 - Meireles, Fortaleza-Ce, Brasil E-mail: ttbastosmm@gmail.com

Fabíola de Castro Rocha

Mestre em Saúde Pública e Doutoranda em Saúde Coletiva Instituição: Universidade de Fortaleza

Endereço: Rua José Vilar, 600, apartamento 1201 - Meireles, Fortaleza-Ce, Brasil E-mail: fabiolacronha@globo.com

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RESUMO

Objetivo: Comparar a evolução da gravidez em adolescentes em relação a mulheres adultas e a repercussão na vitalidade neonatal. Metodologia: Este estudo constitui uma pesquisa de natureza exploratória e quantitativa, realizada por análise de dados na plataforma Datasus do Ministério da Saúde, entre os anos de 2013 a 2017. Resultados: Observou-se que vários fatores, além da idade da parturiente, podem influenciar diretamente no desenvolvimento de uma gestação, tornando-a com menor ou maior risco para mãe e o concepto. Conclusão: Sob essa óptica, altos índices de gravidez em idade precoce se apresenta como um problema de saúde pública ainda fortemente presente no Brasil, o qual está relacionado principalmente com questões socioeconômicas.

Palavras-chave: Gravidez na adolescência, Cuidado Pré-Natal, Recém-Nascido. ABSTRACT

Objective: To compare the evolution of pregnancy in adolescents in relation to adult women and the impact on neonatal vitality.

Methodology: This study is an exploratory and quantitative research, carried out by analyzing data on the Ministry of Health's Datasus platform, between the years 2013 to 2017. Results: It was observed that several factors, in addition to the parturient's age, can directly influence the development of a pregnancy, making it at lower or higher risk for the mother and the fetus. Conclusion: From this perspective, high rates of pregnancy at an early age presents itself as a public health problem still strongly present in Brazil, which is mainly related to socioeconomic issues.

Keywords: Teenage pregnancy, Prenatal care, Newborn. 1 INTRODUÇÃO

A adolescência é o período de transição entre a infância e a vida adulta caracterizado pelo desenvolvimento físico, mental, emocional, sexual e social, o qual corresponde a faixa etária entre 10 e 20 anos incompletos.1,2

A gravidez é um evento que acarreta mudanças significativas na esfera biológica e emocional na vida de qualquer mulher, entretanto, na jovem em desenvolvimento ela pode trazer inúmeras consequências que, na maioria das vezes, são negativas. A gravidez na adolescência é um problema global. A taxa mundial de gravidez, na adolescência, foi de 47 nascimentos para cada 1000 adolescentes no ano de 2015. Esse número sofreu uma redução em comparação com o ano de 1990, na qual a taxa era de 65 nascimentos para 1000 adolescentes, entretanto projeções indicam que esse número irá crescer globalmente até 2030, devido ao crescimento do número de adolescente no mundo. 2,3

Aproximadamente 16 milhões de jovens com idade de 15 a 19 anos e 2.5 milhões de meninas menores que 16 anos dão à luz todos os anos em regiões subdesenvolvidas. No Brasil, a taxa é de 68,4 nascimento para 1000 adolescentes, este número está bem acima da média mundial. A gravidez na adolescência ocorre em países de alta, média e baixa renda, sendo que está mais presente em

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regiões subdesenvolvidas. As áreas que estão no topo da lista são África subsaariana, América Latina e Caribe.²

Esse dado representa o fato de que a gravidez precoce é mais frequentemente observada em populações menos favorecidas economicamente, com baixa escolaridade e pouca oportunidade de emprego.4

A gravidez na adolescência é uma grande causa de evasão escolar e os eventos adversos decorrentes da gravidez constituem como principal causa de mortalidade no sexo feminino de 15 a 19 anos. Adolescentes enfrentam algumas barreiras no acesso a contracepção, tais como fornecimento insuficiente de anticoncepcionais e falta de conhecimento da necessidade de proteção e prevenção.1,6

Os riscos socioambientais como a pobreza, a dependência financeira, a baixa escolaridade, a falta de apoio social e a presença da violência doméstica, fazem com que a gravidez nessa fase da vida, esteja frequentemente associada a elevada prevalência de complicações maternas, fetais e neonatais como aborto, pré-eclâmpsia, parto prematuro e recém-nascido com baixo peso. Ademais, pode-se salientar as repercussões psicossociais, como rejeição familiar, vergonha, medo, insegurança, perda da autonomia e maiores chances de depressão e suicídio.4,5

Conhecer a magnitude da ocorrência atual de gravidez na adolescência, no país, constitui um passo importante para o fornecimento de dados para a construção de políticas públicas eficientes voltadas ao planejamento familiar e assistência materno infantil dessa população.

2 OBJETIVO

Comparar a evolução da gravidez em adolescentes em relação a mulheres adultas e a repercussão na vitalidade neonatal.

3 METODOLOGIA

Este estudo constitui uma pesquisa de natureza exploratória e quantitativa, por análise de dados disponíveis no Sistema de Informações sobre Nascidos Vivos (SINASC) da plataforma Datasus do Ministério da Saúde, durante o período de 2013 a 2017. A amostragem foi composta por 2.652.467 registros de gestantes de 10 anos até 19 anos e 11.648.274 de 20 a 39 anos, restritas ao território brasileiro (todos os vinte e seis estados e o Distrito Federal). Foram avaliadas variáveis socioeconômicas e relacionadas a qualidade do pré natal como: grau de instrução, estado civil, duração da gestação, tipo de gravidez, quantidade de consultas de pré-natal, tipo de parto, raça e

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local de ocorrência do parto. Além disso, foram analisadas algumas informações sobre os nascituros, as quais foram: APGAR de primeiro minuto, APGAR de quinto minuto e peso ao nascer.

4 RESULTADOS E DISCUSSÃO

Entre as adolescentes, observou-se uma prevalência de 1.868.663 (70,5%) de não brancas sobre 681.756 (25,7%) as brancas, havendo predomínio das pardas com 1.695.698 (63.9%) do total de gestantes adolescentes. Em relação às adultas, observou-se que 6.779.592 (58,2%) das gestantes eram não brancas e 4.382.809 (37,8%) eram brancas, ocorrendo prevalência das pardas com 6.041.705 (51,9%) em relação ao total de gestantes adultas. Quanto ao grau de instrução materna, a maioria das adolescentes, 1.666.580 (62,8%), tinham entre 8 a 11 anos de escolaridade, seguido por 828.081 (31,2%) com 4 a 7 anos de estudo, 59.756 (2,25%) com 1 a 3 anos, 42.223 (1,6%) com 12 ou mais e 8.176 (0,3%) com nenhuma instrução. Neste período, muitas adolescentes desistem dos estudos por pressão social e econômica, ora pela rejeição dos colegas à gravidez precoce, ora pela falta de suporte familiar no cuidado com seu filho, o que a impede do retorno aos estudos. Essa evasão escolar contribui para o inadequado grau de profissionalização, o que dificulta a possibilidade de um futuro com autonomia financeira, contribuindo para os riscos de desemprego e a perpetuação do ciclo da pobreza.6 No que concerne às mulheres adultas de 20 a 39 anos, 2.513.925 (21,6%) tinham 12 anos ou mais de escolaridade, 6.714.256 (57,6%) possuíam de 8 a 11 anos, 1.840.432 (15,8%), de 4 a 7 anos, 332.402 (2,9%) de 1 a 3 anos e 66.459 (0,6%), nenhuma instrução. Comparando-se as duas amostras, é possível observar que uma porcentagem muito maior de mulheres adultas possui 12 anos ou mais de escolaridade (21,2% para 1,6%). Observa-se ainda que, para instrução abaixo de 8 anos, os índices relativos também são maiores se tratando de mulheres adultas.

Observou-se que 1.638.747 (61,8%) das adolescentes se encontravam solteiras, 752.721 (28,4%) estavam em união consensual, 222.058 (8,4%) eram casadas, 3.151 (0,1%) eram separadas judicialmente e 1.405 (0,05%) eram viúvas. Em relação à amostra de mulheres adultas, quanto ao estado civil, 4.327.679 (37,2%) eram solteiras, 2.627.807 (22,6%) estavam em união consensual, 4.399.337 (37,8%) eram casadas, 141. 768 (1,2%) eram separadas judicialmente e 21.463 (0,2%) eram viúvas.Essa predominância de ausência do companheiro entre as mães adolescentes influencia desfavoravelmente a evolução da gravidez e aumenta os riscos de desdobramentos adversos à saúde neonatal, pois além das transformações físicas, a adolescente ainda tem de lidar com os questionamentos psicológicos normais dessa faixa etária, os quais se encontram naturalmente mais intensificados durante o ciclo gestacional.7

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As adolescentes não costumam realizar pré-natal adequado, ou seja, não iniciam a consulta no primeiro trimestre ou não comparecem às 6 consultas mínimas, o que também foi observado neste estudo, no qual somente 1.120.918 (42,2%) adolescentes realizaram pré-natal adequado ou mais que adequado. Além disso, 204.996 (7,7%) dessas adolescente realizaram um pré-natal considerado de qualidade intermediária, 599.490 (22,6%) tiveram um pré-natal inadequado e 14.977 (0,6%) nem chegaram a realizá-lo.7 Essa baixa adesão ao pré-natal decorre, principalmente, devido à negação da gravidez, ao medo da reação da família, ao desconhecimento da importância dessa prática para a saúde materna e neonatal e à dificuldade de acesso a esse serviço. Em relação às mulheres adultas, observou-se que 6.462.462 (55,5%) do total de mulheres estudadas realizaram o pré-natal no 1° trimestre de gestação com 6 ou mais consultas, número significativamente superior quando comparado com as adolescentes. Ademais, 645.943 (5,5%) desse grupo obteve um pré-natal considerado de qualidade intermediária, 1.655.450 (14,2%) realizaram um pré-natal inadequado e 48.950 (0,4%) não fizeram pré-natal. Quando dividimos esse total de mulheres em grupos etários podemos ver que, 1.831.211 (49,6%) das mães de 20 a 24 anos realizaram o pré-natal minimamente adequado, nesta mesma faixa etária apenas 18.942 (0,51%) não realizaram o pré-natal.

No que tange à duração da gestação das adolescentes, foi observado que 2.125.039 (80,1%) das gestantes tiveram parto de 37 a 41 semanas, e que houve 2020 (0,08%) gestações com duração menor que 22 semanas, das quais 183 (9%) gestações são de adolescentes entre 10 e 14 anos e 1837 (91%) são de 15 a 19 anos. Além disso, 337.253 (12,7%) das gestações de adolescentes foram resolvidas de 22 a 36 semanas e 103.408 (2,9%) em 42 semanas ou mais. Entre as mulheres adultas, 9.794.897 (84,1%) tiveram as gestações finalizadas de 37 a 41 semanas, 1.229.338 (10,6%) de 22 a 36 semanas, 332.868 (2,9%) tiveram as gestações resolvidas em 42 semanas ou mais e 5260 (0,05%) com menos de 22 semanas. Vários fatores, além da idade da parturiente, podem influenciar diretamente no desenvolvimento de uma gestação, entretanto os dados disponíveis para análise de gestações precoces são inconclusivos e continuam sendo largamente discutidos na literatura, o que condiz com o resultado no presente trabalho, visto que a idade isolada não se comportou como elemento determinante para partos prematuros ou abortos.9

No presente estudo, no que tange as adolescentes, foi visto que aproximadamente 1.587.354 (60%) dos partos ocorreram por via vaginal, observando-se, então, um elevado índice de cesariana com 1.061.304 (40%) partos cesáreos, dos quais 1.012.095 (95,3%) foram de adolescentes de 15 a 19 anos. Em comparação às mulheres adultas estudadas, pudemos observar que houve uma inversão de prevalência em relação ao tipo de parto, pois 6.902.947 (59,3%) destas gestantes tiveram parto cesáreo, enquanto 4.731.226 (40,6%) tiveram parto via vaginal. Além disso, foi possível observar

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que a medida que a idade da mãe se eleva e, consequentemente, o risco gestacional, aumentava também a porcentagem de partos cesáreos, a partir dos seguintes valores, de 20 a 24 anos tiveram 1.818.421 (49,3%) partos cesáreos, de 25 a 29 anos tiveram 2.091.398 (59,2%), de 30 a 34 anos tiveram 1.093.048 (66,5%) e, por fim, 35 a 39 anos tiveram 1.055.080 (69,6%). Há evidências literárias sobre o maior risco de morbimortalidade maternos e infantis no que tange ao parto cesariano em detrimento do parto vaginal, sendo esse eletivo ou não. Associa-se essa amostra de partos abdominais à desinformação das parturientes durante o período gestacional sobre os riscos desse procedimento.11

Quanto ao tipo de gravidez, este trabalho contabilizou que 2.617.344 (98,7%) das adolescentes tiveram gestação única, 30.061 (1,1%) gestações duplas e 275 (0,01%) gestações triplas. Observa-se um número relativamente pequeno de gestações múltiplas quando comparado a gestações únicas, o que constitui um dado positivo, pois a gemelaridade na adolescente grávida é considerada um fator ainda maior de risco tanto para a parturiente, quanto para os fetos, principalmente associados a prematuridade e óbitos perinatais (SBP, 2019). Quando observa-se as mulheres adultas, percebe-se uma porcentagem semelhante quanto ao tipo de gravidez, porque 11.367.617 (97,6%) foram gestações únicas, 255.599 (2,2%) gestações duplas e apenas 6.616 (0,06%) triplas ou mais. Além disso, notou-se também que nas gestações dupla e tripla ou mais houve uma maior porcentagem de mulheres na faixa de idade de 30 a 34 anos, 77.941 (30,5%) e 2.400 (36,3%) respectivamente, e que, na gestação única, a porcentagem mais significativa ficou entre as idades de 20 a 24 anos e 25 a 29 anos com 3.622.170 (31,9%) e 3.451.763 (30,4%), respectivamente.

Quanto ao local de ocorrência, 2.604.159 (98,2%) dos partos das adolescentes ocorreram em ambiente hospitalar, observa-se também o número de partos que ocorreram em outro estabelecimento de saúde, contabilizado em 19.774 (0,7%), o que é ligeiramente menor do que a quantificação do parto em ambiente domiciliar, sendo esta 21.257 (0,8%), e em aldeia indígena 2.130 (0,08%). É possível observar que há uma preferência das parturientes adolescentes pelo parto domiciliar em detrimento à serviços de saúde não hospitalar, o que constitui um fato preocupante no tocante à qualidade de assistência ao parto.

No que concerne às gestantes adultas, 11.470.528 (98,5%) teve parto em um ambiente hospitalar; 78.039 (0,7%), em algum outro estabelecimento de saúde; 77.335 (0,7%) teve parto domiciliar; e 4.807 (0,04%), em aldeia indígena. Porquanto, não houve tanta discordância em relação a essa variável.

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Em relação à saúde do nascido das mães adolescentes, nota-se que 79% dos recém-nascidos de parturientes entre 10 e 14 anos e 82,3% entre 15 a 19 anos tiveram o APGAR de primeiro minuto entre 8 e 10. Em relação ao APGAR de 5 minutos, os números foram ainda mais satisfatórios, onde 87,5% obtiveram de 8 a 10nesta mesma categoria. Quando avaliamos por faixa etária, 92% dos filhos de parturientes de 10 a 14 anos e 94% de adolescentes entre 15 a 19 anos tiveram APGAR de 5 minutos de 8 a 10. Tais porcentagens assemelham-se às encontradas entre parturientes com 20 a 39 anos, nas quais observamos que 85,8% dos recém-nascidos obtiveram APGAR de 1º minutos entre8 e 10, e de 5 minutos, 95,5% receberam esta mesma pontuação. Esse resultado contrapõe o exposto por outros estudos que preconizam uma maior frequência de APGAR baixo em extremos da vida.12

O peso ao nascer é um critério utilizado para avaliar as condições de saúde do recém-nascido. O baixo peso ao nascer (< 2.500g) é associado a maior mortalidade e morbidade neonatal e infantil, sendo considerado o fator isolado dominante na sobrevivência durante os primeiros anos de vida. Além disso, fatores maternos, como estado nutricional e idade materna (extremos - maior e menor idade), e condições socioeconômicas desfavoráveis, como menor escolaridade, colaboram para o baixo peso ao nascer.12 No presente estudo, quando observados os recém nascidos das adolescentes constatou-se que 1.615.427 (60,9%) deles tiveram de 3000 a 3999 gramas ao nascimento, 699.037 (26,4%) possuíam 2500 a 2999 gramas, 248.048 (9,4%%) tiveram de 500 a 2499 gramas e 84.755 (3,2%) obtiveram 4000 gramas ou mais, além de apenas 3.867 (0,1%) gestações terem sido classificadas como aborto devido ao peso menor de 500 gramas ao nascimento. Em relação aos recém nascidos das gestantes adultas, percebeu-se que 7.491.889 (64,3%) nasceram com 3000 a 3999 gramas, 2.566.360 (22%) tinham 2500 a 2999 gramas ao nascimento, 929.785 (8%) tiveram de 500 a 2499 gramas, 640.159 (5,5%) nasceram com 4000 gramas ou mais e somente 15494 (0,13%) dos neonatos nasceram com menos de 500 gramas. Quando analisamos por faixa etária, observa-se que 231.140 (9,2%) das adolescente de 15 a 19 anos tiveram bebês com baixo peso ao nascer (500 a 2499 gramas), o que coincide com a média percentual de 275.897 (7,5%) dos neonatos para essa categoria das jovens adultas de 20 a 24 anos. Observou-se também que 109.303 (84,6%) das gestações de adolescentes de 10 a 14 anos e 2.205.161 (87,4%) das gravidezes de adolescentes de 15 a 19 anos resultaram em recém nascidos com peso adequado ao nascer (2500 a 3999 gramas), o que equipara-se às adultas jovens de 20 a 24 anos com 3.227.887 (87,5%) e de 25 a 29 anos com 3.062.345 (86,7%) dos recém nascidos com peso adequado. Estes dados demonstram que a porcentagem de bebês com peso adequado ao nascer de adolescentes se assemelha ao de gestantes

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adultas jovens, corroborando com outro estudo, o qual identifica que a diferença do peso aos nascer dos recém-nascidos de mães adolescentes e adultas jovens é insignificante.14

5 CONCLUSÃO

As variáveis maternas de adolescentes parecem sofrer ligeiras alterações quando comparadas às de adultas jovens, porém a situação conjugal e a adequação do pré-natal merecem maior atenção, pois permitem examinar a rede de assistência que a gestante tem acesso.

Além disso, os dados obtidos neste estudo demonstram que fisiologicamente a gravidez na adolescência não oferece riscos adicionais à saúde materna e neonatal, no entanto, deve-se oferecer atenção especialmente à vulnerabilidade social e aspectos emocionais e econômicos, corroborando com outro estudo, o qualde demonstrava que a vulnerabilidade da idade isoladamente, na verdade, não confere ameaça adicional a gestação, todavia a gravidez na adolescência sofre influência de múltiplos fatores que podem gerar riscos e devem ser considerados, dentre os quais destacam-se os psicoafetivos, os sociais e o ambiental.15

Sob essa óptica, gravidez precoce se apresenta como um problema de saúde pública ainda fortemente presente no Brasil, o qual merece ampla discussão e está relacionado principalmente com questões socioeconômicas. Diante disso, acredita-se que um maior investimento em planejamento familiar e educação em saúde são medidas preventivas necessárias para mitigar essa conjuntura.

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Referências

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