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Violência infantil: Principais alterações no complexo maxilo-facial e conduta do cirurgião-dentista / Child violence: Major changes in the maxilofacial complexand dentist surgeon conduct

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Academic year: 2020

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Braz. J. of Develop.,Curitiba, v. 6, n. 8, p.58680-58693 aug. 2020. ISSN 2525-8761

Violência infantil: Principais alterações no complexo maxilo-facial e conduta do

cirurgião-dentista

Child violence: Major changes in the maxilofacial complexand dentist surgeon

conduct

DOI:10.34117/bjdv6n8-324

Recebimento dos originais: 18/07/2020 Aceitação para publicação: 18/08/2020

Maria Angélica Farias Grangeiro

Cirurgiã-Dentista, Pós-Graduanda em Perícia Criminal e Ciências Forenses – URCA, Residente em Saúde da Família e Comunidade (RIS/ESP-CE)

E-mail: mari_angelica_29@hotmail.com

Micael Sampaio da Silva

Cirurgião-Dentista, Pós-graduando em Docência do Ensino Superior pelo Centro Universitário Maurício de Nassau (UNINASSAU). Pós-graduando em Saúde da Família e Comunidade pela

Universidade Regional do Cariri (URCA) E-mail: micaelsilva_@hotmail.com

Slayton Frota Sá Nogueira Neves

Cirurgião-Dentista, Especialista em Periodontia pela Universidade Camilo Castelo Branco, E mestrando em Saúde da Família pela Universidade Estadual do Ceará (RENASF/UECE),

E-mail: sfrottta@msn.com

José Leonardo Gomes Coelho

Acadêmico de Farmácia do Centro Universitário de Juazeiro do Norte – UNIJUAZEIRO. E-mail: leonardo-coelho-10@hotmail.com

Maria Rocineide Ferreira da Silva

Enfermeira. Doutora em Saúde Coletiva – UECE, E-mail: rocineide.ferreira@gmail.com

Thayná Alves de Sousa

Cirurgiã-Dentista. Pós- Graduanda em ortodontia e ortopedia facial pela Faculdade CECAPE e Pós-graduanda em saúde da família pela Universidade Regional do Cariri-Urca.

E-mail: thaynaalves.as@hotmail.com

Willma José de Santana

Doutora em Ciências Biológicas pela UFPE, Pós – Doutoranda em Ciências da Saúde pelo Centro Universitario de Saúde - ABC, Professora do Centro Universitario de Juazeiro do Norte-

UNIJUAZEIRO e Professora da Faculdade de Tecnologia –FATEC- CARIRI. E-mail: wjsantana@hotmail.com

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Braz. J. of Develop.,Curitiba, v. 6, n. 8, p.58680-58693 aug. 2020. ISSN 2525-8761

Juliana Ribeiro Francelino Sampaio

Cirurgiã-Dentista. Docente do Centro Universitário de Juazeiro do Norte- UNIJUAZEIRO. Doutora em Saúde de Materno Infantil pelo IMIP-PE.

E-mail: jrfs22@hotmail.com

RESUMO

A violência infantil é definida como um trauma intencional que se caracteriza como omissão ou práticas violentas a crianças e adolescentes que rotineiramente ou ocasionalmente sofrem maus-tratos. Os profissionais da saúde são os principais responsáveis pelo reconhecimento, terapêutica e notificação nos casos de suspeita e confirmação de maus-tratos. Dessa forma, o cirurgião-dentista apresenta uma condição favorável para diagnóstico, devido a maioria das lesões se localizarem na região de cabeça e pescoço. Alguns estudos apontam para o despreparo dos profissionais da área da saúde em relação a identificação de maus-tratos, no que diz respeito ao encaminhamento apropriado, principalmente por falta de esclarecimento técnico e científico. Esta pesquisa trata-se de uma revisão integrativa da literatura, delineada nas bases de dados bibliográficas da Medical Literature Analysis and Retrieval Sistem On-line (MEDLINE/PUBMED), na Literatura Latino-Americana e do Caribe (LILACS) e na Scientific Eletronic Library Online (SCIELO), utilizando a seguintes palavras chaves: Violência, Maus-tratos e Saúde Bucal. Para o estudo foram utilizados artigos publicados entre o período de 2009 a 2019, nos idiomas português e inglês. Com o objetivo de identificar as principais alterações no complexo maxilo-facial em crianças e adolescentes vítimas de maus-tratos, bem como orientar a conduta do Cirurgião-Dentista diante desta problemática. Dentre os principais resultados foi possível identificar que a maioria dos profissionais tem o conhecimento em relação a identificação de maus-tratos infantil, no entanto apresentam dificuldade em relação a conduta diante de tal problemática.

Palavras-chave: Violência, Maus-tratos, Saúde Bucal. ABSTRACT

Child violence is defined as an intentional trauma that is characterized as omission or violent practices of children and adolescents who routinely or occasionally suffer ill-treatment. Health professionals are primarily responsible for recognition, therapy and reporting in cases of suspected and confirmed maltreatment. Thus, the dental surgeon presents a favorable condition for diagnosis, since most of the lesions are located in the head and neck region. Some studies point to the unpreparedness of health professionals in relation to the identification of maltreatment, with regard to appropriate referral, mainly due to the lack of technical and scientific clarification. This research is an integrative review of the literature, outlined in the bibliographic databases of the Medical Literature Analysis and Retrieval System Online (MEDLINE / PUBMED), in the Latin American and Caribbean Literature (LILACS) and in the Scientific Electronic Library Online (SCIELO), using the following key words: Violence, Maltreatment and Oral Health. The study used articles published between 2009 and 2019, in Portuguese and English. Aiming to identify the main changes in maxillofacial complex in children and adolescents victims of maltreatment, as well as to guide the behavior of the Dentist in face of this problem. Among the main results it was possible to identify that most of the professionals have the knowledge regarding the identification of child maltreatment, however they present difficulties in relation to the conduct in relation to such problem.

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1 INTRODUÇÃO

A violência infantil é definida como um trauma intencional que se caracteriza como omissão ou práticas violentas a crianças e adolescentes que rotineiramente ou ocasionalmente sofrem maus-tratos (RATES SMM et al, 2014). Mesmo diante do atual período de desenvolvimento a violência contra menores de idade prossegue como um problema mundial (AL HAJERI H et al, 2018).

Apesar de existir uma classificação para maus-tratos é apenas uma denominação para entender o problema, que na maioria das vezes ocorrem de maneira concomitante. Embora a tipologia possa apresentar características comuns é importante a sua diferenciação, visto que esta denominação pode direcionar a prevenção e a conduta adequada (MARTINS; JORGE, 2009).

Os profissionais da saúde são os principais responsáveis pelo reconhecimento, terapêutica e notificação nos casos de suspeita e confirmação de maus-tratos. Porém o cirurgião-dentista apresenta uma condição favorável para diagnóstico, devido a maioria das lesões se localizarem na região de cabeça e pescoço. Em geral os pais que abusam dos filhos são menos responsáveis e cuidadosos quando se referem a saúde bucal dos menores (JAHANIMOGHADAM, 2017).

A conduta do cirurgião-dentista em casos de maus-tratos pode ser determinante para livrar os menores de idade da situação em que vivem. Entretanto nem todos os profissionais da odontologia estão atentos para os sinais e sintomas (BOHNER et al., 2012). Dentre os principais motivos pelos quais os profissionais da saúde não denunciam as agressões estão a falta de segurança no diagnóstico, a incompreensão sobre o assunto, o receio de abordar os responsáveis ou de responsabilizar-se, renúncia em aceitar a negligência dos pais, receio de abandono do tratamento pelo paciente, a incerteza do sistema judiciário em relação ao caso e a falta de capacitação (CARVALHO; GALO; SILVA, 2013). Este trabalho se justifica por apresentar as principais características clínicas na região de cabeça e pescoço em vítimas de violência infantil, bem como orientar sobre a conduta do cirurgião-dentista diante de tal problemática, visto que este profissional é primordial para identificação e resgate deste grupo da realidade em que vivem.

2 MATERIAIS E MÉTODOS

Trata-se de uma revisão integrativa da literatura, sendo delineada nas bases de dados bibliográficas da Medical Literature Analysis and Retrieval Sistem On-line (MEDLINE/PUBMED), na Literatura Latino-Americana e do Caribe (LILACS) e na Scientific Eletronic Library Online (SCIELO). Foram utilizados os seguintes descritores com uso do operador Booleano AND: Violência, Maus-tratos e Dentista; sendo estes consultados na Biblioteca Virtual

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de Saúde (BVS) na lista de Descritores em Ciências da Saúde (DeCS). Não há necessidade de aprovação pelo Comitê de Ética e Pesquisa, pois esta origina-se de dados secundários.

Para o estudo, foram utilizados artigos publicados entre o período de 2009 a 2019, nos idiomas português, inglês e espanhol. Os critérios de inclusão adotados foram: 1) artigos encontrados nas bases de dados PUBMED, LILACS e SCIELO. 2) artigos originais, livros e documentos oficiais. 3) artigos publicados nos idiomas: português e inglês. 4) artigos publicados nos últimos 11 anos, ou seja, entre 2009 a 2019. 5) artigos publicados na íntegra. Em seguida foi realizada a triagem dos artigos por meio da leitura dos resumos e aplicado o critério de exclusão: 1) artigos que não abordavam a violência infantil como tema principal da pesquisa. Após a exclusão, foram utilizados um total de 17 artigos para o estudo e 2 cartilhas.

3 RESULTADOS

Foram revisadas 20 referencias, sendo 17 artigos científicos, 2 cartinhas e dados epidemiológicos do Ministério da Saúde da Sala de Apoio à Gestão Estratégica. A descrição dos resultados foi sistematizada na tabela a seguir (TAB. 1).

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Braz. J. of Develop.,Curitiba, v. 6, n. 8, p.58680-58693 aug. 2020. ISSN 2525-8761 Tabela 1 – Descrição sistematizada dos resultados da pesquisa.

AUTORES TÍTULO ANO OBJETIVO DO

ESTUDO PRINCIPAIS RESULTADOS ABRANCHES, C.D; ASSIS, S.G. A (in)visibilidade da violência psicológica na infância e adolescência no contexto familiar 2011 A violência psicológica na infância e adolescência, no contexto familiar. Aborda a violência psicológica na infância em um contexto familiar, demonstra que tal violência está saindo da invisibilidade, no entanto ainda apresenta inúmeros desafios a serem vencidos, para o seu melhor enfrentamento.

AL HAJERI H. et al. Assessment of the knowledge of United Arab Emirates dentists of Child Maltreatment, protection and safeguarding. 2018 Avaliar o conhecimento dos Dentistas dos Emirados Árabes Unidos em relação a maus-tratos contra crianças, proteção e salvaguarda.

Expõe que a minoria dos Dentistas avaliados já suspeitou de casos de abuso e negligência infantil. E fatores como sexo, especialidade e País de qualificação afetou seu conhecimento sobre abuso, negligência e prática de salvaguarda. ALMEIDA, A. H.V. et al. A responsabilidade dos profissionais de saúde na notificação dos casos de violência contra crianças e adolescentes de acordo com seus códigos de ética.

2012 Verificar a responsabilidade dos profissionais de saúde em notificar casos de violência contra crianças e adolescentes.

Observou-se que a maioria dos os códigos de ética profissionais não contemplam a obrigatoriedade da notificação em casos de violência, e que os profissionais de saúde têm o dever de fazê-lo, podendo ser responsabilizados por omissão ou negligência de acordo com o Estatuto da Criança e do Adolescente.

ALVES, M.A. et al. Importância Do Cirurgião-Dentista No Diagnóstico De Abuso Sexual Infantil – Revisão De Literatura 2016 O papel do médico dentista na suspeita, detecção, diagnóstico e sinalização do abuso de crianças, sistematizando os fatores de risco e indicadores de abuso fundamentais na perspectiva da intervenção destes profissionais. Considera importante que o tema passe a fazer parte do projeto pedagógico das instituições de ensino da odontologia.

BOHNER, L.O.L. et al. Maus Tratos Na Infância e Adolescência: Protocolo de Atendimento no

2012 Verificar as condutas que devem ser tomadas por um cirurgião – dentista frente a

casos de violência contra crianças e adolescentes.

Mostra que o desconhecimento do tema pelos profissionais Cirurgiões-Dentistas faz com que poucos casos sejam notificados. Além

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Odontológico.

disso, ressalta que há necessidade de uma melhor capacitação dos mesmos em relação ao diagnóstico de maus-tratos. CALZA, T.Z.; DELL’AGLIO, D.D.; SARRIERA Direitos da Criança e do Adolescente e Maus-Tratos: Epidemiologia e Notificação. 2016 Discute criticamente estudos brasileiros sobre a temática dos maus-tratos.

Destaca que é essencial investimento em ações de prevenção à violência e de capacitação de profissionais

principalmente das áreas de saúde e educação, bem como a necessidade de uma maior articulação da rede de proteção. CARVALHO, L.M.F; GALO, R.; SILVA, R.H.A. O Cirurgião-Dentista Frente a Violência Doméstica: O Conhecimento dos Profissionais no Âmbito Público e Privado. 2013 Avaliar o conhecimento do cirurgião-dentista frente à violência doméstica em crianças, mulheres e idosos. Relata que os profissionais que participaram do estudo, conhecem a importância do Cirurgião-dentista em relação à violência doméstica, mas apresentam dificuldades na identificação e nos procedimentos frente à violência.

FRACON, E.T. et al. Avaliação da conduta do cirurgião-dentista ante a violência doméstica contra crianças e adolescentes no município de Cravinhos (SP). 2011 Verificar se os Cirurgiões-Dentistas receberam orientações, se estão capacitados para realizar o diagnóstico sobre maus-tratos em crianças e adolescentes e se sabem como proceder diante de tal circunstância. Os profissionais entrevistados são capazes de realizar o diagnóstico de maus-tratos em crianças e adolescentes e sabem como proceder nessa situação, porém ainda há necessidade de mais informação ou treinamento em relação ao reconhecimento da violência infantil. JAHANIMOGHADAM, F. A Survey of Knowledge, Attitude and Practice of Iranian Dentists and Pedodontists in Relation to Child Abuse. 2017 A pesquisa buscou avaliar o conhecimento, atitude e prática dos Dentistas clínico-gerais e especialistas em periodontistas em relação ao abuso infantil e negligência infantil. Mostra que os profissionais tinham um conhecimento mediano, atitude inadequada e prática moderada em relação ao abuso infantil

MARIA, L.H.et al. Cartilha sobre violência doméstica contra crianças e adolescentes para o Cirurgião-Dentista. 2015 Consiste em um instrumento de cidadania elaborado pelo Laboratório de Antropologia e Odontologia Forense (OFLab) da Faculdade de Odontologia da Universidade de São

Busca informar sobre a etiologia, consequências e prevenção de maus-tratos.

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informar sobre a etiologia, consequências e prevenção de maus-tratos. MARTINS, C.B.G.; JORGE, M.H.P.M. A violência contra crianças e adolescentes: características epidemiológicas dos casos notificados aos Conselhos Tutelares e programas de atendimento em município do Sul do Brasil, 2002 e 2006. 2009 o perfil epidemiológico da violência contra menores de 15 anos residentes em Londrina, Paraná, a partir das notificações efetuadas em 2002 e 2006 aos Conselhos Tutelares, projetos e programas de atendimento a crianças e adolescentes vitimizados.

Mostra que a violência ocorreu

predominantemente na residência da vítima e por 1 a 2 anos antes da notificação, com predomínio da violência física. Observou-se aumento dos coeficientes de notificação dos episódios em todos os tipos de violência entre os dois anos de estudo. MASSONI, A.C.L.T. et al. Aspectos orofaciais dos maus-tratos infantis e da negligência odontológica. 2010 Buscou identificar as principais características orofaciais dos maus-tratos infantis e da negligência odontológica, auxiliando com a identificação destas vítimas no ambiente odontológico. Verificou-se que os maus-tratos infantis acontecem em geral em domicílio e os ferimentos orofaciais decorrentes incluem trauma, queimaduras e lacerações dos tecidos duros e moles, marcas de mordida e hematomas em vários estágios de cura.

MATOS, F.Z. et al. Avaliação do conhecimento dos alunos de graduação em odontologia x cirurgião dentista no diagnóstico de maus-tratos a crianças. 2013 Avaliação do conhecimento dos alunos de graduação e do profissional de Odontologia em relação aos maus-tratos na infância e adolescência. Graduandos e os cirurgiães-dentistas entrevistados ainda desconhecem na grande maioria as questões legais e práticas relacionadas à notificação de maus-tratos infantil. Os cirurgiães-dentistas necessitam de mais informações e/ou treinamento em relação ao reconhecimento de maus-tratos. MINISTÉRIO DA SAÚDE. Sala de Apoio à Gestão Estratégica (SAGE). 2019 Indicadores epidemiológicos de Violência Doméstica, Sexual e Outros.

Os dados ainda são significados, visto que aumentou os percentuais de violência em crianças e adolescentes entre os anos de 2016 e 2017. MOREIRA, G.A.R. et al. Fatores associados à notificação de maus-tratos em crianças e adolescentes na atenção básica. 2014 Os fatores associados à notificação de maus-tratos em crianças e adolescentes na atenção básica. Sinalizou uma associação direta do ato de notificar com questões relativas ao conhecimento e capacitação na temática.

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Braz. J. of Develop.,Curitiba, v. 6, n. 8, p.58680-58693 aug. 2020. ISSN 2525-8761 MOREIRA, G.A.R. et al. Instrumentação e conhecimento dos profissionais da equipe saúde da família sobre a notificação de maus-tratos em crianças e adolescentes. 2013 Analisar a instrumentação e o conhecimento dos profissionais da Equipe de Saúde da Família sobre a notificação de maus-tratos em crianças e adolescentes Mostrou que os participantes têm dificuldades na notificação de maus-tratos em crianças e adolescentes. NUNES,A.J; SALES,M.C.V. Violência contra crianças no cenário brasileiro. 2016 A violência infantil no cenário brasileiro

Considera que os pais são os principais perpetradores da violência contra crianças. Além disso, destaca que o tipo de violência mais prevalente é a negligência, compondo-se como um problema de ordem social grave. RATES, S.M.M. et al.

Violência infantil: uma análise das notificações compulsórias, Brasil 2011.

2014 Análise das notificações de violências contra crianças entre 0 a 9 anos, registradas pelos serviços públicos de saúde no Brasil. Expõe a necessidade do fortalecer ações intersetoriais visando ampliar a rede de proteção social.

SANTOS, C. A. O. et al. Violência contra crianças e adolescentes: conhecimentos dos odontopediatras da capital paraibana – estudo piloto. 2016 Análise do conhecimento dos Odontopediatras da cidade de João Pessoa-PB sobre maus-tratos infantis. Considerou de forma geral, que os Odontopediatras pesquisados mostraram ter nível moderado de conhecimento sobre maus-tratos infantis. UNICEF. A Familiar Face:

Violence in the lives of children and adolescentes.

2017 Usa os dados mais atuais para esclarecer quatro formas específicas de violência. Segundo estatisticas crianças sofrem violência em todos os estágios infância, em diversos ambientes, e muitas vezes nas mãos de indivíduos confiáveis com quem eles interagem diariamente. Fonte: Autoria própria

4 DISCUSSÃO

A violência contra crianças e adolescentes é um problema de saúde pública global, sendo reconhecido pela OMS (Organização Mundial da saúde) como uma situação que afeta anualmente milhões de crianças, familiares e comunidades. No Brasil, após a constituição federal de 1988 houve muitas conquistas em relação aos direitos das crianças e adolescentes no País. Assim sendo passaram a ser reconhecidas como um grupo prioritário nas políticas públicas de saúde e como indivíduos detentores de direitos. (RATES SMM et al., 2015).

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Segundo a UNICEF (Fundo das Nações Unidas para a Infância, 2018) toda criança tem direito de ser protegida da violência praticada a elas por qualquer pessoa presente em sua vida, incluindo pais, professores e amigos. Qualquer tipo de violência é prejudicial, independentemente da natureza ou gravidade do ato.

Dados do SAGE (Sala de Apoio à Gestão Estratégica) nos indicadores epidemiológicos de Violência Doméstica, Sexual e Outros do Ministério da saúde apontam para uma diminuição ao longo tempo do percentual de casos de violência contra crianças e adolescentes no Brasil. No entanto, os dados ainda são significativos quando comparados os anos de 2016 para o de 2017, visto que os percentuais aumentaram para crianças (0-09 anos) e adolescentes (10-19 anos). Porém ocorreu a diminuição para as ocorrências em Adultos (25-59 anos) (TAB. 2) (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2017).

Tabela 2 – Percentual dos casos de violência por faixa etária no Brasil, entre 2009 e 2016.

ANO 0-09 ANOS 10-19 ANOS 25-59 ANOS 60E+

2009 19.58 26.85 48.62 4.93 2010 18.22 25.44 51.44 4.87 2011 16.69 26.77 51.37 5.15 2012 16.84 26.86 50.63 5.66 2013 15.82 26.85 51.27 6.03 2014 14.70 24.84 54.73 5.70 2015 14.52 24.02 55.47 6.96 2016 14.78 24.00 54.98 6.22 2017 15.57 25.99 52.39 6.51

Fonte: Ministério da Saúde, disponível em: http://sage.saude.gov.br/, acessado em: 24/06/2019.

São considerados como maus-tratos a violência física, sexual, emocional ou psicológica e negligência (SALES; NUNES, 2015). Os principais sinais de abuso envolvem a presença de lesões como hematoma, lacerações, fraturas e queimaduras. Desta forma, o constante envolvimento da face e cavidade bucal constitui o cirurgião-dentista como um profissional da saúde capacitado para realizar o diagnóstico (BOHNER et al., 2012).

Considera-se como abuso físico ferimentos não-acidentais que na região de cabeça e pescoço incluem trauma em tecidos duros e moles, queimaduras, lacerações, fraturas, marcas de mordidas e hematomas. As lesões orofaciais incluem: 1) lábios e boca: podem estar presentes lesões como hematomas, queimaduras causadas por cigarros ou alimentos aquecidos, cicatrizes, equimoses e

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lacerações. 2) dentes: podem se apresentar com fraturas, deslocamento da sua posição original, mobilidade e múltiplas raízes residuais sem histórico que expliquem tais lesões. 3) maxila e mandíbula: indícios de fraturas antigas ou recentes e má-oclusão incomum como resultado de um trauma passado. Além disto, as lesões devem estar associadas a natureza contraditória do relato dos responsáveis (MASSONI et al.,2010).

Tem-se como violência sexual infantil qualquer atitude em que a criança ou adolescente seja usado para estimular sexualmente o infrator, sendo este possuidor de um estágio psicossocial mais desenvolvido. Dentre os principais sinais para que possa gerar a suspeita estão as doenças sexualmente transmissíveis, lacerações no freio labial e lingual e marcas de mordidas (ALVES, M.A. et al., 2016).

Apesar de ser pouco diagnosticado, maus-tratos psicológicos são mais prevalentes que outros tipos de abuso. Podem ser elencados cinco principais comportamentos parentais abusivos na visão da psicologia infantil para auxiliar na detecção deste: rejeitar, isolar, aterrorizar, ignorar e corromper. Neste sentido, o reconhecimento da violência psicológica será realizado quando transmitir uma mensagem específica de rejeição ou prejudicar a socialização e desenvolvimento psicológico da criança (ABRANCHES; ASSIS, 2011)

A negligência está relacionada a omissão do adulto responsável que não fornece adequadamente os subsídios necessários para o copo e mente, ou não oferece a supervisão apropriada, não estando presente fisicamente ou emocionalmente na vida da criança ou adolescente. Dentre os tipos de negligência a dentaria é a de maior interesse para o cirurgião-dentista, no entanto tais profissionais devem estar capacitados para distinguirem a ignorância ou omissão dos responsáveis diante dos sinais orais (MATOS et al., 2013).

A proteção de crianças e adolescentes é reconhecida pela Organização das Nações Unidas (ONU) e prioriza os direitos humanos fundamentais básicos, devido a sua condição de dependência. Os países subscritores da ONU, como o Brasil, têm o comprometimento de elaborar leis, políticas e implementar medidas mínimas de suporte para garantir os direitos da categoria (MOREIRA et al., 2014).

No Brasil os direitos infanto-juvenil foram assegurados pelo Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), que tornou obrigatório a notificação de casos suspeitos ou confirmatórios de maus-tratos por profissionais e responsáveis da área da saúde e educação, prevendo pena para a não notificação dos casos aos órgãos de proteção (MOREIRA et al., 2013). Tal conduta pode ser presencial, por escrito ou por telefone (pelo Disque 100 ou pelo Disque Denúncia de cada Estado), de forma anônima ou não. A medida de notificação objetiva iniciar uma atuação de proteção à

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criança ou ao adolescente, bem como prover um suporte à família. (Cartilha de violência doméstica contra crianças e adolescentes para o cirurgião-dentista, 2015).

Alguns estudos apontam para o despreparo dos profissionais da área da saúde em relação a identificação de maus-tratos, no que diz respeito ao encaminhamento apropriado, principalmente por falta de esclarecimento técnico e científico. Além disto, a falta de comunicação entre a rede de atenção à saúde é verificada, como também a dificuldade de uma intervenção adequada nos casos suspeitos, a precária estrutura física e a falta de profissionais capacitados nos conselhos tutelares, cujo papel principal é essencial para a condução dos casos (CALZA et al., 2016).

Em relação aos dentistas, tem altas chances de encontrar aspectos orais de abuso infantil, pois são facilmente identificados e os responsáveis que abusam dos seus filhos são menos conservadores ao se tratarem dos dentistas e relação aos médicos. Por isso a conscientização dos cirurgiões-dentistas sobre as condições que ao diagnóstico de crianças e adolescentes vítimas de maus-tratos e seu entendimento de que estes casos devem ser notificados as autoridades visto que podem melhorar o estado deste grupo e salva-los da situação em que vivem (JAHANIMOGHADAM F et al., 2017).

A respeito do código de ética odontológico Almeida et al. (2012) acrescenta que apesar do Cirurgião-Dentista se encontrar em uma posição privilegiada para o reconhecimento de tais casos, o seu código de ética ainda se apresenta ultrapassado em relação a este problema, pois não deixa claro em suas linhas a obrigatoriedade da notificação.

Um estudo realizado por Santos et al. (2016) objetivou analisar o conhecimento de odontopediatras sobre maus-tratos infantis e concluiu que a maioria dos profissionais souberam informar a conduta a ser adotada diante de casos de violência. No entanto Carvalho et al. (2013) em sua pesquisa realizada com 80 Cirurgiões-Dentistas da rede pública e privada, constataram que a maioria dos profissionais reconhecem a importância do profissional para o diagnóstico da violência, mas apresentam dificuldades na identificação e conduta frente a maus-tratos.

Fracon et al. (2010) na sua pesquisa realizada com 19 Cirurgiões-Dentistas, os quais trabalhavam em consultórios particulares e/ou no serviço público concluiu que os profissionais que foram entrevistados são capazes de identificar maus-tratos infantil e souberam proceder diante desta situação, porém ainda há insuficiência de informação ou treinamento em relação ao diagnóstico de violência contra crianças e adolescentes. Neste sentido se destaca a importância desta pesquisa para o meio acadêmico.

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5 CONSIDERAÇÕES FINAIS/CONCLUSÃO

A violência infantil é um problema de saúde pública, e no Brasil mesmo com a diminuição do percentual ao longo dos anos, o número de novos casos ainda é considerável. Neste sentido cabe aos profissionais da saúde, em especial aos Cirurgiões-Dentistas a identificação de maus-tratos infantil, por estar em uma situação privilegiada devido a sua área de atuação ser a cabeça e o pescoço.

Diante dos principais sinais de abuso, suspeita ou confirmação de violência, o Cirurgião-Dentista deve realizar a notificação junto ao conselho tutelar afim de que se iniciem as providencias para a proteção da criança e do adolescente, bem como o amparo da família.

A notificação é de caráter obrigatório e cabe aos profissionais da saúde se manterem atualizados sobre o assunto para realizar o devido diagnóstico. O não cumprimento da notificação pode acarretar punição ética e legal para o profissional.

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REFERÊNCIAS

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adolescência no contexto familiar. Cad. Saúde Pública, Rio de Janeiro, v.27, n.5. p. 843-854,

mai/2011.

AL HAJERI H. et al. Assessment of the knowledge of United Arab Emirates dentists of Child

Maltreatment, protection and safeguarding. E uropEan Journal of paEdiatric dEntistry, v.19, n.2,

2018.

ALMEIDA, A. H.V. et al. A responsabilidade dos profissionais de saúde na notificação dos

casos de violência contra crianças e adolescentes de acordo com seus códigos de ética. Arq

Odontol, Belo Horizonte, v.48, n.2, p. 102-115, abr/jun 2012.

ALVES, M.A. et al. Importância do Cirurgião-Dentista no Diagnóstico de Abuso Sexual

Infantil – Revisão de Literatura. Revista Brasileira de Odontologia Legal – RBOL; v.3, n.2,

p.92-99, 2016.

BOHNER, L.O.L. et al. Maus Tratos Na Infância e Adolescência: Protocolo de Atendimento

no Consultório Odontológico. Rev. Elet. em Gestão, Educação e Tecnologia Ambiental, Santa

Maria, v.6, n.6, p. 1239 – 1243, 2012.

CALZA, T.Z.; DELL’AGLIO, D.D.; SARRIERA, C.J. Direitos da Criança e do Adolescente e

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Tabela 1 – Descrição sistematizada dos resultados da pesquisa.
Tabela 2 – Percentual dos casos de violência por faixa etária no Brasil, entre 2009 e 2016

Referências

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