Revista
Portuguesa
de
Estomatologia,
Medicina
Dentária
e
Cirurgia
Maxilofacial
ww w . e l s e v i e r . p t / s p e m d
Investigac¸ão
Influência
de
diferentes
matrizes
oclusais
na
fotopolimerizac¸ão
de
uma
resina
composta:
análise
de
microdureza
Knoop
夽
João
Pitta
Lopes
∗,
Frederico
Catalão,
Gonc¸alo
Barragán,
Jaime
Portugal
e
Sofia
Arantes-Oliveira
FaculdadedeMedicinaDentária,UniversidadedeLisboa,Lisboa,Portugal
informação
sobre
o
artigo
Historialdoartigo: Recebidoa15deagostode2013 Aceitea4deoutubrode2013 On-linea24denovembrode2013 Palavras-chave: Resinascompostas TestesdedurezaLuzfotopolimerizadoraLED Estéticadentária
Elastómeros
r
e
s
u
m
o
Objetivo:Determinarainfluênciade3materiaisutilizadoscomomatrizoclusalnaeficácia defotopolimerizac¸ãodeumaresinacompostaenaprevenc¸ãodainibic¸ãodapolimerizac¸ão superficial.
Métodos:Cemespécimesderesinacomposta(GrandioSO,VOCO)com2mmdeespessura foram polimerizados (20 segundos),comum LED(800mW/cm2)interpondo omaterial
em estudo.Estes espécimes formaram os 10 gruposestudados (n=10)de acordo com omaterialinterposto[semmaterialinterposto,tiradeacetato,RegistradoClear(VOCO), Memosil-2(HeraeusKulzer)eBite-perf(BITEPERFDentalProducts)]eespessura/distância daluz(1ou2mm).Após24horasefetuaram-setestesdemicrodurezaKnoopnabasee notopodosespécimes.OsdadosforamtratadosestatisticamentecomumaMANOVAde 2dimensões,seguindo-setestespost-hocpelométododeTukey,estabelecendo-se0,05como níveldesignificância.
Resultados: Adistânciadaluznãoproduziudiferenc¸asdemicrodurezaestatisticamente sig-nificativas(p≥0,05).Osgruposcomtiradeacetatoobtiveramvaloresdemicrodurezano topoestatisticamentesuperiores(p<0,05)aosobtidosnosoutrosgrupos,seguidosdos gru-poscomBite-perfqueobtiveramvaloresestatisticamenteinferioresemrelac¸ãoaosgrupos comacetato,massuperioresaorestantesgrupos(p<0,05).Paraabase,ogrupodoBite-perf foioúnicoqueapresentouvaloresdemicrodurezaestatisticamenteinferiores(p<0,05),não severificandodiferenc¸asestatisticamentesignificativasentreosrestantesgrupos(p≥0,05).
Conclusões:OBite-perffoioúnicomaterialqueinterferiucomapolimerizac¸ãoem profun-didadedaresinacompostaeoúnicoqueindiciaprevenirainibic¸ãodapolimerizac¸ãopelo oxigénio.
©2013SociedadePortuguesadeEstomatologiaeMedicinaDentária.Publicadopor ElsevierEspaña,S.L.Todososdireitosreservados.
夽CandidaturaaoPrémiodeInvestigac¸ãoSPEMD2013.SócioN.◦3.792. ∗ Autorparacorrespondência.
Correioeletrónico:joaopitta@gmail.com(J.PittaLopes).
1646-2890/$–seefrontmatter©2013SociedadePortuguesadeEstomatologiaeMedicinaDentária.PublicadoporElsevierEspaña,S.L.Todososdireitosreservados. http://dx.doi.org/10.1016/j.rpemd.2013.10.001
Influence
of
several
occlusal
matrix
in
the
resin
composite
light
curing:
Knoop
microhardness
test
Keywords:
Compositeresins Hardnesstests LEDdentalcuringlights Dentalesthetics Siliconeelastomer
a
b
s
t
r
a
c
t
Objective: Toevaluatetheinfluenceofthreeocclusalmatrixmaterialsinthelightcuring effectivenessofaresincomposite.Furthermore,weintendtodetermineiftheapplication ofthesematerialscouldpreventtheoxygen-inhibitedlayerofthecompositesurface.
Methods: One-hundredcomposite(GrandioSO,VOCO)specimens,2mmthick,were light-cured(20seconds)withaLEDcuringdevice(800mW/cm2)throughthestudymaterials.
The specimens were divided into ten groups (n=10) according to the placed mate-rial [nointerposed material,mylar strip, RegistradoClear (VOCO),Memosil-2(Heraeus Kulzer) e Bite-perf (BITEPERF DentalProducts)] and thickness/ light-cure tip distance (1and2mm).After24hours,Knoopmicrohardnesstestswereperformedattopandbottom surfaces.Thedatawasanalyzedwithatwo-wayMANOVAfollowedbytheTukeypost-hoc test.Statisticaltestingwasperformedata0.05levelofsignificance.
Results: Thelight-curetipdistancedidnotshowstatisticaldifferences(p≥0.05).Themylar stripgroupsshowedthehighest(p<0.05)microhardnessvaluesontopsurface.The Bite-perfgroupsshowedlowerhardnessvaluescomparingtothemylarstripgroups,buthigher thantheothergroups(p<0.05).Onthebottomsurface,theBite-perfgrouppresentedthe lowestvalues(p<0.05).Therewerenostatisticallysignificantdifferencesbetweentheother groups(p≥0.05).
Conclusions: TheBite-perfwastheonlymaterialthatinfluencedtheresincompositedepth ofcureandtheonlythatseemstopreventtheoxygen-inhibitedlayer.
©2013SociedadePortuguesadeEstomatologiaeMedicinaDentária.Publishedby ElsevierEspaña,S.L.Allrightsreserved.
Introduc¸ão
Emdentes posteriores,aslesõesde cárieprimáriaspodem apresentarumamorfologiaoclusalíntegraapesardealesão ultrapassar a junc¸ão amelo-dentinária em profundidade1.
Paraestassituac¸õesencontra-sedescritanaliteraturauma técnicaderestaurac¸ãomedianteautilizac¸ãodeumamatriz oclusalpermitindomimetizaramorfologiaoriginaldodente etirarassimpartidodasituac¸ão clínicaexistente antesda necessáriadestruic¸ãodessasuperfície,diminuindooriscode prematuridadeseotemponecessáriopararemoc¸ãode exces-sosepolimento1–11.
A matriz oclusal deverá ser confecionada previamente àremoc¸ão da lesão de cárie. Na fase final da restaurac¸ão, justamente antes da polimerizac¸ão da última camada de compósito,amatrizoclusaldeverásercolocadasobreo com-pósito,efetuando-seafotopolimerizac¸ãoatravésdamesma. Muitosautoresreferemaimportânciadevoltara fotopolime-rizarapósaremoc¸ãodamatrizoclusal1–9.Estarecomendac¸ão
pareceresultardofacto denãosesabercom precisãoseo materialpermite umaeficaztransmissãoda luzdo fotopo-limerizador.Paraalémdisso,ainterposic¸ãodeummaterial aumentaadistânciadaluzàsuperfíciedocompósito,podendo haver um decréscimo da sua intensidade e uma conse-quente diminuic¸ão da profundidade de polimerizac¸ão da resinacomposta12–15.
Algunsautoressugeremtambémqueautilizac¸ãodamatriz permiteevitarainibic¸ãodapolimerizac¸ãodacamada superfi-cialdaresinacompostapelocontactocomooxigénio1,4,5,7,9–11.
Se esta ausência de contacto com o oxigénio se verificar, é possível obter uma polimerizac¸ão da superfície oclusal
maiseficaze,consequentemente,umamelhorqualidade clí-nicadarestaurac¸ão,evitandomuitasvezesanecessidadede polimento16.Contudo, não foramencontrados estudosque
confirmemquetalsejaconseguidocomosmateriais usual-menteutilizadoscomomatrizoclusal.
Uma corretapolimerizac¸ãoaolongode todo obloco de resinacompostaécrucialparagarantiraotimizac¸ãodas pro-priedadesdomaterialedestaformaaumentaraprobabilidade desucessodarestaurac¸ão17–19.Aeficáciadapolimerizac¸ãode
umarestaurac¸ãoemcompósitopodeseravaliadapormétodos diretos,determinandoograudeconversãoadiversas profun-didades, oupormétodosindiretos15,17,18,20,21.Dentro destes
últimos, os testesea determinac¸ão de ráciosde microdu-rezasãobastantesimplesepoucodispendiososeapresentam tambémumaboacorrelac¸ãocomograudeconversão15,21–23.
Inclusivamenteaparentam sermaiseficazesque ométodo deraspagempreconizadopelaespecificac¸ãon.◦4.049daISO (2000)24,25.Quantoaostestesdemicrodureza,otesteKnoop
pareceseromaisindicadoparaavaliarresinascompostas, umavezqueminimizaoefeitoderecuperac¸ãoelástica carac-terísticodestesmateriais26.
À datada presente publicac¸ãodesconhecem-se estudos que avaliemaeficácia dafotopolimerizac¸ão de compósitos através destesmateriais.Assim,pretendeu-sedeterminara influênciade3materiaisutilizadoscomomatrizoclusalna polimerizac¸ão em profundidade de uma resina composta e avaliar se a sua aplicac¸ão permite evitar a inibic¸ão da polimerizac¸ãodacamadasuperficialdaresinaporpartedo oxigénio. Demodoaconcretizaresteobjetivo,foram testa-dasasseguinteshipótesesnulas:1)apolimerizac¸ãoa2mm de profundidadenãoéinfluenciadapelautilizac¸ãodeuma matrizoclusal;2) apolimerizac¸ãoa2mmdeprofundidade
Tabela1–Distribuic¸ãodosgrupossegundoomaterialutilizadoeadistânciaàsuperfíciedaresinacomposta
Grupo Material Espessura(mm) Distânciadaluz(mm)
TA1 Comtiradeacetato(situac¸ãocontrolo) – 1
TA2 – 2
SA1 Semtiradeacetato(situac¸ãocontrolo) – 1
SA2 – 2 RC1 RegistradoClear 1 1 RC2 2 2 MM1 Memosil2 1 1 MM2 2 2 BP1 Bite-perf 1 1 BP2 2 2
não é influenciada pela espessura da matriz oclusal; 3) a polimerizac¸ãosuperficialnãoéinfluenciadapelautilizac¸ão deumamatrizoclusal.
Materiais
e
métodos
Asdiversascombinac¸õespossíveisentreotipodematerialde matrizutilizadoeasuaespessuraoudistânciadafontedeluz determinaramacriac¸ãode10gruposexperimentais(tabela1). Otamanhodaamostra(n=10)foiestimadocomumaanálise depoderestatísticodeformaafornecersignificância estatís-ticaparaalfa=0,05eumpoderde80%.
Foramtestados 3materiaisvulgarmente utilizadoscom matrizoclusal:RegistradoClear([RC]VOCO,Cuxhaven, Ale-manha),Memosil®2([MM]HeraeusKulzer,Hanau,Alemanha)
eBite-perf®([BP]BITEPERFDentalProducts,Málaga,Espanha)
(tabela2).Foramconstituídos2gruposdesituac¸õescontrolo, emqueocompósitofoipolimerizadoatravésdeumatirade acetato(TA)ouemquenãofoiinterpostonenhummaterial entreocompósitoeafonteluminosa(SA).Paracada mate-rialdematrizforamconfecionadasplacascom1e2mmde espessura(RC1,RC2,MM1,MM2,BP1,BP2),umahoraantesda suautilizac¸ãocomomatrizsobreosespécimesdecompósito afotopolimerizar.
Utilizandoasuperfícievestibular deumincisivocentral humanocomo materialrefletor, foi sobre ela aplicado um moldedesiliconeparaaconfec¸ãode100espécimesderesina composta(GrandioSO, VOCO)comdimensõespadronizadas (5mm de diâmetro e 2mm de altura). Após preenchido o moldecomumúnicoincrementodecompósito,foisobreele aplicadaamatrizoclusalrespetiva,deacordocomogrupo experimental. Os espécimes foram polimerizados com um fotopolimerizadorLED(OrtholuxTMLEDCuringLigth,3M
Uni-tek, Seefeld, Alemanha) durante 20 segundos, aplicando a extremidadedapontacondutorade luzemcontactodireto com o material testado. Nosgrupos TA1, SA1 e TA2,SA2, afonteluminosafoimantidaàdistânciade1mme2mm, respetivamente.Aintensidadedaluzemitida(800mW/cm2)
foi verificada a cada 10 espécimes, com um radiómetro (Bluephase®meter,IvoclarVivadent,Schann,Liechtenstein).
Apósafotopolimerizac¸ão,osespécimesforam armazena-dosnumacâmaraescura,a37◦C,comhumidaderelativade 100%,durante24horas,apósasquaisfoiavaliadaa microdu-reza.OstestesdemicrodurezaKnoopforamrealizadoscom ummicrodurómetro(Duramin5,StruersAVS,Ballerup, Dina-marca),efetuando3indentac¸õescomdistânciapadronizada
entreelas,emcadasuperfíciedotopoedabasedecada espé-cime.Foiutilizadoumtempodeindentac¸ãode10segundose umacargade245,3mN.
Deforma apodercomparar asuperfíciedaresina com-postacomasuperfíciedamatriz,foramregistadasimagens demicroscopiaótica(Duramin5,StruersAVS)dasuperfíciedo topodosespécimesdepoisdepolimerizadossobumamatriz, assimcomodassuperfíciesdosmateriaisdematrizedatira deacetato.
Osvaloresdemicrodurezaforamestatisticamente anali-sadosusandoosoftwareIBM®SPSS®Statistics20(SPSSInc.,
Chicago,IL,EUA).Apóstestaranormalidadeea homocedas-ticidadecomostestesdeKolmogorov-SmirnoveLevene,os dadosforam submetidos aumtesteMANOVA de2 dimen-sõesdeformaadeterminarainfluênciadadistânciadaluz edomaterialde matriz.Osvalores demicrodureza Knoop notopoenabasedosespécimesforamasvariáveis depen-dentes.Seguiram-setestesestatísticospost-hoc,pelométodo de Tukey. O nívelde significância estatísticafoi fixado em 0,05.
Resultados
Amicrodurezanotopovariouentre21,56KHN(grupoMM2) e 72,38KHN (grupo TA2). Na base, os valores médios vari-aramentre39,31KHN (grupoBP2),e65,79KHN(grupo SA2) (fig.1).Foiencontradaumainfluênciaestatisticamente signi-ficativa (p<0,05)domaterialutilizado,sobreamicrodureza tanto dotopo como da base, mas não foram encontradas diferenc¸as(p≥0,05)entreadistânciadaluznemparaotopo nempara base. Não foi registadaqualquer interac¸ãoentre osfatoresestudados(p≥0,05)paraambasassuperfícies.No topo,nosgruposTAobservaram-sevaloresKHN estatistica-mentesuperiores(p<0,05)atodososoutrosgrupos,sendoque os gruposBPrevelaramvaloresestatisticamentesuperiores (p<0,05) aos obtidos para SA, RC e MM (fig. 2). Os valo-resobtidosnabasedoBPforamestatisticamenteinferiores (p<0,05)aosverificadosnasrestantescondic¸ões experimen-tais.
Nas imagensdemicroscopia óticada superfíciedotopo dos espécimes de compósito depois de polimerizados sob umamatriz(fig.3)épossívelverificarumamaiorrugosidade nosespécimesfabricadossobospolivinilsiloxanos(PVS).No entanto,nasimagensdemicroscopiaóticadasuperfíciedos materiaisdematriz(fig.4),osPVSsãoosqueaparentamter umasuperfíciemaislisa.
Tabela2–Materiaisutilizadosnoestudo
Nomecomercial RegistradoClear Memosil®2 Bite-perf® Grandio®SO(A3)
Fabricante VOCOGmbH, Cuxhaven, Alemanha HeraeusKulzer GmbH,Hanau, Alemanha BITEPERFDental Products,Málaga, Espanha VOCOGmbH, Cuxhaven, Alemanha
Material Polivinilsiloxano Polivinilsiloxano Polietileno
modificado
Resinacomposta
nano-híbrida
Lote 1212271 385030 n.d. 1203265
Validade Fev-2014 Ago-2014 n.d. Jul-2014
n.d.:nãodisponível.
Discussão
Paracompararaprofundidadedepolimerizac¸ãodediferentes compósitosdeverárecorrer-seaoráciodemicrodureza, que éobtidopelarazãoentreosvaloresdemicrodurezadabase edotopo22.Noentanto,seapenassepretendeestudarum compósitoespecíficopodemserutilizadososvalores absolu-tosdemicrodureza20.Tal,foirealizadonopresenteestudo,
ondeautilizac¸ãodorácioseriagrandementedificultada,se nãomesmoinviável,jáqueemalgunsgruposexperimentais seregistaramvaloresdemicrodurezadetopoinferioresaos dabase,originandoráciosinvertidos.
Dosmateriaisdematriztestados,oBite-perf foioúnico que apresentou, na base, valores de microdureza inferio-res aos grupos de situac¸ão controlo (TA e SA), indiciando umamenoreficácia de polimerizac¸ãoa umaprofundidade de2mmderesinacomposta.Estadiminuic¸ãopodejustificar umafotopolimerizac¸ãoadicional,apósremoc¸ãodamatriz,tal comosugeremalgunsautores7,8.Assim,aprimeirahipótese
nulafoirejeitada.
Quantoàespessuradamatriz,éumfatordifícildecontrolar clinicamente,umavezqueestaéproduzidaintraoralmente,
100 90 80 70 60 50 40 30 20 10 0
TA1 TA2 SA1 SA2 RC1 RC2 MM1 MM2 BP1 BP2
Microdureza knoop (KHN)
Topo Base
Figura1–Valoresmédios(desviopadrão)demicrodureza Knoop(KHN)notopoenabasedosespécimes,paraos váriosmateriaiseadiferentesdistânciasdaluz(n=10). TA1:comtiradeacetato,luza1mm;TA2:comtirade acetato,luza2mm;SA1:semtiradeacetato,luza1mm; SA2:semtiradeacetato,luza2mm;RC1:RegistradoClear com1mm;RC2:RegistradoClearcom2mm;MM1:Memosil 2com1mm;MM2:Memosil2com2mm;BP1:Bite-perf com1mm;BP2:Bite-perfcom2mm.
exercendopressãocontraodente arestaurar.Umavezque se pretende garantir a menor espessura possível, sem, no entanto, perder a rigidez do material, utilizaram-se neste estudo,espessurasconsideradasclinicamenteaceitáveis,de 1mme2mm.Osresultadosobtidospermitiramverificarque não existemdiferenc¸asclinicamente relevantesna intensi-dadedaluzqueatravessaamatrizcomestas2espessuras. Destaformanãofoipossívelrejeitarasegundahipótesenula. O mesmoéválidoparaos gruposde situac¸ãocontroloem quenãofoiinterpostonenhummaterialealuzfoi distanci-ada1mme2mmdasuperfíciedocompósito.Estesresultados vãoaoencontrodoverificadoemestudosanteriores,emque seobservouque,quandoeramutilizados fotopolimerizado-res LED, o aumento da distânciada luz ao compósito até 3-6mmnãocontribuiuparaumadiminuic¸ãodacapacidade depolimerizac¸ãodeespécimescom2mmdeespessura15,27.
Noentanto,verificou-seumatendênciaparaadiminuic¸ão dos valores no topo dos espécimes nos grupos Bite-perf quandoaespessuradomaterialaumentoude1mm(BP1)para 2mm (BP2),sendo que para 1mmos valores são emtudo semelhantes aosdogrupo TA1.Aanálise detodos os gru-postestadosemconjuntoterálevado,provavelmente,auma
TA SA RC MM BP Microdureza knoop (KHN) Topo Base 100,00 90,00 80,00 70,00 60,00 50,00 40,00 30,00 20,00 10,00 0
Figura2–Valoresmédios(desviopadrão)demicrodureza Knoop(KHN)notopoenabasedosespécimes,
comparandoosváriosmateriaisinterpostos(TA:comtira deacetato;SA:semtiradeacetato;RC:RegistradoClear; MM:Memosil2;BP:Bite-perf),independentementeda distânciadaluz(n=20).Letrasdiferentesindicam diferenc¸asestatisticamentesignificativasentreosgrupos, sendoqueasletrasmaiúsculascorrespondemaotopoeas letrasminúsculasàbase.
Figura3–Imagemdemicroscopiaóticacomampliac¸ão 40×(Duramin5,StruersAVS)dasuperfíciedetopoda resinacomposta(GrandioSO)polimerizadaatravésdos váriosmateriaisdematrizestudados.A:tiradeacetato;B: matrizdeRegistradoClear;C:matrizdeMemosil2;D: matrizdeBiter-perf.
atenuac¸ãodesteefeito,nãopermitindoconcluiraexistência dediferenc¸asentregruposcomespessuradistintas.Contudo, secomprovadoestefenómenoestariaemconcordânciacom adiminuic¸ãodatransmissãodaluzprovocadapelomaterial Bite-perf,verificadaanteriormenteemprofundidade.
Uma das vantagens da utilizac¸ão de matrizes oclusais seriaaobtenc¸ãodeumasuperfíciepolimerizadacom exclu-sãodocontactocom ooxigénio1,4,5,7,9–11.Para simularesta
situac¸ãoforamincluídosgruposemqueseutilizouumatira deacetato(TA1eTA2),talcomoésugeridonaliteratura16,28.
A situac¸ão oposta, e que se verifica clinicamente, foi
Figura4–Imagemdemicroscopiaóticacomampliac¸ão 10×(Duramin5,StruersAVS)dassuperfíciesdosvários materiaisdematrizestudados.A:tiradeacetato; B:matrizdeRegistradoClear;C:matrizdeMemosil2; D:matrizdeBiter-perf.
representada pelos grupos em que não se utilizou tira de acetatonemqualqueroutromaterialentreocompósitoea luz(SA1eSA2).Nenhumdosmateriaisestudados demons-trouumapolimerizac¸ãosuperficialcomparávelaosespécimes ondeseexcluiuocontactocomoxigénio.Todavia,oBite-perf demonstrouvaloresestatisticamentemaiselevadosdoque osgruposdesituac¸ãocontrolosemtiradeacetato,oquepode evidenciarausênciadecontactodooxigéniocomasuperfície. Adiminuic¸ãodevaloresrelativamenteaosgruposcomtirade acetatopoderádever-sesomenteàdificuldadedetransmissão daluzatravésdomaterial,talcomofoidescritoanteriormente. Tanto oRegistradoClearcomo oMemosil2,ambosPVS, revelaram valoresde microdureza no topo bastantebaixos e estatisticamente semelhantes aos grupos SA onde, por não se ter utilizado tira de acetato nem qualquer outro materialinterposto,ocorreuinibic¸ãodapolimerizac¸ão super-ficial do compósito pelo oxigénio. Analisando as imagens de microscopia ótica da superfície de topo dos espécimes fabricadossob osPVSépossívelverificar umamaior rugo-sidade,quandocomparadascomasimagensdosespécimes fabricados sob o Biteperf ou mesmosob a tira de acetato. Poderia argumentar-se que este facto resultaria da passa-gem dear entreasuperfíciedocompósito eamatriz,que não isolaria docontactocom o oxigénio.Contudo, quando secomparamasimagensdemicroscopiaóticadasuperfície dosmateriaisde matriz, osPVSsão osque aparentam ter umasuperfíciemaislisa,oquedeverialevaraumamelhor adaptac¸ãodamatriznasuperfíciedocompósito,dificultando aentradadeoxigénio.Assim,ainibic¸ãodapolimerizac¸ãopelo contactocomooxigéniopodenãoseraexplicac¸ãoparaa dimi-nuídapolimerizac¸ão destassuperfícies.Outra possibilidade seráexistirumainibic¸ãoquímicapelocontactodoPVScoma resinacompostanãopolimerizada.FazendoosPVSpartedo grupodosmateriaispoliméricos,sãosujeitosaumareac¸ão depolimerizac¸ão,queporsuavezpodeserinibidapor qual-querimpurezaoupelapresenc¸adeoxigénio29.Faceaoquefoi
referido,podesugerir-sequeasuperfíciedestesPVS encontra-seinibida,levandoàinibic¸ãodapolimerizac¸ãodasuperfície da resina composta,porcontacto.O inversojáfoi descrito numestudoanterior,emqueacamadamaissuperficialde adesivos,com polimerizac¸ãoinibidapelooxigénio, inibiua polimerizac¸ão dePVS,afetando assimaqualidade deuma posteriorimpressão30.ComoBite-perfestasquestõesnãose
colocam,jáquesendoummaterialtermoplásticoareac¸ãode polimerizac¸ãonãosedánestaaltura.
Deste modo, a terceirae última hipótese nula foi tam-bémrejeitadajáque,apesardetal nãoseverificarcom os PVS,oBite-perfinfluenciaapolimerizac¸ãosuperficial positi-vamente.
De modo a poder recomendar a aplicac¸ão clínica do Bite-perfmaisestudossãonecessáriosparaavaliarseuma aplicac¸ãodeluzadicionalpermitemelhorarapolimerizac¸ão emprofundidade.Poroutrolado,nocasodosPVSseria dese-jável perceber se um polimento final da resina composta permite removeracamada superficialque foiinibida. Para além disso sugerem-se mais estudos, possivelmente com recursoaespetroscopiaRamandemodoacompreenderquais osfatoresqueprovocamainibic¸ãodapolimerizac¸ão super-ficial da resina composta verificada com a utilizac¸ão dos PVS.
Conclusões
A utilizac¸ão do Bite-perf levou a uma diminuic¸ão da polimerizac¸ãoa2mmdeprofundidadedaresinacomposta, oquerevelainterferênciasnapassagemdaluz.Omesmonão severificouparaosPVS.
Apolimerizac¸ãoa2mmdeprofundidadenãoé influenci-adapelaespessuradamatrizoclusal,umavezqueoaumento daespessuradematriz,de1mmpara2mm,nãoparece influ-enciarapassagemdaluz.
Apolimerizac¸ãosuperficialéinfluenciadapelautilizac¸ão de uma matriz oclusal, no entanto, só o Bite-perf parece originar bons resultados na prevenc¸ão da inibic¸ão da polimerizac¸ãodacamadasuperficialpelooxigénio.
Responsabilidades
éticas
Protec¸ãodepessoaseanimais.Osautoresdeclaramquepara esta investigac¸ão nãose realizaram experiências emseres humanose/ouanimais.
Confidencialidadedosdados.Osautoresdeclaramquenão aparecemdadosdepacientesnesteartigo.
Direito à privacidade e consentimento escrito.Os autores declaramquenãoaparecemdadosdepacientesnesteartigo.
Conflito
de
interesses
AVOCOeaBITEPERFDentalProductscederammateriaispara esteestudo.
TrabalhodesenvolvidonoUICOB,unidadeI&Dn.◦4.062da FCT.
Agradecimentos
OsautoresagradecemàVOCOeàBITEPERFDentalProductsa cedênciadosrespetivosmateriaisparaesteestudo.Trabalho desenvolvidonoUICOB,unidadeI&Dn.◦4.062daFCT.
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