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Estudo da adesão e motivação para o tratamento em doentes alcoólicos

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Academic year: 2021

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Introdução ... 1

Capítulo I. Enquadramento Teórico ... 3

1.1. Evolução histórica do consumo de álcool (bebidas alcoólicas) ... 3

1.2. Dependência alcoólica ... 5

1.3. Motivação ... 7

1.4. Sintomas Psicopatológicos... 10

Capítulo II. Metodologia ... 12

2.1. Pertinência do Estudo ... 12

2.2. Método ... 12

2.2.1. Objetivos, Variáveis e Tipo de Estudo ... 12

2.2.2. Instrumentos ... 13

2.3. Procedimento ... 17

Capítulo III. Resultados ... 19

3.1. Análise Descritiva da Amostra ... 19

3.2. Análise Inferencial ... 23

Capítulo IV. Discussão dos resultados ... 35

Conclusões ... 47

Referências Bibliográficas ... 49

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Introdução

O alcoolismo é entendido como uma doença crónica e considerado um problema de saúde pública (Edwards, 2005). Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS, 2007) 1,7% da população mundial foi diagnosticada com dependência de álcool, sendo que os danos causados não são limitados apenas aos alcoólicos, mas também aos seus familiares e amigos (Oliveira, Andretta, Rigoni & Szupszynski, 2008). Ainda, segundo a OIT (2008) o alcoolismo é um problema de saúde primária, crónico cujo desenvolvimento e manifestações são influenciados por fatores genéticos, psicossociais e ambientais. O problema é considerado frequentemente progressivo e fatal e carateriza-se por um controlo deficiente contínuo ou periódico sobre o consumo de bebidas alcoólicas, bem como afeta progressivamente o funcionamento fisiológico social e económico (Wandekoken & Loureiro, 2010).

A designação de alcoolismo pode englobar um conjunto heterogéneo de situações, nomeadamente o consumo excessivo de álcool ou o uso lesivo, para além da dependência alcoólica (Neto & Pereira, 2001).

O álcool é uma substância psicotrópica depressora do sistema central nervoso, cujos efeitos desinibidores podem conduzir a violência, entre outras consequências (Niewiadomski, 2004).

Segundo a literatura, a aprendizagem social e a existência de antecedentes familiares com consumo excessivo de álcool são dois fatores preditores do consumo excessivo na adolescência (Oliveira, Andretta, Rigoni & Szupszynski, 2008).

A disfuncionalidade do comportamento dos indivíduos alcoólicos leva a que apresentem dificuldades na manutenção da abstinência durante um longo período de tempo, abandonando o processo de tratamento. Este comportamento parece estar associado a um conflito motivacional em relação à modificação dos seus problemas (Oliveira, Laranjeira, Araújo et. al, 2003). Assim, com o objetivo de compreender a forma como as pessoas mudam foi desenvolvido o Modelo Transteórico de Prochaska e DiClemente (1986), o qual descreve a prontidão para a mudança bem como os estágios pelos quais os indivíduos transitam. Este modelo baseia-se no pressuposto de que a mudança é um processo no qual as pessoas têm diversos níveis de motivação e de prontidão para mudar (Oliveira, Laranjeira, Araújo et. al, 2003).

O consumo de álcool na sociedade atual é visto de forma positiva o que dificulta o reconhecimento de alguns padrões de consumo como doença. Assim, hoje assiste-se a uma sociedade que, por um lado, tolera ou promove o consumo moderado de álcool

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e, por outro lado, discrimina o consumo excessivo e descontrolado (Heckmann et al., s.d.).

O presente estudo tem como objetivos avaliar o estágio em que o indivíduo se encontra, bem como o seu grau de dependência e a presença ou não de sintomas psicopatológicos. Assim, vamos tentar compreender se a presença de sintomas psicopatológicos é influencia pela situação económica do sujeito alcoólico e em que estágio de motivação se encontram os sujeitos. Para uma compreensão aprofundada do tema começaremos por uma breve história da evolução do álcool bem como todos os conceitos envolvidos nesta temática, seguindo-se o capítulo da metodologia, onde serão apresentados os instrumentos utilizados, a amostra e o procedimento, e, por fim, a discussão e conclusão, onde serão debatidos e refletidos os resultados obtidos.

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Capítulo I. Enquadramento Teórico

1.1. Evolução histórica do consumo de álcool (bebidas alcoólicas)

O álcool é uma substância que acompanha a humanidade desde a sua conceção e sempre ocupou um lugar privilegiado em todas as culturas como elemento fundamental nos rituais religiosos e presença constante nas comemorações e festas de convívio, entre outras (Bessa e Gigliotti, 2004). A curiosidade, desejo de transcendência, busca da imortalidade, do prazer, da sabedoria são alguns dos motivos, desde sempre, associados ao desejo por alguma droga (Santos et al., 2004). Ao longo da história, o álcool tem tido múltiplas funções tais como veículo de remédios, perfumes, poções mágicas e, principalmente o componente essencial de bebidas que acompanham os rituais de alimentação dos povos (Bessa e Gigliotti, 2004).

É de salientar que as regiões do Médio Oriente adotaram o vinho como bebida sagrada. Também o cristianismo incorporou na sua doutrina o caráter de inspiração divina das bebidas alcoólicas, porém, ao mesmo tempo, condena a embriaguez e o uso recreativo do vinho e de outras bebidas. Contudo, é uma condenação relativa uma vez que em diversas passagens bíblicas verifica-se a existência do consumo de vinho com um caráter positivo. Assim, percebe-se que desde há muito tempo, para as celebrações especiais a água não era considerada uma bebida à altura, pois o que se pretendia era um estado de embriaguez que transformasse os indivíduos e os transportasse para um plano superior de euforia (Rodrigues, 2009; Fernandes 2004). O álcool é atualmente, em Portugal, uma droga comercializada legalmente, fazendo parte dos hábitos alimentares da maioria da população. No entanto, esta substância aparece frequentemente associada a ocasiões onde os relacionamentos sociais se impõem, de natureza ritual, comemorativa, recreativa, para além de fazer parte dos estilos de vida ou das identidades de muitos grupos sociais (Balsa, et al., 2007). A partir da Revolução Industrial o consumo aumento consideravelmente devido à facilidade de produção e às mudanças sociais inerentes a esta época. O álcool foi associado a uma forma de fuga face às dificuldades que as pessoas enfrentavam nessa altura. Os problemas sociais causados por abuso de álcool eram encarados como uma questão de fraqueza ou imoralidade de certos indivíduos, assim eram inúmeras as pessoas afetadas por este problema tendo-se tornado um assunto de interesse público e social (Sousa et al., 2008).

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De acordo com Mello et al. (2001) ao nível de Portugal, a cultura da vinha apresenta tradições antigas, nas ocasiões festivas, fazendo parte, de forma marcante, da nossa cultura. Na verdade, na nossa cultura não se consegue pensar em festa sem se associar a álcool, sendo o consumo de álcool uma prática estruturante da sociedade (Freyssinet-Dominjon & Wagner, 2006). Em suma, beber em conjunto é um ato social contagiante, capaz de influenciar todos os indivíduos que decidem e aceitam consumir em momentos de festa (Negrão, 2004).

De acordo com Balsa (2007), os árabes foram os primeiros a produzir álcool destilado, o que o levou a generalizar-se para a Europa a partir do século XI (Balsa et. al, 2007). Até ao século XV, o consumo de álcool não levantaria problemas sendo associado a conceitos de saúde em algumas sociedades e a rituais religiosos e curativos noutras. Contudo, será a partir daqui que aumentará o consumo de bebidas alcoólicas e que começarão a surgir os primeiros casos de intoxicação por álcool (Balsa et. al, 2007). Posteriormente, no final do século XVIII e princípios do século XIX, desenvolvem-se as conceções de embriaguez como doença. O alcoolismo é, inicialmente, visto como um vício e só depois começa a ser utilizado como significado de alcoolismo crónico e entendido como doença. Estas conceções de embriaguez como doença foram influenciadas pelos trabalhos de Benjamin Rush (1785) e Thomas Trotter (1804), sendo este último quem descreveu pela primeira vez Delirium Tremens como um estado de hiperatividade confusa e desorganizada que se segue normalmente a um excessivo abuso de bebidas alcoólicas. Assim, o conceito de alcoolismo surge, apenas, no século XIX, após o aumento da produção e comercialização de álcool resultante da Revolução Industrial (Balsa et. al, 2007).

Desde então, muitas definições são atribuídas aos termos de alcoolismo e de alcoólico. Segundo a OMS (1980, p.15) o alcoolismo “não constitui uma entidade nosológica definida, mas a totalidade dos problemas motivados pelo álcool no indivíduo, estendendo-se a vários planos e causando perturbações orgânicas e psíquicas, perturbações da vida familiar, profissional e social, com as repercussões económicas, legais e morais”; alcoólicos “são bebedores excessivos, cuja dependência em relação ao álcool se acompanha de perturbações mentais, da saúde física, da relação com os outros e do seu comportamento social e económico. Devem submeter-se a tratamento” (Mello et al., 2001, p.15).

Os estudos sobre o processo histórico relacionado ao uso e abuso de substâncias pela humanidade demonstram uma alteração significativa no seu padrão de uso nos tempos contemporâneos em relação ao início do século XX, passando-se de um uso

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incutido nos rituais e outras circunstâncias, para um uso indiscriminado caraterizado por um modo de vida típico das sociedades atuais (Schneider & Lima, 2011).

Em suma, a Europa é, atualmente, o continente onde existe maior consumo de álcool, sendo que se tem assistido a alterações em termos de padrões de consumo, dos tipos de bebidas ingeridas e da forma como se ingere (Malta & Moura, 2011). Contudo, Portugal não foge a esta regra, apresentando mesmo um dos maiores consumos de álcool per capita a nível mundial, segundo os últimos relatórios da World Drink Trends (2002, 2005, cit in Balsa et. al, 2007). Este consumo desmedido leva a 2,5 milhões de mortes por ano em todo o mundo (Wackernah et al., 2014). Em Portugal estima-se que existam cerca de setecentos e cinquenta mil consumidores excessivos e seiscentos mil doentes alcoólicos (Marinho, 2008).

1.2. Dependência alcoólica

A abordagem inicial da dependência do álcool assumia um ponto de vista claramente moralista. Os alcoólicos não “disponham” da força de vontade necessária para regular o consumo de álcool e os comportamentos daí derivados apareciam como uma prova irrefutável da sua natureza imoral (Teixeira, 2004). Segundo a literatura o problema da dependência é o principal aspeto para procurar tratamento (Fontanella et al., 2008).

O consumo de álcool é descrito por três definições: uso, abuso e dependência. O uso é caraterizado pelo consumo que o sujeito faça seja episódico ou esporádico. Por outro lado, o abuso é descrito como o consumo repetido da substância acarretando uma contínua e significativa dependência física e/ ou social ao próprio sujeito ou a terceiros (Cardoso et al, 2008). Nos adolescentes o uso de álcool poderá levar ao abuso ou dependência deste (Clark et al., 1998).

A Síndrome de Dependência do Álcool representa uma disfunção ou inadaptação às necessidades da vida quotidiana, geralmente causando intensos conflitos aos sujeitos e repercutindo em todos os ambientes que o consumidor frequenta. Assim, a dependência de álcool e seus efeitos não prejudicam somente o sujeito que consome mas, também, todas as pessoas que o rodeiam (Lima et al., 2007). No DSM-IV a dependência é definida como um conjunto de sintomas cognitivos, comportamentais e fisiológicos que indicam que o indivíduo continua a consumir uma substância apesar dos problemas significativos relacionados com o consumo (OIT, 2008).

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A dependência física carateriza-se pelo estado em que o organismo se adaptou a presença de droga e em que surgem sintomas de abstinência, se o consumo de droga for interrompido abruptamente (OIT, 2008).

Segundo Adès (2004) foram descritos cinco tipos de alcoolização que caraterizam uma progressão para a dependência alcoólica. O primeiro contacto com o álcool acontece nas mais diversas idades, em circunstâncias sociais distintas e os seus efeitos diferem consoante os sujeitos. Contudo, um grupo restrito pára após o primeiro contacto, muitas vezes devido a fatores biológicos, religiosos e culturais. O outro tipo de alcoolização designa-se por estádio “experimental”, no qual o sujeito aprende a conhecer as diferentes bebidas alcoólicas, a sua capacidade de beber bem como a sua preferência pelas bebidas. No estádio seguinte, estádio de alcoolização “integrada”, este é o comportamento adotado por muitos sujeitos em função das regras sociais e culturais a que o sujeito pertence e, também, de fatores pessoais de preferência como o gosto, tolerância e meios financeiros. Por outro lado, na alcoolização excessiva é o estádio que abrange as noções de “consumidores excessivos” ou “consumidores com problema”, pois demasiado álcool é consumido excessivas vezes. Por último, o estádio da dependência que é caraterizado pela habituação psicológica e fisiológica ao álcool. Mesmo neste estádio o consumo alcoólico não é irreversível e o sujeito dependente pode modificar o seu comportamento e adotá-lo aos usos sociais do seu meio cultural. No entanto, na ausência de tratamento e a manutenção do consumo descontrolado poderá evoluir para complicações mais graves de diversa ordem (Adès & Lejoyeux, 2004).

A alteração do comportamento face ao álcool traduz-se pela adoção de um estilo de beber diferente da do meio cultural e familiar onde o indivíduo se insere. Assim, o indivíduo dependente adota um modo de consumo de álcool que não tolera variações nem reduções. O indivíduo vai ficando cada vez mais dependente, sendo incapaz de modificar a frequência e a quantidade das suas alcoolizações, sentindo-se forçado a consumir com regularidade bebidas alcoólicas para garantir uma alcoolemia elevada. Assim, os indivíduos que apresentam uma dependência sólida começam a consumir logo de manhã para evitar que surjam sinais de privação após uma noite sem álcool, sendo que o agravamento da dependência pode traduzir-se pela necessidade de beber a primeira bebida cada vez mais cedo, de manhã, e, por vezes, logo ao acordar (Adès & Lejoyeux, 2004).

Em suma, o indivíduo dependente que bebe regular e abundantemente mantém as mesmas quantidades de álcool independentemente das consequências negativas que

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advenham desse comportamento, sendo que adquire progressivamente uma resistência aos esforços negativos da sua alcoolização (Adès & Lejoyeux, 2004). O desejo obsessivo de álcool está associado à perda de controlo de ingestão que se carateriza pela incapacidade do indivíduo controlar o seu consumo de álcool, ou seja, a partir do momento em que começa a beber, o indivíduo é confrontado com a perda de controlo psíquico e comportamental. Nestas alturas, o indivíduo sente uma espécie de flash ou de efeito de desinibição que bloqueia qualquer possibilidade de controlo. Este fenómeno explica a frequência de recaídas alcoólicas (Adès & Lejoyeux, 2004).

Este desejo obsessivo de beber também designado por craving, é um fator importante na iniciação e manutenção da dependência. O indivíduo sente uma vontade irreprimível de álcool que pode assaltar o seu espírito como uma obsessão. No entanto, outros sujeitos continuam à espera que o álcool lhes proporcione euforia e desinibição, mesmo sabendo que os efeitos são inversos causando depressão e ansiedade (Adès & Lejoyeux, 2004).

Os sintomas de privação indiciam dependência física do álcool, podendo seguir por abstinência total ou quando existe uma baixa concentração sanguínea de álcool (abstinência matinal). Assim, o facto de o indivíduo, ao consumir, moderar os sinais de abstinência como o tremor ou apenas a inquietação, leva à necessidade de beber, o que vai reforçar a dependência alcoólica (Adès & Lejoyeux, 2004).

Por último, o elemento caraterístico da dependência alcoólica é o aparecimento da tolerância, ou seja, o indivíduo habitua-se progressivamente aos efeitos do álcool acabando por sentir a necessidade de aumentar as doses de álcool para obter os mesmos efeitos dos primeiros tempos (Adès & Lejoyeux, 2004).

1.3. Motivação

A palavra motivação vem da raiz latina que significa “mover”, como uma tentativa de compreender o que nos move ou a razão pela qual temos certas atitudes. Assim, o que é susceptível de mover o indivíduo para um comportamento orientado é a motivação (Ferreira, 2007). Segundo a literatura, a motivação é um estado de prontidão ou de ambição para a mudança que pode oscilar de tempos em tempos ou, mesmo, de uma situação para a outra (Miller & Rollnick, 2001). Assim, pode-se considerar que a motivação é o primeiro passo em direção a qualquer ação ou mudança de comportamento, sendo considerada uma dimensão crítica que influencia os sujeitos a procurar e a cumprir o tratamento, bem como ter sucesso a longo prazo

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na mudança de comportamento. Contudo, o facto de os sujeitos demonstrarem motivação para a mudança dos seus comportamentos-problemas não significa que possuam motivação para o tratamento, pois muitos dos sujeitos procuram tratamento por pressão de outros, o que poderá levar a que não se sintam prontos para a mudança e, consequentemente, não adiram ao tratamento (DiClemente et. al, 1999). São várias as dimensões com impacto nos domínios da motivação, nomeadamente aspetos sociais, pessoais, culturais, determinados tipos de tratamento são alguns dos fatores que podem influenciar a procura de ajuda (Moos e Moos, cit in Rodrigues & Teixeira, 2010).

No estudo de Fontanella et al. (s.d., cit in Rodrigues & Teixeira, 2010) verificaram como fator motivador para a procura de tratamento a síndrome de dependência, assim o reconhecimento do problema através de sintomatologia e a consciencialização da relação problemática com a substância revelaram-se fatores determinantes para a procura de ajuda.

O modelo desenvolvido por Proschaska e DiClemente (1985) designado por Modelo Transteórico da Mudança, menciona que a motivação pode ser compreendida como o estado ou o estádio da disposição para a mudança de uma pessoa, sendo esse estado interno influenciado por fatores externos (Miller & Rollnick, 2001). Segundo os mesmos autores, as pessoas que lutam contra problemas de dependência, como o álcool, geralmente chegam ao aconselhamento com motivações incompatíveis e flutuantes. Este conflito designa-se por ambivalência e permeia com frequência as primeiras sessões, pois os sujeitos querem e não querem ajuda, concomitantemente (Miller & Rollnick, 2001).

O modelo transteórico da mudança comportamental desenvolveu-se com base em intervenções relacionadas com os comportamentos aditivos, diferenciando-se dos outros modelos pelo seu objetivo de analisar a motivação para a mudança e compreender como as pessoas mudam como indicação da vontade de adotar um novo comportamento (Oliveira et. al, 2003).

Proschaska, DiClemente e Nocross (1992) propuseram este modelo que postula que as mudanças comportamentais se processam pela movimentação entre diferentes estágios de prontidão para a ação. Estes diferentes estágios de mudança têm uma dimensão temporal que fornece informações acerca de modificações particulares que podem ocorrer nas atitudes, intenções e no comportamento (Janeiro, 2007).

No que toca ao processo de mudança, este considera-se como um processo cíclico e em espiral, permitindo considerar a recaída como parte integrante do processo de mudança (Janeiro, 2007).

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De acordo com Prochaska, DiClemente e Norcross (1999, cit in Miller & Rollnick, 2001) existem quatro estágios que os indivíduos com comportamentos de dependência poderão apresentar: pré-contemplação, contemplação, ação e manutenção. No entanto, é de salientar que os autores referem que estes estágios não são lineares pois os indivíduos podem regredir ou progredir sem uma sequência lógica (Oliveira et. al, 2003). Esta noção de estágio remete para a ideia de que a mudança ocorre ao longo do tempo (Yoshida, 2002). De acordo com Fontanella et al. (2008) o Modelo Transteórico da Mudança contribui para a passagem de estágio para estágio, o que subentende a consciencialização do problema e solidificação maior para a mudança.

Os indivíduos que se encontram no estágio de pré-contemplação (1º estágio) não pensam em mudar o seu comportamento de dependência, pois eles podem não ver o comportamento como um problema ou, pelo menos, não acreditam que seja tão problemático como as outras pessoas (Miller & Rollnick, 2001). Ou seja, neste estágio não há intenção/motivação de mudança nem mesmo uma crítica a respeito do conflito envolvendo o comportamento-problema (Oliveira et. al, 2003).

O estágio de contemplação (2º estágio) carateriza-se pela consciencialização de que existe um problema, no entanto, há uma ambivalência quanto à perspetiva de mudança (Oliveira et. al, 2003).

No que concerne ao estágio de determinação (3º estágio), o indivíduo aqui já compreende o problema e procura ajuda de forma a aprender estratégias para enfrentar o seu comportamento-problema (Miller & Rollnick, 2001).

No que toca ao estágio de acção (4º estágio), os indivíduos escolhem uma estratégia para a realização de mudança e tomam uma atitude nesse sentido (Oliveira et. al, 2003). Assim, o indivíduo toma uma decisão para parar com um comportamento-problema ou para iniciar um comportamento positivo (Miller & Rollnick, 2001).

Por fim, no estágio de manutenção (5º estágio) trabalha-se a prevenção de recaída e a consolidação dos ganhos obtidos durante o estágio de acção (Oliveira et. al, 2003). Neste estágio, o novo comportamento vai-se desenvolvendo e a ameaça de recaída ou de voltar aos padrões antigos torna-se menos frequente. No entanto, é de salientar que a recaída é possível tanto neste estágio como no de acção e, se isso acontecer, o individuo recomeça novamente (Miller & Rollnick, 2001). Assim, para cada estágio verificam-se vários desafios para os quais são necessárias estratégias de coping eficazes (Murta & Tróccoli, 2005).

De acordo com Laranjeira et al. (2005), os pacientes em ambulatório são mais propensos a acreditar que têm um problema com o álcool e, consequentemente

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necessitam de procurar ajuda a fim de mudar o seu comportamento-problema. No entanto, estes sujeitos tendem a aprovar as suas crenças cognitivas, o que os leva a encontrarem-se no estádio de pré-contemplação em relação à sua predisposição para a mudança (Laranjeira et. al, 2005). Por outro lado, no estudo de Sousa et al. (2013) com sujeitos alcoólicos hospitalizados, estes autores verificaram que os sujeitos tendiam a estar no estágio de contemplação, naquela situação.

1.4. Sintomas Psicopatológicos

O álcool está fortemente associado a uma vasta gama de problemas de doenças mentais, tais como depressão e ansiedade.

Os indivíduos que consumem excessivamente ou, mesmo, dependentes apresentam frequentemente perturbações psiquiátricas associadas, nomeadamente perturbações de ansiedade e depressivas (Adès & Lejoyeaux, 2004). No estudo de Trindade & Correia (s.d.) verificaram que os adolescentes que tiveram baixa auto-estima e níveis de ansiedade elevados tinham maior probabilidade de se tornarem consumidores excessivos. Assim, Ribeiro et al. (2002, cit in Ribeiro et al., 2008) identificou duas tipologias, um seria caraterizado por início tardio, evolução mais lenta, menos complicações, menos comorbilidades psicopatológicas e, por lado, a segunda apresentaria predisposição genética, início precoce, evolução mais rápida, mais comorbilidades psicopatológicas, sintomas mais graves e, consequentemente, pior prognóstico. Por outro lado, a literatura refere a heterogeneidade que carateriza o alcoolismo resultante da interação de fatores genéticos, ambientais, psicológicos e sociais que influenciam o volume e a frequência do álcool consumido e as suas consequências (Ribeiro et al, 2008). A literatura refere que existe alta prevalência de co-ocorrência de perturbações psiquiátricas e abuso de substâncias (Barrocas, s.d.). Segundo a literatura, as perturbações psiquiátricas que mais recorrentemente aparecem é a depressão, ansiedade, perturbações da personalidade, em especial a sociopatia, as perturbações do comportamento alimentar, os estados esquizofrénicos (Adès & Lejoyeaux, 2004).

No estudo de Schneider (2001, cit in Schadé et al, 2004), este observou que os sujeitos em tratamento alcoólico apresentavam comorbilidades, sendo que a taxa mais elevada é a perturbação de ansiedade com 42,3%. Por outro lado, a literatura aponta para níveis altos de comorbilidades de perturbações de ansiedade por uso excessivo de álcool. Uma explicação para as taxas elevadas de comorbilidades poderá

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ser, por os sujeitos inicialmente consumem álcool para diminuir os níveis de ansiedade, podendo-se tornar, mais tarde, um consumo persistente e excessivo. No entanto, segundo a literatura os comportamentos alcoólicos têm implícitas três variáveis: busca de sensações, caraterísticas ansiosas e depressivas. A busca de sensações é explicada por caraterísticas ansiosas que, por sua vez, serão explicadas por caraterísticas depressivas.

Combaluzier (2012) afirma que os estudos relevam que caraterísticas depressivas conduzem a um efeito de beber devido a problemas psicológicos. Segundo o autor, as relações entre comportamentos alcoólicos e caraterísticas depressivas em sujeitos dependentes, revelam que a depressão é a perturbação primária dos comportamentos alcoólicos que está direta ou indiretamente ligada à perturbação dos comportamentos alcoólicos mediada pela ansiedade, contudo, por outro lado, através da interferência de beber devido a problemas psicológicos as caraterísticas depressivas são induzidas pelos comportamentos alcoólicos e aparecem como perturbação secundária a problemas relacionados com o álcool (Combaluzier, 2012).

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Capítulo II. Metodologia

Introdução

Neste capítulo será apresentada a metodologia utilizada na investigação, incluindo os objetivos, as hipóteses, o tipo de estudo utilizado e as variáveis presentes na investigação, assim como, a caraterização da amostra, descrição dos instrumentos utilizados, procedimento de recolha de dados e tratamento dos mesmos.

2.1. Pertinência do Estudo

Este estudo torna-se pertinente, pois cada vez mais a problemática do álcool está patente na nossa sociedade atingindo mais adolescentes. Assim, é importante que não se descurem as investigações ao nível desta problemática.

2.2. Método

2.2.1. Objetivos, Variáveis e Tipo de Estudo

O objetivo geral desta investigação consiste em avaliar o estádio para a mudança em que o sujeito se encontra, o grau de dependência alcoólica e o número de internamentos.

Especificamente, este estudo pretende verificar se existe relação significativa entre os sintomas psicopatológicos e o estádio de motivação. Por outas palavras, os objetivos específicos são:

 Determinar se existem diferentes índices nos sintomas psicopatológicos, consoante o género, local de residência, situação económica e ambulatório/internamento.

 Descrever as caraterísticas desta amostra.

 Analisar o nível de dependência consoante o género.

 Avaliar em que estágio de motivação para a mudança os participantes se encontram.

Relativamente à natureza da investigação, esta pode-se definir como descritiva, correlacional e comparativa com o objetivo de caraterizar uma amostra de doentes alcoólicos, assim analisar a correlação entre diversos fatores (Ribeiro, 1999).

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2.2.2. Instrumentos

A escolha dos instrumentos baseou-se na natureza dos fenómenos que se pretendiam estudar, optando-se pelo protocolo constituído pelo Questionário Sociodemográfico (Anexo I), pelo Sympton Checklist-90-R (Derogatis, 1977; Batista, 1993), pelo Readiness to Change Questionnaire (Fontes, 1996) e pelo Severity Alcohol Dependence Questionnaire (Mello, 1999).

Questionário Sociodemográfico

O Questionário Sociodemográfico foi concebido pela equipa de investigação, e é constituído pelas seguintes variáveis: idade, género (masculino e feminino), estado civil (resposta aberta), habilitações literárias (sem escolaridade, 1º ciclo, 2º ciclo, 3º ciclo, ensino secundário, curso técnico-profissional e licenciatura ou superior), meio onde vive (rural, semi rural e urbano), situação económica (boa, razoável e má), desintoxicação (sim e não), data de internamento e de alta, número de tratamentos anteriores, idade da primeira experiência e consumo excessivo e quantidade ingerida das bebidas (resposta aberta) e presença de antecedentes de dependência alcoólica na família (sim e não).

Sympton Checklist-90-R (SCL-90-R)

Para averiguar a existência de perturbações psicopatológicas foi utilizado o SCL-90-R construído por Derogatis (1977) e validado para a população portuguesa por Batista (1993). Este instrumento é constituído por 90 itens, subdividido em nove dimensões: somatização, obsessões-compulsões, sensibilidade interpessoal, depressão, ansiedade, hostilidade, ansiedade fóbica, ideação paranóide e psicoticismo, sendo que cada item contém uma escala de resposta tipo Likert de 0 (“nunca”) a 4 (“extremamente”).

A dimensão da somatização reflete o mal-estar resultante da perceção do funcionamento somático. As queixas localizam-se nos sistemas cardiovascular, gastrointestinal, cefaleias, dores ou desconforto localizado na musculatura ou outros equivalentes somáticos da ansiedade (Carreira, 2001).

As obsessões-compulsões englobam os pensamentos, impulsos e ações experimentadas como persistentes e aos quais o indivíduo não consegue resistir.

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Através da dimensão de sensibilidade interpessoal são avaliados sentimentos de inferioridade e inadequação pessoal, particularmente nas comparações com os outros, sendo as caraterísticas mais frequentes a auto-depreciação, timidez, embaraço nas relações com outros e as expectativas negativa relativamente a essas relações (Carreira, 2001).

Outra dimensão é a depressão que inclui itens que procuram identificar sintomas de afetos e humor disfórico, sinais de isolamento, perda de interesse, falta de motivação e diminuição de energia. Nesta escala são contempladas, também, a perda de objetivos e a ideação auto-destrutiva (Carreira, 2001).

A escala de ansiedade reflete um conjunto de sintomas e comportamentos associados com a ansiedade, manifesta através de indicadores gerais como agitação, nervosismo, tensão e sinais cognitivos de ansiedade. Por outro lado, a dimensão de hostilidade está associada à agressividade é à cólera enquanto estado afetivo negativo, procura identificar pensamentos, sentimentos e ações caraterísticas as quais se caraterizam pela irritabilidade e ressentimento (Carreira, 2001).

A ansiedade fóbica é definida como a resposta de medo persistente a um indivíduo, local, objeto ou situação específica, tem um caráter irracional e é desproporcionada em relação ao estímulo desencadeante, levando o individuo a adotar comportamentos de evitação e escape (Carreira, 2001).

A dimensão de ideação paranóide representa o comportamento paranóide, essencialmente como um modo perturbado de pensamento que se traduz ao nível do pensamento projetivo, hostilidade, egocentrismo, medo da perda de autonomia e delírios (Carreira, 2001).

Por último, a escala de psicoticismo fornece um contínuo graduado desde o isolamento interpessoal ligeira até à evidência da psicose, incluindo indicadores de isolamento e de estilo de vida esquizóide e sintomas primários de esquizofrenia (Carreira, 2001).

O SCL-90-R é também constituído por três índices: Índice Global de Sintomas (IGS) que combina a informação do número de sintomas com a sua intensidade, o Total de Sintomas Positivos (TSP) que abrange o número de sintomas presentes e o Índice de Sintomas Positivos (ISP) que é uma medida de intensidade ajustada para o número de sintomas presentes (Landeiro, 2001).

A tabela 1 mostra as médias e os desvios padrão para cada dimensão do SCL-90-R para a população normal.

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Tabela 1: Números médios e desvio padrão do SCL-90-R para a população normal

População Normal

SCL-90-R Média DP Valor Limite

Somatização

0,55

0,48

1,03

Obsessões-Compulsões

0,98

0,53

1,51

Sensibilidade Interpessoal

0,73

0,54

1,27

Depressão

0,65

0,45

1,10

Ansiedade

0,67

0,48

1,15

Hostilidade

0,79

0,60

1,39

Ansiedade Fóbica

0,29

0,38

0,67

Ideação Paranóide

0,94

0,56

1,50

Psicoticismo

0,40

0,42

0,82

Readiness to Change Questionnaire (RCQ) – Questionário sobre a

Disposição para a Mudança

Como um dos objetivos é avaliar em que estádio para a mudança os participantes se encontram, torna-se relevante a utilização deste questionário desenvolvido por Heather e Rollnick (1992,1993) e adaptado para a população portuguesa por Fonte (1996). Este instrumento foi desenvolvido para avaliar sujeitos dependentes de álcool, sendo composto por 12 itens que compreendem os estádios de mudança: pré-contemplação, contemplação e ação. O estádio de manutenção não é contemplado pelo RCQ, pois muitas das questões abordadas por este questionário não fazem sentido para sujeitos que se encontram em abstinência (Passos & Castro, 2005). No que concerne à cotação dos itens, estes variam numa escala de tipo Likert de cinco pontos, desde “Discordo Total” a “Concordo Total”, sendo atribuída uma cotação desde -2 a +2, respetivamente. Relativamente à cotação final das subescalas, esta realiza-se através da média aritmética dos respectivos itens e é atribuído um estádio em função das subescalas que obtiveram maior pontuação. Contudo, em caso de empate, o sujeito será situado no estádio mais avançado, pressupondo que se trata do ponto mais alto de um continuum de mudanças (Rodrigues, 2009).

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16

Severity Alcohol Dependence Questionnaire (SADQ)

O SADQ foi construído por Stockwell, Murphy, & Hodgson, em 1983, e validado para a população portuguesa por Mello, em 1999, com o objetivo de avaliar o grau de dependência alcoólica. Esta escala é de auto-preenchimento, constituída por 20 itens, sendo divida em cinco subescalas relativas ao consumo excessivo de álcool, nomeadamente sintomas físicos e psicológicos de privação, craving, consumo de álcool e extinção de sintomas de privação após abstinência. Estes itens são cotados entre 0 (“Quase nunca”) a 3 (“Quase sempre”), através dos quais o indivíduo deverá refletir o seu modo de beber durante as alturas em que bebeu excessivamente ou durante determinado período de tempo, sendo que pontuações menores ou iguais a 30 revelam um grau de dependência moderado e maiores do que 30 definem-se como grau de dependência elevado (Pombo, 2012).

(18)

17

2.3. Procedimento

Para a realização da presente investigação foi solicitada a autorização, foi solicitada a autorização aos autores dos instrumentos utilizados Sympton Checklist-90-R (SCL-90-R), Readiness to Change Questionnaire (RCQ) e Severiy Alcohol Dependence Questionnaire (SADQ), para a utilização dos respetivos instrumentos.

A aplicação dos questionários decorreu num período de 4 meses (entre Janeiro e Abril) recorrendo-se a uma amostra de conveniência.

A metodologia utilizada foi em consulta, começando pela apresentação da investigadora, seguindo-se a explicação do objetivo do estudo, referindo que se tratava de um trabalho para fins académicos no âmbito da dissertação de mestrado onde se pretendia analisar variáveis sociodemográficas, o estádio de motivação para a mudança onde o indivíduo de encontra, a presença de sintomas psicopatológicos e o grau de dependência alcoólica. Aos participantes foi garantida a confidencialidade e o anonimato dos dados. Reforçou-se a inexistência de resposta corretas ou incorretas pois o objetivo passava pela resposta mais adequada para a pessoa tendo em conta a sua situação. Por último, facultava-se dados para posterior contacto para fornecimento dos resultados encontrados caso fosse do interesse dos participantes. De seguida, iniciava-se a aplicação dos questionários, estando a investigadora presente para esclarecimento de eventuais dúvidas. Como os questionários eram de autoresposta a maioria dos participantes preencheram sozinhos. Finalizava-se o processo com o agradecimento da colaboração dos participantes na investigação.

(19)
(20)

19

Capítulo III. Resultados

Neste capítulo vão ser apresentados os resultados estatísticos obtidos.

3.1. Análise Descritiva da Amostra

A análise da tabela 2 permite-nos verificar que a amostra global, no somatório de ambulatório e de internamento, no que diz respeito ao género, é constituída por 55 homens (88,7%) e 7 mulheres (11,3%), verificando-se um total de 62 sujeitos.

Tabela 2: Estatística descritiva da amostra segundo o género

N %

Masculino 55 88,7%

Feminino 7 11,3%

Total 62 100%

No entanto, na tabela 3 podemos verificar que 33 dos homens (60%) se encontram em ambulatório e 22 (40%) realizaram internamento. Relativamente ao género feminino constata-se que 3 (42,1%) realizaram internamento e 4 (57,1%) se encontram em ambulatório.

Tabela 3: Estatística Descritiva do género segundo realização de internamento

Ambulatório Internamento Total

Masculino 33 22 55

Feminino 4 3 7

Total 37 25 62

No que concerne à variável idade, de acordo com a tabela 4, a faixa etária da amostra varia entre os 33 e os 74 anos, com uma média de M=53,79 e um desvio padrão de DP=9,419.

Tabela 4: Estatística Descritiva da amostra segundo a idade

N 62

Média 53,79

Desvio Padrão 9,419

Mínimo 33

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20

No que concerne ao estado civil, observa-se, na tabela 5 que 39 dos sujeitos são casados (62,9%), seguindo-se dos solteiros com 17,7% e dos divorciados com 11,3%, com a mesma frequência os viúvos e união de facto com 3,2% e, por último, noivo com 1,6%.

Tabela 5: Estatística Descritiva segundo o estado civil

Estado Civil N % Casado 39 62,9 Solteiro 11 17,7 União de facto 2 3,2 Divorciado 7 11,3 Viúvo 2 3,2 Noivo 1 1,6

Total

62

100

Relativamente à variável do meio em que vive, segundo a tabela 6, podemos verificar que a 22 dos sujeitos reside em zona semi-rural (38,7%), seguindo-se o rural com 22 sujeitos (35,5%) e, por último, o meio urbano com 16 sujeitos (25,8%).

Tabela 6: Estatística Descritiva da amostra segundo o meio onde vive

N %

Meio Rural 22 38,7

Meio Semi-Rural 24 35,5

Meio Urbano 16 25,8

Total 62 100

A tabela 7 permite-nos verificar que a amostra, no que toca à variável habilitações literárias 35 dos sujeitos possuem o 1º ciclo (56,5%), 11 dos sujeitos têm o 3º ciclo (17,7%), 9 sujeitos possuem o 2º ciclo (14,5%), 6 sujeitos completaram o ensino secundário (9,7), e apenas 1 sujeito (1,6%) concluiu a Licenciatura.

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Tabela 7: Estatística Descritiva da amostra segundo a variável habilitações literárias

N % 1º Ciclo 35 56,5 2º Ciclo 9 14,5 3º Ciclo 11 17,7 Ensino Secundário 6 9,7 Licenciatura 1 1,6 Total 62 100

A tabela 8 refere-se à variável internamento que nos permite observar que 25 dos sujeitos realizaram internamento (40,3%) e 37 não (59,7%).

Tabela 8: Estatística Descritiva da amostra segundo o internamento

N %

Sim 25 40,3

Não 37 59,7

Total 62 100

Relativamente à situação profissional a tabela 9 mostra que a 22 dos sujeitos estão desempregados (35,5%), seguindo-se dos reformados com 20 sujeitos (32,3%), consecutivamente 15 sujeitos trabalham por conta de outrem (14,2%) e, por fim, com 5 trabalham por conta própria (8,1%).

Tabela 9: Estatística Descritiva segundo a variável situação profissional

Situação Profissional

N %

Desempregado 22 35,5

Reformado 20 32,3

Trabalha por conta própria

5 8,1

Trabalha por conta de outrem

15 14,2

(23)

22

Quanto à variável duração do internamento em dias, na tabela 10, podemos verificar que a média é M=11,20 com um desvio padrão de DP=5,447, (saiba-se que o número mínimo de dias são 7 e o máximo de dias de internamento são 25 dias).

Tabela 10: Estatística Descritiva da amostra segundo a variável duração do internamento

Média 11,20

Desvio Padrão 5,447

Mínimo 7

Máximo 25

No que concerne à variável idade da primeira experiência de consumo constata-se que, pela tabela 11, a média é M=1,9194, com um desvio padrão de DP=0,27451, o mínimo situa-se entre os 5 e os 9 anos de idade e o máximo entre 9 e os 28 anos de idade. Ainda, se verifica, que a idade da primeira experiência de consumo de álcool, para 57 dos sujeitos, é entre os 9 e os 28 anos de idade (91,9%).

Tabela 11: Estatística Descritiva segundo a idade da primeira experiência de consumo

Idade Frequência % Medida

Descritiva

5-9 5 8,1 M=1,9194

DP=0,27451

9-28 57 91,9

Total 62 100

Relativamente à idade de consumo excessivo verifica-se pela tabela 12, que a média é de M=26,79, com um desvio padrão de DP=11,474, mínimo 13 e máximo 65 anos.

Tabela 12: Estatística Descritiva segundo a idade de consumo excessivo

Média 26,79

Desvio Padrão 11,474

Mínimo 13

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23

Segundo a tabela 13 relativa à existência de antecedentes familiares,

podemos verificar que 46 dos sujeitos (74,2%) tem ou tiveram antecedentes

familiares de histórico de alcoolismo, e 16 sujeitos (25,8%) não tiveram ou

têm antecedentes na família.

Tabela 13: Estatística Descritiva da amostra segundo a variável antecedentes familiares

N %

Sim 46 74,2

Não 16 25,8

Total 62 100

3.2. Análise Inferencial

Para a realização da análise estatística da investigação utilizou-se o programa informático Statistical Package for Social Sciences (SPSS), versão 22.0 para Windows. Numa primeira fase, procedeu-se ao cálculo da normalidade da distribuição da amostra através do teste da normalidade de Kolmogorov-Smirnov, que indicou que de modo geral a amostra não tem uma distribuição normal. Ainda assim, usaram-se testes paramétricos, dado que uma amostra tende para a normalidade quando tem um n superior a 30 (Pestana e Gageiro, 2008).

De seguida, efetuou-se uma análise descritiva para a caraterização do RCQ (disposição para a mudança) e SADQ (dependência alcoólica), envolvendo o cálculo de medidas percentuais, bem como de medidas de tendência central (média) e de dispersão (desvio padrão).

Posteriormente utilizou-se o teste t de Student para amostras independentes com a finalidade de verificar a existência de diferenças estatisticamente significativas nas subescalas do SCL-90-R em função das variáveis género, situação económica, e internamento/ambulatório. Para analisar a variância nas pontuações médias das subescalas do SCL-90-R em função da variável meio (rural, semi-rural e urbano), utilizou-se a ANOVA Oneway. Efetuando-se, ainda, o teste Post-Hoc de Tukey para situar as diferenças nas pontuações médias entre os respetivos grupos.

Por fim, realizou-se o coeficiente de correlação de r de Pearson para testar as associações entre as dimensões do RCQ, SADQ e SCL-90-R.

(25)

24

Avaliação do estágio de motivação para a mudança e dependência alcoólica

Através da tabela 14, podemos observar que a subescala determinação do RCQ tem a pontuação mais frequente (n = 30; 48,4%). Por outro lado, na SADQ é na subescala dependência moderada que se encontram os resultados mais frequentes (n = 48; 77,4%). Ao comparar as pontuações médias dos dois instrumentos, verificamos que a mais elevada é na RCQ – disposição para a mudança.

Tabela 14: Análise descritiva do RCQ e SADQ

n % M (SD) RCQ Pré-contemplação Contemplação Determinação Total 9 23 30 62 14,5 37,1 48,4 100 2,34 (0,723) SADQ Dependência moderada Dependência elevada Total 48 14 62 77,4 22,6 100 1,23 (0,422) Sintomas psicopatológicos (SCL-90-R)

Foi realizada a análise das diferenças, relativamente às principais variáveis, particularmente: variâncias dos sintomas psicopatológicos em função das variáveis género, situação económica, internamento/ambulatório, para além obviamente dos resultados nos vários testes.

Na tabela 15 podemos consultar os resultados do Teste t de Student para a variável género, considerando os resultados, por género nas variáveis do SCL-90-R. Os resultados revelam que existem diferenças estatisticamente significativas no sintoma depressão, em função do género (p = 0,025), ou seja, são as mulheres que apresentam mais sintomas depressivos (M =1,9114; DP=0,9724). O mesmo se verifica no sintoma obsessão (p = 0,025) com as mulheres a terem as pontuações mais elevadas (M = 1,557; DP=1,0438), no sintoma fobia (p = 0,005) tendo as mulheres os valores mais altos (M = 0,7957; DP = 0,9148), e no sintoma culpa (p = 0,041) com as mulheres a pontuarem novamente mais alto (M = 2,0000; DP = 1,7320).

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Tabela 15: Análise da variância dos sintomas psicopatológicos em função do género

Subescalas Género N M(DP) P Somatização Masculino Feminino 55 7 3,0720(16,7594) 1,0843(0,8191) 0,545 Depressão Masculino Feminino 55 7 1,1638(0,6155) 1,9114(0,9724) 0,025 Obsessão Masculino Feminino 55 7 1,2036(0,6379) 1,5571(1,0438) 0,005 Sensibilidade Interpessoal Masculino Feminino 55 7 0,8845(0,5933) 1,8100(0,8285) 0,089 Ansiedade Masculino Feminino 55 7 0,7145(0,5664) 1,2286(0,8440) 0,137 Descontrolo/Passagem ao ato Masculino Feminino 55 7 0,6445(0,6509) 1,2614(0,6998) 0,766 Fobia Masculino Feminino 55 7 0,424(0,4800) 0,7957(0,9148) 0,005

Ideação Paranóide Masculino

Feminino 55 7 1,0878(0,6459) 1,3329(0,9245) 0,116 Psicose Masculino Feminino 55 7 0,6800(0,5749) 1,0429(0,6187) 0,592 Apetite Masculino Feminino 55 7 0,7000(0,7303) 1,0714(0,8864) 0,307 Morte Masculino Feminino 55 7 0,9455(1,1928) 2,5714(1,2724) 0,719 Sono Masculino Feminino 55 7 1,3696(0,8026) 2,3314(0,8391) 0,981 Culpa Masculino Feminino 55 7 0,6364(1,0948) 2,0000(1,7320) 0,041 Global Masculino Feminino 55 7 78,8545(43,3382) 127,4286(57,7865) 0,107

Nota: p = valor de significância (p < 0,05)

Na tabela 16 observamos os resultados do Teste t de Student para amostras independentes na variável situação económica, em função dos resultados no SCL-90. Verificamos que há diferenças estatisticamente significativas no sintoma ansiedade em função da situação económica (p = 0,038), em específico, a situação económica

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26

razoável a ter os valores médios mais elevados (M = 0,8700; DP = 0,7363). O mesmo ocorreu no sintoma fobia (p = 0,019), tendo a situação económica razoável dos participantes o resultado mais alto (M = 0,5760; DP = 0,6820). Já o sintoma morte obteve um valor estatisticamente significativo (p = 0,035), com a situação económica má a alcançar o resultado mais elevado (M = 1,2500; DP = 1,4368).

Tabela 16: Análise da variância dos sintomas psicopatológicos em função da situação económica

Subescalas SCL-90-R Situação econ. n M(DP) P

Somatização Razoável Má 30 32 0,9400(0,7375) 4,6359(21,9741) 0,071 Depressão Razoável 30 32 1,2767(0,7743) 1,2216(0,6265) 0,439 Obsessão Razoável 30 32 1,3833(0,7348) 1,1125(0,6347) 0,161 Sensibilidade Interpessoal Razoável Má 30 32 0,9630(0,7761) 0,9447(0,6075) 0,207 Ansiedade Razoável Má 30 32 0,8700(0,7363) 0,6812(0,4741) 0,038 Descontrolo/Passagem ao ato Razoável Má 30 32 0,7337(0,7449) 0,6959(0,6238) 0,427 Fobia Razoável 30 32 0,5760(0,6820) 0,3256(0,3577) 0,019

Ideação Paranóide Razoável Má 30 32 1,2557(0,6600) 0,9841(0,6781) 0,537 Psicose Razoável Má 30 32 0,7333(0,6238) 0,7094(0,5584) 0,784 Apetite Razoável Má 30 32 0,7500(0,7740) 0,7344(0,7403) 0,881 Morte Razoável 30 32 1,0000(1,1447) 1,2500(1,4368) 0,035 Sono Razoável Má 30 32 1,5997(0,7396) 1,3644(0,9509) 0,069 Culpa Razoável 30 32 0,8333(1,2617) 0,7500(1,2443) 0,934 Global Razoável Má 30 32 90,500(55,1866) 78,562(38,3455) 0,128

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Através da tabela 17 podemos verificar os resultados do Teste t de Student para amostras independentes na situação ambulatório/internamento, em função dos resultados do SCL-90. Observam-se diferenças estatisticamente significativas no sintoma somatização em função da situação de ambulatório/internamento (p = 0,020). As diferenças situam-se concretamente na situação de internamento, tendo os valores médios mais elevados (M = 5,830; SD = 24,837).

Tabela 17: Análise da variância dos sintomas psicopatológicos em função do ambulatório/ internamento Subescalas SCL-90-R Ambul/Intern n M(DP) p Somatização Ambulatório Internamento 37 25 0,832(0,7061) 5,830(24,837) 0,020 Depressão Ambulatório Internamento 37 25 1,160(0,7221) 1,378(0,6494) 0,480 Obsessão Ambulatório Internamento 37 25 1,137(0,7076) 1,400(0,6532) 0,660 Sensibilidade Interpessoal Ambulatório Internamento 37 25 0,865(0,6107) 1,084(0,7846) 0,292 Ansiedade Ambulatório Internamento 37 25 0,654(0,6007) 0,948(0,6110) 0,851 Descontrolo/Passagem ao ato Ambulatório Internamento 37 25 0,642(0,5833) 0,820(0,8024) 0,136 Fobia Ambulatório Internamento 37 25 0,378(0,5066) 0,547(0,6041) 0,265

Ideação Paranóide Ambulatório Internamento 37 25 0,999(0,6417) 1,287(0,7062) 0,954 Psicose Ambulatório Internamento 37 25 0,621(0,5897) 0,868(0,5742) 0,450 Apetite Ambulatório Internamento 37 25 0,797(0,7769) 0,660(0,7176) 0,608 Morte Ambulatório Internamento 37 25 1,135(1,2728) 1,120(1,3638) 0,824 Sono Ambulatório Internamento 37 25 1,567(0,8842) 1,346(0,8135) 0,575 Culpa Ambulatório Internamento 37 25 0,783(1,2049) 0,800(1,3228) 0,797 Global Ambulatório Internamento 37 25 77,729(47,0169) 94,120(46,7799) 0,740

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Seguidamente realizámos uma ANOVA de forma a verificar se existem diferenças estatisticamente significativas nas pontuações médias nos sintomas psicopatológicos em função do meio onde os participantes vivem.

Podemos constatar, através da análise da ANOVA na tabela 18 que independentemente do meio rural, semi rural ou urbano não há diferenças estatisticamente significativas com os sintomas psicopatológicos. Contudo, se compararmos as médias entre os três grupos nas diferentes subescalas, verificamos que quem reside em meio urbano apresenta as pontuações mais elevadas.

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Tabela 18: Análise da variância dos sintomas psicopatológicos em função do meio onde residem Subescalas SCL-90-R Meio N M(DP) p Somatização Rural Semi rural Urbano Total 22 24 16 62 1,0805(0,87734) 5,8133(25,38990) 0,8288(0,73263) 2,8476(15,78342) 0,508 Depressão Rural Semi rural Urbano Total 22 24 16 62 1,2377(0,72843) 1,1512(0,68776) 1,4081(0,68053) 1,2482(0,69667) 0,526 Obsessão Rural Semi rural Urbano Total 22 24 16 62 1,2682(0,85322) 1,1417(0,49336) 1,3625(0,72652) 1,2435(0,69297) 0,609

Sensibilidade Interpessoal Rural Semi rural Urbano Total 22 24 16 62 0,9300(0,76668) 0,9304(0,77950) 1,0206(0,40847) 0,9535(0,68853) 0,906 Ansiedade Rural Semi rural Urbano Total 22 24 16 62 0,8227(0,74125) 0,6458(0,51918) 0,8937(0,56741) 0,7726(0,61728) 0,419

Descontrolo/Passagem ao ato Rural Semi rural Urbano Total 22 24 16 62 0,7314(0,73128) 0,6188(0,67048) 0,8338(0,64067) 0,7142(0,67969) 0,619 Fobia Rural Semi rural Urbano Total 22 24 16 62 0,5259(0,65443) 0,2738(0,30662) 0,5975(0,63522) 0,4468(0,54964) 0,133

Ideação Paranóide Rural Semi rural Urbano Total 22 24 16 62 0,8936(0,76050) 1,1738(0,70922) 1,3331(0,39955) 1,1155(0,67789) 0,123 Psicose Rural Semi rural Urbano Total 22 24 16 62 0,7364(0,72213) 0,6875(0,55271) 0,7500(0,44272) 0,7210(0,58622) 0,938 Apetite Rural Semi rural Urbano Total 22 24 16 62 0,8182(0,79501) 0,6042(0,65904) 0,8438(0,83104) 0,7419(0,75064) 0,522 Morte Rural Semi rural Urbano Total 22 24 16 62 1,4091(1,36832) 0,8750(1,32902) 1,1250(1,14746) 1,1290(1,29923) 0,385 Sono Rural Semi rural Urbano Total 22 24 16 62 1,4082(0,83499) 1,5421(0,88871) 1,4788(0,88475) 1,4782(0,85655) 0,873 Culpa Rural Semi rural Urbano Total 22 24 16 62 0,6364(1,25529) 0,7500(1,29380) 1,0625(1,18145) 0,7903(1,24317) 0,576 Global Rural Semi rural Urbano Total 22 24 16 62 87,0455(56,81002) 76,0833(41,04919) 93,0000(42,09671) 84,3387(43,23674) 0,518

Relativamente à avaliação das diferenças de distribuição de resultados de variáveis categoriais utilizou-se o teste Qui Quadrado. Apresentamos de seguida os únicos resultados que maioritariamente seguem as leges artis no que diz respeito ao

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tratamento estatístico, no campo das Ciências Sociais e Humanas: a saber, apresentam-se apenas os resultados estatisticamente significativos.

Assim, na tabela 19 verifica-se a distribuição dos sujeitos considerando os dois valores de dependência moderada e elevada em função do género; verificando-se que 45 sujeitos masculinos apresentam dependência moderada para 3 sujeitos femininos que apresentam o mesmo tipo de dependência. Por sua vez, 10 dos sujeitos masculinos apresentam dependência elevada, para uma razão de 4 sujeitos femininos com a mesma dependência.

Tais resultados representam um valor de Qui Quadrado de 5,392 com p =0,040.

Tabela 19: Análise da variância da dependência alcoólica em função do género

SADQ Masculino Feminino Total p Pearson

Dependência moderada 45 3 48 0,040 5,392 Dependência elevada 10 4 14 Total 55 7 62

Motivação para a mudança, dependência alcoólica e sintomas psicopatológicos

Sendo o principal objetivo do estudo a avaliação do estádio para a mudança em que o sujeito se encontra, o grau de dependência alcoólica e desenvolvimento de sintomas psicopatológicos ao longo do processo de recuperação, testou-se esta associação utilizando o coeficiente de correlação de Pearson1 (tabela 20).

Os resultados (considerando a amostra global) demonstram que existe uma correlação significativa negativa / baixa entre a disposição para a mudança e a psicose (r = -0,276). Verifica-se contudo, que a dependência alcoólica possui uma correlação estatisticamente significativa moderada com o descontrolo/passagem ao ato (r = 0,419) e baixa com a morte (r = 0,275).

A depressão (nota: todos os dados deste parágrafo à amostra global) apresenta correlações significativas moderadas entre a obsessão (r = 0,695),

1 Nas correlações muito baixas, o r situa-se abaixo de 0,19; nas correlações baixas, o r está entre o 0,20 e 0,39, enquanto nas correlações moderadas o r está entre 0,40 e 0,69, considerando alta uma correlação que se situe entre 0,70 e 0,89; daí se ter utilizado de Pearson e não o de Spearman (Pestana & Gageiro, 2008).

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descontrolo/passagem ao ato (r = 0,521), fobia (r = 0,654), ideação suicida (r = 0,614), apetite (r = 0,444), morte (r = 0,451), sono (r = 0,451), culpa (r = 0,637). Já entre a depressão e a sensibilidade interpessoal (r = 0,777), ansiedade (r = 0,737), psicose (r = 0,718), e nota global do SCL-90-R (r = 0,900) as correlações são significativas altas.

Na obsessão (nota: todos os dados deste parágrafo à amostra global) verifica-se que existem correlações significativas moderadas com a sensibilidade interpessoal (r = 0,520), ansiedade (r = 0,673), descontrolo/passagem ato ato (r = 0,325), fobia (r = 0,669), ideação suicida (r = 0,447), psicose (r = 0,578), morte (r = 0,405). Por outro lado, as correlações entre a obsessão e culpa (r = 0,416), apetite (r = 0,271), e sono (r = 0,367) são significativas baixas. Por fim, a correlação entre a obsessão e a nota global do SCL-90-R (r = 0,791) é significativa e alta.

Quanto à sensibilidade interpessoal (nota: todos os dados deste parágrafo à amostra global) esta estabelece correlações significativas moderadas com a ansiedade (r = 0,634), descontrolo/passagem ao ato (r = 0,627), fobia (r = 0,465), ideação suicida (r = 0,584), psicose (r = 0,682), apetite (r = 0,506), morte (r = 0,512), e culpa (r = 0,683). Entre a sensibilidade interpessoal e o sono as correlações são significativas baixas (r = 0,383), e entre a sensibilidade interpessoal e a nota global do SCL-90-R (r = 0,804) a correlação é significativa e alta.

A ansiedade (nota: todos os dados deste parágrafo à amostra global) apresenta correlações significativas moderadas com o descontrolo/passagem ao ato (r = 0,590), ideação suicida (r = 0,584), apetite (r = 0,489), morte (r = 0,436), sono (r = 0,517), e culpa (r = 0,479). Por outro lado, existem correlações significativas altas entre a ansiedade e fobia (r = 0,756), psicose (r = 0,741) e nota global do SCL-90-R (r = 0,892).

Relativamente ao descontrolo/passagem ao ato (nota: todos os dados deste parágrafo à amostra global), este estabelece correlações significativas baixas entre a fobia (0,354) e a morte (r = 0,342). Já com a ideação suicida (r = 0,507), psicose (r = 0,454), apetite (r = 0,482), sono (r = 0,465), culpa (r = 0,593) e nota global do SCL-90-R (r = 0,668) tem correlações significativas moderadas.

Quanto à fobia (nota: todos os dados deste parágrafo à amostra global), esta tem correlações significativas moderadas entre a ideação suicida (r = 0,461) e a psicose (r = 0,687). Já entre a ansiedade e apetite (r = 0,310), morte (r = 0,357), sono (r = 0,310), e culpa (r = 0,366) as correlações são significativas baixas. Entre a ansiedade e a nota global do SCL-90-R (r = 0,761) verifica-se uma correlação significativa alta.

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Os sujeitos com fobia social consideram o uso de álcool como um escape para a situação temida e assim minimizar a ansiedade antecipatória (Terra, 2005).

A ideação suicida (nota: todos os dados deste parágrafo à amostra global) apresenta correlações significativas moderadas entre a psicose (r = 0,641), sono (r = 0,431) e nota global do SCL-90-R (r = 0,686). Por outro lado, as correlações entre a ideação suicida e o apetite (r = 0,299), morte (r = 0,175), e culpa (r = 0,379) são significativas e baixas.

No que diz respeito à psicose (nota: todos os dados deste parágrafo à amostra global), esta tem correlações significativas baixas entre o apetite (r = 0,381), sono (r = 0,348), e culpa (r = 0,386). Enquanto, entre a psicose e morte (r = 0,431) e nota global do SCL-90-R (r = 0,812) existem correlações significativas altas.

O sintoma apetite (nota: todos os dados deste parágrafo à amostra global) tem correlações significativas moderadas entre o sono (r = 0,353), culpa (r = 0,424) e nota global do SCL-90-R (r = 0,550). A morte tem uma correlação significativa baixa com a culpa (r = 0,261), e uma correlação significativa moderada com a nota global do SCL-90-R (r = 0,494). Também existem correlações significativas moderadas entre o sono (r = 0,491) e a culpa, bem como entre o sono e a nota global do SCL-90-R (r = 0,581). Por fim, há uma correlação significativa moderada entre a culpa e a e nota global do SCL-90-R (r = 0,622).

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Capítulo IV. Discussão dos resultados

Nesta fase do estudo são discutidos os resultados que foram expostos

anteriormente. Para isso, abordaram-se os objetivos definidos, baseando-se

nos resultados dos testes aplicados, resultados estes, que são fruto da

informação estatística decorrente dos inquéritos aplicados e analisados. Neste

seguimento, destacam-se também algumas das variáveis que se revelam mais

pertinentes no âmbito deste estudo.

Conforme se vai discutindo os dados, vão-se delineando algumas conclusões,

com base nos resultados da investigação empírica, bem como se elabora uma

análise critica.

O estudo desenvolvido teve como principais objetivos avaliar o estádio de motivação para a mudança, o grau de dependência alcoólica e os sintomas psicopatológicos em sujeitos alcoólicos.

Os dados foram recolhidos por meio de questionário, optando-se pelo protocolo constituído pelo Questionário Sociodemográfico (Anexo I), pelo Sympton Checklist-90-R (Derogatis, 1977; Batista, 1993), pelo Readiness to Change Questionnaire (Fontes, 1996) e pelo Severity Alcohol Dependence Questionnaire (Mello, 1999). Relativamente à análise descritiva constatamos que a amostra é constituída por 62 sujeitos em regime de ambulatório e internamento, sendo uma amostra heterogénea com 55 homens (88,7%) e 7 mulheres (11,3%). Apesar de a amostra possuir baixa percentagem de mulheres, Souza et al. (2008) verificaram que ao longo dos anos existe um aumento considerável do número de mulheres a recorrerem ao álcool, sendo as bebidas de eleição as destiladas (Feijão, 2010). Como se verifica no estudo de Levey et al. (2014) o consumo de bebidas alcoólicas na mulher está a aumentar consideravelmente. Segundo Silva et al. (2010, cit in Assis et al., 2010) os fatores demográficos (idade, estado civil, etnia e ocupação), em consonância com outros aspectos como a predisposição genética, fatores psicológicos e socioculturais, exercem influência no comportamento das mulheres e contribuem para determinar o início e o comportamento na evolução do consumo excessivo. Isto poderá explicar o facto de o consumo entre as mulheres ter aumentado.

Outra conclusão que se pode retirar é que quem adere mais ao tratamento são os sujeitos do sexo masculino. No estudo de Peixoto et al. (2010), verificaram que os homens aderiam mais ao tratamento, assim o nosso estudo corrobora a literatura.

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No estudo de Nóbrega e Oliveira (2005) verificou-se que as mulheres procuram com menos frequência tratamento do que os homens, o que leva a que a longo prazo sofram consequências mais adversas como consequências orgânicas mais graves. No que diz respeito às idades dos participantes da nossa amostra, verificamos que é uma população de adultos, uma vez que a maior parte dos sujeitos tem idades compreendidas entre os 33 e os 74 anos, com uma média de M=53,79, registando-se assim uma grande diversidade etária.

Quanto ao estado civil dos constituintes da amostra, são os casados que se apresentam em maior número (62,9%), seguindo-se dos solteiros com 17,7% e dos divorciados com 11,3%, com a mesma frequência os viúvos e união de facto com 3,2% e, por último, noivo com 1,6%. A literatura mostra que o consumo excessivo de álcool afeta de forma adversa o sistema familiar (Lourenço & Teixeira, s.d.), assim o estudo não corrobora a literatura.

Um número significativo dos participantes do nosso estudo (56.5%) possui o 1.ºciclo, sendo que o 3º ciclo é representado por 17,7%, o 2º ciclo por 14,5%, o ensino secundário por apenas 9,7%, e apenas 1,6% concluiu a Licenciatura. O resultado da pesquisa mostra um público maioritariamente de nível de escolaridade básica, sem grande grau de instrução. Segundo a literatura, o grau de escolaridade está relacionado com o consumo excessivo de álcool, sendo que sujeitos com baixa instrução tendem a consumir maiores quantidades de álcool, como se verifica no estudo de Guimarães et al. (2010). Assim, o nosso estudo corrobora a literatura, uma vez que a amostra apresenta baixos níveis de escolaridade. No entanto, há estudos que comprovam que maior nível de escolaridade leva a maior nível de consumo, como o estudo de Lima-Costa (2004) que revela que quem consome mais álcool são sujeitos com um grau elevado de escolaridade, facto que não corrobora o nosso estudo, uma vez que a maioria da amostra é constituída por pessoas com baixo nível de escolaridade. Contudo, Hammarberg et al. (2004), verificaram que sujeitos com níveis de escolaridade baixa têm melhores resultados no tratamento.

Quanto à situação profissional, 35,5% dos sujeitos estão desempregados, seguindo-se dos reformados com 32,3%, consecutivamente 14,2% dos sujeitos trabalham por conta de outrem e, por fim, 8,1% trabalham por conta própria. Como refere o estudo de Grant et al. (2009) a maioria dos dependentes são desempregados. Assim, o nosso estudo corrobora a literatura uma vez que a amostra é constituída maioritariamente por desempregados e reformados, talvez por falta de ocupação e mais tempo livre para o convívio, se possam revelar um grupo de consumo excessivo de álcool pelo

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Tabela 1: Números médios e desvio padrão do SCL-90-R para a população normal  População Normal
Tabela 3: Estatística Descritiva do género segundo realização de internamento  Ambulatório  Internamento  Total
Tabela 6: Estatística Descritiva da amostra segundo o meio onde vive
Tabela 7: Estatística Descritiva da amostra segundo a variável habilitações literárias
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