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Comparação da resistência à compressão de concreto com agregado miúdo proveniente de resíduos de concreto e concreto convencional Comparison of the compressive strength of concrete aggregate from concrete wastes and conventional concrete

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Academic year: 2019

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Comparação da resistência à compressão de concreto com agregado miúdo

proveniente de resíduos de concreto e concreto convencional

Comparison of the compressive strength of concrete aggregate from concrete wastes

and conventional concrete

Charles Correia da Costa1, André Luiz Nonato Ferraz2

Resumo: Os recursos naturais são responsáveis por grande parte do abastecemento dos materiais da construção civil, que por sua vez, devolve ao meio ambiente detritos em altíssima quantidade. Todavia o aproveitamento de tais resíduos tornou-se muito importante, principalmente, após a Resolução CONAMA nº 307, que estabeleceu as ações que norteiam a correta destinação do Resíduo de Construção e Demolição (RCD) gerado. Logo, esta pesquisa pretende averiguar a resistência à compressão, NBR 5739/2007, do concreto fabricado com adição de resíduo de concreto, substituindo a areia natural nas proporções de 20% (Traço 1), 40% (Traço 2) e 60% (Traço 3), comparando-os com a receita original (Traço Base). Foram confeccionados 15 (quinze) corpos-de-prova por traço, curados em um tanque de água saturada com cal, e testados nas idades de 07 (sete), 14 (quatorze) e 28 (vinte e oito) dias. Constatou-se que a dosagem de RCD utilizada no traço 1, não influenciou sua resistência a compressão, apresentando um resultado satisfatório quando comparado ao traço base, contudo, nos traços 2 e 3, verificou-se uma queda de resistência, o que permite supor que o RCD pode ser usado na produção de concreto, mas a proporção de sua utilização em substituição aos agregados, deve ser dosada cuidadosamente.

Palavras-chave: Construção civil, reciclagem, resíduos; produção.

Abstract: The natural resources are responsible for supplying much of the civil construction materials, which in turn, return to the environment a large amount of waste. However the utilization of such wastes became very important, mainly after the CONAMA Resolution No. 307 which established the actions that guide the right destination of the construction and demolition waste (CDW) generated. Thus, this research aims to verify the compressive strength as NBR 5739/2007, of the concrete generated from the recycled aggregate (exclusively originated from concrete), replacing the natural sand in proportions of 20% (trace 1), 40% (trace 2) and 60% (trace 3), comparing them with the original recipe (base trace). Fifteen (15) bodies-of-evidence by Trace were made, cured into a saturated lime water tank, and tested at ages of seven (07), fourteen (14) and 28 (twenty eight) days. It was observed that the dosage of RCD used in the trace 1 did not influence its compressive strength, showing a satisfactory result when compared to the base trace, however, in traces 2 and 3 there was a drop in resistance, which suggests that the RCD may be used in concrete production, but the proportion of its use in replacement of aggregates must be measured carefully.

Keywords: Construction , recycling, waste ; production

1 Introdução

Há diversas discuções sobre possíveis formas de melhorar a situação ecológica global, nas últimas décadas, a exploração dos recursos naturais pelo homem, degradou o meio ambiente de maneira desenfreada.

No âmbito da constução civil observa-se que grande é a deteriorização ambiental. Ela é causada pela destinação inadequada dos resíduos gerados no processo de construção, bem como, no aumento da extração de minerais (areia, brita, cimento, etc), necessários para as obras.

Nesta perspectiva, surge a ideia de conscientizar a população para a preservação do meio ambiente, abrindo espaço para discuções voltadas a reutilização de todos os tipos de materiais.

Apartir desse contexto, pesquisas foram realizadas para amenizar os impactos ambientais e prover um destino adequado para estes resíduos.

Angulo (2000) discorre que, não é de hoje que o

processo de reciclagem vem sendo estudado. As primeiras notícias de obras executadas com agregados reciclados datam da época do Império Romano, enquanto as técnicas de entulho datam da década de 1960, período pós Segunda Guerra Mundial, onde os entulhos gerados a partir da reconstrução de edifícios e residências das cidades europeias atingidas pelo conflito, foram britados para a proução de agregado.

Com a necessidade de reconstruir cidades destruídas, devido às guerras ou às catástrofes naturais, originou-se as técnicas de reaproveitamento de resíduos, sendo que, esses foram reaplicados em serviços para a construção, conforme mostram os resultados das pesquisas desenvolvidas na Europa, Estados Unidos, Russia e Japão (LEVY, 2001).

Levy (2001) discorre ainda que, a partir da década de 1980, os rejeitos da contrução civil, tornaram-se um grave problema urbano, principlamente por apresentar, gerenciamento caro e complexo, considerando o volume de massa acumulada devido ao aumento do processo de industrialização.

Agregando-se a essa situação o surgimento de novas tecnologias, o aumento da densidade populacional e a intensificação do consumo, o que resultou na carência de áreas específicas para a destinação do dejeto gerado pela construção cívil, acentuando de forma

1 Graduando em Engenharia Civil, Universidade do Estado

de Mato Grosso, Sinop - MT, correiaengcivil@gmail.com

2 Doutor em Engenharia Civil, Professor Orientador,

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global, o problema em questão (JOHN, 1999, 2000; BRITO, 1999; GUNTER, 2000; PINTO, 1999).

Neste mesmo período, no Brasil, despontam pesquisas sobre tal tema, pautadas principalmente pelo trabalho do pesquisador Pinto em 1986.

Posteriormente entre os anos de 1995 e 1996, Levy e Helene prosseguiram com estudos de natureza semelhante (ZORDAN, 1997).

Mesmo com o interesse pelo tema, o desenvolvimento da gestão dos resíduos da construção civil não progrediu.

Este panorama de mudança e utilização dos resíduos só sofreu grande alteração, após a publicação da Resolução nº 307 do Conselho Nacional do Meio Ambiente – CONAMA307 em 05 de Julho de 2002. Em vigor desde 20 de janeiro de 2003, a CONAMA 307 estabelece critérios, procedimentos e diretrizes para uma gestão responsável pelos resíduos gerados na construção civil, estabelecendo assim, prazo de 24 meses para que os geradores de agregado se ajustem a suas imposições.

Também segundo a mesma, pessoas de natureza física ou jurídica, pública ou privada, serão responsabilizados pelos resíduos gerados, assim como os trasportadores ficam encarregados da coleta, translado e despejo em local apropriado,

Outro fator que favoreceu o entendimento do tema proposto, foi a regulamentação do Resíduo de Construção e Demolição (RCD), através da NBR 15113/2004.

Portanto pôde-se perceber que este tema está abrangendo muitas discussões na cidade de Sinop – MT. Como se averigua nos estudos apresentados por Santos (2012), que trata sobre a disponibilidade de resíduos, e Mendo (2012), que abrange a resistência da argamassa fabricada por RCD.

Em seu estudo, Mendo (2012) constatou que o acrescimo de RCD à mistura de concreto aumenta o grau de resistência da argamassa fabricada, tornando-a desinteressante para o trabalho de revestimento.

Entretanto, a resistência a compressão é uma prpriedade importante na produção de concreto, possibilitando assim diversos estudos sobre a fabricação de concreto utilizando-se da RCD.

Neste sentido, esta pesquisa busca comparar a resistência a compresão da mistura de concreto, substituindo a areia pelo RCD.

Para realizar tal comparação, seguiram-se as orientações dispostas na NBR 5739-2007, na qual foram preparados 15 corpos cilíndricos para cada tipo de concreto testado, sendo os mesmos armazenados em tanques de água saturada em cal e realizando o teste com a idade de 07 (sete), 14 (quatorze) e 28 (vinte e oito) dias.

2 Reciclagem de resíduos oriundos das construção civil

No decorrer do século XX a população mundial passou pelo advento da revolução industrial. Apresentando um cenário de abundante matéria-prima e poucos resíduos descartados no

meio-ambiente o que possibilitou uma despreocupação momentânea sobre a degradação do mesmo (LEVY, 1997).

Tal fato implicou em um panorama que permite verificar a ocorrência de enormes problemas com o gerenciamento de todo este material produzido. (CECILIATO, 1997).

Atualmente constata-se uma situação bem diferente. A população começou a dar à devida importância a reciclagem, tornando necessária a implantação de um novo conceito industrial, onde seja utilizado um ciclo produtivo e que se proponha a minimizar a utilização de matérias-primas não renováveis e a produção de resíduos (DORSTHORST; HENDRIKS, 2000). Na construção civil, o quadro encontrado é extremamente semelhante. O conceito de desenvolvimento sustentável já é bastante difundido, porém no ramo da construção ainda há muita dificuldade em se implantá-lo.

Várias técnicas construtivas e novos materiais foram desenvolvidos, mas o que se pensou sobre o assunto até o momento não foi o suficiente para a reutilização de resíduos resultantes das edificações. É preciso adquirir uma visão sistemática, educação ambiental e mudanças culturais (CECILIATO, 1997).

Ainda que necessária, a redução de detritos encontra barreiras como o insuficiente desenvolvimento tecnológico, altos custos e o fato de que as matérias-primas possuem impurezas (OLIVEIRA, 2007)). Em diversos países, os grandes impulsos para o reaproveitamento foram: alta densidade populacional, situação econômica e tecnológica desenvolvida, pouca disponibilidade de recursos naturais e a distância de matérias-primas (MENDO, 2012). O Brasil, por sua vez, começa a encontrar problemas como: escassez de agregados e áreas de aterro em regiões de grande concentração populacional, ainda mantém um enorme atrasado, principalmente quando comparado com países como a Holanda onde a fração reciclada dos rejeitos pode chegar entorno de 90% (ZWAN, 1997; DORSTHORST; HENDRIKS, 2000).

Observando os dados apresentados nos estudos de Pinto (1986), nota-se a necessidade de mais atenção de tal fato em nosso país.

Segundo ele, atualmente existem apenas oito instalações de reciclagem no Brasil, que estão localizadas duas em Belo Horizonte, uma em São Paulo, Ribeirão Preto, São José dos Campos, Londrina, Piracicaba e Muriaé.

Os rejeitos de materiais minerais compõem o entulho de construção, enquanto os fragmentos compõem o entulho de demolição com maior potencial qualitativo que o da construção (LEVY, 1997).

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Segundo John (2001), o processo de reciclagem pode ser classificado em:

 Reciclagem primária, definida como a reciclagem do resíduo dentro do próprio processo que o originou;

 Reciclagem secundária, que é a reciclagem de um resíduo em outro processo, diverso daquele que o originou.

Este último tipo é bastante verificado na indústria de produção de cimento que utiliza uma gama considerável de resíduos gerados em outras atividades.

2.1 Reciclagem na construção civil

Os agregados originários da reciclagem de resíduos podem ser utilizados em inúmeros serviços. Se tratando de concreto, Lima (1999) recomenda a utilização para calçadas externas, contrapisos e regularização de pisos sem função impermeabilizante; reforços não armados e reforços armados em elementos sem presença de umidade; execução de peças de reforço não armadas em muros de vedação; regularização de pisos para revestimento cerâmico, preferencialmente em pavimentos não apoiados diretamente sobre o solo; lastro para fundação em edificações térreas; fabricação de componentes de alvenaria de vedação; fabricação de outros componentes de concreto não armado, como lajotas de concreto para lajes mistas, tubos e caneletas para drenagem, briquetes e lajotas de pavimentação (para tráfego leve), meios-fios, sarjetas e similares, fixação de mourões e portões em cercamentos e outros serviços simplificados, não armados. Contudo, não se recomenda utilizar para concreto estrutural.

No concreto fabricado com agregados convencionais, a taxa de absorção de água não exerce quase nenhum tipo de influência em suas misturas, pois os agregados apresentam pouca, ou nenhuma, porosidade ao contrário do que ocorre na produção do concreto que utiliza agregados reciclados, visto que tais agregados geralmente apresentam valores bem mais altos de absorção que os agregados naturais. A quantidade de água que o material reciclado pode absorver está sujeito a fatores como: a condição inicial de umidade do agregado, o tempo de permanência de contato do material com a água, se o agregado entra em contato primeiro somente com a água ou com a pasta de cimento, entre outros (BARRA, 1996 apud LEITE, 2001).

Após analisar o assunto, Leite (2001) relata que, ao produzir concretos com agregados reciclados, existe a necessidade de acrescentar mais água a mistura, comparando com um mesmo traço feito com agregado natural.

Aumentando-se a quantidade de água, existirá um aumento da relação a/c e, consequentemente, redução mecânica. Sendo assim, para manter a resistência haverá a necessidade do aumento do consumo de cimento, elevando o custo do concreto produzido.

Compensar parcialmente a taxa de absorção dos agregados reciclados é uma boa alternativa para minimizar os problemas com a trabalhabilidade das misturas, para que não haja excesso de água no

concreto, com consequente redução da resistência mecânica.

Quanto às características desses agregados, como textura e granulometria, podem influenciar positivamente o aumento da resistência. Os agregados reciclados apresentam um grande percentual de finos que ajudam a mistura terem um efeito de entrosamento, compactação e proporcionam um maior fechamento dos vazios. Além disso, por possuir maior absorção, o agregado reciclado permite uma maior aderência entre a pasta e o agregado, através da absorção da pasta e da precipitação dos cristais de hidratação nos poros do agregado. Nos concretos com substituição do agregado miúdo natural pelo reciclado, todos estes aspectos são significativos para o aumento da resistência (LEITE, 2001; NEVILLE, 1997).

3 Metodologia e Ensaios

Este trabalho foi realizado aliando-se pesquisas bibliográficas a ensaios laboratoriais e análise de dados, comparando as propriedades do concreto usual com as do concreto com agregado reciclado. Sendo assim, esta pesquisa utilizou o método comparativo, já que este consiste em investigar dados ou fatos e explicá-los segundo suas similaridades (ALYRIO 2008).

O resíduo utilizado para este estudo pode ser classificado como resíduo de classe A conforme a classificação indicada pela Resolução CONAMA 307, visto que, o mesmo é exclusivamente resultante do concreto gerado por uma fábrica de pré-moldados da cidade de Sinop – MT, sendo o mesmo averiguado para que não haja outro material.

Com apoio da empresa SISAN engenharia, detentora de equipamento de moagem que gentilmente foi cedido para realização da pesquisa, realizou-se o processo de moagem dos detritos até que os mesmos atingissem granulometria entre 1,2 e 2,4mm

Neste ponto foram separadas amostras dos agregados (areia e RCD) para serem submetidas a um ensaio de determinação do teor de umidade nos termos da NBR 6457 - Amostra de solo - preparação para ensaios de compactação e ensaios de caracterização.

As amostras foram pesadas e colocadas em uma estufa por um período de 24 (vinte e quatro) horas, sendo submetidas à temperatura de 105ºC a 110ºC. Após o termino do ensaio e resfriamento, as amostras foram novamente pesadas, sendo os resultados apresentados na Tabela 1:

Tabela 1 – Teor de umidade dos agregados (Areia e RCD)

Areia RCD

4,2% 0,0%

Fonte: O Autor, 2014

Com base nos resultados obtidos, pode-se perceber que o agregado de RCD não possui retenção de umidade, podendo influenciar dosagens futuras de concreto com agregado reciclado.

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Nestes concretos (estado fresco), foi verificada sua trabalhabilidade, conforme a NBR NM 67 (ABNT, 1998 – Concreto - Determinação da consistência pelo abatimento do tronco de cone). As dosagens deste trabalho se basearam em concretos com 12 centímetros de abatimento.

Tendo em vista o teor de umidade verificado em estufa, foi necessário alterar a quantidade de água das amostras em relação ao traço base, para obter-se a mesma consistência.

Figura 01 – Composição do traço base. Fonte: O Autor, 2014

Os demais traços foram elaborados a partir do traço base, sendo substituída a areia pelo RCD moído, sendo os mesmos demonstrados pelas figuras 02, 03 e 04.

Além disso, as amostras foram submetidas aos seguintes procedimentos para a coleta de dados:

 NBR 5739 (ABNT, 2007). – Concreto – Ensaio de resistência a compressão de corpos de prova cilíndricos: Os cuidados durante o ensaio, como acionamento, freqüência de aplicação de carga, leitura de medição, tolerância da idade dos ensaios e tratamento dos resultados foram realizados dentro dos parâmetros desta norma.

 NBR 9479 (ABNT, 2006) – Câmaras úmidas e tanques para cura de corpos-de-prova de argamassa e concreto: A definição do tanque de cura, a quantidade de água e a inspeção foram determinadas seguindo os dados desta normatização.

Figura 02 – Composição do traço 01 Fonte: O Autor, 2014

Na composição do Traço 01, substituiu-se 20% da areia utilizada no Traço Base por resíduo (o que

representa 07% de RCD no total de materiais, (Figura 02).

Na composição do Traço 02, substituiu-se 40% da areia utilizada no Traço Base por resíduo (o que representa 15% de RCD no total de materiais, figura 03).

Figura 03 – Composição do traço 02 Fonte: O Autor, 2014

Na composição do Traço 03, substituiu-se 60% da areia utilizada no Traço Base por resíduo (o que representa 22% de RCD no total de materiais, (Figura 04).

Figura 04 – Composição do traço 03 Fonte: O Autor, 2014

4 Análise dos Resultadods

Em várias áreas da ciência, é indispensável que testes sejam feitos antes de se propor a efetiva utilização de quaisquer materiais, para que se possa certificar cientificamente que o mesmo no mínimo se equipare às tecnologias existentes.

Em se tratando de construção civil, mais especificamente do concreto, a resistência à compressão é a sua propriedade mais importante, sendo a característica que representa, dentro dos dimensionamentos de elementos do concreto, a capacidade do material a suportar os esforços que a estrutura que ele compõe irá exigir (NEVILLE, 1997). Sendo assim, para que se possam testar novas tecnologias voltadas à produção de concreto, o mesmo deve ser submetido ao ensaio de resistência, normatizado pela NBR 5739/1994, que consiste em, através de uma prensa hidráulica, aplicar-se uma carga com velocidade constante nas seções transversais dos corpos de prova, comprimindo-os até sua ruptura.

38%

13% 6% 30%

13%

Areia Cimento Água Brita 1 Pedrisco

30%

13%

9% 29%

12%

7% Areia

Cimento Água Brita 1 Pedrisco Resíduos

22%

13%

9% 29%

12%

15% Areia

Cimento Água Brita 1 Pedrisco Resíduos

15%

13%

9%

29% 12%

22% Areia

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Para pesquisas deste tipo, a NBR 7215/1996 determina que sejam utilizados 04 (quatro) corpos de provas com as respectivas resistências individuais, bem como a resistência média em cada idade. Como medida de segurança, optou-se por realizar o teste com 05 (cinco) corpos de prova, sendo descartado o de menor e o de maior resistência Além disto, para se verificar a confiabilidade dos resultados apresentados, calculou-se o coeficiente de variação (CV).

O CV é um teste preliminar, que fornece o percentual de variação dos dados de uma amostra (COSTA NETO, 1998), podendo ser calculado conforme a equação 01:

(Equação 01)

Uma amostra aceitável não poderá apresentar um CV igual ou maior do que 25%. Valores superiores a este indicam uma amostra com qualidade duvidosa (COSTA NETO, 1998).

Deste modo, os dados coletados são apresentados conforme as tabelas que seguem.

Na Tabela 02, foram apresentados os valores das resistências individuais, a média, o desvio padrão, e o coeficiente de variação, coletados a partir dos corpos de prova quebrados com 07 (sete) dias de idade.

Tabela 02 – Corpos rompidos com 07 (sete) dias

T. Base Traço 01 Traço 02 Traço 03

Utilizados

16,01 16,15 15,86 14,80 16,02 16,36 16,05 14,85 16,41 16,48 16,44 15,11

Descarte 16,50 15,83 15,91 16,66 15,51 17,50 14,43 15,36

Média 16,15 16,33 16,12 14,92

D. P 0,228108 0,167033 0,295691 0,166433

C. V. 1,41% 1,02% 1,83% 1,12%

Fonte: O Autor, 2014

A Figura 05 apresenta uma comparação das médias obtidas em cada traço:

Figura 05 – Comparação das médias de MPA por traço – Ruptura em 07 (sete) dias. Fonte: O Autor, 2014

Percebe-se que os ensaios com 07 (sete) dias apresentaram um CV inferior a 25%.

Os traços 1 e 2 apresentam resistência à compressão próxima do padrão, sendo o resultado satisfatório para a pesquisa, no entanto o traço 3 apresenta resistência mais baixa.

Ressalta-se que, apesar de apresentar resultados próximos do padrão (traço base), o traço 2 possui resistência menor do que o traço 1, sendo possível visualizar uma curva decrescente na relação entre a resistência a compressão com a quantidade de RCD adicionada.

Tabela 03 – Corpos rompidos com 14 (quatorze) dias

T. Base Traço 01 Traço 02 Traço 03

Utilizados

17,87 18,35 17,82 16,07 18,22 18,47 18,25 16,15 18,47 18,62 18,55 16,28

Descarte 17,84 18,54 18,25 18,62 17,77 19,51 15,65 16,28

Média 18,19 18,48 18,21 15,96

D. P 0,311386 0,135277 0,366924 0,257164

C. V. 1,66% 0,73% 2,02% 1,61%

Fonte: O Autor, 2014

Na Tabela 03, foram apresentados os valores das resistências individuais, a média, o desvio padrão, e o coeficiente de variação, coletados a partir dos corpos de prova quebrados com 14 (quatorze) dias de idade. As médias obtidas em cada traço podem ser mais bem visualizadas pela Figura 06:

Figura 06 – Comparação das médias de MPA por traço – Ruptura em 14 (quatorze) dias. Fonte: O Autor, 2014

Assim como nas amostras com 07 (sete) dias, os ensaios de resistência aos 14 (quatorze) dias também apresentaram um CV inferior a 25%,

Além disto, segue a tendência apresentada na amostra anterior (07 dias), onde a resistência diminui com o aumento de RCD.

Tabela 04 – Corpos rompidos com 28 (vinte e oito) dias

T. Base Traço 01 Traço 02 Traço 03

Utilizados

20,05 20,38 19,74 16,35 20,62 20,81 19,97 16,70 20,81 20,99 20,02 16,71

Descarte 19,11 21,03 19,55 21,21 17,30 20,17 16,52 17,45

Média 20,49 20,73 19,91 16,92

D. P 0,395516 0,313422 0,149332 0,372424

C. V. 1,93% 1,51% 0,75% 2,20%

Fonte: O Autor, 2014

A Tabela 04 apresentou os valores das resistências individuais, a média, o desvio padrão, e o coeficiente de variação, coletados a partir dos corpos de prova quebrados com 28 (vinte e oito) dias de idade. Da mesma forma como ocorre nas amostras anteriores, o CV obtido foi igualmente inferior a 25%, validando assim a qualidade das amostras utilizadas. 14,0

14,5 15,0 15,5 16,0 16,5

T. Base Traço 1 Traço 2 Traço 3

14,5 15,0 15,5 16,0 16,5 17,0 17,5 18,0 18,5 19,0

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Para melhor visualização, a Figura 07 apresenta de modo comparativo os resultados obtidos pelas médias alcançadas em cada traço.

Seguindo a tendência apresentada anteriormente, aos 28 (vinte e oito) dias a resistência também diminui consideravelmente no traço 3.

Figura 07 – Comparação das médias de MPA por traço – Ruptura em 28 (vinte e oito) dias. Fonte: O Autor, 2014

Além de comparar as amostras a partir do percentual de RCD, fez-se necessário comparar o resultado obtido em função da idade de cada traço elaborado, conforme demonstrado na Figura 08:

Figura 08 – Aumento da resistência em função da idade das amostras. Fonte: O Autor, 2014

Percebe-se com isto que a resistência aumenta em função do tempo (como esperado), independente da quantidade de RCD acrescentado ao concreto, na proporção apresentada pela Tabela 05:

Tabela 05 – Variação da resistência em função da idade das amostras.

T. Base Traço 01 Traço 02 Traço 03

26,92% 26,92% 23,54% 13,40% Fonte: O Autor, 2014

O RCD influencia na taxa em que o ganho de resistência ocorre, sendo o aumento mais lento para os traços com maior RCD, (Figura 09).

Fica evidente a variação da resistência à compressão com o aumento da quantidade de RCD (principalmente no traço 3).

Enquanto o traço base e o traço 1 apresentam índices de variação idênticos, os índices apresentados pelos traços 2 e, principalmente pelo traço 3 indicam queda no ganho de resistência, ou seja, quanto maior a quantidade de RCD adicionada à massa, menor o ganho de resistência em função do tempo.

Figura 09 – Análise do índice de ganho de resistência em função do tempo. Fonte: O Autor, 2014

Porém, é importante ressaltar que o ganho da resistência à compressão pode ter sido afetado também em função da quantidade de água utilizada em cada um dos traços.

Conforme demonstrado anteriormente, o teor de umidade apresentado pelo RCD é menor do que o da areia, fazendo necessária uma quantidade maior de água para se atingir a mesma consistência, o que altera o comportamento mecânico do concreto. É importante ressaltar que este estudo não tem como objetivo mensurar a capacidade de absorção dos agregados com RCD.

5 Considerações Finais

A partir dos resultados apresentados pode-se dizer que a pesquisa obteve êxito no alcance dos objetivos propostos. Podendo se perceber que a substituição dos agregados miúdos por RCD pode ser uma alternativa viável, porém o teor de substituição deve ser adotado com cautela.

Os resultados obtidos através do traço 1 indicam que a substituição dos agregados miúdos pelo RCD não alteraram sua resistência a compressão.

No entanto, com o aumento de RCD nas bases utilizadas, a resistência à compressão tende a diminuir.

Até 40% de substituição de agregado por RCD o comportamento mecânico (resistência à compressão) é pouco afetado, atestando sua aplicabilidade. Faz-se ressalva ainda sobre fato de que esta diminuição de resistência possa ter sido influenciada pela consistência da massa, visto que a mesma foi impactada pelo baixo teor de umidade apresentado pelo RCD, ressaltando-se aqui uma necessidade de novas pesquisas sobre arranjos granulométricos que permitam um teor maior de substituição dos agregados pelo RCD.

Por fim, foi possível perceber que a aplicação de RCD na fabricação do concreto pode se tornar uma possibilidade real para a destinação dos entulhos do próprio concreto rejeitado pela atividade de construção. Cabe, portanto, às empresas e profissionais do ramo, o desenvolvimento e aplicação de projetos que busquem e incentive o uso deste material como forma de conscientização e preservação do meio ambiente.

0 5 10 15 20 25

T. Base Traço 1 Traço 2 Traço 3

07 DIAS 14 DIAS 28 DIAS T. BASE 16,15 18,19 20,49 TRAÇO 01 16,33 18,48 20,73 TRAÇO 02 16,12 18,21 19,91 TRAÇO 03 14,92 15,96 16,92

0 5 10 15 20 25

T. Base Traço 01 Traço 02 Traço 03

G. RESIT. 26,92% 26,92% 23,54% 13,40% 0%

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Referências Bibliográficas

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Figura 03 – Composição do traço 02 Fonte: O Autor, 2014  Na  composição  do  Traço  03,  substituiu-se  60%  da  areia  utilizada  no  Traço  Base  por  resíduo  (o  que  representa 22% de RCD no total de materiais, (Figura  04)
Figura 05 – Comparação das médias de MPA por traço –  Ruptura em 07 (sete) dias. Fonte: O Autor, 2014  Percebe-se  que  os  ensaios  com  07  (sete)  dias  apresentaram um CV inferior a 25%
Figura 07 – Comparação das médias de MPA por traço –  Ruptura em 28 (vinte e oito) dias

Referências

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