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EDUCAÇÃO GERONTOLÓGICA: UM PROCESSO DE APRENDIZAGEM MEDIADO PELA INFORMÁTICA

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Edição 23, volume 1, artigo nº 4, Outubro/Dezembro 2012

D.O.I: http://dx.doi.org/10.6020/1679-9844/2304

www.interscienceplace.org - Páginas 59 de 190

EDUCAÇÃO GERONTOLÓGICA: UM PROCESSO DE

APRENDIZAGEM MEDIADO PELA INFORMÁTICA

GERONTOLOGICAL EDUCATION: A LEARNING PROCESS

MEDIATED BY COMPUTER

Michele Marinho da Silveira1, Daiana Argenta Kumpel2, Josemara de Paula Rocha3, Marlon Francys Vidmar4, Lia Mara Wibelinger5, Adriano Pasqualotti6,

Eliane Lucia Colussi7

¹ Universidade de Passo Fundo/Passo Fundo, Rio Grande do Sul, Brasil. mm.silveira@yahoo.com.br 2

Universidade de Passo Fundo/Passo Fundo, Rio Grande do Sul, Brasil. dkumpel84@hotmail.com 3

Universidade de Passo Fundo/Passo Fundo, Rio Grande do Sul, Brasil. josemara.rocha@hotmail.com

4

Universidade de Passo Fundo/Passo Fundo, Rio Grande do Sul, Brasil. marlonfrancys@msn.com 5

Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul., Rio Grande do Sul, Brasil. liafisio@upf.br 6

Universidade de Passo Fundo/Passo Fundo, Rio Grande do Sul, Brasil. pasqualotti@upf.br 7

Universidade de Passo Fundo/Passo Fundo, Rio Grande do Sul, Brasil. colussi@upf.br

Resumo - Numa sociedade onde a força física é super valorizada na

produção dos bens materiais, o sujeito que envelhece e vê a sua capacidade física diminuindo, tem no ciberespaço a oportunidade de continuar a desenvolver a maior ferramenta de produção humana, a mente. Embora a educação por si só não consiga transformar toda realidade de exclusão social em meio a tantas tecnologias de informação e comunicação ela permite ao aprendiz estabelecer novas relações no meio em que vive, possibilitando a mudança do próprio comportamento. Este artigo tem como objetivo discutir algumas questões importantes para uma educação gerontológica mais participativa e transformadora, desde a possibilidade de inclusão digital e a educação gerontológica mediada pela informática.

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Abstract - In a society where physical force is highly valued in the

production of material goods, the guy who sees his age and declining physical capacity, in cyberspace has the opportunity to further develop the ultimate tool of human production, the mind. Although education alone cannot transform the whole reality of social exclusion in the midst of many information technology and communication it allows the learner to establish new relationships in the environment they live, enabling change of their own behavior. This article aims to discuss some important issues for gerontological education a more participatory and transformative, since the possibility of digital inclusion and gerontological education mediated by computer.

Keywords: Aging. Education, Continuing. Informatics. Elderly.

1. Introdução

Envelhecer, por muito tempo significou viver excluído da sociedade e ser um peso para a família. Nos últimos anos, com o avanço da ciência e da medicina, o envelhecimento começa a ser vivido com mais qualidade. Conforme Kachar (2001), o perfil do idoso do século XXI mudou, ele deixou de ser uma pessoa que vive de lembranças do passado, recolhido em seu aposento, para uma pessoa ativa, capaz de produzir, participante do consumo, que intervém nas mudanças sociais e políticas.

Assim, como o corpo deve ser exercitado para prolongar a vida e a saúde, há alguns anos descobriu-se que a atividade mental pode modificar o comportamento acomodado que alguns idosos adotam ao envelhecer. (VERGARA, 1999).

Diante disso, a educação gerontológica ocupa-se da educação dos idosos e da formação de profissionais para essa especialidade. No Brasil, a construção da educação gerontológica avança principalmente a partir da atuação de cursos de pós-graduação em gerontologia; é fortalecido pela criação de universidades da terceira idade, importante lócus de programas para idosos, de pesquisa e de formação de recursos humanos, embora nelas ainda predominem ações pedagógicas não-especializadas. (CACHIONI; NÉRI, 2004).

Em adição, observa-se que a população idosa apresenta-se com necessidades, e é natural entender que não somente as ciências estejam atentas às questões do envelhecimento. Esta categoria social, face ao direito de existir com

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www.interscienceplace.org - Páginas 61 de 190 dignidade e de modo especial, no atendimento e nas relações satisfatórias consigo mesmo, com os outros e o com seu entorno, apresenta demandas cada vez maiores. Isto se dá em razão do avanço da longevidade relativa e do volume populacional, o qual compete com outras demandas sociais. (BOTH, 2005).

Conforme dados do IBGE (2008), uma melhoria no nível de instrução da população brasileira ocorreu no período de 1997/2007, e acabou por atingir a população idosa, situação que pode ser evidenciada pelo novo contingente de idosos que durante o seu ciclo de vida foi beneficiado com políticas públicas anteriores. A obrigatoriedade do ensino primário estabelecido pela Constituinte de 1946, e que tornou gratuito o estudo nas escolas públicas, além do aumento do número de escolas e faculdades em todo o País na década de 70, favoreceram a melhoria das condições educacionais, porém, o incentivo à alfabetização dos idosos se mostra ainda insuficiente.

Nessa perspectiva, a proporção de idosos analfabetos em menos de um ano de estudo, em 2007, era de 32,2% no conjunto do Brasil. O Sudeste do país apresentava um percentual de 22,8%. Em grande contraste, encontrava-se o Nordeste, onde mais da metade dos idosos (52,2%) possuia ainda este nível de escolaridade. Já a Região Sul do Brasil possui o melhor percentual (21,5%) de idosos com baixa instrução. (IBGE, 2008).

Visto que, o processo de educação das pessoas idosas, quando jovens, dava-se de uma forma autoritária, disciplinar, dava-seqüencial e direcionada. Esdava-ses fatores, com certeza, naquela época, por serem estressantes, limitavam as dimensões técnica, interpessoal e ambiental, comprometendo a satisfação de suas necessidades humanas básicas. Contudo, não há uma avaliação criteriosa que permita verificar se os ambientes de ensino-aprendizagem na Web, propostos para a formação continuada do idoso, possibilitam uma melhor qualidade de vida. (CACHIONI; NÉRI, 2004).

Sendo poucos os mecanismos utilizados para verificar a abrangência e a aceitação desses programas, principalmente no que se diz respeito à melhoria da qualidade de vida. (PASQUALOTTI, 2004).

Nesse perspecitva, a expressão qualidade de vida tem sido empregada com múltiplos significados: na área da saúde, a tendência é considerá-la como um reflexo

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www.interscienceplace.org - Páginas 62 de 190 das condições de saúde e seu impacto sobre a capacidade do indivíduo viver plenamente; no âmbito pedagógico, constata-se a existência de espaços para avanços conceituais que transcendam os referenciais de qualidade da educação permanente, incorporando à prática pedagógica a possibilidade de qualificar dimensões relativas à saúde física, emocional, espiritual, ambiental e à experiência de um convívio social fundamentado em crenças pessoais e em valores condizentes com uma aprendizagem emancipatória, promotora da cidadania e da ética. A educação para saúde e a qualidade de vida na velhice é questão emergente na atualidade, até porque a própria demografia está a exigir, pois se trata do ver, julgar e agir no que diz respeito às questões gerontológicas. (PASQUALOTTI, 2004).

Sendo assim, para Kachar (2001), a abordagem educacional com idosos tem suas peculiaridades e requer a imersão neste universo para compreendê-lo e uma prática pedagógica específica, considerando as características físicas, psicológicas e sociais dessa faixa etária.

2. Educação gerontológica mediada pela informática

A preocupação com a qualidade de vida e a educação permanente das pessoas idosas tem levado os centros universitários que desenvolvem programas de extensão a implementarem programas voltados especificamente para esse segmento da população. (PASQUALOTTI, 2004).

Um exemplo de educação gerontológica que existe há mais de 10 anos é o CREATI da Universidade de Passo Fundo, localizado na região norte do estado do Rio Grande do Sul, Brasil, que através das oficinas de informática os idosos aprendem a utilizar o computador para desenvolver o raciocínio e a lógica, enquanto interagem com os colegas, familiares e amigos das mais diferentes faixas etárias. Cada idoso trabalha individualmente no seu computador, acompanha as tarefas através do uso do canhão de projeção e os computadores têm acesso à internet. Os idosos aprendem a manusear o mouse e o teclado, e posteriormente são levados a cadastrar e a manter o seu próprio e-mail. (OFICINA DE INFORMÁTICA DO CREATI, 2010).

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www.interscienceplace.org - Páginas 63 de 190 Assim, no âmbito pedagógico, constata-se a existência de espaços para avanços conceituais que transcendam os referenciais de qualidade da educação permanente, incorporando à prática pedagógica a possibilidade de qualificar dimensões relativas à saúde física, emocional, espiritual, ambiental e à experiência de um convívio social fundamentado em crenças pessoais e em valores condizentes com uma aprendizagem emancipatória, promotora da cidadania e da ética. A educação para saúde e a qualidade de vida na velhice é questão emergente na atualidade, até porque a própria demografia está a exigir. (PASQUALOTTI, 2004).

Um trabalho executado pelo idoso com auxílio do computador é enriquecedor pelo fato de oportunizar a construção de conhecimento e a aprendizagem contínua, despertando seu interesse e pensamento crítico. (PASQUALOTTI, 2004).

Entretanto, a dificuldade em entender a nova linguagem tecnológica traz consigo um problema social; e o idoso, por vezes, retorna ao caminho da educação na perspectiva de uma atualização cultural e reaproximação social. As tecnologias de informação e comunicação intensificarão esse processo de aprendizagem, ao permitir interagir com diferentes informações, pessoas e grupos, e socializar seus conhecimentos e suas próprias histórias de vida, aumentando sua auto-estima e auto-realização. (SILVEIRA et al., 2010).

Nessa perspectiva Kachar (2001) relata que o advento da tecnologia provê para a pessoa da terceira idade oportunidades para se tornar um aprendiz virtual, fornecendo educação continuada, educação à distância, estimulação mental e bem-estar. A tecnologia possibilita ao indivíduo estar mais integrado em uma comunidade eletrônica ampla; coloca-o em contato com parentes e amigos, num ambiente de troca de idéias e informações, aprendendo junto e reduzindo o isolamento por meio da experiência comunitária.

Mas, é relevante investigar quais as abordagens adequadas para introduzir o idoso no universo da informática e construir estratégias metodológicas educacionais para preparar os idosos (ativos ou aposentados) no domínio operacional dos recursos computacionais. É necessário gerar a alfabetização na nova linguagem tecnológica que se instala em todos os setores da sociedade e promover a inclusão do idoso nas transformações da sociedade. A abordagem educacional com idosos tem suas peculiaridades e requer a imersão neste universo para compreendê-lo e

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www.interscienceplace.org - Páginas 64 de 190 uma prática pedagógica específica, considerando as características físicas, psicológicas e sociais dessa faixa etária. (KACHAR, 2001).

Sendo que, a introdução do computador na educação tem provocado uma verdadeira revolução na concepção de ensino e aprendizado. Em primeiro lugar, as análises de programas que agem no processo ensino-aprendizagem mostram que eles não podem ser caracterizados como uma mera versão computadorizada dos atuais métodos de ensino; e em segundo lugar, as novas modalidades do uso do computador na educação não podem ser caracterizadas apenas como “máquinas de ensinar”, mas como uma nova ferramenta educacional de complementação, de aperfeiçoamento e de possível mudança na qualidade do ensino-aprendizagem. (PASQUALOTTI, 2003).

O computador, como um instrumento de trabalho, é um mediador entre a ação e o objeto de trabalho. Assumiu-se como pressuposto que o tratamento da informação que ele viabiliza foi responsável por uma “intelectualização” do trabalho, fruto de um aumento da complexidade ou do papel de certas funções mentais tais como: percepção, memória, representação mental, raciocínio, compreensão e produção de textos. A inteligência seja convencionalmente definida como a capacidade de tratamento da informação. Para este autor, é provável que as novas tecnologias solicitem dos indivíduos a inteligência de forma cada vez mais intensa e freqüente que outrora. (ABRAHÃO; PINHO, 2002).

Além disso, o computador pode ser o caminho para o incentivo as trocas sobre as experiências de vida e das tradições incorporadas nas relações sociais dos idosos, sendo as experiências pessoais, idéias, abstrações, palavras, gestos, transmitidos e vinculados à vivência pessoal e a necessidade deste contato com o computador gerando diferentes formas de utilizar a memória como lembrança de um tempo voltado às experiências pessoais e afetivas e as possíveis utilidades de uma tecnologia voltada à aquisição de imagens digitais, como um outro referencial afetivo, a digitalização de um tempo presente. (TEMOTEO, 2010).

Se por um lado, as novas gerações apresentam familiaridade com o uso das inovações tecnológicas que surgem aceleradamente as gerações mais velhas, dos idosos, por sua vez, encontram-se no extremo oposto, sentindo-se no meio de um “bombardeio tecnológico” que lhes causa estranheza, medo e/ou receio. Essa

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www.interscienceplace.org - Páginas 65 de 190 geração sente-se analfabeta diante das novas tecnologias, revelando dificuldades em entender a nova linguagem e em lidar com os avanços tecnológicos, até mesmo em questões básicas com eletrodomésticos, celulares e os caixas eletrônicos instalados nos bancos. (KACHAR, 2003).

As pessoas acima de cinqüenta anos, por exemplo, apesar de possuírem um acúmulo de experiências, que só o viver propicia e, apesar de ainda estarem trabalhando, costumam sofrer preconceitos no local de trabalho no que diz respeito a sua eficiência num mundo tecnológico, pois a relação com a tecnologia é vista como um indicador de eficiência, portanto a sua é posta em dúvida. Esse preconceito e a pressão social e profissional para que pessoas mais velhas se apropriem das novas tecnologias como os mais jovens fazem com que algumas delas entrem em um novo movimento rumo a uma maior familiarização tecnológica, como constata Kachar (2003).

A utilização de computadores, tecnologias de informação e comunicação a eles agregados abrem uma nova perspectiva de resgate e inclusão social por contribuírem para o aumento da auto-estima das pessoas idosas, além de ampliar os horizontes da comunicação, aumenta a interação social e independência. A integração de conhecimentos de ergonomia, acessibilidade e ciência da cognição geram uma ferramenta que pode adaptar as interfaces Web à realidade cognitiva e funcional do usuário idoso, proporcionando acessibilidade e inclusão digital. (SALES, 2007).

Portanto, a informática através da educação gerontológica é uma ferramenta que tem o importante fator de se adaptar ao idoso, pois entendendo o idoso em toda a sua complexidade, seja ela física, cognitiva e emocional, acabamos por compreender melhor a relação do idoso e a tecnologia, e o impacto que esta pode ocasionar, pois o mundo da informática possibilitará a interação do idoso no mundo tecnológico, potencializando o domínio do idoso na operacionalização do computador, ampliando as relações interpessoais e intergeracionais.

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www.interscienceplace.org - Páginas 66 de 190 3. Inclusão digital para idosos

Inclusão é um processo a partir do qual uma pessoa ou grupo de pessoas passa a participar de usos e costumes de outro grupo e ter os mesmos direitos e deveres daqueles; a inclusão digital é vista como uma forma de inclusão social, porque por meio das tecnologias de informação e comunicação é possível a participação na sociedade através de outras vias de acesso e pelo desenvolvimento social, cognitivo e afetivo que essas podem promover no sujeito. (PASSERINO; PASQUALOTTI, 2006).

Entretanto, muitas vezes argumenta-se que o idoso não se apropria corretamente da tecnologia em razão da velocidade vertiginosa com que muda e, pela angustia resultante desse movimento tecnológico, acaba desistindo de participar das oficinas de informática. (PASSERINO; PASQUALOTTI, 2006).

Isto se deve as mudanças que podem ocorrer nos idosos com o envelhecimento, sendo que o aprendizado e a memória deles a curto prazo ficam prejudicados, os movimentos mais lentificados, ocorre perda da coordenação, dificuldades com o equilíbrio, menor acuidade visual e auditiva e a fala pode tornar-se restrita. (THOMPSON; SKINNER; PIERCY, 2002). Em adição, o uso do computador pode trazer certas dificuldades que para nós passam despercebidas, tudo é muito desconhecido para eles: os ícones, o mouse, a velocidade, dificuldade em ler na tela, o peso dos dedos sobre o teclado, a memória, a coordenação visomotora, e a visão frágil para visualizar os ícones pequenos. (KACHAR, 2000).

Entretanto, a aprendizagem e a utilização do computador por idosos promove os seguintes impactos: inclusão sócio-digital do idoso, conquista de um espaço sócio-digital, valorização desse enquanto pessoa, elevação de sua auto-estima, estimulação da criatividade, formação de círculo de amizades e o aprimoramento de suas habilidades e conhecimentos com relação à Informática. Para que realmente haja a inserção do idoso na sociedade tecnológica e digital, são necessárias políticas públicas e ações educacionais voltadas para esse grupo que visem facilitar o aprendizado de Informática, motivar os idosos a lidar com a tecnologia, fazendo com que eles se sintam membros ativos dessa nova sociedade, reduzindo assim, o sentimento de inutilidade, solidão e a falta de vontade que podem surgir com o passar do tempo. (DEBERT, 1988).

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www.interscienceplace.org - Páginas 67 de 190 Sendo assim, desenvolver as oficinas de inclusão digital com idosos exige romper com práticas pedagógicas conservadoras. Pesquisas atuais apontam para a importância de um suporte cognitivo, no qual a prática de habilidades seria utilizada como uma estratégia para melhorar o funcionamento cognitivo em idosos. (STUART-HAMILTON, 2002).

Em adição, as Oficinas podem ser definidas como “espaços” pedagógicos teórico-práticos criados para a vivência, a reflexão e a construção de conhecimento. Embora elas sejam definidas desta forma, não significa que sejam somente um lugar em que o aluno aprende fazendo, pois pressupõe principalmente o desenvolvimento do pensamento, dos sentimentos, do intercâmbio de idéias, da problematização, do jogo, da investigação, da descoberta e da cooperação. (VIEIRA, 2002).

Para Ander-Egg (1990), as oficinas podem ser caracterizadas como um local onde o trabalho de elaboração e de transformação é desenvolvido. O professor exerce um papel de facilitador, auxiliando o aluno na construção do seu próprio conhecimento.

Além disso, pesquisas realizadas em cursos de informática para idosos mostram que a tecnologia tem um impacto positivo na rotina de idosos e aposentados. Ao aprender a usar o computador e navegar na internet, grande parte dos homens e mulheres com mais de 60 anos se comunica mais com filhos e netos; faz novos amigos e se sente estimulado intelectualmente e integrado à sociedade. Trabalhos têm mostrado que a tecnologia é eficaz em promover interação social e estimular o convívio entre os idosos, pois muitos são viúvos ou moram sozinhos, outros vivem longe dos filhos e netos, com o computador, encontram uma forma de comunicação, a princípio assustadora e depois fascinante. (IWASSO, 2010).

E, também, em uma dinâmica de oficina do estudo de Sales, Xavier e Bayer (2003), mostrou-se de maneira clara e concisa uma explicação do funcionamento dos dispositivos de entrada e saída (mouse, teclado, vídeo) do computador, como também, situar conceitualmente a navegação pela Internet. Nessa etapa, a realização de exercícios de psicomotricidade auxiliou decisivamente na melhoria da qualidade de interação dos idosos, servindo para superação dos obstáculos existentes no uso do mouse e do teclado. Este fato auxiliou para reforçar a auto-estima dos idosos.

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www.interscienceplace.org - Páginas 68 de 190 Portanto, a inclusão digital através das oficinas de informática pode intensificar o processo de aprendizagem do idoso, ao permitir interagir com diferentes informações, pessoas e grupos, socializando seus conhecimentos e suas próprias histórias de vida, aumentando a auto-estima e a auto-realização.

4. Conclusão

A partir dessa reflexão podemos verificar que a importância da inclusão digital na educação continuada, a preocupação desta com a qualidade de vida e a interação social dos idosos que vem sendo discutidas num contexto bastante amplo do envelhecimento. As leituras realizadas permitiram visualizar que uma educação ao longo da vida, utilizando as tecnologias de informação e comunicação, parece ser uma alternativa para que os idosos continuem a aprender e usufruir o seu tempo, estimulando-os a aprender usar o computador em rede, abrindo novas possibilidades e oportunidades.

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