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Alterações do intervalo QT no eletrocardiograma: Síndrome do QT longo e Síndrome do QT curto

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Academic year: 2021

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2013/2014

Vera Andreia Ribeiro Passos da Silva

Alterações do intervalo QT no

Eletrocardiograma: Síndrome do QT

longo e Síndrome do QT curto

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Mestrado Integrado em Medicina

Área: Cardiologia

Trabalho efetuado sob a Orientação de:

Doutor Manuel Joaquim Lopes Vaz da Silva

Trabalho organizado de acordo com as normas da revista:

Revista Portuguesa de Cardiologia

Vera Andreia Ribeiro Passos da Silva

Alterações do intervalo QT no

Eletrocardiograma: Síndrome do QT

longo e Síndrome do QT curto

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Aos meus pais,

Irmão, avó e João,

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1 Título: Alterações do intervalo QT no Eletrocardiograma: Síndrome do QT longo e Síndrome do QT curto

Title: QT interval changes in the Electrocardiogram: Long QT syndrome and Short QT syndrome

Autora:

Vera Passos da Silva

Mestrado Integrado em Medicina Serviço de Cardiologia

Faculdade de Medicina da Universidade do Porto, Porto, Portugal

Correspondência: Vera Passos da Silva

Faculdade de Medicina da Universidade do Porto Alameda Prof. Hernani Monteiro

4200-319 Porto Portugal E-mail: mimed07140@med.up.pt Telemóvel: 967332237 Resumo: 183 Abstract: 182 Texto principal: 4979

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Resumo

Uma das causas mais comuns de morte por patologia cardiovascular é a morte súbita cardíaca. Em cerca de 5-10% dos casos, a morte é causada por anomalias elétricas associadas a arritmias fatais em corações estruturalmente normais (“morte elétrica”).

Nas últimas duas décadas, a relação entre alterações do intervalo QT no eletrocardiograma e o risco de Torsades de pointes e morte súbita cardíaca tem sido extensivamente estudada. Entre as alterações elétricas associadas à morte súbita cardíaca, estão a Síndrome do QT longo e a Síndrome do QT curto, que têm em comum a existência de alterações dos canais iónicos mediadas geneticamente e repercussões no intervalo QT no eletrocardiograma.

O intervalo QT, apesar de ser uma medida imprecisa, é um marcador importante de patologia cardiovascular, que expressa o tempo de despolarização e repolarização dos ventrículos. É uma medida que pode ser facilmente obtida num eletrocardiograma de rotina e que pode dar informações importantes em situações com risco aumentado de morte súbita cardíaca.

Este artigo revê os aspetos epidemiológicos, etiopatogénicos, clínicos, diagnósticos, terapêuticos e prognósticos da Síndrome do QT longo e da Síndrome do QT curto.

Palavras-chave

Síndrome do QT longo, Síndrome do QT curto, Torsades de Pointes, morte súbita cardíaca, arritmia cardíaca.

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3

Abstract

One of the most common causes of death from cardiovascular disease is sudden cardiac death. In about 5-10% of cases, death is caused by electrical anomalies associated with life-threatening arrhythmias in structurally normal hearts ("electric death").

In the last two decades, the relationship between the QT interval changes in the electrocardiogram and the risk of torsade de pointes and sudden cardiac death has been extensively studied. Among the electrical changes associated with the sudden cardiac death are the long QT syndrome and short QT syndrome, which have in common the existence of changes in ion channels genetically mediated and effects on the QT interval in the electrocardiogram.

The QT interval, though it is an imprecise measure, is an important marker of cardiovascular pathology, which expresses the time of depolarization and repolarization of the ventricles. It is a measure that can be easily obtained in a routine electrocardiogram and may provide important information in situations with increased risk of sudden cardiac death.

This article reviews the epidemiological, etiopathogenic, clinical, diagnostic, treatment and prognosis aspects of the long QT syndrome and short QT syndrome.

Keywords

Long QT Syndrome, Short QT syndrome, Torsades de Pointes, Sudden Cardiac Death, Cardiac Arrhythmia

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4

Abreviaturas

Designação Português Inglês

Batimentos por minuto bpm bpm

Cardiovesor-desfibrilhador implantável CDI ICD

Dispersão transmural da repolarização DTR TDR

Eletrocardiograma ECG ECG

Frequência cardíaca FC HR

Intervalo QT corrigido QTc QTc

Milissegundos ms ms

Morte súbita cardíaca MSC SCD

Período refratário efetivo PRE ERP

Potencial de ação PA AP

Síndrome do QT curto SQTC SQTS

Síndrome do QT longo SQTL LQTS

Taquicardia ventricular polimórfica TVP PVT

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5

Introdução

As doenças cardiovasculares são responsáveis por cerca de 40% da mortalidade global nos países ocidentais1. Uma das causas mais comuns de morte por patologia cardiovascular é a morte súbita cardíaca (MSC), cuja incidência é de 5,26/100 000 habitantes em indivíduos com menos de 35 anos2.

A MSC pode ter diversas etiologias, sendo que a de origem exclusivamente arritmogénica pode ser responsável por 5-10% dos casos. Nestes pacientes não há lesão cardíaca estrutural e a morte deve-se a anomalias elétricas, associadas a mutações dos genes que codificam canais iónicos, que se relacionam com arritmias fatais (“morte elétrica”)3. Entre as alterações elétricas associadas a MSC estão a Síndrome do QT longo (SQTL) e a Síndrome do QT curto (SQTC) que pertencem a um conjunto de patologias classificadas como canalopatias.

Neste artigo serão abordados os aspetos epidemiológicos, etiopatogénicos, clínicos, diagnósticos, terapêuticos e prognósticos destas duas síndromes que se caraterizam por alterações do intervalo QT, que expressa o tempo de despolarização e repolarização dos ventrículos.

Métodos

Foi feita uma pesquisa na PubMed utilizando como palavras-chave os termos “(long QT syndrome) OR (Short QT Syndrome)”. Após leitura dos resumos foram selecionados 103 artigos que apresentavam informações relevantes para este trabalho. Foram ainda pesquisadas as listas de referências dos artigos selecionados. No total foram analisadas, integralmente 126 publicações.

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Alterações do intervalo QT

Nas últimas duas décadas, a relação entre alterações do intervalo QT no eletrocardiograma (ECG) e o risco de Torsades de pointes (TdP) e MSC tem sido extensivamente estudada. A TdP é um tipo de taquicardia ventricular polimórfica (TVP), com variações frequentes do eixo e/ou morfologia do complexo QRS, em que os QRS polimórficos parecem “torcer” 180o em torno da linha isoelétrica adquirindo uma forma cíclica e sinusoidal. As características típicas são: ritmo ventricular de 150 a 300 bpm, intervalos RR irregulares, intervalo QT marcadamente prolongado no batimento sinusal precedente ao início da arritmia e “torção” de 180o a cada 10 a 12 batimentos4 (Figura 1E).

O intervalo QT, apesar de ser uma medida imprecisa, é um marcador importante que pode estar associado a doença cardiovascular estrutural ou não. Uma vez fora dos limites inferiores ou superiores da normalidade, pode correlacionar-se com a morte súbita “elétrica” e/ou com manifestações clínicas como palpitações e/ou síncope. Assim, torna-se importante saber reconhecer as diversas variáveis que podem alterar este intervalo de tempo.

O intervalo QT é medido no ECG em milissegundos (ms) e é uma medida indireta da duração da despolarização e da repolarização ventriculares. Este intervalo inclui o complexo QRS (despolarização), desde o início da onda Q até ao final da onda S, e o intervalo JT (repolarização), desde o ponto J até ao final da onda T5.

Os potenciais de ação cardíacos são determinados por correntes iónicas geradas por fluxos de Na+, K+, Ca2+ e Cl- através de canais iónicos que de uma forma indireta e exponenciada são registados como atividade elétrica no ECG. Assim, alterações nos canais iónicos ou proteínas reguladoras podem modificar os tempos de despolarização e repolarização dos ventrículos que são identificáveis na medição do intervalo QT no ECG. A interpretação da duração do intervalo QT nem sempre é fácil, por existirem muitas variáveis e

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7 fatores de confusão que a dificultam, como sejam a existência de onda U, a dispersão do intervalo QT, alterações eletrolíticas, influência de fármacos e variação fisiológica ao longo do dia. Estas variáveis dificultam a determinação do intervalo QT mesmo durante a monitorização contínua do ECG de 24 h (Holter).

A existência da onda U no ECG pode ser confundida com uma onda T prolongada. A onda U é uma pequena deflexão que normalmente se segue à onda T, mas o seu significado é ainda desconhecido.Como a onda U é tipicamente menos evidente na derivação II do ECG, alguns autores defendem que é aconselhável que na sua presença seja utilizada esta derivação para a medição do intervalo QT5. Muitos especialistas defendem a utilização do método

“avoid-the-tail” para evitar erros causados pela presença da onda U6 (Figura 1A).

Outro fator bem conhecido é a variação considerável do intervalo QT entre as derivações medidas no mesmo ECG (dispersão do intervalo QT). Assim, diversos investigadores defendem que o intervalo QT deve ser medido nas derivações onde é mais longo5. Sadanaga et al, num estudo que incluiu 688 doentes a fazer psicotrópicos, concluíram que se apenas uma derivação for escolhida para medir o intervalo QT, essa derivação deverá ser V3 ou V4. Estas derivações foram as que revelaram maior precisão (V3) e sensibilidade (V4), 94% e 81% respetivamente, na determinação de um intervalo QT longo7.

A monitorização com Holter permite a avaliação do intervalo QT durante um longo período de tempo e com diferentes valores de frequência cardíaca (FC). Segundo Johnson e Ackerman (2009)6, o intervalo QT é mais longo durante o sono, mais especificamente durante o sono REM, e durante os meses de inverno em indivíduos saudáveis. No entanto, verificou-se que os valores obtidos no Holter não podem ser comparados com valores prévios medidos no ECG de 12 derivações, sendo o intervalo QT subestimado em V1 e sobrestimado em V5 quando medido com Holter, em comparação com medições por ECG de 12 derivações5,8. Assim, a medição do intervalo QT por Holter não é a forma mais adequada para o diagnóstico de

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8 alterações deste intervalo, pois as normas para esta medição não estão estabelecidas e existem variações significativas relativamente às medições pelo ECG de 12 derivações.

O intervalo QT também varia com o sexo e a idade, sendo maior nas mulheres adultas do que nos homens adultos. Este facto parece ser justificado pelo encurtamento do intervalo QT nos homens após a puberdade9. Esta diferença entre sexos tem implicações na evolução clínica. Verificou-se que o risco de eventos cardíacos é maior nos homens até à puberdade enquanto nas mulheres é maior durante a idade adulta, sendo que a probabilidade de já ter sofrido o primeiro evento cardíaco aos 15 anos é maior nos homens (74% vs 51%)10.

A duração do intervalo QT varia inversamente com a FC.Diversos autores propuseram fórmulas para ajustar este intervalo à FC, obtendo-se assim um valor do intervalo QT corrigido (QTc). Exemplos de fórmulas para o cálculo do QTc são a fórmula de Fridericia

( ) e a fórmula de Bazett ( ). Não existe consenso sobre qual o

melhor método para calcular o QTc, embora a fórmula de Bazett seja a mais utilizada11,12. Existe algum consenso acerca do limite superior do normal ser 460 ms para pacientes com <15 anos13. Como o intervalo QT é maior no sexo feminino, os valores de referência são diferentes para cada sexo nos pacientes adultos, sendo: ≤430 ms (normal), 431-450 ms (borderline) e >450 ms (prolongado) nos homens e ≤450 ms (normal), 451-470 ms (borderline) e >470 ms (prolongado) nas mulheres14. No entanto, segundo as recomendações da American Heart Association/ American College of Cardiology Foundation/Heart Rhythm Society15, o intervalo QT está prolongado quando no homem o QTc é ≥450 ms e na mulher ≥460 ms (percentil 95). Estes valores quando utilizados isoladamente levam a um número elevado de erros de diagnóstico. Se forem utilizados os valores do percentil 99 (>470 ms no homem e >480 ms na mulher), o valor preditivo positivo aumenta, especialmente quando conjugados com uma clínica sugestiva.

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9 Mais recentemente verificou-se que valores baixos do intervalo QTc (≤390 ms) também aumentam o risco de arritmias e de MSC15. No entanto, o intervalo QTc sobrestima o intervalo QT nos pacientes que apresentam valores baixos deste intervalo16.

A fórmula de Bazett é clinicamente útil para valores de FC normais.No entanto, para valores de FC extremos, esta fórmula sobrestima (para valores muito altos) ou subestima (para valores muito baixos), a duração da repolarização cardíaca. Vários autores tentaram propor métodos alternativos mas não está descrito nenhum método eficaz para evitar este erro13.

Viskin et al. comparam a interpretação de ECGs, de pacientes com Síndrome do QT longo e de pacientes sem alterações, efetuada por 902 médicos: especialistas na área de alterações do intervalo QT (n=25); especialistas em arritmias (n=106); cardiologistas (n=329); médicos não cardiologistas (n=442). Aqueles autores verificaram que a maioria dos médicos não foi capaz de medir corretamente o QTc nem de identificar um QT longo. No entanto, 96% dos especialistas em alterações do intervalo QT e 62% dos especialistas em arritmias classificaram corretamente os intervalos QT como “normal” ou “longo”, mas menos de 25% dos restantes médicos, incluindo cardiologistas, conseguiram classificar corretamente17.

Assim, a determinação do QTc continua a ser um desafio, pelo que não deve ser considerado isoladamente na determinação de uma Síndrome de QT longo ou Síndrome de QT curto, como vai ser explicado mais adiante.

Síndrome do QT longo

A Síndrome do QT longo (SQTL) é caracterizada por alterações na repolarização ventricular, que se manifestam por prolongamento do intervalo QT no ECG e que se associa a manifestações clínicas como palpitações, síncope, crises convulsivas e risco aumentado de

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10 morte súbita. A SQTL pode ser de causa hereditária (SQTL congénita) ou causada por outros fatores (SQTL adquirida).

SQTL congénita

- A SQTL congénita é uma doença hereditária associada a arritmias

cardíacas devido a mutações nos genes que codificam as subunidades proteicas dos canais iónicos cardíacos ou as proteínas reguladoras daqueles canais. A prevalência estimada desta síndrome entre os caucasianos é de pelo menos 1:2534 nados-vivos aparentemente saudáveis18.

Inicialmente foram descritas duas síndromes associadas ao prolongamento do intervalo QT no ECG: Síndrome de Jervell e Lange-Nielsen e Síndrome de Romano-Ward. De acordo com Giudicessi e Ackerman (2013)19, citando vários autores, referem que a forma autossómica dominante (Síndrome de Romano-Ward) afeta entre 1:2000 e 1:5000 indivíduos e apresenta um fenótipo meramente cardíaco. Por sua vez, a forma autossómica recessiva (Síndrome de Jervell e Lange-Nielsen) afeta entre 1:1.000.000 e 1:4.000.000 indivíduos e está associada a surdez neurossensorial bilateral, tendo sido a primeira síndrome a ser descrita20.

Apesar destes valores, alguns autores defendem que esta síndrome é subestimada, uma vez que, a prevalência apenas representa o pequeno número de casos detetáveis21.

Até à data foram descritas 15 mutações genéticas que caracterizam 15 subtipos da SQTL congénita. Existem assim 13 subtipos da Síndrome de Romano-Ward. Pelo contrário, na Síndrome de Jervell e Lange-Nielsen, apenas estão descritas duas mutações, ambas afetando o componente lentamente ativado da corrente de K+ “delayed rectifier” (IKs)22 (Tabela 1).

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11 Tabela 1 – Subtipos da SQTL congénita incluindo síndromes multi-sistémicas.

Nome Gene Cromossoma Proteína Corrente

Ganho(+)/ Perda de função(-)

Bibliografia

Hereditariedade autossómica-dominante (Romano-Ward)

SQTL1 KCNQ1 11 KVLQT1 IKs - Wang et al23 SQTL2 KCNH2 7 KV11.1 (hERG) IKr - Curran et al 24 SQTL3 SCN5A 3 NaV1.5 INa + Wang et al 25

SQTL4◊ ANKB 4 Ankyrin-B INCX,INaK,InsP3R - Mohler et al26

SQTL5 KCNE1 21 minK IKs - Splawski et al27

SQTL6 KCNE2 21 MiRP1 IKr - Abbott et al28

SQTL7# KCNJ2 17 Kir2.1 IKl - Tawil et al29

SQTL8* CACNA1C 12 CaV1.2α1 ICa,L + Splawski et al30

SQTL9 CAV3 3 Caveolin-3 INa + Vatta et al31

SQTL10 SCN4B 11 NaVβ4 INa +

Medeiros-Domingo et

al32

SQTL11 AKAP9 7 Yotiao IKs - Chen et al33

SQTL12 SNTA1 20 α-1

Syntrophin INa + Wu et al

34

SQTL13 KCNJ5 11 Kir 3.4 IK-Ach - Yang et al 35

Hereditariedade autossómica recessiva (Jervell e Lange-Nielsen)

JLN1 KCNQ1 11 KVLQT1 IKs - Neyroud et al36

JLN2 KCNE1 21 minK IKs - Schulze-Bahr

et al37

Síndrome da paragem cardíaca recorrente infantil

CALM 1 14 Calmodulina 1 Disfunção na sinalização pelo Ca2+ - Croti et al38 CALM 2 2 Calmodulina 2 Disfunção na sinalização pelo Ca2+ - Croti et al38

◊Também conhecido como Síndrome “ankyrin-B”; #Também conhecido como Síndrome de

Andersen-Tawil; *Também conhecido como Síndrome de Timothy;

ICa,L - correntes de Ca2+ através de canais de tipo L (“long lasting, large conductance”) dependentes da

voltagem; IK-Ach – corrente de K+ regulada pela acetilcolina ; IKl – corrente de entrada de K+ retificadora;

IKr - componente rapidamente ativado da corrente de K+ “delayed rectifier”; IKs- componente lentamente

ativado da corrente de K+ “delayed rectifier”; INa - corrente de Na+ “voltage-gated”; INaK- ATPase Na+-K+;

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12 Os três subtipos mais frequentes da SQTL congénita são a SQTL1 (30-35%), a SQTL2 (25-40%) e a SQTL3 (5-10%), totalizando cerca de 75% dos casos de SQTL clinicamente definida. Os restantes 12 subtipos da SQTL são raros, perfazendo no total cerca de 5% de todos os casos. As duas últimas mutações representadas na Tabela 1 são muito raras e esporádicas (sem transmissão AD ou AR).

A SQTL congénita pode ter uma apresentação multi-sistémica, como acontece nas SQTL4, 7 e 8, adquirindo designações de síndromes específicas. A Síndrome “ankyrin-B” apresenta-se fenotipicamente com prolongamento do intervalo QT, disfunção do nó sinusal e fibrilhação auricular episódica, devido a mutações que levam à libertação aberrante de cálcio citoplasmático26. A Síndrome de Andersen-Tawil carateriza-se por uma tríade clínica com caraterísticas físicas dismórficas (implantação baixa das orelhas, micrognatia e clinodactilia), paralisia periódica e arritmia ventricular não sustentada29. A Síndrome de Timothy é uma forma de SQTL extremamente rara, apresentando-se fenotipicamente com vários graus de perturbações do espetro do autismo, sindactilia e arritmias cardíacas severas30.

Mais recentemente, verificou-se que mutações esporádicas heterozigóticas ou mutações de novo nos genes CALM1 e CALM2 são responsáveis por uma síndrome multi-sistémica caraterizada por SQTL severa (QTc>600 ms, bloqueio auriculoventricular 2:1 e onda T alternante macroscópica) associada a atraso do neurodesenvolvimento, síncope e paragem cardíaca recorrente infantil38.

Apesar de todos os testes genéticos, 15-20% dos casos permanecem geneticamente indefinidos39.

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13 Síndromes do QT longo congénita major - genes suscetíveis

A SQTL1 é o subtipo de SQTL congénita mais comum e deve-se a uma mutação do gene que codifica as proteínas da subunidade alfa dos canais de potássio dependentes de voltagem (Kv7.1), e que assim condiciona perda de função do canal de potássio e da componente lenta da corrente de K+ retificadora tardia (IKs), implicado na fase 3 do potencial

de ação (PA)40 (Figura 1B). Esta corrente é essencial para a manutenção fisiológica de um intervalo QT mais curto, aquando do aumento do tónus simpático e da FC, e do ciclo do K+ a nível endococlear necessário para uma normal capacidade auditiva. A perda de função daquele canal, associada à heterozigotia (numa transmissão autossómica dominante), cria o substrato arritmogénico, que predispõe os indivíduos para eventos cardíacos durante a atividade física ou estimulação emocional intensa, devido à incapacidade da corrente deficitária IKs se adaptar

adequadamente à estimulação adrenérgica ß19.

A SQTL2 é caracterizada por mutações no gene que codifica os canais responsáveis pelo componente rápido das correntes de potássio retificadoras tardias dependentes de voltagem [human-ether-ago-go-related gene (hERG1 ou Kv11.1)], provocando perda de função destes na fase 3 do PA24 (Figura 1B).

O terceiro subtipo mais frequente é a SQTL3 que se caracteriza por mutações no gene que codifica os canais de sódio dependentes de voltagem, provocando ganho de função destes canais e aumento da corrente INa25. Esta mutação é responsável por prolongar a fase de

plateau do PA cardíaco por persistência ou sustentação anormal de uma corrente de Na+

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14 Síndromes do QT longo congénita minor - genes suscetíveis

Para além dos 3 subtipos do SQTL congénito major, estão descritos mais 12 genes minor. Os genes responsáveis e as respetivas correntes iónicas alteradas, podem ser consultadas na Tabela 1. Apenas 7 destes genes se apresentam com um fenótipo de SQTL puro. Os restantes 5 genes, tal como referido anteriormente, apresentam um fenótipo multi-sistémico.

SQTL adquirida

- A SQTL adquirida é mais frequente que a SQTL congénita. Existem

diversos fatores que podem causar SQTL adquirida (Tabela 2A). A causa adquirida mais comum de prolongamento do intervalo QTc é o uso de fármacos. Virtualmente, todos os fármacos que produzem esta síndrome bloqueiam o componente rapidamente ativado da corrente de K+ “delayed rectifier” (IKr), visto que, as caraterísticas estruturais únicas do canal hERG1

tornam-no particularmente suscetível ao bloqueio. Este bloqueio é dependente da concentração extracelular de K+. A redução da concentração extracelular de K+ aumenta o grau de bloqueio das correntes IKr pelos fármacos, aumentando o intervalo QT41.

Vários antiarrítmicos podem causar aumento do intervalo QT e, por isso, associarem-se ao deassociarem-senvolvimento de TdP: quinidina, sotalol (em 2,5% dos pacientes), dofetilide, ibutilide (4-8%) e a amiodarona (1-2%). Muitos outros fármacos usados para tratamento de doenças não cardiovasculares (por exemplo: os neurolépticos tioridazina e haloperidol, o opiáceo metadona, os antifúngicos cetoconazol e itraconazol, os antibióticos eritromicina, claritromicina e moxifloxacina, a pentamidina, os antihistamínicos H1 astemizol e terfenadina, o antagonista dos recetores da 5-HT2 cetanserina, o cisapride, entre outros), podem bloquear

(20)

15 Tabela 2. Principais causas de SQTL adquirido, alguns fármacos de uso corrente e IC50 de fármacos que bloqueiam canais de K+ dependentes de voltagem e correntes IKr.

Principais causas da SQTL adquirida4 1 – Fármacos

De uso cardiovascular De uso não cardiovascular 2 – Desequilíbrio eletrolítico

Hipocalemia, hipomagnesemia, hipocalcemia 3 – Toxinas

Cocaína, compostos organofosforados 4 – Bradicardia severa

Doença do nó sinusal, bloqueio aurículo-ventricular de alto grau, hipotiroidismo, hipotermia

5 – Outras causas

Hemorragia subaracnoideia, isquemia miocárdica, neuropatia autonómica, doentes com Vírus da Imunodeficiência Humana

Uso cardiovascular Uso não cardiovascular Antiarrítmicos tipo IA Psicotrópicos

Antiarrítmicos tipo IC Antiarrítmicos tipo 3 Antifúngicos Antibióticos Anti-maláricos Anti-histamínicos Imunossupressores Hormona antidiurética Uma lista completa dos fármacos descritos que prolongam o intervalo QT pode ser consultada em

http://crediblemeds.org/everyone/composite-list-all-qtdrugs/ Fármacos IC50 (µM) Amiodarona 3,07 ± 1,04 Astemizol 0,107 ± 0,032 Cisapride 0,047 ± 0,007 Dofetilide 0,370 ± 0,052 Droperidol 0,129 ± 0,025 Quinidina 2,50 ± 1,27 Sparfloxacina > 50 Terfenadina 0,221 ± 0,061 Verapamil 0,813 ± 0,233 Fármacos IKr IC50 (µM) Anti-depressivos Amitriptilina 4,78 Imipramina 3,4 Fluoxetina 1,5 – 3,1 Citalopram 3,97 Antipsicóticos Clorpromazina 1,47 + 0,03 Clozapina 2,63 + 0,12 Haloperidol 1 Sertindole 2,9 Tioridazina 1,07 + 0,06

A – Causas principais de SQTL adquirido (lista não completa; ver http://crediblemeds.org/everyone/composite-list-all-qtdrugs/); B – Algumas classes de medicamentos de uso corrente que prolongam o intervalo QT; C – Medicamentos usados em doenças cardiovasculares e não cardiovasculares que bloqueiam correntes Ikr e

respetivos IC50;D - IC50 de psicofármacos que bloqueiam canais de K+ dependentes de voltagem e correntes Ikr.

Retirada e modificada de Khan (2002)4, Sicouri e Antzelevitch (2008)42, Gillie et al (2012)43.

C

B A

(21)

16 Na Tabela 2C e Dpodem ver-se as concentrações molares de diversos fármacos que inibem em 50% (IC50) a corrente IKr mediada pelos canais de K+ retificadores tardios (hERG),

implicados na fase 3 do PA. Estas concentrações são muitas vezes atingidas durante o uso terapêutico preconizado, e dessa forma pode resultar aumento da duração do PA e do intervalo QT, com o consequente aumento da probabilidade de aparecimento de TdP.

O registo através da internet de R.L.Woosley

(http://crediblemeds.org/everyone/composite-list-all-qtdrugs/?rf=All) contem listas de fármacos descritos como com efeito prolongador do intervalo QTc.

Interações entre fármacos podem levar ao prolongamento do QTc, por efeitos farmacodinâmicos ou farmacocinéticos12. Assim, é necessário ter atenção à utilização concomitante de fármacos, especialmente se um ou ambos prolongarem o intervalo QTc. Também interações genes-fármacos foram descritas e levantam a possibilidade da presença de uma forma oculta de SQTL que se manifesta quando há exposição a fármacos prolongadores do intervalo QT19. Esta parece ser uma explicação para o facto de o mesmo fármaco em indivíduos diferentes ter efeitos distintos no intervalo QTc.

Manifestações clínicas

A maioria dos pacientes com SQTL é assintomática. No entanto, esta síndrome é fenotipicamente heterogénea. Os sintomas variam desde palpitações, a tonturas e/ou síncope, convulsões e MSC. Estes sintomas são manifestações de TdP, que normalmente são de curta duração e terminam espontaneamente. No entanto, podem ocorrer em rápida sucessão e progredir para fibrilhação ventricular, causando MSC4 (Figura 1E). A maioria dos eventos, na SQTL1, ocorre durante o exercício e apenas uma pequena minoria ocorre durante o repouso/sono. Como já mencionado, é uma forma adrenérgico sensível, onde a ativação

(22)

17 simpática favorece o aparecimento de TdP e a utilização de bloqueadores ß pode ser eficaz. O mergulho e a natação são fatores de risco específicos desta forma da doença.

Pelo contrário, na SQTL3, os eventos ocorrem mais frequentemente durante o repouso/sono do que durante o exercício. Por sua vez, na SQTL2, os eventos ocorrem com mais frequência durante o stress emocional e após estímulos auditivos44. Assim, a síncope ou a MSC podem ser despoletadas pelo repouso, pelo stress ou especificamente por ruídos sonoros elevados, que causam descarga adrenérgica súbita. Tanto a atividade catecolaminérgica como a bradicardia podem despoletar arritmias na SQTL2.

O risco de eventos cardíacos é significativamente maior nas SQTL 1 e 2 do que na SQTL3. Apesar da mortalidade cumulativa ser semelhante independentemente do genótipo, a percentagem de eventos cardíacos letais é maior na SQTL344,45.

Genética e fisiopatologia

A fisiopatologia da SQTL é complexa e varia entre pacientes. Apesar de todos os estudos realizados, os mecanismos da arritmogénese ainda não são completamente compreendidos.

Na SQTL adquirida, o aparecimento de TdP é normalmente precedido por uma sequência de intervalos RR longos e curtos intercalados. Isto é causado por uma extrassístole ventricular seguida por uma pausa compensatória e também pode ocorrer associado a pausas frequentes e bradicardia. O prolongamento da fase de repolarização leva ao aparecimento de pós-despolarizações precoces (Figura 1D). Assim, o SQTL adquirido é designado como “pausa-dependente”11.

Por sua vez, na SQTL congénita, especialmente na SQTL1, os episódios de TdP seguem-se a um surto adrenérgico súbito seguem-sendo considerada em alguns doentes como uma síndrome “catecolamino-dependente”4. Esta constatação levantou a hipótese da síndrome poder ser

(23)

18 causada por um desequilíbrio na inervação simpática do coração. Estas distinções não são absolutas, uma vez que existem genótipos de SQTL congénito “pausa-dependentes”46.

A B C Método de medição do intervalo QT “avoid-the-tail”; Fórmula de Bazett

Prolongamento do intervalo QT observado nas SQTL1-SQTL3 em comparação com o normal.

SQTL1: padrão onda de T com base ampla SQTL2: padrão de onda T entalhada

SQTL3: segmento isoelétrico longo com padrão normal de onda T-simétrica

(24)

19 D

E

Figura 1 – A - Método “avoid-the-tail”: o final da onda T é considerado como o ponto de intersecção da linha de base com a tangente ao declive mais acentuado da última parte da onda T; B – SQTL congénitas e alterações da função dos canais iónicos (ganho ou perda de função) que levam ao prolongamento da duração do potencial de ação e do intervalo QT no ECG; C – Caraterísticas eletrocardiográficas das SQTL congénita major em comparação com o normal; D - Mecanismo de pós-despolarizações precoces e TdP na SQTL adquirida; E – Torsades de pointes, normalmente são de curta duração e terminam espontaneamente, no entanto, podem ocorrer em rápida sucessão e progredir para fibrilhação ventricular. [Retirado

e adaptado de Johnson, Ackerman (2009)6; Giudicessi, Ackerman (2013)19]

Diagnóstico

Tal como referido anteriormente, os valores do QTc não são o único fator a ter em conta na avaliação de um paciente com suspeita de SQTL. O diagnóstico/suspeita inicial pode ser feito acidentalmente no ECG realizado por outro motivo, por história familiar da doença ou em pacientes que sobreviveram a um episódio de síncope ou de arritmia ventricular47.

Torsades de pointes (TdP) Fibrilhação ventricular Na sequência das pós-despolarizações precoces e circuitos de reentrada O prolongamento do intervalo QT, o aumento da refratariedade dos cardiomiócitos e o aumento da corrente Na+-Ca2+ leva a ativação espontânea anormal dos canais de Ca2+ tipo L, que podem fornecer o substrato patogênico para TdP desencadeados por pós-despolarizações precoces. ICa,L  Pós despolarizações precoces  TdP

(25)

20 Os critérios de diagnóstico da SQTL mais utilizados foram propostos pela primeira vez por Schwartz em 1985 e revistos em 199348. Estes critérios têm em consideração as características eletrocardiográficas (ver Figura 1C) e as histórias clínica e familiar (Tabela 3).

Tabela 3 - Critérios de diagnóstico de SQTL 199348

Características eletrocardiográficasa Pontos

QTcb

≥480 ms 3

460-479 ms 2

>450 ms (sexo masculino)

QTc aos 4 min da fase de recuperação do ECG de esforço ≥ 480 ms

1 1

Torsades de pointes documentadac 2

Onda T alternante 1

Onda T “entalhada” em 3 derivações 1

Frequência cardíaca baixa para a idaded 0,5

História clínica Síncopec Com stress 2 Sem stress 1 Surdez congénita 0,5 História familiare

A. Membros da família com SQTL definida 1

B. Morte súbita cardíaca inexplicada com menos de 30 anos em membro da família relacionados em primeiro grau

0,5

a

Na ausência de fármacos ou patologias conhecidas que afetem estas características eletrocardiográficas. bQTc calculado pela fórmula de Bazett onde QTc=QT/√RR. cMutuamente exclusivo. dFrequência cardíaca em repouso inferior ao segundo percentil para a idade. eO mesmo membro da família não pode ser contado em A e B.

Pontuação: <1 ponto = baixa probabilidade de SQTL; 2-3 pontos = probabilidade intermédia de SQTL; ≥3,5 pontos = elevada probabilidade de SQTL.

(26)

21 Com base nestes critérios de diagnóstico é possível fazer uma avaliação quantitativa e classificar os pacientes como com baixa, intermédia ou elevada probabilidade de ter a síndrome. Para chegar a um diagnóstico, pode ser necessário realizar um teste de exercício e testes genéticos, no entanto, estas avaliações não fazem parte da rotina no diagnóstico inicial do paciente4. Estes testes têm especial importância no diagnóstico de casos borderline e em pacientes assintomáticos pertencentes a famílias com uma mutação específica. A identificação da mutação ou um teste de exercício caraterístico de um subtipo da síndrome são importantes mesmo em pacientes previamente diagnosticados, visto que permitem a realização de um tratamento mais adequado.

Estratificação de risco e prognóstico

A duração do intervalo QTc é considerada o preditor de risco de eventos cardíacos (síncope e MSC) mais forte49. Os pacientes com SQTL podem ser classificados, de forma simplificada, como com risco baixo (QTc≤500ms e sem história de síncope), intermédio (QTc>500ms e/ou episódio anterior de síncope) ou elevado (história de TdP ou de necessidade de ressuscitação cardiopulmonar). No entanto, os fatores de risco para eventos cardíacos ameaçadores da vida são específicos para cada idade e genótipo, sendo dependentes da evolução temporal da doença50.

Tratamento

A seleção da terapêutica mais adequada deve ter em conta a etiologia, as alterações associadas que possam estar presentes (por exemplo, hipocalemia, hipomagnesemia) e a relação risco/benefício do tratamento. A etiologia apresenta um fator crucial no tratamento da SQTL adquirida. É necessário identificar e descontinuar fármacos que precipitem a ocorrência

(27)

22 de TdP e corrigir rapidamente as alterações metabólicas quando presentes51. A maioria dos episódios de TdP é de curta duração e termina espontaneamente. No entanto, um episódio prolongado pode resultar em compromisso hemodinâmico e necessitar de cardioversão/desfibrilhação imediata4.

O tratamento a curto prazo da síndrome tem como objetivo principal a prevenção de recorrência de TdP e inclui, para além das medidas referidas anteriormente, a administração de sulfato de magnésio intravenoso (tratamento de 1ª linha com eficácia mesmo em pacientes com concentrações séricas de magnésio normais), administração de potássio, estimulação auricular ou ventricular por pacing cardíaco transvenoso temporário e raramente administração de isoproterenol intravenoso. Com a exceção do isoproterenol, que não é efetivo na SQTL congénita, as restantes medidas são úteis tanto na SQTL congénita como na adquirida4,51.

O tratamento a longo prazo tem como objetivo prevenir a recorrência de TdP através da diminuição da duração do intervalo QTc. A maioria dos pacientes com SQTL adquirida não necessitam de tratamento a longo prazo, visto que, o intervalo QTc normaliza após correção do fator precipitante. Apenas nos pacientes com bloqueio auriculoventricular ou doença do nó sinusal, em que uma pausa ou a bradicardia são eventos precipitantes de TdP, é necessária a implantação de pacemaker permanente51. Na SQTL congénita o tratamento a longo prazo inclui: bloqueadores beta, cadioversor-desfibrilhador implantável (CDI), simpatectomia torácica esquerda e implantação de pacemaker.

Os bloqueadores beta são considerados como o tratamento profilático de 1ª linha. Estes fármacos devem ser administrados a todos os pacientes com risco intermédio ou elevado e considerados individualmente nos pacientes com baixo risco50,49. O objetivo desta terapia é diminuir a FC máxima atingida durante o exercício, o que explica as evidências de que os bloqueadores beta são mais eficazes na prevenção de eventos cardíacos em pacientes com

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23 SQTL1 e 2 do que com SQTL352. Nem todos os bloqueadores beta apresentam a mesma eficácia uma vez que diferem nas suas propriedades farmacológicas. O propranolol e o nadolol são os que apresentaram melhores resultados no tratamento de pacientes com SQTL1 ou 2 quando comparados com o metoprolol. Dos três, o propanolol foi o que apresentou melhores resultados no encurtamento do QTc53.

A implantação de CDI pode ser um tratamento de 2ª linha em pacientes sintomáticos apesar do tratamento com bloqueadores beta. Este tratamento também pode ser utilizado como primeira linha em pacientes: que sobreviveram a uma morte súbita de origem cardíaca abortada ou que esta foi a 1ª manifestação da doença; com história familiar de MSC, com intolerância ou má adesão à terapêutica; em pacientes com Síndrome de Jervell e Lange-Nielsen que parecem ter maior risco de arritmias malignas19.

Em casos refratários aos bloqueadores beta e CDI pode ser realizada a simpatectomia torácica esquerda ou implantação de pacemaker. Nesses casos, é possível associar um

pacemaker DDD programado a uma frequência que reduza o QTc para menos de 440 ms ao

tratamento com bloqueadores beta. Esta associação parece diminuir substancialmente a incidência da recorrência dos sintomas54.

No entanto, estudos de seguimento a longo prazo revelaram elevadas taxas de risco residual (incluindo MSC) nos pacientes tratados com estas técnicas50. Outros tratamentos parecem ser adições promissoras à terapêutica padrão, como por exemplo: ablação por radiofrequência, bloqueadores dos canais de sódio, ativadores dos canais de potássio, bloqueadores alfa-adrenérgicos, bloqueadores dos canais de cálcio, atropina e inibidores da proteína cinase50,55. Contudo, é necessária mais experiência com estes tratamentos.

O prognóstico dos pacientes não tratados é considerado pobre. É estimado que dos pacientes com SQTL congénita não tratados que se apresentam inicialmente com síncope

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24 cerca de 20% morrem em 1 ano e 50% em 10 anos47. Assim, é de extrema importância iniciar precocemente o tratamento adequado.

Síndrome do QT curto

A Síndrome do QT curto (SQTC) apenas recentemente foi reconhecida como uma canalopatia hereditária associada a alterações do ritmo cardíaco e MSC em indivíduos com corações estruturalmente normais. Esta síndrome foi descrita pela primeira vez em 1999, pelo Dr. Preben Bjerregaard (citado no artigo de Gussak et al em que o próprio é co-autor), que identificou uma família americana, em que 4 membros apresentavam um intervalo QT <250 ms e um deles desenvolveu subitamente fibrilhação auricular com resposta ventricular rápida56. Apesar de já existirem diversos relatos da síndrome, a quantidade de informação e estudos sobre o tema ainda é muito reduzida.

Muitos pacientes portadores do QT curto são assintomáticos e a apresentação clínica nos pacientes sintomáticos é muito variável. Clinicamente, os pacientes com esta síndrome podem apresentar-se com paragem cardíaca (34%), palpitações (31%), pré-sincope, síncope (24%) ou fibrilhação auricular (17%)57. Apresentações com fibrilhação ventricular, MSC abortada e TVP foram também descritas em pacientes com SQTC. Esta síndrome pode manifestar-se em qualquer fase da vida, estando relatados casos em pacientes com idades entre 1 mês de vida e 80 anos. Assim, esta patologia pode ser uma das causas da síndrome de morte súbita infantil57.

O primeiro passo no diagnóstico do SQTC é a exclusão de causas secundárias de redução do intervalo QT. Assim, é importante excluir situações de hipercalcemia, hipercalemia, hipertermia, terapêutica com digoxina, acidose, síndrome da fadiga crónica e uso de atropina ou catecolaminas, entre outros58.

(30)

25 Após realização de um diagnóstico diferencial cuidadoso, deve proceder-se então à avaliação de outros parâmetros. O exame complementar de diagnóstico mais importante é o ECG. Nestes pacientes, o primeiro achado é um intervalo QT curto (≤360 ms nos homens e ≤370 ms nas mulheres)59. No entanto, foram encontradas outras alterações eletrocardiográficas associadas a esta síndrome, tais como: segmento ST curto ou inexistente, onda T alta e pontiaguda60 e um intervalo QT constante que não varia consideravelmente com a FC, ao contrário do que acontece na SQTL. Assim, surge a questão sobre qual o intervalo QT (QT versus QTc) que deve ser utilizado na avaliação destes casos. Apesar do intervalo QTc ser o mais utilizado nos estudos do SQTC, sabe-se que o QTc sobrestima o intervalo QT nestes casos. Em pacientes com evidência anterior de fibrilhação auricular ou ventricular, um intervalo QT<340 ms ou um QTc<345 ms é suficiente para fazer o diagnóstico58. Em casos com valores nos limites da normalidade, estão recomendados outros testes para confirmar o diagnóstico, como por exemplo, a avaliação da adaptação do intervalo QT à FC e da morfologia da onda T, estudos eletrofisiológicos ou testes genéticos. Contudo, nenhum destes testes foi aplicado num número suficiente de casos para poder ser considerado como preciso58. O diagnóstico genético é muito limitado visto que apenas 23% dos pacientes afetados apresentam um teste genético positivo. Assim, ainda falta identificar uma grande quantidade de mutações genéticas responsáveis pela síndrome61. Recentemente, em 2011, Gollob et al16 propuseram um sistema de classificação, tal como já existia para a SQTL, que permite definir os pacientes com baixa, intermédia ou elevada probabilidade de ter SQTC (Tabela 4). Este sistema tem em consideração vários parâmetros cujo principal senão é considerar o intervalo QTc em vez do intervalo QT.

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26 Tabela 4 - Critérios de diagnóstico de SQTC 201116

Características eletrocardiográficas Pontos

QTc

<370 ms 1

<350 ms 2

<330 ms 3

Intervalo ponto J pico da onda T <120 ms 1

História clínica*

História de paragem cardíaca súbita 2

Taquicardia ventricular polimórfica ou fibrilhação ventricular documentadas 2

Síncope inexplicada 1

Fibrilhação auricular 1

História familiar*

Parente em 1º ou 2º grau com alta probabilidade de SQTC 2 Parente em 1º ou 2º grau com morte súbita cardíaca com autópsia negativa 1

Síndrome de morte súbita infantil 1

Genótipo*

Genótipo positivo 2

Mutação de significado indeterminado num gene “culprit” 1 Pontuação: ≤2 pontos = baixa probabilidade de SQTC; 3 pontos = probabilidade intermédia de SQTC; ≥4 pontos = elevada probabilidade de SQTC.

*Tem que obter pelo menos 1 ponto nas características eletrocardiográficas para adicionar pontos de outras secções. ECG: deve ser obtido na ausência de modificadores conhecidos que encurtam o intervalo QT. Intervalo JT: deve ser medido na derivação precordial em que a amplitude da onda T seja maior. História clínica: os eventos devem ocorrer na ausência de etiologia identificável, incluindo doença cardíaca estrutural. Os pontos apenas podem ser recebidos por 1 episódio de paragem cardíaca, taquicardia ventricular polimórfica documentada ou síncope inexplicada. História familiar: os pontos apenas podem ser recebidos uma vez nesta secção.

Retirado e adaptado de Gollob, Redpath and Roberts16

Geneticamente estão descritos 6 subtipos da SQTC (Tabela 5). Na SQTC1, SQTC2 e SQTC3, as mutações condicionam ganho de função nas correntes de K+ e assim aumento do efluxo de potássio da célula, levando ao encurtamento do intervalo QT (Figura 2). Nas restantes 3 síndromes, as mutações condicionam perda de função dos canais de cálcio tipo-L e

(32)

27 consequentemente, a entrada de cálcio para a célula durante a fase 2 do PA está comprometida, levando ao encurtamento do intervalo QT16.

Tabela 5 – Subtipos da SQTC

Nome Gene Cromossoma Proteína Corrente

Ganho (+) /Perda de função (-) Bibliografia SQTC 1 KCNH2 7 Kv11.1 α IKr + Brugada et al62 SQTC 2 KCNQ1 11 KvLQT1 IKs + Bellocq et al63 SQTC 3 KCNJ2 17 Kir2.1 α IKI + Priori et al 64

SQTC 4 CACNA1C 12 CaV1.2α1 ICa,L - Antzelevitch

et al65 SQTC 5 CACNB2b 10 Cavβ2b ICa,L - Antzelevitch et al65

SQTC 6 CACNA2D1 7 Cavα2δ-1 ICa,L - Templin et

al66

ICa,L - correntes de Ca

2+

através de canais de tipo L (“long lasting, large conductance”) dependentes da voltagem; IKr- componente rapidamente ativado da corrente de K+ “delayed rectifier”; IKs- componente

lentamente ativado da corrente de K+ “delayed rectifier”; IKI - corrente de entrada de K+ retificadora.

A base molecular para a arritmogénese difere entre famílias com SQTC. O encurtamento preferencial do PA nas células epicárdicas ou endocárdicas, relativamente às células M sub-endocárdicas, leva à amplificação da dispersão transmural da repolarização (DTR), ondas T altas e positivas e diminuição do período refratário efetivo (PRE). Estas alterações facilitam o desenvolvimento de TVP67. O “gatilho”responsável por gerar o batimento prematuro que precipita a TVP no SQTC ainda não é conhecido, no entanto, sabe-se que a amplificação da DTR predispõe à reentrada na fase 2. Alternativamente, a re-excitação dos ventrículos pela rede de fibras de Purkinje pode iniciar a arritmia68.

Atualmente, não existem recomendações baseadas na evidência para o tratamento e controlo da SQTC. Este facto deve-se provavelmente ao reduzido número de pacientes identificados. A implantação de CDI é o tratamento de primeira escolha nos pacientes com

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28 SQTC. No entanto, as ondas T altas e apiculadas características desta síndrome podem ser interpretadas pelo CDI como um intervalo R-R curto, provocando um choque inapropriado69. Outro problema do implante de CDI é o facto de não ser viável em crianças muito jovens, que são um grupo de risco nesta síndrome70.

Figura 2 – Mecanismo celular do SQTC. Uma mutação provoca ganho de função do canal de potássio, levando a um aumento do efluxo de potássio e consequente aceleração da repolarização ventricular e encurtamento do potencial de ação. Mecanismos celulares adicionais, possivelmente devidos a canais não relacionados com o potássio, terão ainda que ser compreendidos. (Retirada e adaptada de Gollob et al16)

Quanto ao tratamento farmacológico, a hidroquinidina quando comparada com outros fármacos antiarrítmicos (flecainida, sotalol e ibutilide) é o que provoca um prolongamento do intervalo QT mais significativo. Este fármaco pode ser considerado um tratamento de segunda linha em pacientes que recusam a implantação de CDI ou que estão a receber choques frequentes do CDI. O tratamento farmacológico também representa uma alternativa viável em pacientes com idades muito jovens70.

(34)

29

Conclusão

O intervalo QT pode ser facilmente obtido num ECG de rotina e pode ser o primeiro sinal de uma síndrome de QT longo ou QT curto.

Estas duas síndromes são causas importantes de MSC. O fato da MSC ser muitas vezes a primeira manifestação da doença torna importante um elevado grau de suspeição para que seja possível fazer um diagnóstico e tratamento precoces. É muito importante que todos os médicos estejam alerta para este tipo de patologias, especialmente os médicos dos cuidados de saúde primários, que em muitos casos são o único contato dos pacientes com o sistema de saúde. Também o fato de conhecerem a família pode aumentar o grau de suspeita e permitir uma referenciação precoce para um especialista.

Os avanços recentes na tecnologia genética têm permitido a confirmação molecular destas doenças. Contudo é necessária mais investigação para descobrir novas mutações e perceber melhor a fisiopatologia destas síndromes.

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(39)

Anexos

(40)

A Revista Portuguesa de Cardiologia, órgão oficial da Sociedade Portuguesa de Cardiologia, é uma publicação científica internacional destinada ao estudo das doenças cardiovasculares.

Publica artigos em português na sua edição em papel e em portu-guês e inglês na sua edição online, sobre todas as áreas da Medicina Cardiovascular. Se os artigos são publicados apenas em inglês, esta versão surgirá simultaneamente em papel e online. Inclui regularmen-te artigos originais sobre investigação clínica ou básica, revisões regularmen- te-máticas, casos clínicos, imagens em cardiologia, comentários editoriais e cartas ao editor. Para consultar as edições online deverá aceder através do link www.revportcardiol.org.

Todos os artigos são avaliados antes de serem aceites para publi-cação por peritos designados pelos Editores (peer review). A sub-missão de um artigo à Revista Portuguesa de Cardiologia implica que este nunca tenha sido publicado e que não esteja a ser avaliado para publicação noutra revista.

Os trabalhos submetidos para publicação são propriedade da Re-vista Portuguesa de Cardiologia e a sua reprodução total ou parcial deverá ser convenientemente autorizada. Todos os autores deverão enviar a Declaração de Originalidade, conferindo esses direitos à RPC, na altura em que os artigos são aceites para publicação.

Envio de manuscritos

Os manuscritos para a Revista Portuguesa de Cardiologia são en-viados através do link http://www.ees.elsevier.com/repc. Para enviar um manuscrito, é apenas necessário aceder ao referido link e seguir todas as instruções que surgem.

Responsabilidades Éticas

Os autores dos artigos aceitam a responsabilidade definida pelo Comité Internacional dos Editores das Revistas Médicas (consultar www.icmje.org).

Os trabalhos submetidos para publicação na Revista Portuguesa de Cardiologia devem respeitar as recomendações internacionais sobre investigação clínica (Declaração de Helsínquia da Associação Médica Mundial, revista recentemente) e com animais de laboratório (So-ciedade Americana de Fisiologia). Os estudos aleatorizados deverão seguir as normas CONSORT.

Informação sobre autorizações

A publicação de fotografias ou de dados dos doentes não devem identificar os mesmos. Em todos os casos, os autores devem apre-sentar o consentimento escrito por parte do doente que autorize a sua publicação, reprodução e divulgação em papel e na Revista Portu-guesa de Cardiologia. Do mesmo modo os autores são responsáveis por obter as respectivas autorizações para reproduzir na Revista Portuguesa de Cardiologia todo o material (texto, tabelas ou figuras) previamente publicado. Estas autorizações devem ser solicitadas ao autor e à editora que publicou o referido material.

Conflito de interesses

Cada um dos autores deverá indicar no seu artigo se existe ou não qualquer tipo de Conflito de Interesses.

Declaração de originalidade

O autor deverá enviar uma declaração de originalidade. Ver anexo I

Protecção de dados

Os dados de carácter pessoal que se solicitam vão ser tratados num ficheiro automatizado da Sociedade Portuguesa de Cardiologia (SPC) com a finalidade de gerir a publicação do seu artigo na Revista Portugue-sa de Cardiologia (RPC). Salvo indique o contrário ao enviar o artigo, fica expressamente autorizado que os dados referentes ao seu nome, ape-lidos, local de trabalho e correio electrónico sejam publicados na RPC, bem como no portal da SPC (www.spc.pt) e no portal online www. revportcardiol.org, com o intuito de dar a conhecer a autoria do artigo e de possibilitar que os leitores possam comunicar com os autores.

INSTRUÇÕES AOS AUTORES

Todos os manuscritos deverão ser apresentados de acordo com as normas de publicação. Pressupõe-se que o primeiro autor é o repon-sável pelo cumprimento das normas e que os restantes autores conhe-cem, participam e estão de acordo com o conteúdo do manucrito.

NOTA IMPORTANTE! Para que se possa iniciar o processo de

avaliação, o documento com o corpo do artigo deverá incluir todos os elementos que fazem parte do artigo: Títulos em português e em inglês; autores; proveniência; palavras-chave e keywords; Resumos em português e em inglês; Corpo do artigo, incluindo as tabelas; bibliogra-fia; legendas das figuras e das tabelas.

1. Artigos Originais

Apresentação do documento:

Com espaço duplo, margens de 2,5 cm e páginas numeradas.

Não deverão exceder 5.000 palavras, contadas desde a primeira à

última página, excluindo as tabelas.

Consta de dois documentos: primeira página e manuscrito

O manuscrito deve seguir sempre a mesma ordem: a) resumo

estru-turado em português e palavras-chave; b) resumo estruestru-turado em inglês e palavras-chave; c) quadro de abreviaturas em português e em inglês; d) texto; e) bibliografia; f) legendas das figuras; g) tabelas (opcional) e h) figuras

(opcional)-Primeira página

Título completo (menos de 150 caracteres) em português e em inglês. Nome e apelido dos autores pela ordem seguinte: nome próprio, seguido do apelido (pode conter dois nomes)

Proveniência (Serviço, Instituição, cidade, país) e financiamento caso haja. Endereço completo do autor a quem deve ser dirigida a corres-pondência, fax e endereço electrónico.

Faz-se referência ao número total de palavras do manuscrito (ex-cluindo as tabelas).

Resumo estruturado

O resumo, com um máximo de 250 palavras, está dividido em qua-tro partes: a) Inqua-trodução e objectivos; b) Métodos; c) Resultados e

d) Conclusões.

Normas de publicação da Revista

Portuguesa de Cardiologia

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Figura  1  –  A  -  Método  “avoid-the-tail”:  o  final  da  onda  T  é  considerado  como  o  ponto  de  intersecção  da  linha  de  base  com  a  tangente  ao  declive  mais  acentuado  da  última  parte  da  onda  T;  B  –  SQTL  congénitas  e  alteraçõ
Tabela 3 - Critérios de diagnóstico de SQTL 1993 48
Tabela 5 – Subtipos da SQTC
Figura 2 –  Mecanismo celular do SQTC. Uma mutação provoca ganho de função do canal de  potássio,  levando  a  um  aumento  do  efluxo  de  potássio  e  consequente  aceleração  da  repolarização  ventricular  e  encurtamento  do  potencial  de  ação

Referências

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