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ANALISE DE COMPATIBILIDADE DA GEOMETRIA VIÁRIA URBANA PARA A CIRCULAÇÃO DE VEÍCULOS DO TIPO CEGONHEIRO O CASO DE FORTALEZA-CE

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Academic year: 2021

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ANALISE DE COMPATIBILIDADE DA GEOMETRIA

VIÁRIA URBANA PARA A CIRCULAÇÃO DE VEÍCULOS

DO TIPO CEGONHEIRO – O CASO DE FORTALEZA-CE

Waldemiro de Aquino Pereira Neto

Marcos José Timbó Lima Gomes

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ANALISE DE COMPATIBILIDADE DA GEOMETRIA VIÁRIA URBANA PARA A CIRCULAÇÃO DE VÉICULOS DO TIPO CEGONHEIRO – O CASO DE

FORTALEZA-CE

Waldemiro de Aquino Pereira Neto Marcos José Timbó Lima Gomes

Nadja Glheuca da Silva Dutra

Departamento de Engenharia de Transportes Universidade Federal do Ceará

RESUMO

Este trabalho apresenta os resultados de uma investigação técnica para avaliar as condições de geometria das vias para a circulação de veículos tipo semi-reboque utilizados para a entrega de veículos leves (tipo passeio) em concessionárias com uso de recursos de simulação com utilização do software AUTOTURN, sendo realizada uma aplicação na cidade de Fortaleza-CE. Os resultados da pesquisa indicaram rotas que apresentaram interseções com geometria incompatível para a circulação destes veículos, resultando em situações que prejudicam as condições de mobilidade.

1. INTRODUÇÃO

A deterioração das condições de mobilidade vivenciada nas cidades brasileiras nos últimos anos gerou a necessidade de se avaliar os sistemas de transporte utilizados no ambiente urbano, de forma a identificar os responsáveis por este cenário e adotar estratégias acertadas para o combate dos problemas atuais. Sem dúvida o crescimento expressivo do uso do automóvel, fomentado por um sistema de transporte público de baixa qualidade, e a intensa atividade de movimentação de carga tem importante responsabilidade neste contexto. Em se tratando deste último aspecto, nos últimos anos, tem-se verificado uma preocupação crescente com o transporte urbano de mercadoria (SANCHES JÚNIOR, 2008), sobretudo pelo seu alto impacto na ocupação viária, com reflexo nos altos índices de congestionamento e, com isso, na piora gradativa dos espaços da cidade e nas condições de mobilidade geral.

Várias são as medidas adotadas pelos órgãos gestores de trânsito visando mitigar os impactos da circulação de veículos de carga nas áreas urbanas brasileiras (DUTRA, 2004; OLIVEIRA, 2007). Estas ações envolvem a imposição de “janelas de tempo”, onde é autorizada a circulação de determinado padrão de veículo em horários de baixos volumes de tráfego, como também o estabelecimento de restrições ao padrão de veículo autorizado para o transporte das mercadorias, tomando com referência seu peso ou dimensões máximas. Entretanto, algumas destas medidas dificultam sobremaneira o transporte de determinados tipos de carga, pois algumas vezes as características da mercadoria a ser transportada exige a utilização de veículos de maior porte. Um destes exemplos é o transportes de veículos para as concessionárias, realizado através do uso de caminhões do tipo semi-reboque, popularmente conhecidos como cegonheiros. A presença destes veículos cidades brasileiras é cada vez mais crescente, como um reflexo do próprio crescimento da venda de automóveis. Segundo dados da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores - ANFAVEA apenas no ano de 2013 foram licenciados 2,57 milhões de automóveis, entre veículos nacionais e importados (ANFAVEA, 2013).

O objetivo deste trabalho é analisar as condições de circulação de veículos cegonheiros que fazem a entrega de veículos em concessionárias em uma área urbana, através da utilização de recursos de simulação, sendo realizado um estudo de caso na cidade de Fortaleza-CE.

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2. MÉTODO

Para a análise proposta neste trabalho foi utilizada como ferramenta o software AUTOTURN (TRANSOFT SOLUTIONS, 2008) que permite verificar o comportamento de veículos ao executar manobras como conversões e retornos. O espaço ocupado pelos caminhões nestas manobras, denominado de “varredura do veículo”, é função principal de sua largura e das distâncias existentes entre seus pontos notáveis, mais precisamente as distâncias compreendidas entre os eixos do veículo e balanços (distância compreendida entre as extremidades do veículo e os eixos mais próximos). Quando esta varredura ultrapassa a área disponível nas faixas de tráfego, alguns problemas são verificados, como a invasão de faixas adjacentes e, ainda, a ocorrência de veículos avançando a área de calçadas ou canteiros centrais das interseções, que, além de representar um sério risco para a segurança dos pedestres, causam danos à infraestrutura de meios-fios, exigindo um reparo constante. A Figura 1 ilustra a configuração do veículo utilizado nas simulações e corresponde o padrão de veículo utilizado no Brasil para o transporte de veículos. Apesar de este veículo possuir um menor comprimento total, de 22,4 m, quando comparado as dimensões limite regulamentadas pelas resoluções do Conselho Nacional de Trânsito (BRASIL, 2006), que chegam a 30 metros de comprimento total, o veículo cegonheiro apresenta como particularidade uma menor quantidade de articulações, aspecto que é exigido para permitir acomodar os veículos que serão transportados. Esta característica do veículo resulta numa distância entre eixos bastante elevada, da ordem de 14m, que gera a maior varredura durante uma manobra de conversão dentre todos os veículos comerciais em circulação no Brasil.

Figura 1: Veículo Cegonheiro – caminhão semi-reboque utilizado para a entrega de veículos em concessionárias com extensão total de 22,40 m – dimensões utilizadas na simulação. Para a definição do sistema viário a ser considerado na circulação deste veículo foi realizado um levantamento da localização das concessionárias existentes na cidade e em seguida identificadas as rotas de circulação para o acesso a estes equipamentos. Observou-se que como a maioria das fábricas montadoras de veículos localizam-se nas regiões Sudeste/Sul do país e o transporte dos veículos novos até as concessionárias de Fortaleza tem como via de acesso a Rodovia BR-116, foi possível identificar 5 rotas que atendem a 17 concessionária de veículos, dentro dos bairros com maior saturação espacial e grande nível de atividade econômica (Aldeota, Papicu, Joaquim Távora e Praia de Iracema). As características geométricas das vias que compõe estas rotas foram obtidas a partir da base cadastral de vias do município, sendo esta base utilizada para a realização de simulação no software Autoturn,

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permitindo avaliar a compatibilidade na circulação do veículo caminhão cegonheiro nestas vias. A Figura 2 mostra as rotas investigadas, cujos resultados são apresentados a seguir.

Figura 2: Rotas Estudadas Utilizando o Veículo Caminhão Cegonheiro

3. RESULTADOS E CONCLUSÕES

Para a análise proposta, quando considerado o comportamento dos veículos ao realizarem manobras nas rotas avaliadas, foram consideras as seguintes situações:

• Situação “A” – Compatibilidade Plena, onde o veículo desenvolve manobra de conversão no cruzamento utilizando apenas a faixa de tráfego destinada a sua circulação. Esta corresponde à situação de compatibilidade plena, em que o veículo não causa interferências nas faixas de tráfego adjacentes.

• Situação “B” – Compatibilidade Parcial, onde o veículo desenvolve manobra de conversão no cruzamento utilizando parte da faixa de tráfego adjacente (faixa de tráfego com o mesmo sentido de circulação). Tal situação foi considerada compatível com ressalvas (compatibilidade parcial), uma vez que a ocupação da faixa de tráfego adjacente pelo veículo, além de provocar uma redução na capacidade de tráfego da via, exige maior atenção dos motoristas para evitar a ocorrência de colisão lateral. • Situação “C” – Incompatibilidade, onde o veículo desenvolve manobra de conversão

no cruzamento invadindo espaço da via destinado ao estacionamento de veículos na via. Este cenário denota uma situação de incompatibilidade, uma vez que exige a desocupação de área destinada a veículos estacionados na via para permitir a conclusão da manobra desenvolvida pelo caminhão.

• Situação “D” – Incompatibilidade, onde o veículo desenvolve manobra de conversão no cruzamento invadindo calçada ou canteiro central da via. Neste caso, é verificada a situação de incompatibilidade mais acentuada, em que a geometria da interseção, mesmo considerando a totalidade da caixa da via para a realização da manobra, é insuficiente para acolher a varredura do veículo.

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Após simulações realizadas com o software AutoTurn, os pontos críticos foram verificados, gerando os resultados apresentados na Tabela 1:

Tabela 1: Resultados da simulação realizadas no software AutoTurn.

Origem da rota N° da Rota Destino da rota (Via) Conversões Total de Total de Manobras Incompatíveis Observada Situação

BR-116 (Rotatória Av. Aguanambi) 1 Heráclito Graça 1 1 D 2 Virgílio Távora 2 1 A e B 3 Santos Dumont 3 1 A, B e D 4 Pontes Vieira 1 1 C 5 Pessoa Anta 2 0 B

Das cinco rotas investigadas, constatou-se que duas tem inviabilidade de realização conversões. Trata-se da única conversão presente na rota 1 (Dom Manuel x Heráclito Graça – conversão à direita) e a última conversão realizada na rota 3 (Barão de Studart x Santos Dumont – conversão à direita). Em ambos os casos, a varredura do veículo é superior a 8,5m, invadindo gravemente a calçada e as faixas adjacentes. Essa invasão de calçadas não poderia ocorrer nessas regiões por nelas existem postes e hastes de sustentação de semáforos que constituem em impedimentos físicos à realização da conversão. Desta forma a manobra de veículos nestas vias exige a realização de movimentos complexos, com uso de manobras em marcha ré para ajustar a trajetória do veículo, comprometendo as condições de fluidez da interseção.

As rotas 2 e 5 apresentaram situações consideradas menos críticas (situação A e/ou B) sem comprometer muito a fluidez, enquanto na rota 4 o veículo apresenta dificuldades em realizar a manobra à direita no cruzamento das avenidas Visconde do Rio Branco x Pontes Vieira, sendo necessário a adoção de melhorias na geometria da via para reduzir o impacto negativo na segurança e fluidez do tráfego.

Os resultados das simulações apontaram para a importância de se avaliar criteriosamente a localização de equipamentos como concessionárias de veículos antes de se autorizar sua instalação, uma vez que as mesmas irão exigir a operação de veículos complexos para acessar o local. Neste aspecto a legislação municipal é bastante falha em algumas cidades brasileiras, realidade observada na cidade de Fortaleza (PMF, 2004), que condiciona a instalação deste tipo de equipamento apenas à classificação da via que dá acesso final ao empreendimento.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ANFAVEA (2013) Séries Temporais – Automóveis. Disponível em http://www.anfavea.com.br/tabelas.html, Acesso em: 20 de abril de 2014.

BRASIL (2006) Conselho Nacional de Trânsito. Estabelece os limites de peso e dimensões para veículos que transitem por vias terrestres e dá outras providências. Resolução n0210, 13 de novembro de 2006, Brasília DUTRA, N. G. S (2004). O Enfoque de “City Logistics” na Distribuição Urbana de Encomendas. Tese de

doutorado. Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção-UFSC, Florianópolis-SC.

OLIVEIRA, L. K. (2007) Modelagem para avaliar a viabilidade de implantação de um sistema de distribuição de pequenas encomendas dentro dos conceitos de city logistics. Tese de doutorado. Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção-UFSC, Florianópolis SC.

PMF (2004). Plano Diretor de Desenvolvimento Urbano Ambiental – PDDUA (projeto de lei). Fortaleza: mimeo, 2004.

SANCHES JÚNIOR, P. F. (2008). A Logística de Carga Urbana: uma análise da realidade brasileira. Tese de doutorado. Programa de Pós-Graduação em Engenharia Civil -UNICAMP, Campinas - SP.

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