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UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO ESCOLA DE ENGENHARIA DE SÃO CARLOS CAROLINE DUARTE

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Academic year: 2021

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UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO ESCOLA DE ENGENHARIA DE SÃO CARLOS

CAROLINE DUARTE

A importância das instituições financeiras para o financiamento de energias renováveis e desenvolvimento sustentável

São Carlos 2020

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CAROLINE DUARTE

A IMPORTÂNCIA DAS INSTITUIÇÕES FINANCEIRAS PARA O FINANCIAMENTO DE ENERGIAS RENOVÁVEIS E DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL

Monografia apresentada à Escola de Engenharia de São Carlos, da Universidade de São Paulo, como requisito para obtenção da carga horária da disciplina Trabalho de Graduação

Linha de Pesquisa: Energias Renováveis

Orientador: Prof. Dr. Aldo Roberto Ometto

São Carlos 2020

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AGRADECIMENTOS

Dedico este trabalho, que simboliza também o fechamento de um ciclo para mim, primeiramente a Deus, presente na minha vida e com certeza me dando forças nesse processo.

Aos meus pais, por todo o apoio incondicional aos estudos desde meus primeiros anos de vida, por todo o sacrifício que fizeram para que eu pudesse estudar e ter melhores condições de vida.

À Universidade de São Paulo por me formar uma cidadã melhor, por todas as oportunidades de aprendizado e desenvolvimento nestes anos.

A todos os meus professores do curso de Engenharia Ambiental, que se esforçam dia após dia como profissionais para formar novos profissionais, em especial o professor Aldo Ometto, meu orientador neste trabalho.

Aos colegas e amigos que eu fiz nessa jornada, que me ajudaram não só nos estudos, mas também estiveram e proporcionaram diversas experiências especiais na minha e que eu levo com grande carinho e gratidão por toda a minha vida.

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Não podemos prever o futuro, mas podemos criá-lo.

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RESUMO

Os avanços tecnológicos possibilitaram a criação e popularização de diversos bens de consumo na sociedade moderna, a atividade industrial e funcionamento de atividades produtivas, demandam uma grande e crescente utilização de energia elétrica. Neste cenário, busca-se vencer o desafio do aumento de demanda sustentável, através de fontes mais limpas de energia. A relevância do tema justifica sua escolha para este trabalho, e o objetivo deste trabalho é analisar o cenário de energias renováveis no Brasil, as questões que permeiam e influenciam neste mercado e explicitar o papel que as instituições financeiras têm neste cenário.

Para isto, percorreu-se aspectos do setor energético, ambiente regulatório, agentes para financiamento, fatores de impulsionamento do setor de energias renováveis e os principais atores do mercado. Ainda, levantou-se as principais linhas de financiamento que abrangem o setor de energias renováveis, planos governamentais para incentivos no setor, produtos financeiros passíveis deste tipo de financiamento e demais instrumentos de qualificação de sustentabilidade corporativa e suas aplicações nos investimentos.

Palavras-chave: energias renováveis, instituições financeiras, sustentabilidade, financiamento.

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ABSTRACT

Technological advances have enabled the creation and popularization of various consumer goods in modern society, industrial activity and the operation of productive activities, demand a large and growing use of electric energy. In this scenario, we seek to overcome the challenge of increasing sustainable demand, through cleaner sources of energy.

The relevance of the theme justifies the choice for this work, and the objective is to analyze the renewable energy scenario in Brazil, the issues that permeate and influence this market and explain the role that financial institutions have in this scenario.

For this, aspects of the energy sector, regulatory environment, agents for financing, driving factors in the renewable energy sector and the main market players were covered. In addition, the main lines of financing that covered the renewable energy sector, government plans for incentives in the sector, financial products subject to this type of financing and other instruments for qualifying corporate sustainability and their investments in investments were raised.

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LISTA DE SIGLAS E ABREVIATURAS

ANEEL: Agência Nacional de Energia Elétrica BNB: Banco Nacional

BNDES: Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social BRDE: Banco Regional de Desenvolvimento do Extremo Sul CGH: Central Geradora Hidrelétrica

CONAMA: Conselho Nacional de Meio Ambiente EPE: Empresa de Pesquisa Energética

ESG: Environmental, Social and Corporate Governance ETF: Exchange Traded Fund

FAT: Fundo de Amparo ao Trabalhador

FCO: Fundo Constitucional de Financiamento do Centro Oeste FINAME: Financiamento de Máquinas e Equipamentos

FINEM: Financiamento a Empreendimentos

FNE: Fundo Constitucional de Financiamento do Nordeste GEE: Gases de Efeito Estufa

GBP: Green Bonds Principles IBr-X-50: Índice Brasil 50

IBGE: Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística ICMA: International Market Association

ICO2: Índice de Carbono Eficiente ICT: Instituição Científica Tecnológica ISE: Índice de Sustentabilidade Empresarial ODS: Objetivos de Desenvolvimento Sustentável ONS: Operador Nacional do Sistema Elétrico ONU: Organização das Nações Unidas PCH: Pequena Central Hidrelétrica

PROGER: Programa de Geração de Emprego e Renda

PRONAF: Programa de Fortalecimento da Agricultura Familiar SIN: Sistema Interligado Nacional

SIPOT: Sistema de Informações do Potencial Hidrelétrico Brasileiro SUDECO: Superintendência de Desenvolvimento do Centro Oeste

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TBL: Triple Bottom Line UHE: Usina Hidrelétrica

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1: Consumo de Energia no Brasil por setor, no ano de 2019………19 Tabela 2: Consumo no Mercado Livre de Energia por Setor………....25 Tabela 3: 10 Maiores Agentes de Geração de Energia por Biomassa no Brasil………...29

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LISTA DE QUADROS

Quadro 1: Consumo Industrial e Comercial por Gênero ………...20

Quadro 2: Capacidade Instalada - Micro e Minigeração Distribuídas (MW) ………...23

Quadro 3: Potencial Hidrelétrico Brasileiro por Estágios por Regiões ………...…...28

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1: Mapa Dinâmico do SIN……….….21

Figura 2: Mapa dos Sistemas Isolados………...21

Figura 3: Potencial Eólico Estimado para Vento Médio Anual igual ou Superior a 7 m/s…...32

Figura 4: Potencial de Energia Solar Fotovoltaica no Brasil………..…33

Figura 5: Triple Bottom Line………..37

Figura 6: Objetivos de Desenvolvimento Sustentável - ONU………....40

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LISTA DE GRÁFICOS

Gráfico 1: Evolução da População Brasileira de 1872 a 2010………..………..17 Gráfico 2: Participação de Cada Fonte de Energia na Geração Distribuída em 2019 .…....…....22 Gráfico 3: Representatividade das Fontes de Energia na Matriz Energética Brasileira …...27

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SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO ……….………...15

1.1. OBJETIVOS……….16

1.2. METODOLOGIA……….16

2. REFERENCIAL TEÓRICO……….….17

2.1. FATORES PARA AUMENTO DA DEMANDA ENERGÉTICA ..….……...17

2.1.1. Crescimento populacional……….17

2.1.2. Crescimento econômico e tecnológico………..18

2.2. O SETOR ELÉTRICO BRASILEIRO………..20

2.2.1. Geração, distribuição e transmissão de energia………...20

2.2.2. Geração distribuída ...22

2.2.3. Mercado livre de energia……….…..24

2.2.4. Energias renováveis……….…..26 2.2.4.1. Energia hídrica……….….27 2.2.4.2. Energia da Biomassa...29 2.2.4.3. Energia eólica………....30 2.2.4.4. Energia Solar ………32 2.3. PROGRAMAS GOVERNAMENTAIS………....34

2.3.1. Programa Fundo Clima………..34

2.3.2. Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (PRONAF)...35

2.3.3. BNDES FINAME………..35

2.3.4. Fundo Constitucional (FNE)...35

2.3.5. Plano Inova Empresa……….………....36

3. INSTITUIÇÕES FINANCEIRAS E A SUSTENTABILIDADE CORPORATIVA ....36

3.1. PROTOCOLOS E TRATADOS ………..……….38

3.1.1. Protocolo Verde ..……….……….38

3.1.2. Princípios de Responsabilidade Bancária………...……….39

3.2. Governança Corporativa Sustentável………....40

3.3. FONTES DE FINANCIAMENTO………...41

3.3.1. Títulos de Renda Fixa ...……….……...41

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3.3.1.2. Debêntures Incentivadas ...………...42

3.3.2. Linhas de financiamento ...………...43

3.4. CASOS DE FINANCIAMENTO……….46

3.4.1. Complexo Solar de Pirapora - MG………...46

3.4.2. Grupo Atlantic………..46

4. CONSIDERAÇÕES FINAIS………...47

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15 1 - INTRODUÇÃO

O tema da sustentabilidade vem desde muito tempo permeando debates e planos econômicos, com pautas e metas em fóruns específicos, reunindo muitos países, incluindo os maiores líderes econômicos do mundo. A redução de emissão gases de efeito estufa está sempre presente nos debates por conta de seus efeitos nocivos ao planeta e à saúde das pessoas. Em se tratando de geração de energia mais limpa, o desafio atualmente é obter energia de formas menos agressivas ao meio ambiente com eficiência, de maneira que atenda à crescente demanda da sociedade moderna. Como observa Saes (2012, pg. 3), as máquinas à vapor, resultantes da Primeira Revolução Industrial, e a “profunda difusão da energia elétrica nas décadas de 1910 e 1920, reforçariam as vias para a consolidação da grande indústria no Brasil no início do século XX”. Então, especialmente a energia elétrica se tornou a força propulsora da atividade industrial e ganho de escala produtiva que possibilitaram a otimização da produção e maior acessibilidade e popularização de diversos produtos para a população em geral.

Em nível global, as fontes para a produção de energia ainda são predominantemente por combustíveis fósseis, como o petróleo e carvão, porém esta participação vem diminuindo com os anos, ao passo que fontes mais limpas vêm alcançando maior relevância na produção mundial (EPE, 2020). Além do ônus ambiental para o planeta dado que o processo de produção de energia por essas fontes é extremamente poluente, liberando gases de efeito estufa, os GEE, também causam problemas de saúde, em especial problemas respiratórios. Além disso, a dependência dessas fontes não renováveis coloca os países em geral expostos à crises internacionais, como ocorreu na crise do petróleo de 1979, quando por questões políticas, houve um aumento forte no preço do barril de petróleo, causando uma grande crise oferta do insumo. “De 1979 a 1981, houve uma aceleração abrupta provocada pela Revolução Iraniana seguida da Guerra Irã-Iraque (PEDROSA e CORRÊA, 2016,pg.8).

No Brasil este cenário é diferente, pois embora o petróleo tenha uma importância bastante relevante para outros tipos de produtos importantes em vários setores da economia, energeticamente, grande parte da energia gerada provém de usinas hidrelétricas (EPE, 2020). Embora não haja emissão de GEE para geração da energia, a construção de grandes usinas costumam envolver a desocupação e desmatamento de grandes áreas, mobilização de famílias existentes na região e destruição do habitat natural de diversas espécies de animais, trazendo portanto consequências sociais e ecológicas. Além disso, embora sejam previstas reservas para períodos de seca, o regime de chuvas é fundamental para este tipo de geração, havendo, portanto, uma desvantagem operacional em possuir uma matriz energética tão pautada em

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16 disponibilidade natural variável. É de suma importância a diversificação energética, e há diversas fontes renováveis que vêm crescendo a participação no cenário nacional.

As instituições financeiras possuem grande importância neste contexto à medida que possuem instrumentos que possibilitam o financiamento de projetos de implantação e desenvolvimento de energias renováveis, por meio de produtos que permitem às empresas realizarem o levantamento de recursos para seus projetos, sendo via de acesso a linhas de financiamento específicas de programas governamentais, ou mesmo com linhas próprias. Dentro do eixo da sustentabilidade geral das empresas, os bancos possuem uma forte influência nas políticas e práticas adotadas internamente nas empresas, uma vez que podem adotar tais critérios como condicionantes para concessão de crédito que são cruciais para os investimentos delas.

1.1 – OBJETIVOS

A partir da análise do setor energético brasileiro, do ambiente regulatório, as políticas de sustentabilidade adotadas pelas instituições financeiras e maneiras de promover o financiamento das energias renováveis no Brasil, este trabalho tem por objetivo demonstrar a importância do setor de bancos no financiamento de energias renováveis, sob a ótica de seus produtos, instrumentos chave neste processo, trazendo um levantamento das principais linhas de financiamentos voltadas ou que abrangem a temática, e outros produtos que possibilitem o financiamento de energias renováveis no Brasil.

1.2 - METODOLOGIA

Para desenvolvimento deste trabalho foi realizada a pesquisa bibliográfica como fonte de dados, por questões de acessibilidade das informações, uma vez que estão em formato digital. Procurou-se por aspectos que justifiquem o aumento crescente da demanda, informações sobre o setor de energia no Brasil, fontes de energia e aspectos regulatórios para embasamento e contextualização do setor. Para embasamento da sustentabilidade nas empresas, este trabalho também traz alguns acordos, princípios que servem como diretrizes para atuação de bancos para fomentar a sustentabilidade nas empresas às quais concedem crédito. Por se tratar de um tema que envolve instituições específicas, como órgãos regulatórios, instituições financeiras, dados

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17 estatísticos com informações específicas, o trabalho se baseou principalmente em artigos e publicações disponíveis na internet nos sites oficiais dos respectivos, podendo-se destacar pela relevância e recorrência no trabalho, publicações disponíveis nos sites da ANEEL e EPE, muito utilizados na construção teórica acerca do setor de energia no Brasil e no mundo, o panorama das energias renováveis e demais aspectos apresentados, possibilitando análises de representatividade de cada fonte de energia, setores de maior consumo, dentre outras. No setor financeiro realizou-se uma profunda imersão em diversas bibliografias, para dar corpo à temática, políticas e diretrizes adotadas por bancos para incentivar a sustentabilidade, para finalmente poder adentrar em seus produtos de financiamento, como os sites da International

Capital Market Association (ICMA), para embasamento do segmento das green bonds, sites do BNDES e Banco do Brasil, que trazem não só informações à respeito das linhas de financiamento apresentadas, mas também programas governamentais pertinentes.

2 - REFERENCIAL TEÓRICO

2.1 - FATORES PARA AUMENTO DA DEMANDA ENERGÉTICA

2.1.1 - Crescimento populacional

A demanda energética depende de inúmeros fatores, em especial o grau de industrialização de uma região ou país, padrões de consumo em geral e de produtos que consomem energia em seu uso, e população total. Comparando dois países hipotéticos com nível de desenvolvimento e padrões de consumo próximos, o mais populoso provavelmente terá um maior consumo de energia em números absolutos. Partindo disto, pode-se inferir que o crescimento populacional resulte também em maior necessidade energética para suprir as necessidades de cada indivíduo. Embora seja um fator variável em diferentes partes do planeta, com taxas negativas em alguns países, a população mundial de forma geral cresce todos os anos. A população brasileira em 1872 era de 9.930.478 habitantes, em 2010 era de 190.755.799 habitantes (Censo IBGE) e em 2020, segundo projeções diárias do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, a população no Brasil atualmente corresponde a aproximadamente 212.016.594 habitantes.

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18 Gráfico 1: Evolução da população brasileira de 1872 a 2010

Fonte: Censo demográfico IBGE 2010

Segundo estudo do IBGE, embora haja uma diminuição da taxa de natalidade, impulsionada pelo aumento das mulheres no mercado de trabalho e popularização de métodos contraceptivos, o aumento da expectativa de vida e a queda da mortalidade infantil fazem com que a população no Brasil continue crescendo. Os avanços na medicina e políticas de saúde pública tiveram importantes reflexos no avanço populacional, como o desenvolvimento de antibióticos que combatem doenças infecciosas e que em outros períodos tinham um impacto nas taxas de mortalidade muito mais significativo que os dias atuais.

2.1.2 - Desenvolvimento Econômico e Tecnológico

A energia elétrica está intimamente ligada ao desenvolvimento tecnológico e econômico. Ela está presente no funcionamento das indústrias, a produção de bens de consumo, o comércio, em resumo, grande parte das atividades econômicas nos dias atuais. O conforto pessoal e facilidades domésticas por meio de equipamentos eletrodomésticos e eletroeletrônicos dependem também de energia tanto na produção quanto no uso.

A atividade econômica é de fundamental importância para a sociedade, uma vez que gera emprego e renda, poder de consumo, alimentando a economia de forma sistemática. Na tabela abaixo, é possível identificar o consumo e participação no consumo energético no Brasil, divididos por setores. O setor industrial é o setor da sociedade brasileira que mais demanda energia para sua operação, seguido do residencial e comercial, respectivamente. Isto alimenta

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19 a tese da importância que a geração de energia e disponibilidade energética possui para o desenvolvimento econômico do país.

Tabela 1: Consumo de energia no Brasil por setor, no ano de 2019 Setor Consumo (kWh) Part. (%)

Residencial 142.781 29,6 Industrial 167.684 34,8 Comércio 92.075 19,1 Rural 28.870 6 Poder Público 15.752 3,3 Iluminação Pública 15.850 3,3 Serviço Público 15.958 3,3 Consumo próprio 3.257 0,7 Brasil 482.226 100

Fonte: Anuário Estatístico de Energia Elétrica, 2020 (EPE, 2020). Adaptado.

Na tabela 1, temos os dez gêneros de maior demanda para o setor industrial e comercial, o primeiro e o terceiro, respectivamente, em representatividade no consumo energético no país. O Anuário estatístico de energia elétrica, produzido pela Empresa de Pesquisa Energética (EPE), mostra quais atividades dentro do setor industrial brasileiro possuem maior consumo de energia, se relacionando muito com as principais atividades econômicas no país, dentro de atividades industriais, bem como o setor comercial, responsável por comércio e serviços.

Já no quadro 1, tem-se os dez maiores consumidores dentro do setor industrial, com destaque para as indústrias de metalurgia, de produtos alimentícios e de químicos, e no setor comercial, com destaque para o comércio varejista, que consome quase um terço do setor.

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Quadro 1: Consumo industrial e comercial por gênero

Fonte: Anuário estatístico de energia elétrica 2020 (EPE, 2020) 2.2 - O SETOR ELÉTRICO BRASILEIRO

2.2.1 - Geração, distribuição e transmissão de energia

O sistema elétrico brasileiro é composto por empresas geradoras, empresas transmissoras, distribuidoras de energia, representando o ciclo da energia desde sua geração até o consumidor final.

As empresas geradoras são as que geram de fato grande parte da energia consumida no país, sendo 62,4% desta, proveniente de fontes hídricas (ANEEL, 2020), como grandes usinas e pequenas centrais hidrelétricas. Além desta, se destaca também a geração por fonte eólica, biomassa e gás natural.

As empresas transmissoras de energia são responsáveis por transmitir a energia gerada em cada unidade para as linhas de transmissão. Para garantir um melhor aproveitamento e segurança energética, existe o Sistema Interligado Nacional (SIN), que pode ser definido como um “conjunto de instalações e de equipamentos que possibilitam o suprimento de energia elétrica nas regiões do país interligadas eletricamente” (ANEEL), onde um sistema que interliga as linhas de transmissão é responsável por realizar o abastecimento energético em grande parte do território nacional. O SIN permite que haja uma distribuição equilibrada da energia gerada

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21 em diversas regiões do país, fazendo com que uma mesma unidade possa abastecer diversas regiões que estejam interligadas pelo sistema, aumentando a segurança energética.

Figura 1: Mapa dinâmico do SIN

Fonte: ONS - Operador Nacional do Sistema Elétrico

Nem toda energia gerada é transmitida pelo SIN. Observando o mapa na figura acima, percebe-se que o mesmo não abrange efetivamente todas as regiões do país. A transmissão de energia em determinadas regiões é feita pelos Sistemas Isolados, localizados em alguns estados do norte do país que por condições geográficas não permitem interligação ao SIN, como pode ser observado na figura abaixo.

Figura 2: Mapa dos Sistemas Isolados

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22 Por fim,as empresas de distribuição de energia são o último elo entre as unidades de geração e os consumidores. Mais próximo do cotidiano das pessoas, a rede de distribuição de energia é responsável por trazer a energia das transmissoras, que vêm em alta tensão a fim de evitar a perda de energia, até o consumidor final, transformando a energia de alta tensão em uma voltagem mais baixa e adequada para os usos residencial e comercial.

2.2.2 - Geração distribuída

Nem toda geração necessariamente passa por linhas de transmissão. A Resolução Normativa nº482 da ANEEL, estabelece que quando a energia é gerada no local ou próximo do local de consumo, a mesma pertence à geração distribuída de energia. A mini e microgeração de energia pode ser entendida como “produção de energia elétrica a partir de pequenas centrais geradoras que utilizam fontes renováveis de energia elétrica ou cogeração qualificada, conectadas à rede de distribuição por meio de instalações de unidades consumidoras” (ANEEL).

A geração distribuída vem aumentando sua participação no setor, impulsionada por empresas e indústrias, que enxergam a oportunidade de obter ganhos financeiros no longo prazo, com a economia da contratação de energia e pelo apelo ambiental em se investir em fontes alternativas. No ambiente doméstico, a geração distribuída também encontra um crescente mercado, sendo a energia solar fotovoltaica a mais comum para este segmento, já que pode ser instalada nos telhados das casas, a depender de condições físicas de cada local.

Gráfico 2: Participação de cada fonte de energia na geração distribuída em 2019

Fonte: Balanço Energético Nacional 2020

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23 Conforme o gráfico 2, observa-se que a energia solar é a maior representante da geração distribuída no Brasil, fator que está associado à maior facilidade de geração individual, por fatores técnicos, é também para muitas empresas, pois havendo a possibilidade de se utilizar os telhados, não há necessidade de despender maiores porções de terreno na sua implantação. A geração hídrica, segunda maior fonte de mini e microgeração distribuída, já necessita de fatores geográficos e hidrológicos para a implantação das pequenas centrais hidrelétricas, então encontra um ambiente propício em diversas regiões do país, e, portanto, é mais comum em áreas mais afastadas dos centros urbanos, em especial para suprir demanda em negócios rurais.

Quadro 2: Capacidade Instalada – Micro e Minigeração Distribuídas (MW)

Fonte: Balanço Energético Nacional 2020

Acima, nota-se o avanço da geração distribuída no Brasil entre os anos de 2018 e 2019. Em apenas um ano, a capacidade instalada disponível aumentou 222,9%, puxado principalmente pelo crescimento da fonte solar, 254,4%.

A Resolução Normativa ANEEL nº 482/2012 determina que o consumidor pode gerar sua própria energia elétrica a partir de fontes renováveis ou cogeração qualificada, injetando a energia produzida na rede de distribuição, havendo excedente, o mesmo pode servir como uma espécie de “bônus energético” (não convertido em dinheiro) para que a energia excedente possa ser consumida em até 60 meses do faturamento da conta de energia. Este sistema chama-se Sistema de Compensação de Energia Elétrica. Dentre os benefícios da microgeração (potência instalada de até 75kW) e minigeração (potência instalada acima de 75 kW e menor ou igual a 3 MW para a fonte hídrica, ou 5 MW para as demais fontes) para o setor elétrico incluem adiamento de investimentos nos sistemas de transmissão e distribuição, minimização das perdas e a diversificação da matriz energética (ANEEL). Além da autogeração na própria unidade, domicílio ou empresa, é possível outras modalidades de autogeração. Pode-se utilizar a geração injetada na rede para servir de créditos em outro local, desde que seja de mesmo titular e esteja na mesma área de atendimento da mesma distribuidora de energia, sendo este tipo de utilização de créditos chamada de “autoconsumo remoto”. Há também a possibilidade de se instalar a geração distribuída em condomínios, repartindo a energia gerada entre os condôminos. Outra

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24 configuração se trata da “geração compartilhada”, onde um grupo de interessados se unem em cooperativa ou consórcio para gerar energia e utilizar a remanescente para redução das faturas dos consorciados ou cooperados.

A autogeração é importante principalmente para fontes intermitentes, como a energia solar fotovoltaica que tem seu potencial de geração condicionado à incidência de raios solares. A energia gerada durante o dia pode ser injetada na rede, e à noite a unidade pode ser abastecida pela energia da distribuidora, compensando o excedente da energia gerada e injetada na rede durante o dia, fazendo com que a rede funcione como uma espécie de bateria para a energia gerada. Para consumidores de baixa tensão, deve-se arcar com o custo de disponibilidade da energia, que se refere aos custos de infraestrutura necessários para ter se a opção de utilizar energia da concessionária local. Já para os consumidores conectados em alta tensão, se a energia injetada for maior ou igual ao consumo, a fatura pode ser zerada. Os demais impostos previstos seguem as cobranças normalmente, a depender da regulação da região (ANEEL).

2.2.3 - Mercado livre de energia

A energia que atende a população de forma geral no Brasil é contratada por meio Ambiente de Contratação Regulada (ACR), das concessionárias de energia que atende determinada região. Este mercado é dito como cativo. Outra forma de contratação é pelo Ambiente de Contratação Livre (ACL), este segundo, constitui o mercado livre de energia, onde a energia é contratada nas quantidades determinadas, respeitando a carga mínima, pelo preço acordado entre comprador e consumidor, ao contrário da contratação regulada que é determinado em leilões de energia, segundo informações da Câmara Comercializadora de Energia (CCEE).

Existe dentro do setor de compra de energia atualmente, a opção de consumidores de cargas a partir de 500 KW, comprar energia diretamente com agentes geradores e comercializadores no mercado livre de energia, tendo como benefícios:

● Redução de custos: menos agentes no processo de compra de energia pode diminuir os custos de aquisição, além de não possuir neste caso, bandeiras tarifárias;

● Escolha do fornecedor: é possível escolher a fonte da energia contratada, inclusive de energia de fontes renováveis;

● Previsibilidade orçamentária: o valor e a quantidade são estipulados na compra, possibilitando prever o orçamento necessário para energia.

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25 De fato, este mercado se apresenta como um impulsionador para o avanço de energias renováveis de diversos tipos no Brasil. A energia contratada no Mercado Livre pode ser convencional, quando provém de fontes mais consolidadas e/ou não limpas, como de grandes hidrelétricas, usinas térmicas a gás, ou incentivada, quando provém de fontes renováveis. Visando estimular a expansão de energias renováveis, o governo prevê por meio da Resolução Normativa nº 247, incentivos para baratear estes tipos de fonte e torná-las mais competitivas no mercado, como PCH’s, biomassa, eólica e solar. Desta forma, o comprador recebe descontos de 50 a 100% na tarifa de uso do sistema de distribuição.

Dentro do mercado livre de energia, há dois tipos de consumidores, a depender da carga e fonte utilizada, o Consumidor Livre e o Consumidor Especial. O Consumidor Livre pode contratar a fonte de energia e a quantidade que desejar, desde que respeitado o valor mínimo de contratação pelo mercado livre. Através da Portaria nº 514, de 27 de dezembro de 2018, visando regulamentar o disposto no artigo 15, § 3º, da Lei nº 9.074, de 7 de julho de 1995, a fim de diminuir os limites de carga para contratação de energia elétrica por parte dos consumidores, o setor determina uma diminuição gradual da carga mínima contratada. Em 2020, o mínimo de carga contratada é de 2000 kW, até 2023 será de 500 kW, e a intenção é incentivar este tipo de contratação de energia. O Consumidor Especial, segundo o inciso 1 da Resolução Normativa nº 247, de 2006, que estabelece as condições para a comercialização de energia elétrica de empreendimentos de geração por fontes incentivadas de carga maior ou igual a 500 kW, pode ser entendido como o

consumidor responsável por unidade consumidora ou conjunto de unidades consumidoras do Grupo “A”, integrante(s) do mesmo submercado no SIN, reunidas por comunhão de interesses de fato ou de direito, cuja carga seja maior ou igual a 500 kW (Resolução Normativa nº 247, de 2006, pag.2).

Tabela 2: Consumo no mercado livre de energia por setor Setor Consumo (kWh) Part. (%)

Industrial 138.548 85

Comercial 19.703 12,1

Outros¹ 4683 2,9

Fonte: Anuário Estatístico de Energia elétrica 2020

¹ Outros inclui: rural, residencial, poder público, iluminação pública, setor público e consumo próprio

Por questões regulatórias, as relativas altas quantidades mínimas de energia contratadas acabam sendo um fator impeditivo para domicílios que possuem um consumo mais baixo em

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26 relação às indústrias e atividades comerciais, tenham participação no mercado livre, refletindo nas participações expostas na tabela 2, onde os setores industrial e comercial detém quase todo o consumo do mercado livre de energia, com 97,1% de participação.

2.2.4 - Fontes renováveis

As fontes de energia renovável vêm recebendo atenção por serem, geralmente, opções mais limpas de energia, uma vez que são obtidas a partir de elementos naturais e não poluentes, como água, vento, raios solares, matéria orgânica, entre outros. Por serem renováveis não sofrem de escassez, geram segurança energética quando componentes de uma matriz diversificada, e estão menos susceptíveis a disputas políticas, ao menos em relação à fonte da energia, excluindo neste caso os insumos para a infraestrutura necessária para a obtenção da energia. Com grande representatividade no Brasil, a geração por fontes renováveis coloca o país num patamar bastante positivo neste setor. Segundo a ANEEL, cerca de 63% da matriz energética nacional é proveniente de energia hídrica, grande parte desta de grandes usinas. Porém a dependência na fonte hídrica pode ser um problema, uma vez que é uma fonte relacionada à frequência de chuvas e disponibilidade hídrica para sua geração. O desafio neste sentido é desenvolver mais o setor de energias renováveis, de forma que as diversas fontes existentes sejam eficientes no seu aproveitamento, e viáveis economicamente.

A geração por fontes renováveis alternativas também são opções para regiões distantes de infraestrutura elétrica, no caso a autogeração, bastante comum nestes tipos de tecnologia, são bastante atrativas e podem viabilizar acesso à eletricidade para comunidades e negócios produtivos distantes, como regiões rurais.

O Brasil, dado sua extensão, favorece a geração de energia por diversas fontes, pois no território há áreas com maior vocação para geração eólica pela disponibilidade de ventos, outras de energia solar, biomassa.

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27 Gráfico 3: Representatividade das fontes de energia na matriz energética brasileira

Fonte: Sistema de Informações de Geração da ANEEL - SIGA. 2020. Elaboração própria.

No gráfico acima, é possível observar que a fonte hídrica possui a maior representatividade na matriz energética, enquanto outras fontes renováveis acabam tendo uma menor expressividade, no entanto, colocam o Brasil em posição de destaque no setor de energias renováveis, pois representa mais de 80% de sua geração.

2.2.4.1 - Energia Hídrica

A principal fonte geradora de energia no país, a energia hídrica provém da transformação da energia potencial gravitacional da água de rios em energia cinética. A energia potencial depende da altura do desnível de queda d’água. Quanto maior o desnível, maior o potencial de geração (GUENA, 2007).

Por ser gerada basicamente pela força da água, a energia hidráulica é considerada renovável e limpa, uma vez que em seu processo de geração não são gerados gases poluentes ou qualquer tipo de subproduto tóxico. Porém, em especial projetos de grandes usinas hidrelétricas, devido ao seu porte, acabam tendo diversos efeitos negativos. Comumente é necessário a expropriação e inundação de grandes áreas para implantação da usina, causando tanto problemas sociais, com migração de um contingente de pessoas para outras regiões,

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28 podendo causar desequilíbrio de serviços locais, quanto ambientais. A inviabilidade de se remover toda a matéria orgânica presente na região de alagamento faz com que a decomposição da mesma dentro da água, libere metano e nitrogênio, e posteriormente gás carbônico, principais gases de efeito estufa, além do gás sulfídrico liberado logo após a inundação. O odor forte afasta animais do local (GUENA, 2007).

O Brasil possui uma enorme vocação hidrológica para fazer proveito deste tipo de energia, ainda maior que o utilizado até o momento. De acordo com o Sistema de Informações do Potencial Hidrelétrico Brasileiro (SIPOT), da Eletrobras, o país ainda tem um potencial a ser explorado, incluindo projetos em fases diferentes de execução. No Quadro abaixo, este potencial está dividido por regiões, uma vez que um território tão extenso possui características hidrológicas diferentes para cada região. A região Norte é atualmente a região com maior produção de energia hídrica, e possui maior potencial a ser explorado futuramente, segundo estes dados.

Quadro 3: Potencial Hidrelétrico Brasileiro em cada estágio por regiões (MW)

Fonte: Sipot Eletrobras. 2018

Segundo dados da ANEEL, a energia hidrelétrica total gerada no país em 2020 corresponde a 109.220.153,26 kW de potência outorgada nas usinas em operação, gerado em grande por grandes usinas, as Usinas hidrelétricas (UHE), com geração de 102.999.428 kW. Outra parte são gerados pelas Centrais Geradoras Hidrelétricas (CGH), unidades com potência instalada de até 1 MW, com 813.644,77 kW de potência outorgada no total, e pelas Pequenas Centrais Hidrelétricas (PCH), unidades com reservatório de até três quilômetros quadrados e potência instalada entre 1 e 30 MW, com 5.407.080,49 kW de potência outorgada. Abaixo, estão explicitados a representatividade de cada unidade para a geração de energia hídrica no país.

(31)

29 Gráfico 4: Representatividade de cada unidade geradora de energia hídrica.

Fonte: Sistema de Informações de Geração da ANEEL - SIGA. 2020. Elaboração própria.

2.2.4.2 - Energia da Biomassa

A segunda fonte de energia com maior representatividade no Brasil (8,8%) é a biomassa. Esta energia é gerada em usinas termelétricas, possui 15.403.282,45 kW de potência outorgada (ANEEL) e é proveniente de resíduos florestais, urbanos, animais e agroindustriais. Sua obtenção possui diversas rotas tecnológicas, porém todas se consistem basicamente na conversão da matéria-prima orgânica em um produto intermediário, que será utilizado em uma máquina motriz, que por sua vez produz energia mecânica que aciona o gerador de energia elétrica (ANEEL).

O Brasil, dado suas características de produção agrária e produtos florestais, oferece um ambiente propício para a geração de energia por biomassa. Como é possível observar a partir da Tabela 3, das dez maiores geradoras de energia por biomassa, cinco delas utilizam resíduos florestais como combustível, e outras cinco utilizam o bagaço de cana de açúcar.

Tabela 3: 10 Maiores agentes em geração de energia por biomassa no Brasil

Posição Agente Potência (kW)

1º Suzano S.A. 1.177.480

2º Klabin S.A. 514.877

3º Tereos Açúcar e Energia Brasil S.A. 367.143

4º Bioenergia Barra Ltda. 323.000

5º Companhia Brasileira de Energia Renovável 305.056 6º Cofco Internacional Brasil S.A. 295.200

7º Biosev S.A. 288.400

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30

Posição Agente Potência

8º Cmpc Celulose Riograndense Ltda. 250.994 9º Usina de Açúcar Santa Terezinha Ltda. 219.775 10º Eldorado Brasil Celulose S.A. 214.103

Fonte: Sistema de Informações de Geração da ANEEL - SIGA. 2020. Elaboração própria.

2.2.4 3 - Energia Eólica

A história da humanidade com a energia eólica vem desde muito tempo antes da aplicação atual para geração de energia elétrica. Há mais de 3000 anos a conversão da energia cinética dos ventos em energia mecânica é usada nos moinhos de vento para moagem de grãos e bombeamento de água (MARTINS et al, 2008). A energia dos ventos teve papel fundamental no desenvolvimento da navegação, e consequentemente o descobrimento de novos continentes, ou seja, não fosse pela energia dos ventos na navegação, a história do Brasil e de tantos outros países não seria da forma que é hoje.

Como fonte de energia alternativa, outra aplicação para os ventos é como forma de geração limpa de energia elétrica, uma fonte abundante e totalmente renovável. Em termos de custo socioambiental e viabilidade econômica, a energia eólica é uma das fontes alternativas mais promissoras no curto prazo e uma das que mais crescem ano após ano.

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31 Quadro 4: Potencial eólico brasileiro por faixas de velocidade

Fonte: Atlas do potencial eólico brasileiro. (CEPEL, 2001)

É possível observar pelo Quadro 4 que quanto maior as velocidades dos ventos, maiores os fatores de capacidade de geração de energia. A partir disto, pelo mapa do potencial eólico brasileiro representado na figura abaixo, podemos observar que no Brasil, as regiões do país com maior potencial para exploração de energia eólica se encontram na região nordeste, sudeste e sul. Os valores que compõem o potencial energético eólico explicitados na figura consideram as regiões com ventos com velocidades médias anuais a partir de 7 m/s a uma altura de 50 metros (altura das pás de vento dos aerogeradores).

(34)

32 Figura 3: Potencial eólico estimado para vento médio anual igual ou superior a 7,0 m/s

Fonte: Atlas do potencial eólico brasileiro. (CEPEL, 2001)

Atualmente no Brasil há 16.146.003,86 kW de potência outorgada em unidades em operação, mais 3.948.090 kW em unidades em construção (ANEEL), aumentando em quase 25% a potência gerada nos próximos anos. A geração de energia elétrica por fonte eólica se consiste na conversão da energia mecânica gerada pelo movimento das hélices dos aerogeradores com o fluxo de vento, em energia elétrica. Do ponto de vista da emissão de GEE’s, é uma fonte extremamente limpa de energia, porém deve-se atentar à diversos aspectos para que sua implantação e operação não se transforme num grande passivo ambiental. Assim como outras fontes, a extensão das fazendas de geração tem impacto negativo pelo desmatamento gerado para a implantação. Somando-se a isso, há interferência nas rotas das aves, morte das aves que se chocam com as pás das hélices, alteração da paisagem natural, a emissão de ruído causado pelas hélices das torres prejudica a saúde de habitações próximas, causando estresse, enxaqueca e distúrbios do sono. Por outro lado, as fazendas de energia eólica permitem que outras atividades sejam desenvolvidas no mesmo espaço, como agricultura e pecuária.

2.2.4.4 - Energia solar fotovoltaica

Uma das fontes de energia renovável limpa que, embora sua baixa participação na matriz energética brasileira, mais crescem no decorrer do tempo é a energia solar fotovoltaica.

(35)

33 Este tipo de geração de energia é obtida pela conversão da luz em eletricidade, através de um dispositivo chamado célula fotovoltaica, que atua sob o princípio do efeito fotovoltaico (IMHOFF, 2007). Então em suma, salvo a infraestrutura necessária para a conversão da energia, o insumo da energia solar depende apenas da incidência solar, tornando este tipo de energia bastante vantajoso num país com uma disponibilidade solar tão grande.

A incidência solar no Brasil se dá de forma abundante em boa parte do território e pode, portanto, ser implantada em diversos estados. Além disso, sua implantação não necessita que seja feita em regiões distantes dos centros de consumo, reduzindo perdas e menores investimentos em transmissão. Além das fazendas ou áreas de geração de energia solar, uma vantagem desta tecnologia é que é possível a implantação da mesma nos telhados de casas e prédios, fazendo com que haja uma descentralização da energia elétrica, aproveitamento de “espaços mortos” das construções, consequentemente demandando menor área dispendida somente para este fim, auxiliando na diminuição do desmatamento para fins de geração de energia elétrica.

Figura 4: Potencial de geração solar fotovoltaica no Brasil

Fonte: Atlas Brasileiro de Energia Solar, 2017

Atualmente, o país possui 3.025.776,25 kW potência outorgada em energia solar (ANEEL), a tendência é que esta fonte cresça cada vez mais no cenário. Em 2014, foi realizada a primeira contratação de energia solar no Brasil (IBGE, 2017) em um leilão federal, o que

(36)

34 representa um avanço para o setor e mais incentivos para que sua produção e representatividade na matriz energética se torne maior.

2.3 - Programas governamentais

As políticas públicas de incentivo têm grande importância para a ampliação das energias renováveis no Brasil. Através de programas específicos que contemplam a temática, é possível disponibilizar recursos para pesquisas, linhas de financiamento para projetos e afins. Desta forma, os interessados encontram facilidades em alcançar créditos com taxas de juros mais atrativas, viabilizando os empreendimentos e projetos. Os bancos e demais instituições financeiras seguem o papel de intermediárias para que os recursos previstos nestes orçamentos possam ser oferecidos a projetos elegíveis dentro do escopo de cada linha. O destaque é conferido aos bancos públicos, como o Banco do Brasil, e bancos de desenvolvimento, como o Banco Nacional de Desenvolvimento - BNDES. Segue os principais programas mapeados.

2.3.1 - Programa Fundo Clima

Este programa foi criado pelo BNDES para aplicar a parcela de recursos reembolsáveis do Fundo Nacional sobre Mudança do Clima (Fundo Clima). Criado pela Lei 12.114 em 09/12/2009, e atualmente regido pelo Decreto 10.143, de 28/11/2019, este fundo é um dos instrumentos da Política Nacional sobre Mudança do Clima e visa apoiar projetos relacionados às emissões de gases do efeito estufa e à adaptação às mudanças climáticas, então abrange uma diversa gama de projetos, abrangendo tanto estudos quanto empreendimento. O Programa tem nove subprogramas nas áreas de mobilidade urbana, cidades sustentáveis e mudança do clima, máquinas e equipamentos eficientes, energias renováveis, resíduos sólidos, carvão vegetal, florestas nativas, gestão e serviços de carbono e projetos inovadores. O valor máximo de financiamento neste fundo é de R$30 milhões por beneficiário a cada 12 meses.

2.3.2 - Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (PRONAF)

Segundo informações do BNDES, o Pronaf é um programa voltado para agricultores familiares e busca gerar renda e incentivar o negócio por meio do financiamento de

(37)

35 implantação, ampliação, modernização, industrialização em estabelecimentos rurais ou próximos, nas atividades diretamente ligadas ao negócio, ou que melhorem a eficiência e sustentabilidade do negócio. Dentro deste Programa existem vários subprogramas abrangendo destinos e públicos diferentes, como o Pronaf Agroindústria, Pronaf Agroecologia, Pronaf Mulher, dentre outros. Dentro da temática deste trabalho, o subprograma que se encaixa no propósito de incentivo ao financiamento de energias renováveis é o Pronaf Eco, ou Pronaf Bioeconomia, voltado também à outras tecnologias ambientais, como o armazenamento hídrico, silvicultura, adoção de práticas conservacionistas e de correção da acidez e fertilidade do solo.

2.3.3 - BNDES FINAME

Linha de financiamento voltada à aquisição de máquinas e equipamentos, bens industrializados para a atividade econômica do solicitante. Os bens devem ser novos, de fabricação nacional e credenciados pelo BNDES. A requisição é feita através de instituições financeiras credenciadas (BNDES).

2.3.4 - Fundo Constitucional (FNE)

Segundo informações do Banco do Nordeste, o Fundo Constitucional de Financiamento do Nordeste (FNE), foi criado em 1988, pela Lei nº 7.827, de 27/09/1989, visando utilizar de políticas públicas para democratização de investimentos produtivos no Nordeste, reduzindo a desigualdade social e pobreza na região. Apesar de se destinar a empresas de todos os portes e pessoas físicas, a depender da linha, a preferência da concessão de crédito é para mini, micro e pequenos empreendedores, preservação do meio ambiente, apoio às atividades inovadoras e outros. Os setores contemplados pelo Fundo são os agropecuários, industrial, agroindustrial, turismo, comércio, serviços, cultural e infraestrutura. Atende municípios dos nove estados que compõem a região Nordeste e alguns municípios ao norte dos estados do Espírito Santo e Minas Gerais.

(38)

36 2.3.5 - Plano Inova Empresa

Segundo informações do BNDES, o próprio banco, em conjunto com a Financiadora de Estudos e Projetos - FINEP, e outros órgãos públicos, compõem o Plano Inova Empresa, um projeto que apoia projetos inovadores e que busquem inovação através de desenvolvimento tecnológico em empresas privadas em diversas frentes importantes e estratégicas na economia nacional. Para seleção dos projetos apoiados pelas instituições, são realizadas chamadas públicas a fim de verificar o plano de negócio e viabilidade dos projetos. Como o Plano Inova Empresa abrange diversos setores, foram criadas ramificações. Os setores abrangidos pelo projeto incluem os setores aeroespacial, agronegócio, energia, mineração, petrolífero, saúde, sustentabilidade, telecomunicações, sucroenergético e sucroquímico, agrícola (agrícola e compatíveis) e produtos químicos. O Plano Inova Energia é o que contempla a temática deste trabalho.

3 - INSTITUIÇÕES FINANCEIRAS E A SUSTENTABILIDADE CORPORATIVA

Em termos ambientais, num primeiro momento, instituições financeiras não possuem impacto significativo, uma vez que não atuam em setores produtivos, de bens de consumo, seus produtos não são físicos e portanto suas atividades não geram maiores impactos que sua própria operação física. Segundo LINS E WAJNBERG (2007, pg.15),

a gestão ambiental interna das empresas do setor financeiro faz sentido sob o ponto de vista econômico, mas o impacto direto de suas atividades é consideravelmente limitado se comparado àquele de seus clientes corporativos. Assim, as atividades de financiamento dos bancos são o principal canal de geração de impacto no meio ambiente e nas comunidades da atuação do setor financeiro.

Os bancos possuem diversos produtos e serviços voltados para empresas e pessoas físicas, mas principalmente para a primeira categoria, as instituições financeiras têm um papel especialmente importante no crescimento das empresas através da concessão de créditos por empréstimos e financiamentos, uma vez que assim é possível para as empresas operarem e gerar lucro, sem a necessidade de ter todo o dinheiro disponível para tal.

Porém, a tendência de incorporação da sustentabilidade é algo que cresce cada vez mais nas empresas no mundo, sendo também muito bem visto no mercado. As instituições

(39)

37 financeiras acabam por ter de agir como uma força sobre as empresas com as quais faz negócios, para estimular a sustentabilidade corporativa, e assim, como efeito em cadeia, tornar a si própria mais sustentável. Em 31 de agosto de 1981, o Art.12 da Lei nº 6.938, que instituiu a Política Nacional de Meio Ambiente, diz que as entidades e órgãos de financiamento e incentivos governamentais devem condicionar a aprovação de projetos habilitados para crédito, ao licenciamento, cumprimento das normas, critérios e padrões expedidos pelo CONAMA. Existe, portanto, uma regulamentação ambiental para concessão de crédito para as empresas e empreendimentos que a mesma concederá o crédito. Isto é importante também do ponto de vista de gestão de riscos para os bancos, uma vez que empresas com atividades potencialmente poluidoras, com atividades contra os direitos humanos, como o trabalho escravo, são mais passíveis de multas e boicote do mercado, afetando também a capacidade de honrar as dívidas. Especialmente as empresas ligadas à geração de energia por fontes renováveis, o risco do ponto de vista de possíveis desastres ambientais ligados à operação são muito baixos, dado a natureza das atividades, com pouca ou nenhuma emissão de GEE’s

A sustentabilidade corporativa vai muito além do trivial, como políticas internas para seguir determinadas obrigações ambientais. O próprio conceito de sustentabilidade é pautado por aspectos ambientais, sociais e econômicos. Com base num estudo de John Elkington (ELKINGTON, 1994), surgiu o conceito do “Triple Bottom Line” - TBL, ou Tripé da Sustentabilidade. O TBL é um conceito de gestão empresarial sustentado por três princípios para a sustentabilidade corporativa conhecidos como 3P (People, Planet e Profit), em português: (pessoas, planeta e lucro). As três bases desse tripé são fundamentais para a sustentabilidade empresarial, pois não descarta o lucro para focar na sustentabilidade, nem a sustentabilidade pelo lucro, tampouco se descuida da questão social. O tripé busca o equilíbrio entre as atividades das empresas, com preocupação humana e ambiental.

Figura 5: Triple Bottom Line

(40)

38

Para o Tripé de Sustentabilidade, pode-se destacar os seguintes benefícios em se investir em fontes de energia renováveis:

● planeta: na perspectiva ambiental, a diminuição da emissão de GEE’s na geração de energia com fontes mais limpas;

● lucro: o investimento em geração de energia é benéfico tanto para empresas do setor elétrico quanto para empresas que optam pela autogeração de energia, e conseguem diminuir os custos de energia, que a depender da atividade da empresa e sua demanda operacional, são muito altos. É igualmente importante investir em eficiência energética para evitar desperdícios e otimizar a energia consumida;

● pessoas: os benefícios da geração de energia por fontes mais limpas são benéficos para a sociedade de forma geral, tanto por questões ecológicas envolvidas, quanto a geração de empregos e empreendedorismo associado. Ainda, com o aumento de empresas investindo na autogeração e eficiência energética, maior a disponibilidade energética para a população, menor os investimentos das empresas de energia em infraestrutura e por uma reação em cadeia, mais barata tende a ser a energia para o consumidor final. Por estes motivos, há benefícios de forma generalizada em estruturar negócios para seguir as bases do TBL para um desenvolvimento sustentável, tornando-os viáveis para todos os envolvidos direta e indiretamente nas operações.

3.1 – PROTOCOLOS E TRATADOS

3.1.1 - Protocolo Verde

O Protocolo Verde foi concebido no Brasil em abril de 2007 pelo Decreto nº 6.101, da Lei nº 10.683 com o objetivo de firmar intenções pela responsabilidade socioambiental acordados entre as instituições adquirentes do mesmo, sendo celebrado entre o Ministério do Meio Ambiente, a Caixa Econômica Federal, o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social - BNDES, o Banco do Brasil S.A., o Banco da Amazônia, o Banco do Nordeste - BNB.

Ele busca direcionar as Instituições financeiras signatárias que reconhecem a sua importância na busca pelo desenvolvimento sustentável para aderirem políticas e práticas bancárias com foco de incentivar uma atuação mais sustentável e ética em sua operação, de seus pares e empresas parceiras. Há uma preocupação com questões ligadas ao meio ambiente, como

(41)

39 a gestão dos recursos hídricos, preservação da biodiversidade, manejo sustentável de florestas e combate ao aquecimento global, questões ligadas ao ponto de vista social, como o respeito aos direitos humanos e do trabalho, valorização da diversidade e culturas locais, redução da pobreza e desigualdade social. Desta forma, alguns norteadores e diretrizes são adotados para executar os objetivos propostos pelo Protocolo, como instruir os tomadores de crédito para implementação de linhas de financiamento que promovam a qualidade de vida da população, uso sustentável dos recursos naturais e proteção ambiental, e facilitar as condições de crédito, levando em consideração os riscos socioambientais dos empreendimentos e possíveis danos nas atividades, com taxas reduzidas, prazos, carência, condicionando atividades com potencial poluidor, ao Licenciamento Ambiental (BANCO DO BRASIL).

3.1.2 - Princípios da Responsabilidade bancária

Outra iniciativa, desta vez na Organização das Nações Unidas (ONU), direcionado especificamente para bancos são os Princípios de Responsabilidade Bancária, que visam a incorporação da sustentabilidade nas áreas de negócios das instituições financeiras, alinhando seus negócios com o Acordo do Clima de Paris, que tem como meta dos países participantes, a diminuição das emissões de gases de efeito estufa, e aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável - ODS, da ONU. Segundo a UNEP Finance Iniciative, os Princípios possuem seis diretrizes para orientação das instituições financeiras, são elas:

● Alinhamento: estratégia de negócios formulada para contribuir com as necessidades de indivíduos e da sociedade, baseados nos objetivos da ODS e no Acordo do Clima de Paris;

● Definição de impacto e objetivo: definir e publicar metas com impactos significativos, gerenciando riscos para as pessoas e o meio ambiente de efeitos das atividades, produtos e serviços das instituições, diminuindo impactos negativos e aumentando os positivos; ● Clientes e consumidores: incentivar práticas de sustentabilidade nos clientes e

consumidores dos clientes;

● Stakeholders: orientar as partes envolvidas diretamente nos negócios para trabalhar de forma proativa e inclusiva com stakeholders, os envolvendo nas ações para atingir os objetivos comunitários;

● Governança e Cultura: implementar uma governança eficaz e responsabilidade socioambiental na cultura do banco;

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40 ● Transparência e responsabilidade: realizar o acompanhamento da implementação individual e coletiva dos Princípios para verificar a efetividade prática, e agir com transparência com os impactos positivos e negativos gerados.

Figura 6: Objetivos de desenvolvimento sustentável - ONU

Fonte: Site Talent Academy

Os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da ONU transitam entre temas ligados à preservação do meio ambiente, redução da pobreza e desigualdade social, urbanismo, acesso à energia e água. Os Princípios de Responsabilidade bancária dentro deste contexto buscam alcançar tais objetivos mais que em suas operações propriamente ditas, mas principalmente, ganhar escala, incentivando que as empresas com as quais fazem negócios sigam estas metas dentro de suas próprias operações.

3.2 – GOVERNANÇA CORPORATIVA SUSTENTÁVEL

A busca da sustentabilidade dentro das empresas exige diversas políticas internas, práticas consistentes para alcançar os objetivos. Uma maneira de avaliar a sustentabilidade no ambiente empresarial são através dos indicadores de ESG (environmental, social and corporate governance), ou em português: ambiental, social e governança corporativa. Os critérios ESG são os mesmos que do conceito do TBL, e crescem cada vez mais como um critério para investidores socioambientalmente conscientes de investir em empresas que adotam padrões de sustentabilidade em suas atividades, permitindo selecionar empresas que cumprem estes requisitos. Existem índices de sustentabilidade para as empresas listadas na bolsa de valores e que são definidos por critérios do ESG, ou um ou dois fatores dele (CUNHA et al, 2012). Destes índices, derivam fundos de índice, os ETF’s (Exchange Traded Funds), que são carteiras teóricas compostas por ações das empresas integrantes de tal índice, e negociadas na bolsa de

(43)

41 valores. Com base no detalhamento obtido pelo site da B3, empresa de bolsa de valores no Brasil, seguem alguns índices negociados:

• ISE: Índice de Sustentabilidade Empresarial (ISE) é uma ferramenta de análise da performance das empresas listadas na Bolsa de Valores brasileira, a B3, onde as 200 empresas com as ações de maior liquidez são convidadas a participar da seleção, buscando avaliar a sustentabilidade corporativa, de forma comparativa, levando em conta a eficiência econômica, equilíbrio ambiental, justiça social e governança corporativa;

• ICO2: Índice Carbono Eficiente é também um índice de sustentabilidade da Bolsa de Valores, mas desta vez, diferentemente do ISE, os critérios são à respeito das emissões de GEE’s pelas empresas que fazem parte do IBr-X-50 (Índice Brasil 50), ou seja, as cinquenta empresas mais negociadas e com maior representatividade da bolsa de valores, e que dentro deste grupo, tenham aceitado adotar voluntariamente práticas transparentes em relação ao assunto e compõem o índice baseando-se no grau de eficiência que alcançam neste quesito principalmente.

3.3 - FONTES DE FINANCIAMENTO

3.3.1 - Títulos de renda fixa

3.3.1.1 - Green Bonds

De acordo com a International Market Association (ICMA, 2018), green bonds, ou títulos verdes, são “qualquer tipo de instrumento de título de renda fixa cujos recursos serão aplicados exclusivamente para financiar ou refinanciar, no todo ou em parte, projetos verdes elegíveis novos e/ou existentes e que estejam alinhados com os quatro componentes principais dos GBP” (Green Bonds Principles) ou Princípios de Green Bonds. Então, em suma, os títulos verdes têm a finalidade de financiar projetos com benefícios ambientais, incluindo também despesas de apoio, como pesquisa e desenvolvimento, devendo todas estarem descritas na documentação legal do título.

Pelos GBP, as áreas chave de interesse ambiental abrangidos por estes títulos percorrem categorias amplas de elegibilidade, sendo os projetos mais comuns a receber e pleitear esses títulos relacionados à:

● energias renováveis; ● eficiência energética;

(44)

42 ● prevenção e controle de poluição da água, solo e ar;

● redução de resíduos e reciclagem;

● gestão e eficiência ambiental na agricultura; ● conservação da biodiversidade;

● meios de transporte limpos e infraestrutura associada;

● gestão hídrica urbana, como tratamento de águas residuárias, drenagem urbana;

● pesquisa para desenvolvimento de produtos, tecnologias e processos de produção ecoeficientes, lançamento de produtos e embalagens ambientalmente positivos;

● edifícios verdes.

Os projetos abrangidos pelos GBP’s são portanto muito diversos e são uma importante via de captação de investimentos, em especial para investidores pessoas física ou fundos de investimentos com viés sustentável. Ser identificado como green bond assume um papel de “selo verde”, incentivando a aquisição deste tipo de título. Ainda é muito pouco difundido no Brasil, as green bonds foram responsáveis por uma captação importante para financiamento para o setor de energias renováveis. Em 2017, o BNDES fez uma captação de US$ 1 bilhão em

green bonds no mercado internacional para aplicar em projetos de energia solar e eólica, com

taxa de retorno ao investidor de 4,80% ao ano (BNDES).

3.3.1.2 - Debêntures incentivadas

Dentro de títulos de renda fixa, as debêntures incentivadas representam uma importante fonte de financiamento para projetos de infraestrutura com impacto econômico e social importante, como estradas, aeroportos, e portanto, também para projetos de energia elétrica. Estes títulos são característicos por apresentar uma espécie de selo, sinalizando ser incentivada e oferecer benefícios fiscais aos investidores pessoas físicas, com a isenção de imposto de renda sobre o rendimento da aplicação, diferente das demais que costumam ter uma incidência de 15% sobre o lucro auferido. Este tipo de título se destina à captação de recursos com a finalidade de subsidiar projetos de infraestrutura, pesquisas, desenvolvimento e inovação (2º ARTIGO DA LEI 12.431).

(45)

43 3.3.2 - Linhas de financiamento

Existem diversas linhas de financiamento voltadas ou que contemplam energias renováveis. Elas percorrem tanto o mercado de financiamento para pessoas físicas adquirirem equipamentos de autogeração, como a instalação de painéis solares nos telhados das casas, como para empresas, tanto como financiamento de empreendimentos de companhias de energia, ou para autogeração visando o abastecimento das atividades, ou projetos de eficiência energética. Ainda, muitas linhas contemplam pesquisas na área energética, investindo em desenvolvimento de novas tecnologias e aprimoramento das existentes. Para este trabalho, segue o levantamento das linhas identificadas como específicas para o setor de energias renováveis, ou que abrangem o segmento dentro de seu escopo de projetos:

• Proger Urbano Empresarial: utilizando recursos do Fundo de Amparo ao Trabalhador - FAT, do governo federal e proporcionando melhores taxas ao consumidor, esta linha é voltada ao financiamento de reformas, aquisições de máquinas, equipamentos e veículos automotores. O financiamento pode chegar a cobrir até 80% do projeto, o valor financiado pode chegar a um milhão de reais e é voltado para empresas com faturamento de até dez milhões. Ainda, os projetos devem gerar ou manter empregos e renda para aprovação (BB).

• BNDES Finem - Geração de energia: o Finem é um produto com linhas de financiamento com recursos alocados pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), para investimento em empreendimentos diversos, priorizando-se na escolha e condições por aqueles que gerem retornos positivos à sociedade de forma geral. O valor do financiamento é superior a R$10 milhões e é voltado para implantação de instalações, obras, ampliação, modernização e aquisição de novos equipamentos. A linha “geração de energia” é voltada para a implantação, expansão e modernização da infraestrutura de geração de energia a partir de fontes renováveis e termelétricas a gás natural. Podem ser financiados estudos e projetos, obras civis, montagens e instalações, máquinas e equipamentos novos e credenciados no BNDES ou importados sem similar no Brasil, dentre outros. As condições do financiamento variam com o porte da empresa solicitante e o projeto. A taxa de juros da geração de energia por fonte solar e de resíduos sólidos é mais baixa que as demais abrangidas pelo programa. O financiamento realizado diretamente com o BNDES tem taxas de juros menores que por intermédio de outras instituições financeiras credenciadas (BNDES).

(46)

44 • FNE Sol: com recursos do FNE (Fundo Constitucional de Financiamento do Nordeste) , esta linha de crédito ofertada pelo Banco do Nordeste, BNB, visa o financiamento de pequenos sistemas de geração distribuída de energia para consumo próprio por fontes renováveis para produtores rurais, empresas de todos os portes neste setor, como agroindustriais, comerciais, prestação de serviços, cooperativas e associações e pessoas físicas. Para empresas e produtores rurais, podem ser financiados componentes de energia solar fotovoltaica, eólica, de biomassa ou pequenas centrais hidroelétricas e o prazo de pagamento é de até 12 anos. Para pessoas físicas apenas componentes para energia solar e eólica, o valor limite do financiável é de R$100 mil e o prazo é de 8 anos (BNB).

• FCO Empresarial: o Fundo Constitucional de Financiamento do Centro Oeste (FCO), trata-se de uma linha de crédito para financiamento de projetos na região centro oeste. Possui prazos, limites e encargos diferenciados, voltado para empresas de todos os portes com atividades nos setores industrial, agroindustrial, mineral, infraestrutura, comércio e serviços. Com esta linha, a depender de cada caso, é possível financiar até 100% dos bens adquiridos, com prazos de até 20 anos e bônus de adimplência de 15% sobre os juros. Para elegibilidade ao financiamento, deve-se cumprir normas divulgadas na Programação do FCO pela Superintendência de Desenvolvimento do Centro-Oeste (Sudeco) (BB).

• PRONAF Bioeconomia: linha voltada para produtores rurais familiares (pessoa física), com a finalidade de financiar a implantação, ampliação e modernização da produção, beneficiamento, industrialização e de serviços para práticas sustentáveis em negócios rurais. Isso inclui uso de tecnologias de energia renovável, armazenamento hídrico, projetos de adequação ambiental, florestamento e reflorestamento, dentre outras. Para pleitear esta linha, é necessário que o agricultor apresente a Declaração de Aptidão ao Pronaf, com exceção aos enquadrados nos grupos A, A/C e B, com o financiamento podendo chegar a R$165 mil. Para “projetos eco”, como implantação de energias renováveis, pequenos aproveitamentos hidroenergéticos, energias renováveis, miniusinas de combustíveis, pequenas estações de tratamento de água e efluentes, etc, a taxa de juros são de até 2,75 a.a. O valor máximo a ser financiado é de R$ 165 mil por ano agrícola e o prazo é de até 10 anos para projetos eco e 12 anos para projetos de silvicultura, incluídos o tempo máximo de carência (BNDES);

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