IMPORTÂNCIA ECONÔMICA DA APICULTURA PARA PRODUTORES DE MÉIS DO MUNICÍPIO DE POÇO DE JOSÉ DE MOURA – PB
Anderson Bruno Anacleto de Andrade1*; Rosilene Agra da Silva2; Patrício Borges Maracajá2; Francisco de Assis de Freitas1
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Alunos de graduação do curso de Agronomia UFCG, Pombal - PB; Fone: (83)9620-4560; e-mails: bdeandrade3@gmail.com; francisco_freitas25@yahoo.com
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Professores Doutores da Universidade Federal de Campina Grande; Fone: (83)9963-1680; e-mails: rosilene@ccta.ufcg.edu.br; patriciomaracaja@gmail.com
Resumo: A apicultura é uma das atividades zootécnicas que nos últimos anos apresenta grande desenvolvimento na Região Nordeste, principalmente, por seu baixo custo de implantação e manutenção, além de rápido retorno financeiro. O estado da Paraíba se destaca com uma gama de possibilidades para o desenvolvimento da apicultura. Logo, objetivou-se com esse trabalho avaliar a importância econômica da apicultura para os produtores de méis do município de Poço de José de Moura – PB. O trabalho foi realizado com o acompanhamento da produção de mel referente a todos os apicultores que pertencem a Associação dos Criadores de Abelhas do Munícipio de Poço de José de Moura – ACAPOM, durante os anos de 2012, 2013 e 2014. Foi realizado o levantamento sobre a comercialização do mel através de entrevista com os próprios apicultores. Observou-se que a produção de mel do município durante os anos avaliados apresentou variação, onde no ano de 2014 registrou-se, na safra de inverno, quantidade maior que a soma obtida pela produção dos últimos dois anos. Em relação à comercialização do produto, em 2014 obteve-se maior valorização, cerca de 40% comparando a 2012. A região nos últimos dois anos passou por longos períodos de estiagem, sendo que a chuva está diretamente relacionada à produtividade de mel das colmeias, justificando a baixa produtividade no ano de 2013, porém, destacando a rápida recuperação dos enxames mostrada pela boa produção no início de 2014. A apicultura mostra-se como uma opção de atividade produtiva para o município, apresentando valores economicamente expressivos.
Palavras-chave: Apis mellifera L., Produção de Mel, Apicultor INTRODUÇÃO
A criação de abelhas constitui-se por uma exploração racional em que se consegue obter bons resultados econômicos, ecológicos e sociais, sendo uma atividade de suma relevância, apresentando-se como uma alternativa viável para ocupação e geração de renda no campo, e importante na preservação da flora nativa das regiões atuante. Desse modo, a apicultura vem despertando o interesse de muitos criadores e instituições do Brasil (SILVA, 2001).
A apicultura brasileira se destaca por fatores como a grande diversidade florística, o aumento significativo na produtividade com a africanização das abelhas, e a abertura de novos mercados consumidores, impulsionado pelo o interesse da população em buscar uma alimentação saudável e livre de contaminações, características essas associadas aos produtos apícolas (HENRIQUE et al. 2008).
A exploração apícola atua efetivamente na ampliação dos ganhos nas propriedades e no ecossistema local. Souza (2007) aponta as principais características favoráveis ao estímulo da apicultura entre os agricultores familiares: sendo uma atividade que não necessita de grande investimento inicial nem extensas áreas de terra, também não requer dos produtores rurais, técnicas especializadas e nem dedicação exclusiva, podendo ser desenvolvida de maneira consorciada com outras atividade sem danos à atividade principal da propriedade.
Por essas razões, e ainda pelos bons preços alcançados, pelo seu baixo custo de manutenção, a apicultura vem se expandindo a cada ano, principalmente na região Nordeste do Brasil, onde o clima e a vegetação nativa favorecem a atividade, sendo considerada a que apresenta melhor remuneração ao produtor mesmo em anos de adversidades climáticas tão comuns nesta região. Essas características aliados às vastas extensões de terra com a vegetação nativa e isentas de atividade agropecuária fazem do nordeste brasileiro maior potencial para a produção de mel orgânico em todo o mundo (SEBRAE, 2005).
Na Paraíba, segundo estudos de Silva (2010), a apicultura apresenta crescimento em sua exploração em todas as regiões do Estado, viabilizado pela gama de possibilidades para seu desenvolvimento. Mesmo com a constante instabilidade climática, o sertão paraibano se destaca como propicio para a atividade apícola, pelo clima que desfavorece a ocorrência de doenças, pela vasta extensão territorial e riqueza nectarífera de sua vegetação (VITAL, 2013).
De acordo com Freitas et al (2004) a produtividade na apicultura esta relacionada principalmente ao manejo adequado e as condições da flora apícola, adicionada às novas técnicas e a eficiência na comercialização. Assim os produtos extraídos na atividade (mel, cera, própolis, geleia real, apitóxina) apresentam-se em maior quantidade e melhor qualidade, proporcionado a eficiência na exploração.
O mel é considerado o principal produto da atividade, pela facilidade nas técnicas de manejo, e por ser popularmente mais conhecido, assim, atraindo as maiores oportunidades de comercialização tanto para o mercado interno como para a exportação. Além de ser um alimento, é também utilizado em indústrias farmacêuticas e cosméticas, pelas suas conhecidas ações terapêuticas (FREITAS & ALMEIDA, 2008).
Segundo dados do IBGE (2013) a produção de mel no Brasil em 2012 foi de 41.604 mil toneladas, sendo o décimo quinto no ranking mundial de produtores de mel e o décimo maior exportador; mesmo apresentando redução de 19% na produção nacional, causada pela estiagem e abandono das colmeias na região produtora mais importante do país, como a região Nordeste.
Em relatório elaborado pelo MAPA (2013) aponta a apicultura na região Nordeste como atividade muito promissora e em plena expansão, de caráter eminentemente familiar, e como boa oportunidade de mercado. Nesse sentido estudos sobre a exploração da apicultura nessa região são necessários, tendo em vista a representação da atividade no cenário nacional. Com isso o trabalho teve o objetivo de avaliar a importância econômica da apicultura para os produtores de méis do município de Poço de José de Moura, município sitiado no alto sertão paraibano.
MATERIAL E MÉTODOS Localização e Caracterização da Área de Estudo
Esse trabalho foi realizado no município de Poço de José de Moura, localizado no extremo Oeste do Estado da Paraíba, na microrregião de Cajazeira, limitando-se a Oeste, Noroeste e Sudoeste com Triunfo, a Sudeste e Leste São João do Rio do Peixe, a Nordeste Uiraúna, e a Norte Joca Claudino, numa distância de 540 km da Capital do estado João Pessoa (Figura 1).
De acordo com dados do IBGE (2010), o município possui 3.978 habitantes e uma área territorial de 101 km², cuja sede se encontra nas coordenadas geográficas 6º 34' 30'' S e 38º 30’ 43’’ W, e apresenta altitude média de 300 m. O município de Poço José de Moura, está inserido na unidade geoambiental da Depressão Sertaneja, que representa a paisagem típica do Semi-Árido nordestino. A vegetação é basicamente composta por Caatinga Hiperxerófila com trechos de Floresta Caducifólia. O clima é do tipo Tropical Semi-Árido, com chuvas de verão. O período chuvoso se inicia em novembro com término em abril. A precipitação média anual é de 431,8mm (BRASIL, 2005).
Figura 1 – Localização do município de Poço de José de Moura no estado da Paraíba. Fonte: BRASIL, 2005
Levantamento dos Dados
O trabalho foi realizado com o acompanhamento da produção de mel referente a todos os apicultores que pertencem a Associação dos Criadores de Abelhas do Munícipio de Poço de José de Moura (ACAPOM), durante os anos de 2012, 2013 e 2014. Foi realizado o levantamento sobre a comercialização do mel através de entrevista com os próprios apicultores.
Os dados referentes a precipitação do município durante o períodos da pesquisa, foram obtidos através do sistema de monitoramento de chuvas no estado da Paraíba com disponibilidade da Agência Executiva de Gestão de Águas do Estado da Paraíba (AESA).
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Na Figura 2 observa-se a produtividade total de mel durante os anos de 2012, 2013 e 2014 dos apicultores pertencentes à Associação dos Criadores de Abelhas do Município de Poço de José de Moura, apresentando variação em relação à quantidade de mel produzida.
Os apicultores no ano de 2014 produziram no período referente a colheita de inverno safra maior que a soma total dos últimos dois anos, cerda 5.000 kg de mel. Onde a produção nos anos de 2012 e 2013 foi de 3.697 kg e 700 kg respectivamente.
Verifica-se que as safras de méis do município durante o período analisado se concentraram entre os meses de fevereiro a junho, correspondendo aos períodos que apresentam maior intensidade de precipitação na região (Figura 3).
Figura 2 - Produção de mel (kg) no município de Poço de José de Moura nos anos de 2012, 2013 e 2014.
A baixa produtividade no ano de 2013 foi associada a fatores climáticos adversos, principalmente a baixa precipitação registrada no período que antecedeu a safra (Figura 3), o que ocasionou uma florada insuficiente, e uma elevada perda de enxames por abandono da colmeia devido às altas temperaturas aliada à falta de sombreamento nos apiários. Em estudo sobre os efeitos da estiagem de 2012 na apicultura nordestina, Vital (2013) verificou que a perda de enxames em todo o estado da Paraíba chegou à cerca de 80% das colmeias no ano de 2012.
Figura 03 - Precipitação média mensal (mm) nos anos de 2012, 2013 e 2014 no município de Poço José de Moura – PB.
Fonte: Agência Executiva de Gestão de Águas do Estado da Paraíba – AESA
Em relação à comercialização do mel produzido, no ano de 2014 obteve-se maior valorização do produto, cerca de 40% comparada a 2012, atingindo o valor de R$ 5,50 por 1 kg, em 2012 essa quantidade era vendida por R$ 3,50. A venda em sua maior parte é para atravessadores, onde ocorre negociação coletiva.
De acordo com o MAPA (2014) a apicultura nordestina é uma atividade de caráter eminentemente familiar existindo atualmente cerca de 46 mil apicultores em toda a região. No município de Poço de José de Moura 100% dos apicultores são produtores familiares e avaliam a atividade apícula como complementar a renda familiar.
O associativismo, segundo os apicultores é um dos principais fatores responsável pela atual situação da atividade no município, onde no ano de 2014 a safra de inverno movimentou cerca de R$ 28.000 pela associação. Criada no ano de 2006 a ACAPOM atualmente contém 12 sócios ativos e está concluindo a construção de uma unidade de beneficiamento de mel que irá
0 500 1000 1500 2000 2500 3000
Jan. Fev. Mar. Abr. Mai. Jun. Jul.
2012 2013 2014 0 50 100 150 200 250 300
Jan. Fev. Mar. Abr. Mai. Jun. Jul. Ago. Set. Out Nov Dez.
2012 2013 2014
atender a toda a região produtora, com isso, a maior parte dos apicultores acreditam no aumento da valorização da produção.
No estado do Ceará, maior produtor de mel da região nordeste segundo dados do IBGE (2013), em estudos de Freitas et al. (2004), analisando a apicultura do estado e avaliando a rentabilidade da produção de mel, verificou que a atividade mostra-se muito rentável envolvendo baixos custos operacionais e podendo chegar a elevados índices de lucratividade.
Peixoto et al. (2005) avaliando a importância sócio-econômica da apicultura em regiões no estado da Paraíba, concluiu que a microrregião do sertão paraibano apresenta município, onde a atividade apícola é desenvolvida como atividade principal na obtenção renda por grandes produtores rurais.
CONCLUSÃO
A atividade apícola para todos os apicultores do município de Poço de José de Moura mostra-se como fundamental na complementação da renda familiar, além de se destacar por proporcionar rápida recuperação produtiva em decorrência aos períodos de estiagem, uma característica presente na região. A apicultura no município apresenta-se como uma opção de atividade produtiva, com valores economicamente expressivos.
AGRADECIMENTOS
Aos apicultores membros da Associação dos Criadores de Abelhas do Munícipio de Poço de José de Moura (ACAPOM).
Ao Fundo de Desenvolvimento Científico e Tecnológico/ Banco do Nordeste do Brasil (FUNDECI/BNB).
EIXO TEMÁTICO
5.0 ASPECTOS SOCIOECONÔMICOS: SOBREVIVÊNCIA E SUBSISTÊNCIA NA REGIÃO SERTANEJA DO BRASIL
5.1 Alternativas socioeconômicas de desenvolvimento da região semiárida do nordeste brasileiro
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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