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³Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro, DEMA, Rua Marques de S. Vicente, 225, Gávea, Rio de Janeiro, RJ, Brasil.

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7º CONGRESSO BRASILEIRO DE ENGENHARIA DE FABRICAÇÃO 7th BRAZILIAN CONGRESS ON MANUFACTURING ENGINEERING

20 a 24 de maio de 2013 – Penedo, Itatiaia – RJ - Brasil May 20th to 24th, 2013 – Penedo, Itatiaia – RJ – Brazil

EFEITO DO PREAQUECIMENTO E TRATAMENTO TÉRMICO

PÓS-SOLDAGEM NAS PROPRIEDADES MECÂNICAS DE METAL DE SOLDA

DE ALTA RESISTÊNCIA OBTIDOS POR ARAME TUBULAR TIPO METAL

CORED

Marcelo Marmello Pinheiro, nrpinheiro@hotmail.com1

Jorge Carlos F. Jorge, jorgecfjorge@gmail.com1,2 Luís Felipe G. de Souza, lfgs59@gmail.com1 Ivaní S. Bott , bott@puc-rio.br3

1Centro Federal de Educação Tecnológica Celso Suckow da Fonseca, PPEMM, Av. Maracanã, 229, Maracanã, Rio de

Janeiro, RJ, Brasil.

2Fluke Engenharia Ltda, Av. Rio Branco 135, 11° andar, Centro, Rio de Janeiro, Brasil.

³Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro, DEMA, Rua Marques de S. Vicente, 225, Gávea, Rio de Janeiro, RJ, Brasil.

Resumo: O presente trabalho tem como objetivo analisar o efeito do preaquecimento e de tratamentos térmicos

pós-soldagem em metal de solda de aço de alta resistência obtidos pelo processo de arame tubular do tipo “metal cored”. Em estudos anteriores, os resultados obtidos com esse processo de soldagem propiciaram propriedades muito próximas dos limites mínimos aceitáveis para utilização em soldagem de união e de reparo de componentes de linhas de ancoragem de plataformas de petróleo fabricados em aço da classe IACS W22 Grau R3, os quais apresentam requisitos desafiadores de resistência mecânica de 690MPa e tenacidade ao impacto de 40 Joules à -200C, de onde surgiu a necessidade do estudo sobre a variação da temperatura de preaquecimento e do tempo de tratamento térmico na melhoria das propriedades mecânicas, particularmente da tenacidade ao impacto do metal de solda.

Foram soldadas juntas multipasses, pelo processo arame tubular, utilizando consumpivel da classe AWS E 110C-G com 1,2mm de diâmetro, com preaquecimentos de 200 e 2500C, corrente contínua, posição plana e aporte térmico de 1,24 kJ/mm. Após a soldagem, realizaram-se ensaios de tração, impacto Charpy-V e dureza em corpos-de-prova retirados integralmente do metal depositado, tanto na condição de como soldado quanto após tratamento térmico pós-soldagem. Os tratamentos térmicos pós-soldagem consistiram de aquecimento a 580°C por 1, 2 e 3 horas seguido de resfriamento ao ar. Os resultados mostraram que os metais de solda obtidos apresentaram tenacidade ao impacto satisfatórias em todas as condições de análise. Adicionalmente verificou-se que o aumento do tempo de tratamento térmico não propiciou melhoria desta propriedade.

Palavras-chave: Metal de Solda, Arames Tubulares tipo Metal Cored, Aços de Alta Resistência, Tratamento Térmico

1. INTRODUÇÃO

As plataformas de petróleo para operação offshore, são unidades flutuantes cujo sistema de amarração consiste em longos trechos de amarras de aço, cabos de aço e outros acessórios (Paiva, 2000).

Normalmente, estes sistemas são compostos de inúmeros componentes diferentes e projetados para uma vida útil em torno de 20 anos, devendo-se prever inspeções periódicas para monitoramento da vida em fadiga dos mesmos. Durante estas operações de inspeção, considerando a criticalidade do funcionamento dos sistemas de ancoragem, pode ser verificada a ocorrência de inúmeros danos, os quais podem gerar a necessidade de substituição de elos individuais, de forma a garantir a integridade estrutural de todo o sistema, assim como a continuidade do funcionamento regular da plataforma, estando neste caso, envolvidos enormes custos de paradas não previstas.

Quando ocorre a previsão de substituição de um único elo de amarra, faz-se necessária uma movimentação de enormes proporções visto que as linhas de ancoragem devem ser retiradas de serviço, trazidas à terra, embarcadas em transporte terrestre e encaminhadas às fábricas para possibilitar a substituição, o que se caracteriza por um custo elevado e um prazo dilatado. Adicionalmente, deve-se considerar que o transporte terrestre envolve uma limitação de peso e comprimento de amarras, o que obriga a colocação de elos de ligação do tipo kenter, o qual, reconhecidamente apresenta vida em fadiga muito inferior ao dos elos comuns.

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Com o objetivo de minimizar estes custos, iniciou-se um programa de estudos com o objetivo de qualificar procedimentos confiáveis de soldagem para elos de amarras e acessórios de aço, o qual já produziu inúmeros resultados positivos (Jorge et al, 2001; Jorge et al, 2004; Jorge et al., 2006; Jorge et al, 2007; Jorge et al. , 2008; Jorge et al, 2010 e Faragasso et al, 2011) pelo processo eletrodo revestido. Baseado nestes resultados promissores, o programa avançou e foi introduzido o processo de soldagem por arame tubular, com o objetivo de aumentar a produtividade na soldagem destes elos de amarra (Farneze, 2009).

No entanto, embora com resultados interessantes, verificou-se naquele estudo (Farneze, 2009), que a tenacidade ao impacto obtida no metal de solda foi muito próxima do mínimo para o grau R3 da norma IACS W22 (2011).

O presente trabalho dá sequência à estes estudos e tem por objetivo avaliar o efeito do aumento do tratamento térmico pós-soldagem na tenacidade ao impacto do metal de solda, visando a melhoria desta propriedade.

2. MATERIAIS E MÉTODOS 2.1. Materiais

As juntas soldadas foram efetuadas utilizando-se como material de base chapas de aço de classificação ASTM A-36 nas dimensões de 650 mm X 300 mm X 19 mm.

Como material de adição foi utilizado o arame tubular do tipo AWS E 110C-G com 1,2 mm de diâmetro.

2.2. Soldagem dos Corpos-de-Prova

As juntas foram soldadas a partir de chapas com 19 mm de espessura e 700 mm de comprimento. A geometria e demais dimensões da junta são apresentadas na Fig. (1).

As juntas foram preaquecidas às temperaturas de 200 e 250°C e posteriormente foi realizada a soldagem multipasse, na posição plana, utilizando-se uma mistura de 75%Ar-25%CO2 como gás de proteção.

Figura 1. Detalhes da geometria da junta utilizada.

A Tab. (1) apresenta o conjunto de parâmetros médios utilizados para a soldagem.

Tabela 1. Parâmetros de Soldagem Utilizados

Identificação Preaquecimento (0C) I(A) V(Volts) AT(kJ/mm) Nr. Passes M200 200 281-299 31-32 1,24 21 M250 250 281-299 31-32 1,27 21

Nota:I – Corrente, V - Voltagem , AT- Aporte térmico.

2.3. Tratamentos Térmicos Pós Soldagem (TTPS)

Foram realizados tratamentos térmicos consistindo de aquecimento a 580°C por 1, 2 e 3 horas, sendo estas condições comparadas à condição da junta de como soldada.

2.4. Ensaios Mecânicos

Foram removidos corpos-de-prova longitudinais e transversais ao cordão de solda para ensaios de tração, de impacto Charpy-V e dureza.

Os ensaios de tração foram realizados à temperatura ambiente, em corpos-de-prova retirados longitudinalmente ao cordão de solda, para avaliação de todas as propriedades de tração dos metais de solda.

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Foram realizados ensaios de impacto Charpy-V, à temperatura de -20°C, realizados na condição de como soldado (CS) e após TTPS para tempos de 1, 2 e 3 horas, para avaliação de possíveis alterações da tenacidade ao impacto devido à variação do tempo de tratamento.

Os ensaios foram realizados em corpos-de-prova normalizados conforme a norma ASTM A-370 nas dimensões de (10x10x55mm) e retirados transversalmente ao cordão de solda, à 2mm da superfície da junta. O entalhe foi posicionado no plano da espessura e no centro do cordão de solda.

Foram realizados ensaios de dureza Vickers com aplicação de carga de 10 Kgf em corpos de prova transversais ao cordão de solda, sendo realizada uma varredura de dureza da superfície até a raiz do metal de solda.

2.5. Ensaios Metalográficos

Realizou-se a análise metalográfica dos metais de solda, consistindo de identificação da microestrutura e microfases por microscopia eletrônica de varredura (MEV). A preparação das amostras consistiu da técnica convencional de lixamento e polimento, seguido de ataque químico com reagente nital 10% para a macrografia e 2% para a micrografia.

3. RESULTADOS 3.1. Análise Química

A Tab. (2) apresenta a composição química dos metais depositados.

Tabela 2. Composição química dos metais de solda (% em peso).

Metal de Solda C Si P S Mn Mo Ni Cr V Ceq M200 0,051 0,411 0,021 0,005 1,324 0,524 2,478 0,024 0,012 0,549 M250 0,046 0,434 0,020 0,005 1,400 0,511 2,475 0,024 0,012 0,555

Ceq = C + Mn/6 + (Cr+Mo+V)/5 + (Ni+Cu)/15

3.2. Ensaios de Tração

A Tab. (3) apresenta os resultados dos ensaios de tração para os metais de solda obtidos, juntamente com o critério de aceitação utilizado que é referente aos aços da classe grau R3 para acessórios de ancoragem, onde se notam as seguintes características principais:

a) verifica-se que os metais de solda atendem aos requisitos R3 para todas as condições de análise, exceto para a resistência mecânica na condição de preaquecimento de 250ºC com tratamento térmico pós-soldagem realizado por 3 horas;

b) a realização do tratamento térmico pós-soldagem propiciou uma redução contínua da resistência mecânica e do limite de escoamento, embora estas diferenças não sejam tão significativas e;

c) todos os valores de alongamento e redução de área estão bem superiores aos mínimos requeridos para os aços grau R3.

d) os maiores resultados de resistência mecânica foram obtidos para os metais de solda realizados com preaquecimento de 200ºC.

Tabela 3. Resultados dos ensaios de tração.

Metal de Solda Condição LE(MPa) LR(MPa) Al(%) RA(%) M200 Como Soldado 659 744 25,71 65,48 TTPS – 1h 640 742 22,86 66,51 TTPS – 2h 593 705 24,57 69,42 TTPS – 3h 583 694 25,71 66,35 M250 Como Soldado 623 716 27,89 66,51 TTPS – 1h 580 698 25,71 68,28 TTPS – 2h 580 698 27,43 68,28 TTPS – 3h 543 668 26,29 66,66 Mínimo R3 --- 410 690 17,00 50,00

3.3. Ensaios de Impacto Charpy-V

A Tab. (4) apresenta os resultados dos ensaios de impacto Charpy-V para os metais de solda obtidos, juntamente com o critério de aceitação utilizado, onde se notam as seguintes características principais:

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b) a realização do tratamento térmico pós-soldagem propiciou uma redução da tenacidade ao impacto do metal de solda;

c) o aumento do tempo de tratamento térmico não modificou o comportamento da tenacidade ao impacto;

d) os resultados obtidos para os metais de solda realizados com preaquecimento de 250ºC propiciaram uma melhoria significativa da tenacidade ao impacto e;

e) os melhores resultados de tenacidade ao impacto foram obtidos para a condição de como soldado.

Tabela 4. Resultados dos ensaios de Impacto Charpy-V realizados à -20ºC (Joules).

Metal de Solda Condição 1º Ensaio 2º Ensaio 3º Ensaio Média M200 Como Soldado 54,5 64,5 75,5 64,8 TTPS – 1h 51,5 60,5 36,5 49,5 TTPS – 2h 36,5 61,5 47,0 48,3 TTPS – 3h 52,0 59,5 47,5 53,0 M250 Como Soldado 102,0 115,0 95,0 104,0 TTPS – 1h 60,0 90,5 110,5 87,0 TTPS – 2h 94,0 77,0 88,0 86,3 TTPS – 3h 89,0 90,0 87,0 88,7 Mínimo R3 – Metal Base --- 40,0 Mínimo R3 – Metal de Solda --- 30,0

3.4. Ensaios de Dureza

A Fig. (2) apresenta os perfis de dureza obtidos para as juntas soldadas nas condições CS e TTPS, medidos a partir da superfície da chapa, onde se notam as seguintes características principais:

a) os valores de dureza não apresentam grandes variações;

b) os maiores valores de dureza foram verificados para o metal de solda M200, na condição de como soldado; c) o aumento do tempo de tratamento térmico propiciou uma redução dos valores de dureza;

d) os maiores valores de dureza foram inferiores à 300HV e;

e) verificou-se uma redução na dureza na varredura da superfície para a raiz do metal de solda.

-2 0 2 4 6 8 10 12 14 16 0 50 100 150 200 250 300 350 400 450 500 TTPS - 3h TTPS - 2h TTPS - 1h COMO SOLDADO D U R EZ A VIC KER S ( H V1 0 ) DISTÂNCIA DA SUPERFÍCIE (mm) -2 0 2 4 6 8 10 12 14 16 0 50 100 150 200 250 300 350 400 450 500 TTPS - 3h TTPS - 2h TTPS - 1h COMO SOLDADO D U R EZ A VIC KER S ( H V1 0 ) DISTÂNCIA DA SUPERFÍCIE (mm) M200 M250

Figura 2. Perfil de dureza dos metais de solda nas diversas condições de análise. 3.5. Ensaios Metalográficos

As Fig. (3) a (5) apresentam a caracterização microestrutural observada por microscopia eletrônica de varredura (MEV), nas condições como soldado (CS) e após TTPS de 2 horas para a região colunar do último passe e regiões colunar e reaquecida relativas à ponta do entalhe do corpo-de-prova de impacto Charpy-V, onde se observam as seguintes características:

(5)

De forma similar para ambos os metais de solda, verificou-se uma microestrutura constituída de bainita (FS), ferrita acicular (FA) e ferrita poligonal (FP);

A análise por MEV evidenciou a ocorrência de maior proporção de ferrita acicular no metal de solda M250, sendo as segundas fases predominantemente constituinte A-M para a condição de como soldado (Fig.3);

Nas regiões colunar e reaquecida na região da ponta do entalhe Charpy-V de todas as condições, verificou-se a predominância de bainita (FS), sendo que no metal de solda M250, notou-se também grande participação do constituinte ferrita acicular na região reaquecida na condição de como soldado (Fig.4) e;

O efeito do TTPS se traduziu em uma extensiva precipitação de carbetos (Fig.4), notadamente no contorno de grão do metal de solda M200 (Fig.5).

M200

M250

Figura 3. Aspecto microestrutural da região colunar do último passe dos metais de solda na condição de como soldado

(6)

Condição Região Colunar Região Reaquecida M200 CS M200 TTPS M250 CS M250 TTPS

Figura 4. Aspecto microestrutural dos metais de solda na região da ponta do entalhe Charpy-V quando observados por

microscopia eletrônica de varredura (MEV). Ataque: Nital 2%.

(7)

M200 M250

Figura 5. Ocorrência de precipitação de carbetos nos contornos de grão nos metais de solda após TTPS (MEV).

Ataque: Nital 2%.

4. DISCUSSÃO

Na utilização de estruturas soldadas observa-se a importância crescente da necessidade de juntas soldadas com propriedades mecânicas adequadas às condições de serviço, cujas exigências podem inviabilizar um reparo por soldagem, caso não apresente a confiabilidade exigida. No caso de operações “offshore”, a confiabilidade depende fundamentalmente da segurança das linhas de ancoragem.

No caso de componentes para ancoragem de plataformas , existem regras específicas para materiais adequados, as quais definem requisitos extremamente complexos, visto haver necessidade de associar elevadas resistências mecânicas com um alto padrão de tenacidade ao impacto. Este nível de exigência torna a soldagem destes componentes um grande desafio em termos não somente da definição do procedimento de soldagem mais adequado, como, principalmente na seleção e/ou desenvolvimento de consumíveis adequados para a aplicação, já que as normas de qualificação de consumíveis normalmente utilizadas (AWS A5.5, 1996; AWS 5.28, 1996; MIL-E-22200/1F, 1981), não contemplam estes requisitos na sua plenitude e , em alguns casos, os mesmos devem ser acordados entre fornecedor e cliente (AWS A5.28, 1996).

O presente trabalho dá sequencia à publicações anteriores (Farneze, 2009; Pinheiro et al, 2012), procurando avaliar a adequação de consumíveis que sejam adequados à soldagem com requisitos desafiadores de resistência mecânica e tenacidade. Particularmente, se avalia a possibilidade de melhoria da tenacidade ao impacto com variações no preaquecimento e no tempo de tratamento térmico pós-soldagem, já que o aumento da temperatura de tratamento não pode ser realizado para não causar efeitos nocivos ao metal base para o qual se está estudando o consumível em questão.

A Tab. (4) mostra os resultados dos ensaios de impacto Charpy V, juntamente com os requisitos tanto para o metal base quanto para a solda da norma IACS W22, onde se percebe que os resultados obtidos no presente trabalho apresentam-se muito superiores à estes requisitos para os dois preaquecimentos utilizados. Particularmente, para o preaquecimento de 250°C, procedimento alternativo utilizado aqui em relação ao trabalho anterior (Pinheiro et al, 2012), nota-se uma melhoria substancial, promovendo valores de tenacidade que são da ordem de 2 vezes o valor requerido para o metal base, enquanto que para o preaquecimento de 200°C, o resultado obtido é apenas 20% superior ao requisito do metal base, embora seja da ordem de 60% superior ao valor exigido para o metal de solda.

A Fig. (6) mostra estes resultados, juntamente com os valores obtidos em outra publicação anterior de FARNEZE (2009) , onde se verifica também que os resultados aqui encontrados foram muito próximos aos obtidos anteriormente para o preaquecimento de 200oC. Esta questão é digna de menção, pois embora o consumível utilizado não apresente requisitos específicos para qualificação, pois segundo a norma AWS 5.28 (1996) as propriedades para este consumível devem ser acordadas entre fornecedor e cliente, cabe destacar esta repetibilidade de resultados para corridas diferentes.

No tocante ao comportamento da tenacidade ao impacto em relação ao tratamento térmico, verifica-se a mesma evolução para os dois casos (Fig. 5), ou seja, uma diminuição em relação ao estado de como soldado e a manutenção do patamar de tenacidade com o aumento do tempo de tratamento até 3 horas, sendo esta diminuição mais acentuada para o metal de solda M200. Farneze et al (2009) comentam em seu trabalho esta questão da estabilidade microestrutural com o tratamento térmico para metais de solda com teores elevados de Ni e Mn, como justificativa para a manutenção da tenacidade com o tratamento térmico. A microestrutura observada era constituída de martensita e ferrita com segunda fase, com predominância do primeiro constituinte.

(8)

0 1 2 3 0 20 40 60 80 100 120 M200 M250 FARNEZE (TTPS) FARNEZE (CS)

MÍNIMO PARA METAL DE SOLDA

E n e rg ia A b s o rv id a ( J o u le s )

Tempo de Tratamento (Horas)

Figura 6. Análise comparativa da tenacidade ao impacto para diversas condições.

As evidências microestruturais observadas, permitem explicar precisamente o comportamento da tenacidade ao impacto, não somente dos resultados do presente trabalho, mas da comparação com os resultados com as publicações anteriores (Farneze et al, 2009; Pinheiro et al, 2012). De fato, no estudo de Farneze et al (2009), como citado anteriormente, verificou-se a predominância de martensita, em uma microestrutura constituída somente de martensita e bainita (FS). Já no presente trabalho, a diferenciação dos metais de solda M200 e M250 foi a maior proporção de ferrita acicular neste último, constituinte, reconhecidamente benéfico para a tenacidade. Já após o tratamento térmico, verificou-se a ocorrência de precipitação de carbetos nos contorno de grão, com maior intensidade no metal de solda M200, o que contribuiu para a redução da tenacidade ao impacto (Salvador et al,1994; Salvador et al, 1995; Farrar et al, 1989; Vogas et al , 2012).

Vários estudos (Evans, 1991; Evans, 1993; Kang et al, 2000; Trindade et al, 2005; Zhang et al, 1997) tem evidenciado a necessidade de se manter um balanço preciso da relação Ni-Mn para obtenção de patamares de tenacidade ao impacto satisfatórios, devido à inúmeros fatores microestruturais que interferem sobremaneira na relação tencidade/microestrutura. No entanto, é digno de menção um estudo de SURIAN et al (2010) no qual se afirma que após tantos anos de estudo, a obtenção de valores de tenacidade adequados não é mais problema. A questão que se coloca no presente momento é, como alcançar os requisitos de resistência mecânica desejados para os padrões atuais.

No caso do presente estudo, esta questão se apresenta de forma categórica, pois ao se utilizar um procedimento alternativo para melhorar a tenacidade ao impacto, observou-se uma redução significativa da resistência mecânica, a qual ficou muito próxima ou mesmo abaixo do limite mínimo aceitável , tal como mostrado na Fig. (7).

De fato, a análise da Fig. (7) permite inferir que a utilização do preaquecimento de 250°C não possibilita a obtenção de resultados de resistência mecânica para atendimento dos requisitos de forma confiável, fazendo com que seja necessária a utilização do preaquecimento de 200°C como a alternativa viável para este procedimento.

Com base no acima exposto, fica definido que o procedimento mais adequado para o estudo presente é a utilização de preaquecimento à 200°C, devido às limitações de obtenção de requisitos de resistência mecânica com uso de maiores temperaturas de preaquecimento.

5. CONCLUSÕES

Do exposto no transcurso do presente trabalho, pode-se concluir que:

a) O metal de solda estudado, mostrou-se adequado para utilização na soldagem do aço grau R3 da norma IACS W22 com utilização de preaquecimento de 200°C e tratamento térmico pós-soldagem de 1 hora;

b) A utilização de preaquecimento de 250°C promoveu uma melhoria substancial na tenacidade ao impacto, mas gerou uma redução na resistência mecânica, o que comprometeu a sua adoção como procedimento recomendável e;

c) O aumento do tempo de tratamento térmico não promoveu mudanças substanciais na tenacidade ao impacto.

6. AGRADECIMENTOS

Os autores agradecem às Instituições pelo apoio prestado na execução do presente trabalho: A Fluke Engenharia Ltda., CEFET/RJ, PUC-Rio e ESAB. Os autores agradecem também a: Marcio Moura, Tatiana Farias e Jorge Vieira da Fluke Engenharia Ltda., pelo apoio na realização das soldagens e ensaios mecânicos.

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0 1 2 3 600 650 700 750 800 M250 M200

LIMITE DE RESISTÊNCIA MÍNIMA

R e s is n c ia M e c â n ic a ( M P a )

Tempo de Tratamento (Horas)

Figura 7. Análise comparativa da resistência mecânica em diversas condições.

7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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8. DIREITOS AUTORAIS

(11)

7º CONGRESSO BRASILEIRO DE ENGENHARIA DE FABRICAÇÃO 7th BRAZILIAN CONGRESS ON MANUFACTURING ENGINEERING

20 a 24 de maio de 2013 – Penedo, Itatiaia – RJ - Brasil May 20th to 24th, 2013 – Penedo, Itatiaia – RJ – Brazil

EFFECT OF PREHEAT AND POST WELDING HEAT TRATMENT ON

THE MECHANICAL PROPERTIES OF HIGH STRENGTH STEEL WELD

METALS OBTAINED BY METAL CORED TUBULAR ELECTRODES

Marcelo Marmello Pinheiro, nrpinheiro@hotmail.com1

Jorge Carlos F. Jorge, jorgecfjorge@gmail.com1,2 Luís Felipe G. de Souza, lfgs59@gmail.com1 Ivaní S. Bott , bott@puc-rio.br3

1Centro Federal de Educação Tecnológica Celso Suckow da Fonseca, PPEMM, Av. Maracanã, 229, Maracanã, Rio de

Janeiro, RJ, Brasil.

2Fluke Engenharia Ltda, Av. Rio Branco 135, 11° andar, Centro, Rio de Janeiro, Brasil.

³Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro, DEMA, Rua Marques de S. Vicente, 225, Gávea, Rio de Janeiro, RJ, Brasil.

Abstract: The main goal of the present work, which is part of an extensive ongoing research program, is to evaluate

the effect of the post weld heat treatment on the mechanical properties of high strength steel weld metals obtained by metal cored tubular electrodes. Previous studies in this program using the same procedure have produced results very close to minimum required by IACS W22 Grade R3 steels. Consequently, it was necessary to study the effect of varying the time of post weld heat treatment on the impact toughness. Multi-pass joints were welded using AWS E 110C-G metal cored electrode by FCAW process, with 1,2mm diameter, preheating of 200 and 250°C, direct current, flat positioned and heat input average of 1,24kJ/mm. After the welding, tensile, Charpy-V impact and hardness tests and metallographic examination by scanning electron microscopy (SEM), in testing pieces removed entirely from the weld metal both in the as welded and after post weld heat treatment conditions. The post weld heat treatment consisted by heating to 580°C by 1,2 and 3 hours, respectively, followed by air cooling. The results showed that the obtained weld metals presented satisfactory impact toughness in all conditions. Additionally, it was verified that increasing the time of post weld heat treatment did not provided an improvement on the weld toughness.

Referências

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