• Nenhum resultado encontrado

PROPOSTA DE MITIGAÇÃO DO RISCO ASSOCIADO À INSTABILIDADE DO ESTÉRIL DA PEDREIRA DE BRITA DA RUA CAÇAPAVA, COMUNIDADE JK, GRAJAÚ, RIO DE JANEIRO

N/A
N/A
Protected

Academic year: 2021

Share "PROPOSTA DE MITIGAÇÃO DO RISCO ASSOCIADO À INSTABILIDADE DO ESTÉRIL DA PEDREIRA DE BRITA DA RUA CAÇAPAVA, COMUNIDADE JK, GRAJAÚ, RIO DE JANEIRO"

Copied!
5
0
0

Texto

(1)

PROPOSTA DE MITIGAÇÃO DO RISCO ASSOCIADO À INSTABILIDADE DO

ESTÉRIL DA PEDREIRA DE BRITA DA RUA CAÇAPAVA, COMUNIDADE

JK, GRAJAÚ, RIO DE JANEIRO

R. Geraidine

Fundação Instituto de Geotécnica do Rio de Janeiro

C. Amaral

Fundação Instituto de Geotécnica do Rio de Janeiro

W. Silveira

Fundação Instituto de Geotécnica do Rio de Janeiro

RESUMO: Descrevem-se neste trabalho as intervenções efetuadas para diagnosticar e indicar propostas de mitigação do risco geológico associado a escorregamentos de diversos tipos na pedreira de brita, desativada, da rua Caçapava, Grajaú, zona norte do Rio de Janeiro, ocupada densamente pelas moradias da Favela Comunidade JK. Dentre as situações de risco, destaca-se aquela relacionada à possível ruptura de um corpo de estéril da atividade da pedreira disposto aleatoriamente num setor lateral da sua praça de manobra, para a qual foram indicadas propostas de remediação via obras de estabilização pouco comuns na cidade.

1. INTRODUÇÃO

O setor da encosta da Serra dos Três Rios, ao final da rua Caçapava, no bairro do Grajaú, zona norte da Cidade do Rio de Janeiro, mostra um histórico de uso do solo e de acidentes geológicos, bem como de intervenções geotécnicas, típico da parte da capital fluminense caracterizada por grandes exposições de rocha cristalina sã e pouco fraturada (Amaral, 1996).

Inicialmente servindo para implantação de uma pedreira de brita, a área depois de intensamente explorada, foi abandonada. Sem controle ou fiscalização urbanística e ambiental, a área foi ocupada desordenadamente pela favela Comunidade JK (Foto 1).

Face ao alto risco de acidentes associados a escorregamentos de lascas e blocos rochosos que caracterizam todas as áreas de pedreiras

favelas no Rio de Janeiro, a área da Favela Comunidade JK sempre representou um dilema para o poder público, que ora se decidia pela remoção das casas, ora definia e executava obras de contenção pontuais, optando assim por estender a convivência com o risco geológico.

Em 1998, com a liberação de recursos para execução de novas obras de estabilização de taludes, não só voltaram as discussões sobre onde e de quais tipos seriam as intervenções, como surgiu também uma questão bastante peculiar relacionada a instabilidade de um corpo do estéril da pedreira que impunha risco de acidentes para 20 casas.

A definição das medidas de mitigação das diversas situações de risco na Comunidade JK, e em especial o desenvolvimento dos estudos e investigações geotécnicas para diagnosticar o grau de risco associado à ruptura do corpo de estéril, constituem o objetivo deste trabalho

(2)

Foto 1: vista aérea oblíqua da área da pedreira desativada ocupada pela Comunidade JK (foto cortesia de Ary Maciel)

2. HISTÓRICO DE ACIDENTES E OBRAS DE ESTABILIZAÇÃO

Os documentos arquivados na GEORIO revelam que a atividade de exploração de pedra de brita no local teve início no ano de 1957, sendo a licença de exploração prorrogada nos 2 anos seguintes. A fotografia área de 1967 mostra que até aquele ano, pelo menos, a pedreira continuava em atividade.

Não há informação específica sobre o ano de paralisação da pedreira e início da ocupação da área pela Comunidade JK. Sabe-se, contudo, que a favela começou a registrar danos causados por escorregamentos em 1990, quando a sua praça já se encontrava completamente tomada. Naquele ano, um deslizamento da capa de solo na crista do paredão rochoso e a queda de blocos rochosos destruíram parcialmente 5 casas. As obras corretivas foram iniciadas em 1991. Ao final dos serviços, a GEORIO já recomendava que

se executassem obras complementares nos mesmos locais.

Em 1993, a queda de um bloco rochoso de 3m3 em outro ponto da frente da pedreira, causou danos e colocou em risco iminente 2 moradias. Em 1995, foram reportadas quedas de blocos rochosos e uma situação de risco iminente de novos acidentes para 3 casas. Ao final de 1995, a situação de risco de acidentes era tão evidente em alguns setores da comunidade JK, que a Secretaria Municipal de Habitação cadastrou 32 casas com objetivo de remove-las, o que não foi feito.

Em 1998, como o risco de acidentes continuava a aumentar, a GEORIO recebeu verba específica para executar obras de estabilização com vistas a reduzir o risco de acidentes na Comunidade JK. Como o volume de recursos era modesto, o agrupamento de geotécnicos responsável optou por estabelecer uma hierarquização das situações de risco a

(3)

escorregamentos, e assim obter a melhor relação custo/benefício das obras públicas.

3. ANÁLISE DO RISCO GEOLÓGICO A Figura 1, baseada na Foto 1, mostra a distribuição das situações de risco tal como observado pela equipe de geólogos e engenheiros em Junho de 1998.

Figura 1: croquis esquemático das situações de risco na pedreira

Na situação 1, ao longo de uma faixa de 75m junto a base da escarpa da pedreira, as obras de contenção executadas em 1991/92 (Foto 2) definiram uma área de dissipação de energia das quedas de rocha, o que acabou por exigir o reassentamento de 10 casas. Com as intervenções, reduziu-se significativamente o risco de acidentes para as 25 casas mantidas no local.

Na situação 2, 30 moradias encontram-se sob alto risco de acidentes associados a quedas de lascas e blocos rochosos, cujo número, posição, tipo de apoio e geometria era difícil de ser avaliado, já que o mato cobria completamente o local. Num pequeno trecho de risco iminente para 5 casas, uma obra de contenção foi executada no prazo de 60 dias (Foto 3).

A execução desta obra criou condições operacionais para se efetuar a limpeza da crista da escarpa, ao longo de uma extensão de 50m e altura de 30m. A Foto 4 mostra um detalhe da situação no setor, no qual o potencial maior de instabilização está relacionado a presença de um nível com 3m de espessura de rocha muito fraturada, condicionado por fraturas de alívio e por uso de explosivo, com abertura de 1cm a 5cm, muito persistentes, sem preenchimento e praticamente superpostas.

Foto 2: detalhe das obras na situação 1

Foto 3: detalhe da obra em execução na situação 2.

Na situação 3, além da face escarpada com lascas e blocos instáveis, identificou-se também, preliminarmente, um potencial de instabilização de um talude e risco alto de

(4)

acidentes a escorregamentos mostrava-se impossível apenas com a limpeza da área, tornando necessária a realização de investigações geotécnicas mais detalhadas.

Foto 4: situação do setor 2, no qual se destaca a presença de lascas rochosas instáveis

3.1 Risco de Acidentes na Situação 3

A interpretação de fotos aéreas revelou que o talude representava a face de um corpo do estéril da pedreira disposto aleatoriamente na lateral da sua praça de manobra.

A partir de mapeamento detalhado no campo definiu-se que o corpo do estéril tem forma de cone, com 10m de altura, 15m de largura na base e angulo de repouso de 45o; sua composição é de blocos rochosos escavados com dinamite (marcas de fogo) misturados a matéria orgânica, solo vegetal, areia e muita brita. Ocorrem sinais de erosão localizados na crista do corpo e junto a sua base, as obras de impacto existentes mostram-se completamente retorcidas.

As sondagens verticais realizadas junto a crista, ao pé e afastado 5m do corpo de estéril foram conduzidas até 7m de profundidade. A Figura 2 mostra a seção geológica do setor. A composição heterogênea do estéril e sua exposição ao fluxo concentrado de águas pluviais e servidas (das casas da favela) indicam um alto potencial de carreamento dos finos pelo fluxo vertical, com abatimentos e deformações significativas que podem levar à ruptura do pacote de resíduo, o que caracteriza um risco alto para o conjunto de 20 casas situadas a jusante das obras de contenção e ao longo do seu perímetro.

Figura 2: perfil geológico esquemático da composição do corpo de estéril

4. PROPOSTAS DE MITIGAÇÃO DO RISCO GEOLÓGICO

4.1 Situação 2

Na situação 2, de talude rochoso fraturado, caso haja uma decisão pela manutenção das casas no local, a solução técnica de estabilização para redução do risco passaria pela fixação da camada instável com contrafortes ancorados na camada de rocha sã num trecho mais fraturado, a fixação localizada de algumas lascas rochosas, o bate-choco e a fixação de uma tela chumbada. 4.2 Situação 3

Na situação 3, o risco alto para 20 casas coloca a estabilização do corpo de estéril como uma das alternativas de gerenciamento de risco de acidentes naquele setor. A Figura 3 detalha a proposta de intervenção.

Trata-se da instalação de uma estrutura composta de perfis metálicos e tela dupla de alta resistência, reforçada e entrelaçada por cordoárias, sendo os primeiros chumbados em sua base em viga de concreto armado, a qual estará chumbada no maciço rochosos (horizonte de rocha sã). Os perfis possuirão altura de 6m e espaçamento de 2m, com vistas a eliminar também o risco da queda de blocos ultrapassar por cima ou destruir a tela.

(5)

Figura 3: estabilização do estéril disposto aleatoriamente num setor lateral da praça da pedreira, a montante de 15 casas, e sobre o qual fixaram-se 5 casas.

5. CONCLUSÃO

As situações de risco em praças de pedreiras desativadas e densamente ocupadas por favelas, tal como o da Comunidade JK, são absolutamente comuns no Rio de Janeiro, em função de uma exploração sem orientação técnica e descompromissada com a recuperação da área após o seu esgotamento. Além dos aspectos de aplicação da geotecnia convencional na solução de problemas pontuais de estabilidade de taludes dentro da favela, que por vezes exigem execução de obras de contenção rápidas para permitir estudos mais detalhados, neste trabalho tratou-se também do risco associado a disposição final de estéreis sólidos.

A campanha de investigação geotécnica detalhada permitiu avaliar o risco associado à ruptura de um corpo de estéril da pedreira para cerca de 20 casas da favela situadas na sua

crista e junto a sua base, e indicar a obra de contenção mais adequada ao problema.

6. REFERÊNCIAS

Amaral, C. (1996) Escorregamentos no Rio de Janeiro: inventário, condicionantes geológicas e gerenciamento do risco associado. Tese de Doutorado, PUC-Rio, 287p.

Referências

Documentos relacionados

Ressalta-se que mesmo que haja uma padronização (determinada por lei) e unidades com estrutura física ideal (física, material e humana), com base nos resultados da

Neste capítulo foram descritas: a composição e a abrangência da Rede Estadual de Ensino do Estado do Rio de Janeiro; o Programa Estadual de Educação e em especial as

A presente dissertação é desenvolvida no âmbito do Mestrado Profissional em Gestão e Avaliação da Educação (PPGP) do Centro de Políticas Públicas e Avaliação

O Programa de Avaliação da Rede Pública de Educação Básica (Proeb), criado em 2000, em Minas Gerais, foi o primeiro programa a fornecer os subsídios necessários para que

Este questionário tem o objetivo de conhecer sua opinião sobre o processo de codificação no preenchimento do RP1. Nossa intenção é conhecer a sua visão sobre as dificuldades e

O primeiro conjunto de artigos, uma reflexão sobre atores, doenças e instituições, particularmente no âmbito da hanse- níase, do seu espaço, do seu enquadramento ou confinamen- to

A realização desta dissertação tem como principal objectivo o melhoramento de um sistema protótipo já existente utilizando para isso tecnologia de reconhecimento

F REQUÊNCIAS PRÓPRIAS E MODOS DE VIBRAÇÃO ( MÉTODO ANALÍTICO ) ... O RIENTAÇÃO PELAS EQUAÇÕES DE PROPAGAÇÃO DE VIBRAÇÕES ... P REVISÃO DOS VALORES MÁXIMOS DE PPV ...