VI Seminário da Rede Brasileira de Monitoramento e Avaliação
Avaliação, transparência e Participação
Avaliação da Primeira Infância:
Práticas, Desafios e Aprendizagens na Avaliação da
Primeira Infância
Profª Ms. Bruna Ribeiro
Avaliação na/da EI
e a configuração de um novo problema social
•
Debate não é novo, o que se instala como novidade é o status que a temática
ganha como problema social.
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Status de “problema social” gera: inserção na agenda e na pauta de negociações
de políticas sociais, busca por visibilidade, recursos e incita apoiadores e
opositores (Rosemberg, 2013).
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Iniciando processo de construção e formalização de uma política de avaliação (da
ou na) educação infantil.
Desafios da avaliação em EI
•
Inserir a EI nas formulações das Políticas de Avaliação da EB, sem, no entanto,
desconsiderar as especificidades do atendimento da faixa etária de 0 a 5 anos e o
acúmulo do campo no Brasil, expresso nos documentos oficiais existentes e
legislação vigente.
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Coerência entre avaliação e finalidades da EI (DIDONET,2006).
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Respeitar a especificidade significa construir uma sistemática de avaliação que não
tome emprestado modelos avaliativos de outras etapas educacionais.
•
E que amplie o olhar para além do “produto” levando em consideração os insumos
e processos que potencializam e propiciam o desenvolvimento infantil.
Natureza multidimensional da avaliação
na/da EI
Avaliação de
políticas
educacionais
Avaliação de
programas
Avaliação
institucional
Avaliação da
criança
Avaliação de
sistema
Avaliação NA e DA educação infantil
•
Avaliação
NA
educação infantil
É aquela feita internamente no processo educativo, focada nas crianças enquanto
sujeitos e coautoras de seu desenvolvimento. Seu âmbito é o microambiente, o
acontecer pedagógico e o efeito que gera sobre as crianças. Ela é feita pela professora,
pelas pessoas que interagem com ela no cotidiano e pelas crianças (parte de uma
educação dada e procura compreender seus efeitos sobre as crianças).
•
Avaliação
DA
educação infantil
Toma esse fenômeno sociocultural visando responder se e quanto ele atende à sua
finalidade, a seus objetivos e às diretrizes que definem sua identidade (interroga a
oferta que é feita as crianças, confrontando-a com parâmetros e indicadores de
qualidade).
Avaliação da criança
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É competência da escola (LDB; CNE; DCNEI).
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Realizada mediante acompanhamento e registro do desenvolvimento da criança.
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Sem objetivo de seleção, promoção ou classificação.
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Não se admitindo a utilização de provinhas ou outros instrumentos de avaliação que
submetam a qualquer forma de ansiedade, pressão ou frustação (Brasil, 2012).
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Avaliação será sempre da criança em relação a si mesma e não comparativamente com
outras crianças.
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Segundo alterações recentes da LDB (artigo 31, item V) a instituição educacional deve
expedir documentação que possibilite atestar os processos de desenvolvimento e
aprendizagem da criança.
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Mudanças demandam que as redes municipais, estaduais e seus respectivos órgãos
normativos explicitem o que é essa documentação (em consonância com o que preconiza as
DCNEI).
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Nesse sentido, São Paulo, elabora uma Orientação Normativa (01/2013): Avaliação na
Educação Infantil: aprimorando os olhares.
Avaliação institucional
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Abrange a análise da instituição educativa como um todo, nas dimensões política, pedagógica
e administrativa (SOUSA,2006).
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Entendimento de que o desenvolvimento da criança deve ser analisado de modo
contextualizado.
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Ampliação da compreensão da abrangência da avaliação: para além da avaliação do aluno.
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Pode contemplar a autoavaliação e/ou a avaliação externa.
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Para que a qualidade possa ser mensurável utiliza-se parâmetros e indicadores pra apoiar o
processo de discussão e problematização da oferta.
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O Brasil e muitos outros países tem investido esforços no sentido de construir e consolidar
indicadores de qualidade que possibilitem “atingir, concreta e objetivamente, um patamar
mínimo de qualidade que respeite a dignidade e os direitos básicos das
crianças”(CAMPOS:ROSEMBERG,2009) e que possa ser aferido por meio de avaliações .
Parâmetros de qualidade em documentos
elaborados e/ou apoiados pelo MEC
DOCUMENTO OBJETIVO
1. Subsídios para credenciamento e funcionamento de instituições de Educação Infantil. Ministério da Educação (BRASIl,1998a, 2v).
Contém sugestões de critérios de qualidade e foi preparado para ser referência para as regulamentações a serem adotadas pelos conselhos estaduais e municipais.
2. Referencial curricular nacional para a educação infantil (BRASIl,1998b, 3v.).
Apresenta um conjunto de referências e orientações pedagógicas que visam contribuir com o planejamento, desenvolvimento e avaliação de práticas educativas de qualidade.
3. Referencial curricular nacional para a educação infantil: estratégias e orientações para a educação de crianças com necessidades educacionais especiais (BRASIL, 2000).
Subsidia a realização do trabalho educativo junto às crianças que apresentam necessidades especiais.
4. Política Nacional de Educação Infantil: pelo direito das crianças de zero a seis anos à Educação (Brasil, 2006a).
Apresenta diretrizes, objetivos, metas e estratégias para a área.
5. Parâmetros Nacionais de Qualidade para a Educação Infantil (BRASIL,2006b, 2v).
Estabelece padrões de referência orientadores para o sistema educacional no que se refere à organização e funcionamento das instituições de educação infantil.
6. Parâmetros Básicos de Infraestrutura para instituições de Educação Infantil - Parâmetros Básicos e Encarte (BRASIL, 2008).
Apresenta alguns parâmetros básicos de infraestrutura para as instituições de EI na perspectiva de subsidiar os sistemas de ensino em adaptações, reformas e construções de espaços para educação infantil.
7. Indicadores da Qualidade na Educação Infantil (BRASIL, 2009a). Objetiva traduzir e detalhar os Parâmetros Nacionais de Qualidade para a Educação Infantil (2006) em indicadores operacionais para auxiliar na melhoria do trabalho das instituições a partir de uma autoavaliação participativa e aberta a toda comunidade.
8. Orientações sobre convênios entre secretarias municipais de educação e instituições comunitárias, confessionais ou filantrópicas sem fins lucrativos para a oferta da educação infantil (BRASIL, 2009b).
Orienta secretarias e conselhos estaduais e municipais nas questões referentes ao atendimento de crianças realizado por meio de convênios.
9. Critérios para um atendimento em creches que respeite os direitos fundamentais das crianças (CAMPOS; ROSEMBERG, 2009).
Apresenta critérios relativos à organização e ao funcionamento interno das creches e suas práticas concretas adotadas no trabalho cotidiano com as crianças e critérios relativos à definição de diretrizes e normas políticas, programas e sistemas de financiamento de creches, tanto governamentais como não governamentais.
10. Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Infantil (BRASIL, 2010).
Estabelece as Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Infantil a serem observadas na organização de propostas pedagógicas na educação infantil. Possui caráter mandatório.
11. Educação Infantil: Subsídios para construção de uma sistemática de avaliação (BRASIL, 2012a).
Sintetiza a produção do Grupo de Trabalho de Avaliação da Educação Infantil que teve como atribuições propor diretrizes e metodologias de avaliação na e da Educação Infantil, analisar diversas experiências, estratégias e instrumentos de avaliação da Educação Infantil e definir cursos de formação sobre avaliação na educação infantil para compor a oferta da Rede Nacional de Formação Continuada de Professores.
Indicadores da Qualidade na Educação Infantil
(Indique-EI)
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Nessa modalidade é que se insere a proposta do documento “Indicadores da Qualidade na
Educação Infantil”.
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Foco: contexto do processo educativo.
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É um instrumento de autoavaliação das instituições de EI baseado:
- em processo participativo
- na atribuição de cores
- em sete dimensões de qualidade.
- Ratificam e operacionalizam parâmetros já expressos em documentos anteriores.
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Dimensões:
1.
Planejamento institucional
2.
Multiplicidades de experiências e linguagens
3.
Interações
4.
Promoção da saúde
5.
Espaços, materiais e mobiliários
6.
Formação e condições de trabalho das professoras e demais profissionais
7.
Cooperação e troca com as famílias e participação na rede de proteção social.
O Indique-EI e a política nacional
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Grupo de trabalho criado pelo MEC/SEB elaborou um documento para orientar a política
de avaliação da EI, que recomenda:
‘“Para construir uma cultura de avaliação na e da educação infantil e fortalecer a concepção de
avaliação participativa associada à definição de um conjunto de indicadores de gestão
‘educacional, cabe ao MEC/SEB divulgar amplamente padrões de qualidade, a partir dos
Indicadores da Qualidade na Educação Infantil, assegurando sistemática de envolvimento do
órgão executivo do respectivo sistema de ensino”.
•
PNE (2014-2024):
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Meta 1: Universalizar, até 2016, o atendimento escolar da população de 4 e 5 anos, e ampliar,
até 2020, a oferta de educação infantil de forma a atender a 50% da população de até 3 anos.
•
Estratégias: Avaliar a educação infantil com base em instrumentos nacionais, a fim de aferir a
infra-estrutura física, o quadro de pessoal e os recursos pedagógicos e de acessibilidade
empregados na creche e na pré-escola (BRASIL, Projeto de Lei N.º 8.035/2010, Meta 1, item
1.3).
Pesquisas sobre Indique-EI
•
Monitoramento do uso dos Indicadores (Ação Educativa, 2012)
•
Mapeamento da distribuição, abrangência, formas de difusão, adesão e uso da
proposta.
•
Consulta aberta a: Secretarias Municipais de Educação -2.471 (44%),
estabelecimentos educacionais (8%), Conselhos Municipais de Educação 179 (7%),
Fóruns de educação -14 (5 estados, 20%),Instituições de Ensino Superior (18). Total
de respostas à consulta:10.091.
•
Evidências:
- Interesse e necessidade de avaliação institucional.
- Existência de marco de referência na educação infantil: Indique-EI.
- Sistemática de avaliação deve envolver a secretaria.
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Estudo exploratório: parâmetros de qualidade do Indique-EI e de 7 documentos
internacionais (Ribeiro, 2014)
•
Seleção de 7 instrumentos internacionais que possuem legitimidade em seu
território e reconhecimento da área especializada.
Parâmetros de qualidade expressos em
documentos internacionais
Documento Objetivo O quê e como avalia?
Evaluación de Educación Infantil (Madrid, s/d)
Identificar pontos fortes e frágeis na escola para apoiar os processos de melhoria
(IDEA.s/d; GARCIA;PANIAGUA,2012).
Avalia o contexto escolar, o ambiente e prática educativa a partir de indicadores de qualidade estabelecidos pelo país. Avaliação externa mas com participação de todos os envolvidos na ação educativa.
Projeto Intersetorial de Indicadores para o bem estar da 1ª infância no México Escala de evaluación de calidad de centros
preescolares (México, 2006)
Verificar por meio de um sistema de indicadores o nível de bem-estar das crianças menores de 7 anos frequentadoras de centros escolares objetivando coletar informações que subsidiem políticas públicas, bem como a melhoria dos programas destinados as crianças e fortalecendo o processo de prestação de contas (MÉXICO, 2006; PRECIADO, 2010).
Avaliação de insumos, processo educativo, gestão educativa e relação com o entorno através de dois instrumentos: um com foco na sala e o outro no centro.
NAEYC - Early childhood program standards protocol
(EUA, 2014)
Definir padrões de qualidade para os programas de educação infantil a partir de um sistema de creditação voluntária e ajudar as famílias a identificar os programas de alta qualidade (NAEYC- versão rev. abr/2014).
Avaliação de 10 critérios tidos como essenciais organizados a partir de 4 grandes focos:
1.Crianças, 2.Professores, 3.Famílias e comunidade e 4. Liderança e administração. Infant/Toddler Environment Rating
Scale-ITERS (New York, 2006)
Promover uma reflexão sobre as oportunidades e experiências a que as crianças entre 0 e 2 anos e meio têm acesso em seu cotidiano na instituição bem como as condições presentes na sala e nos ambientes em que ficam a maior parte do tempo (HARMS, T.; CRYER, D.; CLIFFORD,2006/ BHERING; ABUCHAIM, 2011).
Avaliação através da observação dos ambientes para bebês e crianças pequenas apoiado em 39 itens, agrupados em 7 subescalas.
Early Childhood Environment Rating Scale – ECERS
(New York, 2005)
Promover uma reflexão sobre as oportunidades e experiências a que as crianças entre 2 anos e meio a 5 anos têm acesso em seu cotidiano na instituição bem como as condições presentes na sala e nos ambientes em que ficam a maior parte do tempo (HARMS, T. CLIFFORD, R.; CRYER/ BHERING; ABUCHAIM, 2011;).
Avaliação através da observação dos ambientes para bebês e crianças pequenas apoiado em 43 itens, agrupados em 7 subescalas.
Putting Children First – Quality improvement and Accreditation System
(Austrália, 1993)
Assegurar que as crianças, em creche de período integral, tenham experiências positivas e estimulantes e interações que incentivem todos os aspectos de seu desenvolvimento (SOUZA; CAMPOS-DE-CARVALHO, 2004, p.128).
Avaliação de 52 princípios agrupados em 4 partes que propiciam a avaliação externa da unidade e a autoavaliação. REAC- Rede da Comissão Européia para o
Acolhimento de crianças: Qualidade dos serviços às crianças.
(Bruxelas, 1992)
Balizar padrões de qualidade para os serviços destinados à infância e evidenciar as formas de se garantir a qualidade almejada (Documento de discussão. Qualidade dos serviços às crianças (BALAUGEUR; MESTRES; PENN, 1990).
Avaliação a partir de 10 categorias de qualidade que podem servir de base para a construção de escalas de avaliação que podem, entretanto, serem alcançadas através de diferentes metodologias.