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Otimização de Carteiras de Renda Fixa: Uma Abordagem Baseada em Modelos Fatoriais Dinâmicos Heterocedásticos

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Otimiza¸c˜

ao de Carteiras de Renda Fixa: Uma Abordagem Baseada em

Modelos Fatoriais Dinˆ

amicos Heteroced´

asticos

Jo˜ao F. Caldeirab, Guilherme V. Mouraa, Andr´e A. P. Santosa,1 aDepartmento de Economia

Universidade Federal de Santa Catarina

bDepartmento de Economia

Universidade Federal do Rio Grande do Sul

Abstract

In this paper we use Markowitz’s approach to optimize bond portfolios. We derive closed form expressions for the vector of expected bond returns and for the conditional covariance matrix of bond returns based on a general class of dynamic heteroskedastic factor models. These estimators are then used as inputs to obtain mean-variance and minimum variance optimal bond portfolios. An empirical examination involving a data set of 14 contracts with different maturities indicates that the optimized bond portfolios deliver an improved risk-adjusted performance in comparison to the benchmarks.

Resumo

Este trabalho utiliza a abordagem de Markowitz para otimizar carteiras de renda fixa. Para isto, obtem-se express˜oes em forma fechada para o vetor de retornos esperados e para a matriz de covariˆancias condicional dos retornos dos t´ıtulos baseando-se numa classe geral de modelos fatoriais dinˆamicos e heteroced´asticos. Es-tes estimadores s˜ao utilizados para obter carteiras ´otimas de m´edia-variˆancia e m´ınima variˆancia para t´ıtulos de renda fixa. Um aplica¸c˜ao emp´ırica envolvendo um conjunto de dados com 14 contratos de DI-futuro com diferentes maturidades indica que as carteiras otimizadas possuem um desempenho ajustado ao risco superior ao obtido por estrat´egias benchmark.

Keywords: otimiza¸c˜ao de carteira, estrutura a termo da taxa de juros, dynamic conditional correlation (DCC), avalia¸c˜ao de performance, previs˜ao.

JEL C53, E43, G17

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1. Introdu¸c˜ao

A abordagem de otimiza¸c˜ao de carteiras desenvolvida por Markowitz (1952), baseada na rela¸c˜ao m´ edia-variˆancia dos ativos, ´e um dos marcos da moderna teoria de finan¸cas. Neste contexto, indiv´ıduos decidem suas aloca¸c˜oes em ativos de risco com base no trade-off fundamental entre retorno esperado e risco. Dessa forma, indiv´ıduos escolher˜ao carteiras posicionadas na fronteira eficiente, a qual define o conjunto de port-f´olios Pareto-eficientes que maximizam retorno esperado para um dado n´ıvel de risco. Esta abordagem ´e hoje amplamente usada para auxiliar gestores na constru¸c˜ao de carteiras e no desenvolvimento de aloca¸c˜oes quantitativas (Cornuejols & T¨ut¨unc¨u, 2007). No entanto, estas aplica¸c˜oes se restringem, na grande maioria das vezes, `a constru¸c˜ao de carteiras contendo apenas ativos de renda vari´avel; ver, por exemplo, Brandt (2009), DeMiguel & Nogales (2009) e DeMiguel et al. (2009a) para aplica¸c˜oes recentes. Com isso, muito se sabe a respeito dos pontos fortes, dos pontos fracos e da performance de carteiras de a¸c˜oes otimizadas usando a abordagem de m´edia-variˆancia, mas n˜ao sobre otimiza¸c˜ao de carteiras contendo t´ıtulos de renda fixa.

A literatura aponta poucas referˆencias propondo a utiliza¸c˜ao da abordagem de m´edia-variˆancia para a sele¸c˜ao de carteiras de renda fixa. Na pr´atica, carteiras de renda fixa costumam ser selecionadas de forma a aproximar a duration de algum ´ındice de referˆencia ou ent˜ao replicar o desempenho deste ´ındice em termos de retorno e volatilidade (Fabozzi & Fong, 1994). Nesse sentido, a opini˜ao subjetiva dos gestores a respeito da evolu¸c˜ao da estrutura a termo da taxa de juros ir´a determinar em grande medida a composi¸c˜ao da carteira em rela¸c˜ao ao ´ındice de referˆencia. Modelos sofisticados para a estrutura a termo das taxas de juros, como, por exemplo, Vasicek (1977), Cox et al. (1985), Nelson & Siegel (1987), Svensson (1994), Hull & White (1990), Heath et al. (1992), quando utilizados, tendem a ser aplicados para a gerˆencia de riscos e para o apre¸camento de derivativos de renda fixa, mas n˜ao diretamente para a sele¸c˜ao de ativos.

Pelo menos duas raz˜oes podem ser apontadas para justificar o lento desenvolvimento da otimiza¸c˜ao de portf´olios de renda fixa com base na abordagem m´edia-variˆancia. A primeira raz˜ao ´e a relativa estabilidade e baixa volatilidade hist´orica deste tipo de ativo, o que desincentivou a utiliza¸c˜ao de uma metodologia mais sofisticada para gest˜ao ativa do risco das carteiras de renda fixa. Entretanto, esta situa¸c˜ao vem se alterando rapidamente nos ´ultimos anos, mesmo nos mercados de t´ıtulos governamentais com baixa probabilidade de default (Korn & Koziol, 2006). A ocorrˆencia de per´ıodos de turbulˆencia nos mercados globais tem trazido grande volatilidade aos mercados de renda fixa, o que torna atrativo o uso de abordagens de sele¸c˜ao de carteiras que levem em conta a rela¸c˜ao risco-retorno e a possibilidade de diversifica¸c˜ao de riscos ao longo das diferentes maturidades.

Segundo Wilhelm (1992), Korn & Koziol (2006) e Puhle (2008), a escassa utiliza¸c˜ao da abordagem de Markowitz para sele¸c˜ao de carteiras de renda fixa se deve tamb´em `as dificuldades existentes para a modelagem dos retornos e da matriz de covariˆancia de t´ıtulos. Fabozzi & Fong (1994) argumentam que, caso fosse poss´ıvel computar uma matriz de covariˆancia relacionando v´arios t´ıtulos, o processo de otimiza¸c˜ao de carteiras de renda fixa poderia ser similar ao utilizado para a otimiza¸c˜ao de carteiras de a¸c˜oes. Por´em, t´ıtulos de renda fixa tˆem maturidades finitas e prometem o pagamento de seu valor de face no vencimento. Com isso, ao final deste ano, o pre¸co de um t´ıtulo com maturidade de dois anos ´e uma vari´avel aleat´oria. Por´em, o pre¸co desse mesmo t´ıtulo em dois anos ´e uma quantidade determin´ıstica (desconsiderando o risco de default ) dada pelo seu valor de face. Isso implica que as propriedades estat´ısticas do pre¸co e do retorno de um t´ıtulo de renda fixa dependem de sua maturidade. Portanto, tanto pre¸co quanto retorno de t´ıtulos s˜ao processos n˜ao-erg´odicos. Logo, t´ecnicas estat´ısticas tradicionais n˜ao podem ser usadas para modelar diretamente o retorno esperado e

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a volatilidade destes ativos (Meucci, 2009, pg. 110), que s˜ao os ingredientes fundamentais para a solu¸c˜ao do problema de otimiza¸c˜ao de m´edia-variˆancia.

Neste artigo, uma nova abordagem para obter estimadores para o vetor de retornos esperados e para a matriz de covariˆancias dos retornos dos t´ıtulos de renda fixa ser´a apresentada. Estes estimadores ser˜ao utilizados como ingredientes do problema de otimiza¸c˜ao de m´edia-variˆancia para carteiras de renda fixa. A abordagem proposta toma como base modelos fatoriais dinˆamicos e heteroced´asticos, em linha com a abordagem proposta por Santos & Moura (2011), para a estrutura a termo da taxa de juros. Segundo Korn & Koziol (2006), a grande vantagem do uso de modelos fatoriais para a estrutura a termo das taxas de juros ´e a modelagem atrav´es de maturidades fixas. Isto permite a estima¸c˜ao da distribui¸c˜ao condicional dos yields de t´ıtulos de renda fixa e, como s˜ao usadas maturidades fixas, as propriedades estat´ısticas destes n˜ao dependem das maturidades. Portanto, a abordagem proposta contempla o uso de modelos fatoriais dinˆamicos para a estrutura a termo utilizados com sucesso quando aplicados `a previs˜ao e ajuste da curva de juros, como, por exemplo, a vers˜ao dinˆamica do modelo de Nelson & Siegel (1987) proposta por Diebold & Li (2006) e o modelo fatorial proposto por Svensson (1994)2. Al´em disso, diferentemente das abordagens de Korn & Koziol (2006) e Puhle (2008), no presente artigo a presen¸ca de heterocedasticidade condicional nas taxas de juros e nos fatores que as descrevem s˜ao levadas em conta. Para isso, utiliza-se uma especifica¸c˜ao GARCH multivariada parcimoniosa que permite a estima¸c˜ao e previs˜ao de matrizes de covariˆancias condicionais para problemas de alta dimens˜ao.

Vale observar que abordagem para otimiza¸c˜ao de carteiras de renda fixa aqui proposta difere em v´arios aspectos em rela¸c˜ao `as abordagens existentes que tratam deste tema. Wilhelm (1992), Korn & Koziol (2006) e Puhle (2008), por exemplo, prop˜oem a utiliza¸c˜ao do paradigma m´edia-variˆancia para sele¸c˜ao de carteiras de renda fixa utilizando o modelo de Vasicek (1977) para a estrutura a termo. Entretanto, apesar de permitir a deriva¸c˜ao de express˜oes em forma fechada para retornos e covariˆancias dos t´ıtulos de renda fixa, o modelo de Vasicek usa apenas um fator para explicar toda a variabilidade na curva de juros e com isso, n˜ao produz bom ajuste e nem boas previs˜oes para os yields (ver, por exemplo, Duffee, 2002). A abordagem aqui proposta, por outro lado, est´a baseada em modelos fatoriais dinˆamicos que, al´em de permitir a deriva¸c˜ao dos momentos dos retornos dos t´ıtulos de renda fixa, s˜ao amplamente usados para ajuste e previs˜ao da curva de juros (ver, por exemplo, ANBIMA, 2009; BIS, 2005).

Al´em disso, Wilhelm (1992), Korn & Koziol (2006) e Puhle (2008) utilizam modelos fatoriais homoce-d´asticos, ignorando a persitˆencia na volatilidade dos retornos de t´ıtulos de renda fixa. Neste artigo, ao contr´ario, a heterocedasticidade condicional ´e modelada explicitamente e busca-se a otimiza¸c˜ao da rela¸c˜ao m´edia-variˆancia com base em previs˜oes n˜ao s´o para o vetor de retornos esperados, mas tamb´em para a matriz de covariˆancias condicional dos retornos dos t´ıtulos de renda fixa.

Uma aplica¸c˜ao emp´ırica envolvendo uma base de dados contendo taxas di´arias de fechamento dos contratos de DI-futuro com maturidades fixas ´e utilizada para exemplificar a relevˆancia e a aplicabilidade da abordagem proposta. Mais especificamente, as maturidades usadas s˜ao 3, 6, 9, 12, 15, 18, 21, 24, 27, 30, 33, 36, 42 e 48 meses, referentes a contratos de DI-futuro negociados na BM&FBovespa. Com base nos estimadores para o vetor de retornos esperados e para a matriz de covariˆancia dos retornos dos t´ıtulos propostos no artigo,

2Ver, por exemplo, De Pooter (2007), Diebold & Rudebusch (2011),Almeida et al. (2008),Caldeira et al. (2010b), Rezende &

Ferreira (2011), e Caldeira & Torrent (2011) para uma an´alise do desempenho preditivo dos modelos fatoriais para a estrutura a termo.

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carteiras ´otimas de m´edia-variˆancia e m´ınima variˆancia s˜ao constru´ıdas e seus desempenhos fora da amostra s˜ao comparados em rela¸c˜ao a v´arios ´ındices de referˆencia para o mercado de renda fixa brasileiro. Os resultados indicam que a abordagem proposta no artigo gera carteiras ´otimas de m´edia-variˆancia e m´ınima variˆancia com desempenho ajustado ao risco superior ao obtido pelo benchmark. Al´em disso, os resultados mostram-se robustos quanto a i) especifica¸c˜ao econom´etrica utilizada para modelar a estrutura a termo, ii) especifica¸c˜ao econom´etrica para a dinˆamica dos fatores, iii) especifica¸c˜ao econom´etrica para a matriz de covariˆancias dos retornos e iv) frequˆencia de rebalanceamento das carteiras otimizadas.

O artigo est´a organizado da seguinte forma. A se¸c˜ao 2 descreve os modelos fatoriais utilizados para modela a estrutura a termo, bem como a especifica¸c˜ao econom´etrica para a heterocedasticidade condicional dos fatores. A se¸c˜ao 3 discute um procedimento de estima¸c˜ao em multi-etapas para o modelo proposto. A se¸c˜ao 4 discute a otimiza¸c˜ao de m´edia-variˆancia para carteira de renda fixa, al´em de trazer uma aplica¸c˜ao emp´ırica. Finalmente, a se¸c˜ao 5 traz as considera¸c˜oes finais.

2. Otimiza¸c˜ao de carteiras de renda fixa utilizando modelos para a estrutura a termo

Nesta se¸c˜ao prop˜oe-se o uso de modelos fatoriais para estrutura a termo amplamente usados tanto na comunidade acadˆemica, quanto por participantes do mercado3 para otimiza¸ao de carteiras de t´ıtulos de renda fixa de acordo com a abordagem de m´edia-variˆancia proposta por Markowitz (1952). Modelos fatoriais para a estrutura a termo da taxa de juros permitem encontrar f´ormulas fechadas para os yields esperados, bem como para a matriz de covariˆancia destes. A partir destes momentos, mostra-se como ´e poss´ıvel calcular a distribui¸c˜ao dos pre¸cos e dos retornos dos t´ıtulos de renda fixa, a qual ser´a posteriormente utilizada como ingrediente indispens´avel para a otimiza¸c˜ao de carteiras.

2.1. Modelos fatoriais dinˆamicos para a estrutura a termo da taxa de juros

Modelos de fatores dinˆamicos tem um papel importante em econometria, possibilitando explicar um grande conjunto de s´eries de tempo atrav´es de um pequeno n´umero de fatores comuns n˜ao observ´aveis (ver, por exemplo, Fama & French, 1993; Stock & Watson, 2002). Geralmente, assume-se que a rela¸c˜ao existente entre as s´eries de tempo e os fatores comuns ´e linear e o coeficiente relativo a cada um destes fatores ´e conhecido como carga ou peso do fator. No caso de um conjunto de s´eries de tempo de taxas de juros ´

e poss´ıvel orden´a-las de acordo com as maturidades dos t´ıtulos. Para este tipo de dados ´e comum ainda assumir que o peso de cada fator ´e uma fun¸c˜ao suave da vari´avel de maturidade, τ , que ´e usada para ordenar as s´eries de taxas de juros.

Suponha um conjunto de s´eries de tempo de taxas de juros para um conjunto de N diferentes maturidades τ1, . . . , τN. A taxa de juro no tempo t de um t´ıtulo zero-cupom com maturidade τi ´e denotada por yt(τi), para t = 1, . . . , T . O vetor N × 1 com todas as taxas de juros no tempo t ´e dado por:

yt=     yt(τ1) .. . yt(τN)     , t = 1, . . . , T.

3Ver BIS (2005) e ANBIMA (2009) para uma discuss˜ao acerca da utiliza¸ao de modelos fatoriais para a curva de juros por

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A formula¸c˜ao geral do modelo de fatores dinˆamicos ´e dada por:

yt= Λ(λ)ft+ εt, εt∼ NID (0, Σt) , t = 1, . . . , T, (1) onde Λ(λ) ´e a matriz N × K de pesos dos fatores, ft ´e um processo estoc´astico com dimens˜ao K e Σt´e a matriz N × N de covariˆancias condicionais dos res´ıduos do modelo fatorial. Por hip´otese, assumimos que Σt´e uma matriz diagonal. Isto significa que a covariˆancia entre as taxas de juros de diferentes maturidades depende apenas do vetor de fatores latentes ft, cuja dinˆamica ´e dada por:

ft= µ + Υft−1+ Rηt, ηt∼ NID (0, Ωt) , t = 1, . . . , T, (2) onde µ ´e um vetor K × 1 de constantes, Υ ´e a matriz K × K de transi¸c˜ao, R ´e uma matriz de sele¸c˜ao que possibilita inclus˜ao de estados singulares e Ωt´e a matriz de covariˆancias condicionais dos res´ıduos ηtda equa¸c˜ao de transi¸c˜ao, os quais s˜ao independentes dos res´ıduos εt∀t.

A especifica¸c˜ao dinˆamica para ft ´e geral. Portanto, ´e poss´ıvel modelar a dinˆamica ft utilizando uma variedade de processos, como os de vetor autorregressivo e de m´edia m´ovel (ver Jungbacker & Koopman, 2008). No caso espec´ıfico da modelagem de curvas de juros ´e comum a especifica¸c˜ao dinˆamica para os fatores ser modelada por um vetor autorregressivo de ordem 1, VAR(1) (ver, por exemplo, Diebold et al., 2006; Caldeira et al., 2010b).

A seguir alguns modelos para a estrutura a termo da taxa de juros s˜ao apresentados. Todos eles podem ser considerados casos especiais da formula¸c˜ao geral em (1) e (2) impondo diferentes restri¸c˜oes na matriz de pesos dos fatores Λ(λ). Para alguns modelos s˜ao necess´arias tamb´em restri¸c˜oes na dinˆamica dos fatores e no vetor de m´edias µ. As especifica¸c˜oes alternativas consideradas s˜ao o modelo dinˆamico de Nelson & Siegel (1987) e o modelo de Svensson (1994). O primeiro modelo para estrutura a termo considerado ´e baseado no artigo seminal de Nelson & Siegel (1987) e na interpreta¸c˜ao dinˆamica deste modelo proposta por Diebold & Li (2006) para desenvolver um procedimento para previs˜ao da curva de juros. A segunda especifica¸c˜ao considerada para estima¸c˜ao da estrutura a termo ´e o modelo de Svensson, m´etodo amplamente usado entre os Bancos Centrais, como apontado pelo relat´orio do BIS (2005).

2.1.1. Vers˜ao dinˆamica do modelo Nelson-Siegel

Nelson & Siegel (1987) demonstraram que a estrutura a termo pode ser bem ajustada por uma combina¸c˜ao linear de trˆes fun¸c˜oes suaves. O modelo de Nelson-Siegel se tornou muito popular na ind´ustria financeira, onde ´e usado para parametrizar a estrutura a termo da taxa de juros, consistente com a t´ecnica multivariada de an´alise de componentes principais (ACP). A curva de juros de Nelson-Siegel, denotada por gN S(τ ), ´e dada por: gN S(τ ) = ξ1+ λS· ξ2+ λC· ξ3, (3) em que λS(τ ) = 1 − exp(−λτ ) λτ , λ C(τ ) = 1 − exp(−λτ ) λτ − exp (−λτ ) (4)

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podem ser estimados por m´ınimos quadrados com base no modelo de regress˜ao n˜ao linear: yt(τi) = gN S(τi) + ui, i = 1, . . . , N, t = 1, . . . , n,

onde uit ´e um ru´ıdo com m´edia zero e possivelmente diferentes variˆancias para as diferentes maturidades τi. Um dos atrativos do modelo de Nelson-Siegel ´e que os parˆametros ξ tem uma clara interpreta¸c˜ao: ξ1controla o n´ıvel de curva de juros; ξ2 pode ser associado com a inclina¸c˜ao da curva de juros, pois a carga deste fator, λS(τ ), ´e elevada para maturidades mais curtas e assume valores pequenos para maturidades longas. J´a as cargas λC, para diferentes maturidades, formam uma fun¸ao em formato de U invertido, portanto, ξ

3 pode ser interpretado como o parˆametro de curvatura da curva de juros. A decomposi¸c˜ao da curva de juros em fatores de n´ıvel, inclina¸c˜ao e curvatura tamb´em foi destacada por Litterman & Scheinkman (1991).

Seguindo a metodologia proposta por Diebold et al. (2006), a curva de juros de Nelson-Siegel pode tamb´em ser incorporada em um modelo fatorial dinˆamico onde os parˆametros ξ s˜ao tratados como fatores latentes. Assim, obtˆem-se:

yt= ΛN Sft+ εt, εt∼ NID (0, Σt) , (5) onde ft ´e um vetor 3 × 1 e Σt´e uma matriz diagonal de covariˆancias condicionais. A matriz de pesos dos fatores, ΛN S, tem a i-´esima linha dada por 1, λS1(τi), λC1(τi).

2.1.2. Modelo de Svensson

O modelo de Svensson ´e uma extens˜ao do modelo de Nelson-Siegel descrito pelas equa¸c˜oes (3) e (4), com a inclus˜ao de um quarto componente, ξ4, com parˆametro de decaimento independente, λ2, e uma fun¸c˜ao para determinar seu peso, hλC2

2 =

1−exp(−λ2τ )

λ2τ − exp(−λ2τ )

i

. Assim como o modelo de Nelson-Siegel, a curva de juros de Svensson pode ser vista como um modelo fatorial dinˆamico:

yt= ΛSVft+ εt, εt∼ NID (0, Σt) , (6)

onde ft´e um vetor K × 1 com K = 4, modelado por um processo VAR(1) como em (2) e Σt ´e uma matriz diagonal de covariˆancias condicionais. A i-´esima linha da matriz de pesos dos fatores, ΛSV, ´e dada por h

1, λS1(τi), λ1C1(τi), λC22(τi) i

. Diferentemente do modelo de Nelson-Siegel, no modelo de Svensson a matriz de pesos dos fatores, Λ(λ), depende de dois parˆametros (λ1, λ2), sendo que o segundo parˆametro est´a associado a um segundo fator de curvatura, inclu´ıdo com o intuito de dar mais flexibilidade ao modelo. As diferentes especifica¸c˜oes de modelos fatoriais para curva de juros consideradas s˜ao todas aninhadas e podem, portanto, ser capturadas pela estrutura geral representada pelas equa¸c˜oes (1) e (2).

2.2. Variˆancia condicional de modelos fatoriais para estrutura a termo

Apesar de existir uma extensa literatura tratando da modelagem e previs˜ao da estrutura a termo4, apenas recentemente tem sido levado em conta a presen¸ca de heterocedasticidade condicional na estrutura a termo da curva de juros (ver, por exemplo, Bianchi et al. (2009), Haustsch & Ou (2010), Koopman et al. (2010) e Caldeira et al. (2010a), dentre outros). Na maioria dos casos, os modelos adotam o pressuposto de volatilidade

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constante nas taxas de juros, o que gera implica¸c˜oes pr´aticas importantes sobre pol´ıticas de gerenciamento de risco. Por exemplo, opera¸c˜oes de hedge e arbitragem de taxas de juros podem ser influenciadas pela presen¸ca de volatilidade variante no tempo, j´a que nestas opera¸c˜oes ´e necess´ario incorporar compensa¸c˜oes para o risco das taxas de juros. Outra implica¸c˜ao importante ´e que a presen¸ca de volatilidade condicional faz com que os intervalos de confian¸ca dos ajustes e previs˜oes derivadas destes modelos sejam calculados de forma incorreta em amostras finitas.

Neste artigo, os efeitos da volatilidade variante no tempo s˜ao incorporados utilizando modelos GARCH multivariados do tipo proposto por Santos & Moura (2011)5. Para modelar Ω

t, a matriz de covariˆancia condicional dos fatores em (2), podem ser consideradas especifica¸c˜oes alternativas, incluindo n˜ao apenas modelos GARCH multivariados como tamb´em modelos de volatilidade estoc´astica multivariada (Harvey et al., 1994; Aguilar & West, 2000; Chib et al., 2009). Neste trabalho, considera-se o modelo de correla¸c˜ao condicional dinˆamica (dynamic conditional correlation - DCC) proposto por Engle (2002), o qual ´e dado por:

Ωt= DtΨtDt (7)

onde Dt= diag phf1t, . . . ,phfkt, hfkt ´e a variˆancia condicional do k-´esimo fator, e Ψt´e uma matriz de

correla¸c˜ao sim´etrica e positiva definida com elementos ρij,t, onde ρii,t= 1, i, j = 1, . . . , K. No modelo DCC a correla¸c˜ao condicional ρij,t ´e dada por:

ρij,t= qij,t √

qii,tqjj,t

(8) onde qij,t, i, j = 1, . . . , K, s˜ao colocados na matriz Qt de dimens˜ao K × K, a qual segue uma dinˆamica autoregressiva do tipo GARCH,

Qt= (1 − α − β) ¯Q + αzt−1zt−10 + βQt−1 (9) onde zft = (zf1t, . . . , zfkt) ´e o vetor de retorno normalizado dos fatores, cujos elementos s˜ao zfit= fit/phfit,

¯

Q ´e a matriz de covariˆancia incondicional de zt, α e β s˜ao parˆametros escalares n˜ao negativos satisfazendo α + β < 1.

Para modelar a volatilidade condicional dos res´ıduos εtdo modelo fatorial em (1), assume-se que a matriz Σt ´e diagonal, ou seja, Σt = diag(htε1...htεN), onde htεi ´e a variˆancia condicional dos res´ıduos da i-´esima

maturidade. Al´em disso, um procedimento semelhante ao adotado em Cappiello et al. (2006) ´e utilizado e especifica¸c˜oes alternativas do tipo GARCH univariados s˜ao usadas para modelar htεi. Em particular,

considera-se o modelo GARCH de Bollerslev (1986), o modelo GJR-GARCH assim´etrico de Glosten et al. (1993), o modelo exponencial GARCH (EGARCH) de Nelson (1991), o modelo threshold GARCH (TGARCH) de Zakoian (1994), o modelo GARCH expoente assim´etrico (APARCH) de Ding et al. (1993), modelo GARCH assim´etrico (AGARCH) de Engle (1990), e modelo n˜ao-linear assim´etrico GARCH (NAGARCH) de Engle & Ng (1993). Em todos os modelos, a forma mais simples ´e adotada, na qual a variˆancia condicional depende apenas de uma defasagem dos retornos passados e variˆancias condicionais defasadas. O Apˆendice 2 apresenta as especifica¸c˜oes de cada um destes modelos. O mesmo procedimento ´e aplicado para a escolha da especifica¸c˜ao do tipo GARCH para a variˆancia condicional dos fatores em (7). Em todos os casos, a escolha

5Veja Bauwens et al. (2006) e Silvennoinen & Ter¨asvirta (2009) para uma revis˜ao detalhada dos modelos GARCH

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da especifica¸c˜ao utilizada ´e feita com base no crit´erio de informa¸c˜ao de Akaike (AIC). 2.3. Mapeando os momentos dos yields para os momentos dos retornos

A abordagem de Markowitz para otimiza¸c˜ao de carteiras requer estimativas para o retorno esperado de cada t´ıtulo, bem como para a matriz de covariˆancia destes retornos. Entretanto, os modelos fatoriais para a estrutura a termo da taxa de juros apresentados anteriormente modelam somente os yields. Por´em, ´e poss´ıvel obter express˜oes para o retorno esperado e para a matriz de covariˆancia destes retornos baseado na distribui¸c˜ao dos yields esperados. A seguinte proposi¸c˜ao define esta distribui¸c˜ao.6

Proposi¸c˜ao 1. Dado o sistema formado pelas equa¸c˜oes (1) e (2), a distribui¸c˜ao dos yields esperados yt|yt−1 ´

e N (µyt, Σyt), com µt= Λ (λ) ft|t−1 e Σyt = ΛΩt|t−1Λ 0+ Σ

t|t−1, onde ft|t−1 ´e a previs˜ao um passo a frente dos fatores e Σt|t−1 e Ωt|t−1 s˜ao as previs˜oes um passo a frente das matrizes de covariˆancias em (1) e (2), respectivamente.

Com base nas f´ormulas fechadas para a matriz de covariˆancias e para a m´edia dos yields esperados definidas na Proposi¸c˜ao 1, pode-se ent˜ao encontrar a distribui¸c˜ao dos pre¸cos esperados. Usando juros compostos cont´ınuos e assumindo que os t´ıtulos tenham valor de face igual a 1 no vencimento, obt´em-se o vetor de pre¸cos esperados Pt|t−1:

Pt|t−1= exp (−τ ⊗ yt) , (10)

onde ⊗ ´e a multiplica¸c˜ao elemento por elemento e τ ´e o vetor de maturidades. Como yt|yt−1tem distribui¸c˜ao normal, Pt|yt−1 tem distribui¸c˜ao log-normal com m´edia

µpt = exp  −τ ⊗ µyt+ τ2 2 ⊗ diag (Σyt)  , (11)

onde diag (Σyt) ´e um vetor contendo os elementos da diagonal principal de Σyt. Por sua vez, a matriz de

covariˆancia dos pre¸cos esperados, Σpt, tem elementos dados por:

σ2pi,j t = exp nh −τiµiy t− τ jµj yt+ 0.5  τi2σ2yi,i t + τ j2 σy2j,j t io ·hexpτiτjσy2i,j t  − 1i (12)

Usando a f´ormula para o log-retornos, ´e poss´ıvel encontrar uma express˜ao em forma fechada para o vetor de retornos esperados dos t´ıtulos bem como para a matriz de covariˆancias condicionais dos retornos. A Propo-si¸c˜ao 2 define estas express˜oes.

Proposi¸c˜ao 2. Dado o sistema (1) - (2) e a Proposi¸c˜ao 1, o vetor de retornos esperados, µrt|t−1, e a matriz de covariˆancias dos retornos (positiva-definida ∀t), Σrt|t−1 s˜ao dados por:

µrt|t−1 = −τ ⊗ µt+ τ ⊗ yt−1, (13)

(9)

Σrt|t−1 = τ 0τ ⊗   ΛΩt|t−1Λ 0+ Σ t|t−1 | {z } Σyt   . (14)

Os resultados da Proposi¸c˜ao 2 mostram que, a partir de um modelo fatorial para os yields como, por exemplo, os modelos de curva de juros propostos por Nelson & Siegel (1987) e Svensson (1994), ´e poss´ıvel obter express˜oes em forma fechada para os retornos esperados e para a matriz de covariˆancias condicionais destes. Estes dois estimadores s˜ao ingredientes fundamentais para o problema da sele¸c˜ao de carteiras com base no paradigma de m´edia-variˆancia proposto por Markowitz, conforme discutido na se¸c˜ao 4.

Como apontado por Litterman & Scheinkman (1991), o retorno de t´ıtulos zero cupom pode ser decom-postos em duas partes. A primeira parte ´e resultado da capitaliza¸c˜ao recebida devido ao envelhecimento do t´ıtulo; e a segunda parte ´e atribu´ıda `a mudan¸ca no pre¸co dos t´ıtulos zero cupom com maturidades fixas. Al´em disso, Litterman & Scheinkman (1991) lembram que a primeira parte ´e determin´ıstica, enquanto a segunda parte est´a sujeita a incerteza relativa `a mudan¸ca nos pre¸cos. Claramente, s´o a segunda parte interessa para a otimiza¸c˜ao de portf´olios e ´e justamente esta parte que ´e considerada em Korn & Koziol (2006) e Puhle (2008).

Entretanto, para efeito de compara¸c˜ao com outros benchmarks ´e necess´ario o c´alculo tamb´em da parte determin´ıstica do retorno. O retorno total ser´a dado pela renda gerada pela capitaliza¸c˜ao `a taxa de juros do t´ıtulo, mais a aprecia¸c˜ao do capital dada pela varia¸c˜ao de pre¸co dos t´ıtulos com maturidades fixas. Seguindo Jones et al. (1998) e de Goeij & Marquering (2006), o retorno total de um t´ıtulo com maturidade fixa τ entre o per´ıodo t e t + p ´e dado por:

Rt,t+p(τ ) = Pt Pt−p − 1 + p 252yt−p= exp(rt,t+p) − 1 + p 252yt−p, (15)

onde p ´e dado em dias ´uteis e rt,t+p ´e a parte do retorno gerada pela varia¸c˜ao de pre¸co do t´ıtulo com maturidade fixa ap´os p dias7 .

3. Procedimento de estima¸c˜ao

Nesta se¸c˜ao, um procedimento de estima¸c˜ao dos parˆametros do modelo fatorial para os yields, bem como para os parˆametros dos modelos de volatilidade ´e apresentado. A estima¸c˜ao ´e conduzida em um procedimento de multi-etapas, onde primeiramente s˜ao estimados os parˆametros do modelo fatorial e, em seguida, a partir dos res´ıduos do modelo fatorial, s˜ao estimados os parˆametros dos modelos de volatilidade.

3.1. Estima¸c˜ao dos modelos fatorais dinˆamicos para a estrutura a termo das taxas de juros

A abordagem mais direta e amplamente usada para estima¸c˜ao dos fatores e parˆametros do sistema em (1) e (2) consiste em um procedimento de duas etapas (Diebold & Li, 2006). Na primeira etapa, a equa¸c˜ao de medida ´e tratada como um modelo cross section e ´e empregado o m´etodo de m´ınimos quadrados para estimar os fatores para todos os per´ıodos de tempo individualmente. Na segunda etapa, a dinˆamica dos fatores ´e especificada e ajustada por modelos de s´eries de tempo. Para simplificar o procedimento de estima¸c˜ao,

7Ver a equa¸ao (19) no apˆendice para mais detalhes a respeito do c´alculo de r t,t+p.

(10)

Diebold & Li (2006) sugerem reduzir o vetor de parˆametros para ft= (ξ1t, ξ2t, ξ3t) fixando o valor de λt em um valor especificado a priori, o qual ´e mantido fixo, ao inv´es de trat´a-lo como um parˆametro desconhecido.

O primeiro passo da estima¸c˜ao produz s´eries de tempo dos valores estimados para os K fatores,n{βk,t} T t=1

oK k=1. O pr´oximo passo consiste em modelar a dinˆamica dos fatores da equa¸c˜ao dos estados. A dinˆamica dos fatores ´

e modelada individualmente atrav´es de um processo autoregressivo de primeira ordem, AR(1), para cada fator, assumindo que a matriz Υ em (2) ´e diagonal. Alternativamente, modela-se a dinˆamica dos fatores tamb´em atrav´es de um VAR(1), neste caso a matriz Υ em (2) ´e completa.

A escolha dos parˆametros de decaimento para os modelos de Nelson-Siegel e Svensson ´e restrita ao intervalo entre 0.04 e 0.5, pois estes valores correspondem ao peso m´aximo para a curvatura da estrutura a termo na maior (48 meses) e na menor (6 meses) maturidade da base de dados, respectivamente. Seguindo estas restri¸c˜oes, constr´oi-se o conjunto Φ = {0.04 + 0.001j}491

j=1. Dado λj ∈ Φ e a correspondente matriz de pesos dos fatores Λ(λj) e, baseado neles, o vetor de fatores ft ´e estimado por OLS em cada per´ıodo t. O parˆametro de decaimento escolhido bλ ∈ Φ ´e o que minimiza a ra´ız da soma do erro quadr´atico m´edio. Mais especificamente, bλ ´e escolhido de forma a minimizar a diferen¸ca entre as taxas de juros obtidas pelo modelo, b

y, e as taxas observadas, y. O problema de otimiza¸c˜ao pode ser apresentado como:

b λ = arg min λ∈Φ v u u t 1 T N T X t=1 N X i=1 yt(τi) −ybt(τi, λ, ft|t−1) 2

onde T ´e o n´umero de curvas de juros na amostra.

No caso do modelo de Svensson o problema ´e similar, com a diferen¸ca de que neste caso ´e necess´ario encontrar dois parˆametros (bλ1, bλ2) do conjunto Θ = {(λι1, λι2)|λ1∈ Φ, λ2∈ Φ}. Assim, (λ1, λ2) resolvem o seguinte problema:  b λ1, bλ2  = arg min (λ1,λ2)∈Θ v u u t 1 T N T X t=1 N X i=1 yt(τi) −byt(τi, λ1, λ2, ft|t−1) 2 .

Um potencial problema de multicolinearidade no modelo de Svensson surge se os parˆametros de decaimento λ1 e λ2 assumem valores similares. Para contornar este problema, De Pooter (2007) prop˜oe substituir o ´ ultimo termo de λC2 2 , ou seja, − exp  −τ λ2tτ  por − exp−2τλ 2tτ 

. Esta especifica¸c˜ao, chamada aqui de modelo de Svensson ajustado, ´e a adotada neste trabalho.

3.2. Estima¸c˜ao da matriz de covariˆancia dos yields

Para obter a matriz de covariˆancia condicional dos fatores, Ωt|t−1, uma especifica¸c˜ao DCC em (7) ser´a usada. A estima¸c˜ao do modelo DCC pode ser convenientemente dividida em uma parte da volatilidade e outra parte da correla¸c˜ao. A parte da volatilidade refere-se `a estima¸c˜ao das volatilidades condicionais univa-riadas dos fatores atrav´es de uma especifica¸c˜ao do tipo GARCH. Os parˆametros dos modelos de volatilidade univariados s˜ao estimados por quase m´axima verossimilhan¸ca (QML) assumindo inova¸c˜oes Gaussianas.8 A

8Uma revis˜ao das quest˜oes relacionadas `a estima¸ao, tais como, escolha dos valores iniciais, algoritmos num´ericos, acur´acia,

bem como propriedades assint´oticas s˜ao dadas por Berkes et al. (2003), Robinson & Zaffaroni (2006), Francq & Zakoian (2009), e Zivot (2009). ´E importante observar que mesmo quando a suposi¸c˜ao de normalidade ´e inapropriada, o estimador QML baseado na maximiza¸c˜ao das verossimilhan¸cas Gaussianas ´e consistente e assintoticamente Normal, dado que a m´edia condicional e

(11)

parte da correla¸c˜ao refere-se a estima¸c˜ao da matriz de correla¸c˜ao condicional em (8) e (9). Para estimar os parˆametros da parte da correla¸c˜ao, emprega-se o m´etodo CL proposto por Engle et al. (2008). Como destacaram Engle et al. (2008), o estimador CL oferece estimativas mais acuradas dos parˆametros estimados em compara¸c˜ao com procedimento de dois passos proposto por Engle & Sheppard (2001) e Sheppard (2003), especialmente em problemas de grande dimens˜ao.

4. Aplica¸c˜ao em otimiza¸c˜ao de carteiras de renda fixa

Para ilustrar a aplicabilidade dos estimadores de retornos esperados e covariˆancias condicionais propostos neste artigo, considera-se o problema de otimiza¸c˜ao de carteiras de renda fixa no contexto de m´edia-variˆancia (Markowitz, 1952; Korn & Koziol, 2006; Puhle, 2008). A formula¸c˜ao do portf´olio de m´edia-variˆancia ´e dada por min wt wtΣrt|t−1wt− 1 δw 0 tµrt|t−1 sujeito a w0tι = 1 (16)

onde µrt|t−1 ´e a previs˜ao um passo a frente do vetor de retornos esperados, Σrt|t−1 ´e a a previs˜ao um passo a

frente da matriz de covariˆancias condicionais dos retornos, wt´e o vetor de pesos a ser otimizado, ι ´e um vetor de uns com dimens˜ao N × 1 e δ ´e o coeficiente de avers˜ao ao risco.9 No caso onde vendas a descoberto s˜ao restritas, ´e adicionada `a equa¸c˜ao (16) uma restri¸c˜ao para evitar pesos negativos, ou seja, wt≥ 0. Trabalhos anteriores mostram que adicionar tal restri¸c˜ao pode melhorar substancialmente a performance, principalmente reduzindo o turnover do portf´olio, ver Jagannathan & Ma (2003), entre outros.

Uma varia¸c˜ao do problema de otimiza¸c˜ao de m´edia-variˆancia consiste no portf´olio ´otimo de m´ınima variˆancia. Nesta formula¸c˜ao, considera-se que indiv´ıduos s˜ao altamente avessos ao risco, de tal modo que δ → ∞. A formula¸c˜ao do portf´olio ´otimo de m´ınima variˆancia ´e dada por

min wt wtΣrt|t−1wt sujeito a wt0ι = 1. (17)

Como no caso anterior, ´e adicionada `a equa¸c˜ao (17) uma restri¸c˜ao para evitar pesos negativos, ou seja, wt≥ 0. Em ambos os casos, os pesos ´otimos do portf´olio de m´edia-variˆancia e do portf´olio de m´ınima variˆancia com restri¸c˜ao para vendas a descoberto s˜ao obtidos atrav´es de m´etodos de otimiza¸c˜ao num´erica.

4.1. Dados e detalhes da implementa¸c˜ao

A base de dados utilizada consiste nas s´eries hist´oricas das taxas di´arias de fechamento de contratos de DI-futuro com maturidades fixas de 3, 6, 9, 12, 15, 18, 21, 24, 27, 30, 33, 36, 42 e 48 meses negociados na BM&FBovespa. O per´ıodo amostral se inicia em 03/01/2006 e vai at´e 30/12/2010 (T = 986 obseva-¸

c˜oes). As primeiras 500 observa¸c˜oes s˜ao usadas para estimar os parˆametros de todos os modelos segundo os

fun¸c˜oes de variˆancia do modelo GARCH s˜ao corretamente especificadas; ver Bollerslev & Wooldridge (1992).

(12)

procedimentos discutidos na Se¸c˜ao 3. As ´ultimas 486 observa¸c˜oes s˜ao usadas para an´alise do desempenho fora-da-amostra.

Os contratos de DI-futuro s˜ao negociados diariamente para horizontes de maturidade distintas. Para se obter as s´eries das taxas zero-cupom com maturidades fixas, os dados observados foram interpolados atrav´es do m´etodo cubic splines proposto originalmente por McCulloch (1971, 1975).10 A Tabela 1 resume algumas estat´ısticas descritivas da curva de juros para o per´ıodo. Alguns fatos estilizados comuns a dados de curvas de juros est˜ao claramente presentes. Primeiro, a curva m´edia da amostra ´e positivamente inclinada e cˆoncava. Segundo, a volatilidade ´e decrescente com a maturidade e as autocorrela¸c˜oes s˜ao altas. Outro ponto a destacar ´

e que mesmo se tratando de um per´ıodo amostral n˜ao muito longo percebe-se ampla varia¸c˜ao entre as taxas m´ınimas e m´aximas para todas as maturidades, refletindo mais diretamente o comportamento da pol´ıtica monet´aria no per´ıodo. As trˆes ´ultimas colunas trazem as autocorrela¸c˜oes com defasagens de 1, 5 e 21 dias ´

uteis, observa-se tamb´em que as taxas de juros para maturidades mais curtas exibem maior persistˆencia para os trˆes n´ıveis de defasagens analisados.

Tabela 1: Estat´ısticas descritivas da curva de juros

A Tabela reporta estat´ısticas descritivas das taxas de juros di´arias para diferentes maturidades. A trˆes ´

ultimas colunas cont´em autocorrela¸c˜oes com defasagem de um dia, uma semana e um mˆes, respectivamente. O per´ıodo amostral vai de Jan. 2006 at´e Dez. 2010.

Maturidade τ M´edia Desvio padr˜ao M´ınimo M´aximo Assimetria Curtose ρ(1)b ρ(5)b ρ(21)b

Meses 3 10.82 1.65 8.58 14.34 0.220 2.006 0.999 0.997 0.969 6 10.88 1.67 8.59 14.52 0.264 2.071 0.999 0.997 0.968 9 10.94 1.69 8.58 14.69 0.306 2.132 0.999 0.996 0.967 12 11.09 1.72 8.61 15.32 0.386 2.241 0.999 0.995 0.961 15 11.34 1.73 8.73 16.04 0.495 2.373 0.998 0.992 0.950 18 11.60 1.72 8.99 16.40 0.572 2.461 0.998 0.989 0.938 21 11.85 1.68 9.35 16.92 0.655 2.565 0.997 0.986 0.925 24 12.04 1.61 9.55 17.12 0.718 2.659 0.996 0.982 0.911 27 12.21 1.55 9.79 17.26 0.805 2.815 0.995 0.979 0.894 30 12.33 1.49 10.06 17.44 0.912 3.026 0.995 0.975 0.877 33 12.43 1.45 10.27 17.62 1.005 3.290 0.994 0.972 0.859 36 12.50 1.41 10.42 17.78 1.085 3.586 0.993 0.968 0.843 42 12.60 1.32 10.71 17.83 1.281 4.180 0.992 0.961 0.814 48 12.68 1.24 11.09 17.93 1.465 4.910 0.990 0.955 0.788

A figura 1 mostra o gr´afico das s´eries temporais para o conjunto de maturidades empregadas e ilustra como o n´ıvel da curva de juros e o spread variam substancialmente ao longo do per´ıodo amostral. Por exemplo, o ´ultimo ano da amostra ´e caracterizado por eleva¸c˜ao das taxas de juros, principalmente para as maturidades mais curtas, que respondem mais diretamente `a pol´ıtica de eleva¸c˜ao de juros implementada pelo Banco Central no primeiro semestre de 2010. Nota-se tamb´em que n˜ao apenas o n´ıvel da curva de juros flutua ao longo do tempo, mas tamb´em a inclina¸c˜ao e curvatura. A curvatura assume v´arios formatos, desde formas suaves a invertidas, tipo S.

(13)

Figura 1: Dinˆamica da Estrutura a Termo ao Longo do Tempo:

Nota: Este gr´afico detalha a evolu¸c˜ao da estutura a termo da taxa de juros (Base de Dados de Futuros de DI) para o horizonte de tempo de 2006:01-2010:12. A amostra ´e composta de dados di´arios para as maturidades de 1, 3, 4, 6, 9, 12, 15, 18, 24, 27, 30, 36, 42 e 48 meses.

4.2. Metodologia para avalia¸c˜ao do desempenho

O desempenho dos portf´olios ´otimos de m´edia-variˆancia e m´ınima variˆancia ´e avaliado em termos de re-torno m´edio (ˆµ), excesso de retorno m´edio em rela¸c˜ao `a taxa livre de risco11µ

ex), desvio padr˜ao (volatilidade) dos retornos (bσ), ´ındice de Sharpe (IS) e turnover. Estas estat´ısticas s˜ao calculadas como segue:

ˆ µ = 1 T − 1 T −1 X t=1 w0tRt+1 ˆ µex= 1 T − 1 T −1 X t=τ (w0tRt+1− CDIt+1) ˆ σ = v u u t 1 T − 1 T −1 X t=1 (w0 tRt+1− ˆµ)2 IS = µˆex ˆ σ Turnover = 1 T − 1 T −1 X t=1 N X j=1 (|wj,t+1− wj,t|),

(14)

onde wj,t´e o peso do ativo j no portf´olio no per´ıodo t, mas antes do rebanceamento e wj,t+1´e o peso desejado do do ativo j no per´ıodo t + 1. Como destacado por DeMiguel et al. (2009b), o turnover, como definido acima, pode ser interpretado como a fra¸c˜ao m´edia da riqueza transacionada em cada per´ıodo.

Assim como DeMiguel et al. (2009a), o bootstrap estacion´ario de Politis & Romano (1994) com B=1,000 reamostragens e tamanho de bloco b = 512 foi usado para testar a significˆancia estat´ıstica das diferen¸cas entre as volatilidades e ´ındices de Sharpe dos portf´olios ´otimos em rela¸c˜ao a uma estrat´egia benchmark. Os p-valores do teste foram obtidos usando a metodologia sugerida em Ledoit & Wolf (2008, Observa¸c˜ao 3.2). 4.3. ´Indices benchmark

Para o mercado de renda fixa brasileiro, a disponibilidade de ´ındices de mercado compostos por carteiras de t´ıtulos ´e recente. Entretanto, nos ´ultimos anos tem havido um aprimoramento com a divulga¸c˜ao de diversos ´ındices constru´ıdos pela Associa¸c˜ao Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (ANBIMA). A utiliza¸c˜ao destes ´ındices como referˆencia para a ind´ustria de fundos de renda fixa no Brasil vem crescendo significativamente, sendo a sua utiliza¸c˜ao cada vez mais difundida entre os participantes do mercado. Com o objetivo de atender `as necessidades dos diversos tipos de investidores, existe um conjunto de ´ındices que representam a evolu¸c˜ao, a pre¸cos de mercado, dos t´ıtulos p´ublicos de acordo com seus respectivos indexadores. Dentre os ´ındices desenvolvidos, pode-se destacar:

IRF-M: Composto por t´ıtulos prefixados (NTN-F e LTN) ;

IMA-B: Composto por t´ıtulos p´os-fixados indexados ao IPCA (NTN-B); IMA-C: Composto por t´ıtulos p´os-fixados indexados ao IGP-M (NTN-C) ; IMA-S: Composto por t´ıtulos p´os-fixados indexados `a taxa SELIC (LFT).

Levando-se em conta que a base de dados utilizada ´e composta por contratos de DI-futuro pr´e-fixados e de diversas maturidades (inferiores e superiores a 1 ano), optou-se por utilizar o ´ındice de renda fixa IRF-M amplo como benchmark, uma vez que este ´ındice tamb´em ´e composto por t´ıtulos pr´e-fixados e de diversas maturidades, tanto inferiores como superiores a 1 ano. Para mais informa¸c˜oes sobre este e outros ´ındices de referˆencia, ver ANBIMA (2011).

4.4. Resultados

Nesta se¸c˜ao, os resultados dos portf´olios ´otimos de m´edia-variˆancia e m´ınima variˆancia aplicados ao con-junto de taxas de juros zero-cupom com maturidades fixas s˜ao apresentados. Todos os resultados foram obtidos utilizando-se somente as observa¸c˜oes pertencentes ao per´ıodo fora-da-amostra com base nos crit´erios de avalia¸c˜ao de desempenho discutidos na se¸c˜ao 4.2. Para avaliar a robustez dos resultados, foram considera-das v´arias especifica¸c˜oes econom´etricas para modelar o vetor de retornos esperados e a matriz de covariˆancias dos retornos dos ativos de renda fixa. Mais especificamente, consideramos duas especifica¸c˜oes para o modelo fatorial (Nelson-Siegel e Svensson) e duas especifica¸c˜oes para a dinˆamica dos fatores: VAR(1) e AR(1). As

12Foram realizados extensivos testes de robustez para definir o tamanho do bloco, usando valores para b entre 5 e 250.

Independente do tamanho do bloco, os resultados dos testes para a variˆancia e ´ındice de Sharpe s˜ao similares aos reportados aqui.

(15)

matrizes de covariˆancias dos retornos foram obtidas utilizando a especifica¸c˜ao DCC proposta na se¸c˜ao 2.2. Alternativamente, matrizes de covariˆancias incondicionais com base nos res´ıduos dos modelos fatoriais e nos res´ıduos do modelo de transi¸c˜ao dos fatores tamb´em s˜ao calculadas. Estas matrizes s˜ao re-estimadas usando uma janela m´ovel de 500 observa¸c˜oes, o que permite algum tipo de varia¸c˜ao nas estimativas ao longo do tempo.

As composi¸c˜oes das carteiras otimizadas s˜ao recalculadas (rebalanceadas) com frequˆencia di´aria. Entre-tanto, os custos de transa¸c˜ao envolvidos nesta frequˆencia de rebalanceamento podem prejudicar o desempenho das carteiras e dificultar sua implementa¸c˜ao na pr´atica. Dessa forma, o desempenho das carteiras otimizadas ´

e avaliado tamb´em para o caso de rebalanceamento com frequˆencia semanal, mensal e trimestral. Um ponto potencialmente negativo ao adotar uma frequˆencia menor de rebalanceamento ´e que as composi¸c˜oes ´otimas podem ficar desatualizadas.

As tabelas 2 e 3 trazem os resultados da avalia¸c˜ao de desempenho das carteiras ´otimas de m´edia-variˆancia e m´ınima variˆancia, respectivamente. Al´em disso, a tabela 4 apresenta a avalia¸c˜ao de desempenho dos ´ındices benchmark. As estat´ısticas de retorno m´edio, excesso de retorno m´edio, desvio padr˜ao e ´ındice de Sharpe est˜ao anualizadas. Os resultados da tabela 2 mostram que todas as especifica¸c˜oes consideradas para o portf´olio de m´edia-variˆancia superam o ´ındice de referˆencia IRF-M em termos de retorno m´edio e excesso de retorno m´edio em todas as frequˆencias de rebalanceamento. Por exemplo, a especifica¸c˜ao Nelson-Siegel/AR/DCC com frequencia de rebalanceamento trimestral gera um retorno m´edio e um excesso de retorno m´edio de 21.2% e 11.8%, respectivamente, enquanto que o ´ındice benchmark gera 11.2% e 1.8% para estes indicadores. Entretanto, observamos que o desvio-padr˜ao (risco) das carteiras de m´edia-variˆancia ´e estatisticamente maior ao obtido pelo ´ındice de referˆencia em todos as especifica¸c˜oes, uma vez que o desvio-padr˜ao das carteiras otimizadas varia de 3% a 6%, enquanto o desvio padr˜ao do ´ındice de referˆencia ´e 1.6%. Por´em, ao examinar o ´ındice de Sharpe das carteiras otimizadas observa-se que o desempenho ajustado ao risco dos portf´olios de m´edia-variˆancia ´e estatisticamente superior ao obtido pelo ´ındice de referˆencia na grande maioria das especifica¸c˜oes. Por exemplo, a especifica¸c˜ao Nelson-Siegel/AR/DCC com frequˆencia de rebalanceamento trimestral gera um ´ındice de Sharpe de 2.3, enquanto o ´ındice de referˆencia gera um ´ındice de Sharpe de 1.1. Observa-se tamb´em que, como esperado, o rebalanceamento trimestral gera turnover substancialmente menor em rela¸c˜ao ao rebalanceamento di´ario.

A tabela 3 apresenta os resultados das carteiras obtidas pelo crit´erio de variˆancia m´ınima. Observa-se que em termos de retorno m´edio e excesso de retorno m´edio os resultados obtidos s˜ao inferiores aos do ´ındice de referˆencia IRF-M. Entretanto, o desvio padr˜ao das carteiras de m´ınima variˆancia ´e substancialmente e estatisticamente menor que o obtido pelo ´ındice de referˆencia. Ao longo de todas as especifica¸c˜oes econo-m´etricas e ao longo de todas as frequˆencias de rebalanceamento, o desvio padr˜ao das carteiras de m´ınima variˆancia varia de 0.2% a 0.4%, enquanto o ´ındice de referˆencia apresenta desvio padr˜ao de 1.6%. Como consequˆencia, o retorno ajustado ao risco das carteiras de m´ınima variˆancia medido pelo ´ındice de Sharpe ´

e estatisticamente maior que o do ´ındice de referˆencia em todos os casos, pois varia de 2.1 a 3.4 enquanto o ´ındice de Sharpe do IRF-M ´e 1.1. Semelhante ao obtido com as carteiras de m´edia-variˆancia, observamos que o turnover das carteiras de m´edia variˆancia e m´ınima variˆancia cai substancialmente a medida que a frequˆencia de rebalanceamento das carteiras diminui. Uma an´alise comparativa do desempenho das carteiras de m´edia-variˆancia e m´ınima variˆancia sugere que estas ´ultimas geram ´ındices de Sharpe superiores e um desvio padr˜ao substancialmente menor. Dessa forma, os resultados sugerem que, de fato, as carteiras de

(16)

m´ınima variˆancia cumprem seu prop´osito de gerar composi¸c˜oes ´otimas com menos risco em rela¸c˜ao a outras carteiras otimizadas e tamb´em em rela¸c˜ao ao ´ındice de referˆencia.

Outro ponto que merece destaque refere-se ao desempenho comparativo das especifica¸c˜oes para a matriz de covariˆancias dos retornos. E poss´ıvel observar em todos os casos que o risco das carteiras de m´´ edia-variˆancia e m´ınima variˆancia obtido com o modelo incondicional ´e sempre maior que o obtido com o modelo condicional dado pela especifica¸c˜ao DCC. No caso das carteiras de m´edia-variˆancia, por exemplo, o desvio padr˜ao das carteiras obtidas varia de 5% a 6.1% para o modelo incondicional e 2.5% a 4% para o modelo DCC. Este resultado sugere que a modelagem condicional da volatilidade traz ganhos substanciais em termos de redu¸c˜ao do risco da carteira. Resultados da mesma natureza foram obtidos para as carteiras de m´ınima variˆancia.

A figura 2 traz os retornos acumulados das carteiras otimizadas por m´edia variˆancia (gr´afico superior) e

va-riˆancia m´ınima (gr´afico inferior) baseados nas especifica¸c˜oes Nelson-Siegel/AR/DCC, Nelson-Siegel/AR/Incondicional, Svensson/AR/DCC e Svensson/AR/Incondicional considerando uma frequˆencia de rebalanceamento

trimes-tral. Nota-se que, no caso das carteiras de m´edia-variˆancia, o diferencial de retorno em rela¸c˜ao ao benchmark ´

e positivo em todo o per´ıodo analisado. Al´em disso, observa-se que o melhor desempenho em termos de retornos acumulados foi obtido utilizando-se a especifica¸c˜ao incondicional para a matriz de covariˆancias. Este resultado sugere que a abordagem incondicional gera carteiras otimizadas com um padr˜ao risco-retorno di-ferente daquele obtido com a abordagem condicional, pois alcan¸ca um retorno maior e tamb´em um risco da carteira mais elevado, conforme observado anteriormente. Para as carteiras de m´ınima-variˆancia, observa-se que as diferentes especifica¸c˜oes obtiveram um desempenho semelhante (por´em ligeiramente inferior) ao ´ın-dice de referˆencia em termos de retorno acumulado. Entretanto, a inspe¸c˜ao visual indica que, em todos os casos, as carteiras de m´ınima variˆancia possuem uma variabilidade substancialmente inferior ao do ´ındice de referˆencia.

Em resumo, os resultados reportados nas tabelas 2 e 3 indicam que a metodologia proposta para obter carteiras ´otimas de m´edia-variˆancia e m´ınima variˆancia com base nos estimadores propostos para o vetor de retornos esperados e para a matriz de covariˆancias dos retornos geram um desempenho fora da amostra superior ao do ´ındice de referˆencia em v´arios aspectos. Primeiro, os retornos m´edio, em excesso e acumu-lado das carteiras de m´edia-variˆancia supera os obtidos pelo ´ındice benchmark em todas as especifica¸c˜oes consideradas. Segundo, o desvio padr˜ao das carteiras de m´ınima variˆancia ´e substancialmente menor ao obtido pelo ´ındice de referˆencia, de modo que o retorno ajustado ao risco das carteiras otimizadas torna-se estatisticamente superior. Al´em disso, os resultados mostraram-se robustos quanto a: i) o modelo fatorial utilizado para modelar a curva de juros, ii) a especifica¸c˜ao econom´etrica para a transi¸c˜ao dos fatores, iii) a especifica¸c˜ao da matriz de covariˆancias dos retornos e iv) a frequˆencia de rebalanceamento das carteiras.

5. Considera¸c˜oes finais

A utiliza¸c˜ao do paradigma m´edia-variˆancia introduzido por Markowitz (1952) para otimiza¸c˜ao de carteiras de ativos de renda vari´avel tem sido amplamente utilizada por participantes do mercado e documentada na literatura acadˆemica especializada em sele¸c˜ao de ativos. Entretanto, a utiliza¸c˜ao desta metodologia para sele¸c˜ao de ativos de renda fixa n˜ao recebe a devida aten¸c˜ao na literatura acadˆemica e nem entre os gestores. Com o intuito de suprir esta deficiˆencia, o presente artigo adota a abordagem de m´edia-variˆancia para

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Tabela 2: Desempenho fora-da-amostra dos portf´olios ´otimos de m´edia-variˆancia

A Tabela reporta estat´ısticas de desempenho para os portf´olios ´otimos de m´edia-variˆancia utilizando 14 contratos DI-futuro com maturidade constante de 3, 6, 9, 12, 15, 18, 21, 24, 27, 30, 33, 36, 42 e 48 me-ses negociados na BM&F. As carteiras ´otimas s˜ao rebalanceadas com frequˆencia di´aria, semanal, mensal e trimestral. As estat´ısticas de retornos, desvio-padr˜ao e ´ındice de Sharpe est˜ao anualizados. O excesso de retorno est´a calculado utilizando-se o CDI como ativo livre de risco. O aster´ısco indica que o coeficiente ´e estatisticamente diferente ao obtido pelo ´ındice benchmark IRF-M ao n´ıvel de significˆancia de 10%.

Modelo Transi¸c˜ao dos Matriz de Retorno Excesso de Desvio ´Indice de Turnover fatorial fatores Covariˆancias m´edio (%) retorno m´edio (%) padr˜ao (%) Sharpe

Rebalancemanto di´ario

Nelson-Siegel AR DCC 17.763 8.384 3.785∗ 2.214∗ 0.990 Nelson-Siegel VAR DCC 17.587 8.207 3.679∗ 2.2300.994

Nelson-Siegel AR Incondicional 23.079 13.707 5.663∗ 2.420∗ 0.970 Nelson-Siegel VAR Incondicional 23.076 13.703 5.663∗ 2.419∗ 0.970 Svensson AR DCC 15.340 5.960 3.128∗ 1.9051.277

Svensson VAR DCC 15.152 5.773 3.050∗ 1.892∗ 1.277 Svensson AR Incondicional 19.975 10.603 5.460∗ 1.9411.228

Svensson VAR Incondicional 19.965 10.593 5.460∗ 1.939∗ 1.228 Rebalancemanto semanal

Nelson-Siegel AR DCC 17.736 8.357 3.602∗ 2.3190.238

Nelson-Siegel VAR DCC 17.587 8.208 3.542∗ 2.316∗ 0.239 Nelson-Siegel AR Incondicional 22.044 12.672 5.439∗ 2.3290.221

Nelson-Siegel VAR Incondicional 22.044 12.672 5.439∗ 2.329∗ 0.221 Svensson AR DCC 15.186 5.807 2.698∗ 2.151∗ 0.298 Svensson VAR DCC 15.137 5.758 2.646∗ 2.175 0.299

Svensson AR Incondicional 20.768 11.396 5.037∗ 2.262∗ 0.304 Svensson VAR Incondicional 20.752 11.380 5.035∗ 2.259∗ 0.304

Rebalancemanto mensal

Nelson-Siegel AR DCC 16.568 7.189 3.967∗ 1.811∗ 0.054 Nelson-Siegel VAR DCC 16.517 7.138 3.937∗ 1.8120.054

Nelson-Siegel AR Incondicional 20.050 10.678 5.152∗ 2.072∗ 0.057 Nelson-Siegel VAR Incondicional 20.047 10.674 5.151∗ 2.071∗ 0.057 Svensson AR DCC 15.206 5.827 2.633∗ 2.2120.073

Svensson VAR DCC 15.126 5.746 2.593∗ 2.215 0.073 Svensson AR Incondicional 20.784 11.412 5.067∗ 2.2510.072

Svensson VAR Incondicional 20.778 11.406 5.065∗ 2.251∗ 0.072 Rebalancemanto trimestral

Nelson-Siegel AR DCC 21.231 11.851 5.148∗ 2.3010.023

Nelson-Siegel VAR DCC 21.118 11.738 5.095∗ 2.303∗ 0.023 Nelson-Siegel AR Incondicional 23.842 14.470 5.980∗ 2.4190.025

Nelson-Siegel VAR Incondicional 23.842 14.470 5.980∗ 2.419∗ 0.025 Svensson AR DCC 16.304 6.924 2.928∗ 2.364∗ 0.028 Svensson VAR DCC 16.268 6.888 2.923∗ 2.3560.028

Svensson AR Incondicional 24.075 14.703 6.129∗ 2.398∗ 0.021 Svensson VAR Incondicional 24.075 14.703 6.129∗ 2.398∗ 0.021

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Tabela 3: Desempenho fora-da-amostra dos portf´olios ´otimos de m´ınima variˆancia

A Tabela reporta estat´ısticas de desempenho para os portf´olios ´otimos de m´ınima variˆancia utilizando 14 contratos DI-futuro com maturidade constante de 3, 6, 9, 12, 15, 18, 21, 24, 27, 30, 33, 36, 42 e 48 me-ses negociados na BM&F. As carteiras ´otimas s˜ao rebalanceadas com frequˆencia di´aria, semanal, mensal e trimestral. As estat´ısticas de retornos, desvio-padr˜ao e ´ındice de Sharpe est˜ao anualizados. O excesso de retorno est´a calculado utilizando-se o CDI como ativo livre de risco. O asterisco indica que o coeficiente ´e estatisticamente diferente ao obtido pelo ´ındice benchmark IRF-M ao n´ıvel de significˆancia de 10%.

Modelo Transi¸c˜ao dos Matriz de Retorno Excesso de Desvio ´Indice de Turnover fatorial fatores Covariˆancias m´edio (%) retorno m´edio (%) padr˜ao (%) Sharpe

Rebalancemanto di´ario

Nelson-Siegel AR DCC 10.078 0.699 0.205∗ 3.393∗ 0.073 Nelson-Siegel VAR DCC 10.071 0.691 0.206∗ 3.3500.081

Nelson-Siegel AR Incondicional 10.317 0.945 0.389∗ 2.426∗ 0.002 Nelson-Siegel VAR Incondicional 10.311 0.939 0.383∗ 2.448∗ 0.002 Svensson AR DCC 10.067 0.687 0.223∗ 3.0760.098

Svensson VAR DCC 10.048 0.669 0.222∗ 3.002∗ 0.098 Svensson AR Incondicional 10.192 0.820 0.375∗ 2.1840.001

Svensson VAR Incondicional 10.191 0.819 0.371∗ 2.202∗ 0.001 Rebalancemanto semanal

Nelson-Siegel AR DCC 10.076 0.696 0.206∗ 3.3790.038

Nelson-Siegel VAR DCC 10.082 0.702 0.207∗ 3.389∗ 0.039 Nelson-Siegel AR Incondicional 10.317 0.944 0.389∗ 2.4260.001

Nelson-Siegel VAR Incondicional 10.310 0.938 0.383∗ 2.447∗ 0.001 Svensson AR DCC 10.062 0.683 0.223∗ 3.051∗ 0.049 Svensson VAR DCC 10.049 0.669 0.222∗ 3.0110.051

Svensson AR Incondicional 10.192 0.820 0.375∗ 2.185∗ 0.001 Svensson VAR Incondicional 10.191 0.819 0.371∗ 2.203∗ 0.001

Rebalancemanto mensal

Nelson-Siegel AR DCC 10.087 0.708 0.204∗ 3.457∗ 0.018 Nelson-Siegel VAR DCC 10.088 0.708 0.205∗ 3.4480.018

Nelson-Siegel AR Incondicional 10.315 0.942 0.387∗ 2.429∗ 0.001 Nelson-Siegel VAR Incondicional 10.309 0.937 0.382∗ 2.452∗ 0.001 Svensson AR DCC 10.036 0.657 0.221∗ 2.9620.023

Svensson VAR DCC 10.013 0.633 0.221∗ 2.860∗ 0.022 Svensson AR Incondicional 10.193 0.821 0.374∗ 2.1900.001

Svensson VAR Incondicional 10.191 0.819 0.371∗ 2.206∗ 0.001 Rebalancemanto trimestral

Nelson-Siegel AR DCC 10.075 0.696 0.206∗ 3.3760.005

Nelson-Siegel VAR DCC 10.074 0.695 0.209∗ 3.308∗ 0.006 Nelson-Siegel AR Incondicional 10.310 0.938 0.379∗ 2.4730.001

Nelson-Siegel VAR Incondicional 10.306 0.934 0.373∗ 2.498∗ 0.001 Svensson AR DCC 10.021 0.642 0.232∗ 2.759∗ 0.014 Svensson VAR DCC 10.011 0.632 0.230∗ 2.7390.014

Svensson AR Incondicional 10.193 0.820 0.372∗ 2.199∗ 0.001 Svensson VAR Incondicional 10.191 0.819 0.369∗ 2.216∗ 0.001

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Tabela 4: Desempenho das estrat´egias benchmark

A Tabela reporta estat´ısticas de desempenho para as carteiras utilizadas como benchmark. Os ´ındices IRF-M 1, IRF-1+ e IRF-M s˜ao formados por t´ıtulos de renda fixa pr´e-fixados, enquanto que os ´ındices IMA-B 5, IMA-B 5+ e IMA-B s˜ao formados por t´ıtulos p´os-fixados. As estat´ısticas de retornos, desvio-padr˜ao e ´ındice de Sharpe est˜ao anualizados. O excesso de retorno est´a calculado utilizando-se o CDI como ativo livre de risco.

Retorno Excesso de Desvio ´Indice de

m´edio (%) retorno m´edio (%) padr˜ao (%) Sharpe

IRF-M 1 10.288 0.909 0.391 2.324 IRF-M 1+ 11.971 2.592 2.835 0.914 IRF-M 11.205 1.826 1.655 1.103 IMA-B 5 12.705 3.326 1.603 2.075 IMA-B 5+ 18.925 9.546 5.386 1.772 IMA-B 15.658 6.278 3.269 1.920

otimiza¸c˜ao de carteiras de t´ıtulos de renda fixa com base em modelos para estrutura a termo da curva de juros e em desenvolvimentos recentes para previs˜oes da matriz de covariˆancia dos yields.

Express˜oes em forma fechada para o vetor de retornos esperados e para a matriz de covariˆancia dos retornos dos t´ıtulos baseando-se numa classe geral de modelos fatoriais dinˆamicos e heteroced´asticos s˜ao desenvolvidas e utilizadas para obter carteiras ´otimas de m´edia-variˆancia e m´ınima variˆancia contendo t´ıtulos de renda fixa. Em particular, considera-se a vers˜ao dinˆamica do modelo fatorial de Nelson & Siegel (1987) proposta por Diebold & Li (2006) e o modelo de quatro fatores de Svensson (1994), aplicadas a uma base de dados di´arios de taxas de juros embutidas nos contratos de DI-futuro negociados na BM&F.

A abordagem proposta no artigo mostra que os modelos de fatores para a estrutura a termo da curva de juros permitem prever os retornos e covariˆancias, simplificando o processo de otimiza¸c˜ao de carteiras. Os resultados encontrados mostram que as carteiras de renda fixa otimizadas exibem perfis de risco-retorno bastante atrativos. Por exemplo, as carteiras obtidas pelo crit´erio de m´edia-variˆancia apresentaram ´ındice de Sharpe anualizados entre 1.81 e 2.42, contra 1.10 do ´ındice de referˆencia IRF-M. Na pr´atica, um investidor arca com custos de transa¸c˜ao quando altera a composi¸c˜ao de seu portf´olio ao longo do tempo e estes custos s˜ao determinados em grande medida em fun¸c˜ao da frequˆencia e magnitude das mudan¸cas no portf´olio. Ape-sar dos custos de transa¸c˜ao n˜ao serem levados em conta diretamente, calculamos o turnover das carteiras para cada parametriza¸c˜ao considerada, o qual mostra haver estabilidade das composi¸c˜oes ´otimas estimadas, principalmente quando se considera o crit´erio de rebalanceamento trimestral. Al´em disso, as diversas cartei-ras obtidas pelo crit´erio de m´ınima variˆancia apresentam desvio padr˜ao entre 0.20 e 0.39, enquanto o ´ındice de referˆencia (IRF-M) apresenta desvio padr˜ao de 1.66, resultando em ´ındices de Sharpe significativamente superiores ao benchmark em todas as especifica¸c˜oes consideradas. Por fim, todos os resultados mostraram-se extremamente robustos em rela¸c˜ao ao modelo fatorial para a estrutura a termo utilizado; `a especifica¸c˜ao econom´etrica para a matriz de covariˆancias e para a dinˆamica dos fatores; e `a frequˆencia de rebalanceamento das carteiras otimizadas.

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Referências

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