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LEVANTAMENTO ETNOBOTÂNICO DE PLANTAS MEDICINAIS NA CIDADE DE IPAMERI-GO. Bolsista PBIC/UEG, graduando do Curso de Agronomia, UnU Ipameri - UEG.

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Academic year: 2021

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LEVANTAMENTO ETNOBOTÂNICO DE PLANTAS MEDICINAIS NA CIDADE DE IPAMERI-GO

OLIVEIRA JÚNIOR, V.F.1; GUSSONI, M.A.2; SILVA, F.C.2; SILVA, M.B.2; ZUCCHI, M.R.3; MARQUES, N.E.4

1 Bolsista PBIC/UEG, graduando do Curso de Agronomia, UnU Ipameri - UEG. 2 Voluntário PVIC/UEG, graduando do Curso de Agronomia, UnU Ipameri - UEG. 3 Orientador, docente do Curso de Agronomia, UnU Ipameri – UEG.

4 Colaborador, docente do Curso de Agronomia, UnU Ipameri – UEG. RESUMO

A etnobotânica estuda as relações entre as plantas e os seres humanos. Essas relações têm ocorrido desde que o homem iniciou o uso dos vegetais para satisfazer suas necessidades de sobrevivência. Para a etnobotânica, documentar o uso das plantas medicinais representa um especial interesse por sua aplicação farmacológica potencial. Do mesmo modo, busca contribuir ao uso sustentável dos recursos naturais associados a esta atividade. Daí, a grande importância de se investigar os diferentes usos das plantas medicinais pelas populações, para resgatar um conhecimento empírico transferido oralmente através de gerações. Os pequenos produtores apresentam perfil adequado para o cultivo dessas plantas, que são orgânicas em essência e não permitem o cultivo em larga escala, exigindo o policultivo como forma de proteger as espécies de enfermidades e pragas. Portanto, o objetivo geral deste projeto foi resgatar o conhecimento que a comunidade ipamerina possui no que se refere à saúde e ao uso de plantas com fins medicinais, com o propósito de aliar os conhecimentos populares e científicos; e diagnosticar o perfil sócio-econômico dos usuários dessas plantas. Para atingir este objetivo, foram realizadas entrevistas estruturadas com 200 famílias da cidade. Também foram coletadas as plantas (sempre que possível em estágio reprodutivo), visando a sua correta identificação. Então, o material coletado foi herborizado e depositado no Herbário da Universidade Estadual de Goiás (HUEG). Os resultados desta pesquisa poderão subsidiar a produção dessas plantas por pequenos produtores da região.

Palavras chaves: Etnobotânica, plantas medicinais, policultivo. INTRODUÇÃO

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A Etnobotânica inclui todos os estudos concernentes à relação mútua entre populações tradicionais e as plantas (COTTON, 1996). Esta relação tem ocorrido desde que o homem iniciou o uso dos vegetais para satisfazer suas necessidades de sobrevivência, seja como alimento, para produzir calor, para abrigar-se, na construção, como ornamento ou para assegurar sua saúde (LEVY e AGUIRRE, 1999).

Para efeito deste estudo, planta medicinal é todo vegetal que contém, em um ou vários de seus órgãos, substâncias que podem ser empregadas para fins terapêuticos ou precursores de substâncias utilizadas para tais fins, sendo amplamente utilizadas pela medicina alternativa (AMOROZO, 2002). Há cerca de 3000 anos antes de Cristo, os chineses já faziam uso e cultivavam plantas medicinais, que hoje ainda são utilizadas com eficácia tanto na medicina popular, como por laboratórios de produtos farmacêuticos (RODRIGUES e CARVALHO, 2001). A utilização de plantas para o tratamento da saúde permanece até os dias de hoje fazendo parte da cultura de diferentes comunidades populacionais (MARONDIN, 2001).

De acordo com Rodrigues (1998), tendo em vista a importância de sanar, ou pelo menos de amenizar os problemas socioeconômicos da população brasileira, é crescente a preocupação em se estabelecer espécies de plantas medicinais para pesquisas, suas potencialidades, usos e meios de conservação desses recursos genéticos. Atualmente, o cultivo de plantas medicinais é um processo muito importante para a conservação das espécies vegetais, porque a retirada de espécies nativas de seu ambiente natural tem levado, em muitos casos, à redução drástica das populações destas espécies (REIS et al., 2003).

Nesse sentido, o objetivo geral deste trabalho foi resgatar o conhecimento que a comunidade ipamerina possui no que se refere à saúde e ao uso de plantas com fins medicinais, com o propósito de aliar os conhecimentos populares e científicos; e diagnosticar o perfil sócio-econômico dos usuários dessas plantas. Tendo como base esse objetivo geral, foram definidos alguns objetivos específicos, quais foram: investigar as preferências e utilidades com relação às plantas medicinais usadas nesta cidade; coletar e identificar espécimes vegetais utilizados pela comunidade; e diagnosticar o perfil sócio-econômico dos usuários de plantas medicinais nesta cidade.

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Esta pesquisa foi realizada na cidade de Ipameri, localizada na região Sul do Estado de Goiás, na micro-região homogênea 359 – Estrada de Ferro ou Sudeste Goiano. A área do município é de 4.691 km², com 23.014 habitantes.

Para a investigação sobre a saúde, as preferências e utilidades das plantas medicinais e o perfil sócio-econômico dos moradores de Ipameri, foram realizadas entrevistas estruturadas (contendo questões fechadas e questões abertas) e listagem livre das plantas medicinais, com 200 famílias, totalizando 680 pessoas, no período de 01 de Agosto de 2008 a 20 de junho de 2009. O questionário utilizado foi baseado nas metodologias de Martin (2000), Alexiades (1996), Rodrigues e Carvalho (2001), Marchese et al. (2004) e de Albuquerque e Lucena (2004), para caracterizar diferentes aspectos da comunidade e dos usuais consumidores das plantas.

O material botânico coletado foi herborizado segundo métodos usuais de botânica e depositado no Herbário da Universidade Estadual de Goiás (HUEG), na Unidade Universitária de Ciências Exatas e Tecnológicas (UnUCET / UEG). A identificação taxonômica foi feita de acordo com suas características morfológicas vegetativas e reprodutivas, através de consultas à bibliografia especializada e aos sítios especializados na Internet.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Das 200 famílias entrevistadas, 75 disseram não fazer uso de plantas com fins medicinais (o que corresponde a 37,5% do total), enquanto 125 afirmaram fazer uso (62,5% do total). Estas fazem uso de uma quantidade bastante diversificada de plantas, destacando-se entre elas as seguintes: hortelã, boldo, capim cidreira, quebra-pedra, camomila, poejo, guaco, mentrasto, alfavacão, losna, bálsamo, carqueja, funcho, babosa e malva.

Souza e Felfili (2006) observaram que na região do Alto Paraíso de Goiás (GO), as famílias de plantas medicinais mais utilizadas foram Asteraceae (como Compositae, com 14 espécies) e Fabaceae (como Leguminosae, com 11 espécies). Já Jacomassi e Piedade (1994) observaram que as famílias com mais plantas medicinais utilizadas pela população de Goioerê (PR) foram Asteraceae (como Compositae, com 09 espécies) e

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Lamiaceae (como Labiatae, com 06 espécies), semelhante ao encontrado neste trabalho, onde predominaram as famílias Lamiaceae (com 10 espécies) e Asteraceae (com 08 espécies).

Assim como foi constatado por Víglio (2000) no Rio de Janeiro, a maioria das famílias ipamerinas consumidoras de plantas medicinais afirmou preferir as plantas cultivadas de forma orgânica, selecionando as melhores plantas através da aparência. Preferencialmente também, todas as famílias consomem as plantas in natura, ou seja, sem beneficiamento, afirmando também que o consumo de plantas beneficiadas ocorre apenas na ausência de disponibilidade de alguma erva em seus quintais.

Observou-se que na maioria destas famílias, tanto os homens quanto as mulheres fazem uso das plantas medicinais na mesma intensidade, com raras exceções, assim como ocorreu em estudo realizado por Cerveira e Castro (1999) na cidade de São Paulo. Entretanto, a frequência de utilização dessas plantas é muito variável, dependendo do estado de saúde dos integrantes da família, sendo geralmente diária em caso de alguma enfermidade, ou uma vez por semana quando não há problemas de saúde. A faixa etária dos consumidores de plantas medicinais também foi bastante variável, visto que nestas famílias todos os membros são consumidores.

Com relação ao quadro sócio-econômico da população ipamerina, ele revelou-se bastante heterogêneo, já que o rendimento mensal das famílias é bastante variável, desde apenas um até oito salários mínimos. Entretanto, em qualquer situação de renda, encontram-se famílias consumidoras de algum tipo de planta medicinal, como ocorreu no estudo realizado por Vendruscolo et al. (2005), em Porto Alegre, Rio Grande do Sul.

Segundo Naiverth e Faria (2007), existe uma tendência de produção dessas plantas por pequenos agricultores, sendo uma boa alternativa a formação de pequenas cooperativas, aliando-se os conhecimentos empíricos diversos e também plantas diferentes.

CONCLUSÕES

Com base nos resultados desta pesquisa, pode-se concluir que em caso de interesse na comercialização dessas plantas, as mesmas deverão ser mantidas na forma in natura, cultivadas de maneira orgânica, e com um cuidado especial com a aparência.

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Conclui-se também que, ao contrário do que se imaginava inicialmente, a utilização de plantas medicinais se estende a várias faixas etárias e também sócio-econômicas, confirmando a grande possibilidade de mercado consumidor. Assim, os pequenos produtores locais poderiam dar ênfase à produção das plantas medicinais utilizadas pela população, mas aquelas indisponíveis nos quintais das residências. Esta seria uma possibilidade de rendimento extra, ampliando e diversificando o orçamento mensal desses produtores.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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