Elementos da narrativa digital na construção da notícia: estudos de caso no Rio Grande do Norte1
Helton Rubiano de Macedo2
Universidade Federal do Rio Grande do Norte
Resumo
Este estudo consiste na verificação do uso de ferramentas de veiculação de material jornalístico na Internet no Rio Grande do Norte. O reconhecimento e a compreensão desses instrumentos serão úteis para o enriquecimento da forma narrativa da notícia, contribuindo, assim, para a formação de um leitor crítico e consciente. O objetivo é contribuir, a partir do estudo da especificidade da linguagem, para a compreensão da importância da utilização dos diferentes elementos da narrativa digital (recursos multimídia) para a publicação de notícias na web.
Palavras-chave: Internet; Multimídia; Webjornalismo.
1 Introdução
A sociedade passa hoje por grandes mudanças em diferentes aspectos. Tornamo-nos uma sociedade marcadamente tecnológica. É por meio de aparatos eletrônicos que formatamos nosso dia-a-dia. O desenvolvimento de tecnologias, principalmente na área de telecomunicações, gerou mudanças radicais no que diz respeito aos modos utilizados pelo homem para se comunicar. Para Thompson (1998, p. 19), “de uma forma profunda e irreversível, o desenvolvimento da mídia transformou a natureza da produção e intercâmbio simbólicos no mundo moderno”.
Assim, a compreensão da comunicação inserida no contexto das novas tecnologias tornou-se fundamental para que possamos estar alinhados às novas formas de fluxo de pensamento, que são, por sua vez, modificadas pelo advento de novos meios de comunicação. Conforme diz Thompson (1998, p. 38), “nossa compreensão do mundo
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Trabalho apresentado ao Intercom Júnior – Comunicação Multimídia – do XI Congresso de Ciências da Comunicação na Região Nordeste. Orientador: Prof. Dr. José Zilmar Alves da Costa.
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Graduado em Comunicação Social – Habilitação Jornalismo – pela UFRN (2008.2). Atualmente, é estudante da Habilitação Radialismo na mesma instituição. É também aluno especial do Programa de Pós-graduação em Estudos
fora da nossa experiência pessoal, e de nosso lugar dentro dele, está sendo modelada cada vez mais pela mediação de formas simbólicas”.
Assim, o indivíduo, ao constatar que as mediações acontecem de maneira crescente por meio das novas tecnologias de comunicação, passa a ter o compromisso de buscar compreender essa nova realidade, a fim de não se perder em meio às novas e diferentes maneiras de produção e recepção de mensagens.
Pelo prisma da revolução tecnológica, avistamos a chamada Era da Informação, tecida e reabastecida por meio de uma rede mundial, na qual um fluxo incessante de informações perpassa o cotidiano de milhões de pessoas em todo o mundo. Sob essas novas formas de transmissão de informações, o jornalismo moderno foi remodelado de forma a usufruir de todas as potencialidades de um novo suporte: a Internet. Essa adaptação gerou novas formas de produzir e de consumir jornalismo, as quais dão ao profissional de comunicação um novo papel, a ser desempenhado no contexto das novas mídias.
Uma das faces dessa nova postura profissional diz respeito ao domínio das técnicas modernas de veiculação de material informativo. Para isso, o novo jornalista deve absorver conhecimentos de uma nova linguagem, que o tornará apto a produzir conteúdo para a Internet. Antes, o profissional de comunicação podia tornar-se especialista de um determinado meio. Hoje, a Internet provoca nos jornalistas a necessidade de reunir conhecimentos e técnicas, com o intuito de fundi-los numa linguagem complexa e abrangente. Trata-se de um profissional multimídia. “As novas tecnologias exigem dos profissionais a atualização constante do modo de ver, captar, codificar e transmitir a notícia” (CAMPOS, 2008, p. 4). Não se trata de transferir linguagens, mas sim de constituir um novo processo de trabalho.
Essa nova linguagem passa pelo conceito de recursos multimídia, os quais não chegam a ser uma novidade, entretanto, se apresentam agora de forma entrelaçada dentro do novo suporte. Essas particularidades dão à Internet um caráter complexo, no qual as informações veiculadas podem assumir uma nova roupagem, aperfeiçoando seu objetivo de informar os leitores.
Sobre o uso dos recursos multimídia para a produção jornalística, Paul (2007, p. 137) afirma que
é preciso entender a interação entre os elementos exclusivos da narrativa digital e testar a efetividade de seu uso em várias combinações e para vários tipos de narrativas; isso fornecerá às
empresas de notícias uma compreensão melhor de como e quando preparar toda uma gama de possibilidades para as narrativas digitais.
Vale destacar também que a Internet, como os outros meios, é composta por suas especificidades, cabendo ao webjornalista estar apto a compor a notícia inserida nesse novo veículo. Segundo Pinho (2003, p. 58),
[...] sendo a Internet uma mídia bastante distinta dos meios de comunicação tradicionais – televisão, rádio, cinema, jornal e revista –, o jornalismo digital deve considerar e explorar cada uma das características que diferenciam a rede mundial desses veículos.
1.1 Os meios técnicos de comunicação
As novas formas de intercâmbio de informações se dão através de meios técnicos, criados sob a condição de propiciar ao homem a emissão e recepção de mensagens de forma rápida, segura e eficaz. Em busca de uma definição, Thompson (1998, p. 26) afirma que o “meio técnico é o substrato material das formas simbólicas”. E, quanto à sua utilização, acrescenta que
o uso dos meios técnicos pressupõe um processo de codificação; isto é, implica o uso de um conjunto de regras e procedimentos de codificação e decodificação da informação ou do conteúdo simbólico. Os indivíduos que empregam um novo meio devem conhecer, até certo ponto, as regras e os procedimentos. (THOMPSON, 1998, p. 29).
A partir da constatação de Thompson, inferimos que os produtores de informação mediada pelas novas tecnologias devem estar aptos a preparar, de modo competente, a informação dentro das especificidades do meio técnico. Essa competência será útil no devido aproveitamento do canal no que diz respeito a todas as suas potencialidades como veículo eficaz de comunicação.
Outra questão suscitada pelo uso dos meios técnicos é a reconstrução, feita pelos receptores de informações, do conceito de espaço e de tempo, como eram compreendidos até então. “O advento da telecomunicação trouxe uma disjunção entre o espaço e o tempo, no sentido de que o distanciamento espacial não mais implica o distanciamento temporal” (THOMPSON, 1998, p. 36). A mobilidade e a capacidade de armazenamento dos novos instrumentos de recepção da informação dão ao indivíduo a opção de consumi-la em qualquer lugar e em qualquer momento.
2 Uso de recursos multimídia em sites noticiosos no RN
Diante do contexto apresentado acerca do meio digital, é suscitada a curiosidade de observar e analisar criticamente o grau de exploração dos recursos multimídia em sites noticiosos. Essa observação oferecerá a percepção do quanto a notícia é, ou deixou de ser, contextualizada por meio dos recursos multimídia.
Observações preliminares permitem a formulação da hipótese de que os veículos digitais do Estado do Rio Grande do Norte não exploram todas as possibilidades disponíveis para veiculação de informações na web. Dessa forma, tornam-se apenas reprodutores de material informativo veiculado no meio impresso, ou mesmo, em caso específico de produção de notícias exclusivamente para o meio digital, de produtores de informações veiculadas sem a utilização do potencial de contextualização oferecido pela Internet.
Dessa forma, o presente trabalho se propõe a oferecer aos profissionais produtores de informação no meio digital parâmetros que os auxiliem no uso eficaz de ferramentas de veiculação de informações. É objetivo, também, o estudo da especificidade da linguagem para Internet, a fim de compreender a importância da utilização dos diferentes elementos da narrativa digital (recursos multimídia) para a publicação de material informativo na Internet. Esse conhecimento será útil na valorização desses instrumentos para o enriquecimento da forma narrativa da notícia, contribuindo, assim, para a formação de um leitor crítico e consciente.
2.1 Metodologia
A metodologia da pesquisa consistiu no acesso em sete dias aos sites noticiosos: Tribuna do Norte Online (http://www.tribunadonorte.com.br) e Nominuto (http://www.nominuto.com.br), no período de 29 de outubro a 05 de novembro de 2008 (excetua-se o dia 1° de novembro devido a problemas técnicos), em dois momentos do dia: às 12h e às 20h. O acesso em horários distintos teve o intuito de verificar a utilização do recurso de atualização das informações noticiadas.
Foram analisadas notícias e reportagens, cujas manchetes estivessem localizadas na página principal do site. Foram excluídos os artigos de opinião, as colunas, os suplementos, os classificados, as charges ou qualquer outro projeto especial veiculado por meio do site. Essa restrição ocorreu para que houvesse um recorte sobre o qual se pudesse realizar uma análise de mensuração viável.
Em seguida, foi feito o levantamento quantitativo do número total de informações veiculadas, sejam notícias, sejam reportagens. A partir daí, verificou-se a utilização dos elementos da narrativa digital (recursos multimídia).
Os dados foram postos em uma tabela própria para cada veículo verificado. Foi feita uma listagem das manchetes do material publicado, com o objetivo de se anotar as atualizações realizadas até o segundo momento de observação do dia. As matérias não atualizadas não foram novamente contabilizadas.
Os dados colhidos foram totalizados. Foram calculados, ainda, médias e percentuais relativos ao universo total. A partir da sua análise, verificamos informações como: a) recurso multimídia mais utilizado; b) recurso menos utilizado; c) veículo que mais explora esses elementos; d) veículo que percentualmente mais atualizou suas informações no período de tempo observado; e) existência de combinação de recursos; f) existência de meios de interação do usuário; g) existência do recurso de memória; h) existência de instrumentos de personalização.
2.2 Especificidades da web
A fim de validar a percepção dos recursos multimídia na Internet, vale buscar conceitos acerca dessas ferramentas de veiculação da notícia no meio digital.
2.2.1 Hipertexto
O hipertexto tornou-se um elemento de fundamental importância dentro do contexto da veiculação da informação digital. Manta (1997, p. 17) define o hipertexto como “um sistema de escrita e leitura não linear aplicado à informática, principalmente à multimídia e às home pages na World Wide Web”. De acordo com o autor, nesse sistema “as informações estão organizadas de forma não hierarquizada e espalhadas em uma rede com inúmeras conexões (ou links ou hiperlinks)”.
Pinho (2003, p. 149) esclarece que
O conceito de links está baseado no mesmo modelo adotado pelo pensamento humano, pois pensar em alguma coisa nos leva a pensar em outra, e assim por diante. Entretanto, o exercício da imaginação apresenta limitações no plano individual, já que é difícil pensar em coisas fora de nossa experiência ou do nosso conhecimento.
É fundamental destacar que o uso do hipertexto encontra-se sintonizado com as formas de comunicação do mundo moderno. O encadeamento de um grande volume de
informações numa direção orientada segundo critérios individuais faz parte do cotidiano do indivíduo contemporâneo.
2.2.2 Atualização
Por meio das novas tecnologias da informação, o material jornalístico publicado na web pode ser periódica e infinitamente atualizado, de acordo com as necessidades de alterações. A capacidade de atualização contínua gera um importante diferencial da Internet sobre as outras mídias.
O recurso de atualização vem ao encontro da necessidade do leitor contemporâneo que, por diversos fatores, necessita estar sempre informado, da maneira mais rápida e precisa possível. “As atualizações contínuas vêm proporcionar uma imediaticidade no relato dos acontecimentos, agregando valor às publicações e instigando o usuário a acessar seu produto para saber o que está acontecendo naquele momento” (RIBAS, 2004, p. 11).
2.2.3 Interatividade
A Internet, mais do que qualquer outro meio, permite que o usuário estabeleça relação direta com os produtores da notícia e com o seu processo de produção. Inúmeros são os instrumentos pelos quais os veículos digitais garantem a interatividade. Entre eles, podemos destacar o chat, os fóruns de discussão, a criação de pesquisas e enquetes online. Entretanto, indubitavelmente, a forma de interatividade mais utilizada pelos veículos digitais é o e-mail. Hoje, essa ferramenta encontra-se amplamente difundida entre os usuários da Internet. Dessa forma, tornou-se habitual o uso do e-mail para estabelecer contatos com os veículos de comunicação. “Através dele, o usuário pode enviar instantaneamente comentários, críticas, sugestões, dúvidas e contribuições aos editores, repórteres e colunistas de jornais e revistas que possuam versões digitais na Web” (MANTA, 1997, p. 24).
Seguindo as tendências de constantes mudanças, vê-se que o cenário no qual a interatividade está instalada também deve passar por modificações. Trata-se de uma evolução. Para Pinho (2003, p. 145), “o modelo de mão dupla da comunicação de massa – por exemplo, do jornalista para o usuário e vice-versa – deve ter como sucessor o modelo de três vias, envolvendo a contribuição de usuários para usuários tanto quanto
para o jornalista”. As formas de interatividade tornam-se assim mais complexas e oferecem ao usuário um leque de possibilidades de interferir na produção e consumo de informação na rede mundial.
2.2.4 Personalização
Outra especificidade do meio digital é a possibilidade de personalização do conteúdo de sites noticiosos. Esse instrumento atende a necessidade de individualização e customização do produto jornalístico, que constitui, atualmente, uma forte tendência.
De acordo com Ribas (2004, p. 6), as formas de personalização podem ser oferecidas aos usuários “configurando páginas de acordo com seus interesses para a cada acesso obter informações atualizadas referentes aos temas previamente escolhidos; indicando preferências por hierarquia de dados, formatos de apresentação visual, cores, tipos e tamanhos de fontes [...]”.
Manta (1997, p. 27) defende que “uma das grandes vantagens da Internet é a possibilidade de receber informações personalizadas, selecionadas de acordo com os interesses e as preferências de cada leitor em particular”. O autor ainda acrescenta que “a entrega de conteúdo via e-mail foi a primeira experiência neste sentido”.
2.2.5 Memória
A memória no meio digital consiste na possibilidade de acesso a informações que não fazem parte da pauta do dia. A Internet possibilita o armazenamento de incontável quantidade de informação que pode ser acessada pelo usuário, a qualquer momento, por meio de arquivos digitais.
Palácios (2002) acredita que a Internet possui “continuidades e potencializações” na relação com a mídia tradicional. Entretanto, defende que a memória constitui a efetiva “ruptura” com os antigos meios. Para o autor, o profissional de jornalismo na rede mundial vê desfazer os limites de espaço/tempo para a veiculação de informação. “O Jornalismo tem na Web a sua primeira forma de Memória Múltipla, Instantânea e Cumulativa” (PALÁCIOS, 2002, p. 7).
2.2.6 Multimidialidade
2.2.6.1 Áudio
Um dos itens inseridos no contexto multimidiático da web é o áudio. O uso desse recurso pode favorecer grandemente a complementação da informação veiculada. Canavilhas (1999, p. 4) defende que “mais do que citar, o webjornal pode oferecer o som original do citado, caminhando assim para um jornalismo mais objectivo”.
O áudio foi o instrumento utilizado no primeiro caso de cruzamento de mídias no Brasil. Na edição de 23 de novembro de 1998, a revista Época estampou na capa da sua publicação impressa o título “Leia e ouça o grampo”. A reportagem tratava sobre o escândalo do BNDES e convidava o leitor a acessar o site da revista, a fim de que pudesse acessar o áudio de ligações grampeadas dos envolvidos no caso (FERRARI, 2004).
2.2.6.2 Imagem
Assim como no meio impresso, a Internet também pode fazer uso de imagens. A distinção está no fato de que o impresso apenas pode utilizar imagens estáticas (fotos, figuras etc.) enquanto que a Internet aproveita sua capacidade técnica e oferece ao leitor imagens em movimento, como vídeos ou animações.
As conexões de baixa velocidade vinham sendo um empecilho para o eficiente aproveitamento da imagem na rede mundial. Entretanto, como afirma Munhoz (2007, p. 2), “a crescente disseminação das conexões rápidas vem abrindo novas oportunidades para uma utilização efetivamente multimidiática da Internet e para novas formas de incorporação da fotografia ao produto jornalístico na Web”.
Esse novo contexto de veiculação de imagem na rede vem propiciar a eficácia no uso da imagem para fins jornalísticos. Aquilo que antes era exclusivo da TV passa a ser também comum na mídia Internet. Acerca do uso da imagem na produção jornalística, Munhoz (2007, p. 13) comenta:
O limite de espaço quase inexistente na Web assinala com a possibilidade de se estruturar o material fotográfico de forma inédita, favorecendo o aprofundamento da informação imagética e disponibilizando-a de maneira criativa e dinâmica, proporcionando transformações significativas na narrativa do fato jornalístico.
As animações, por sua vez, buscam ilustrar ou facilitar a compreensão do leitor acerca de um dado assunto. Sobre as animações, Manta (1997, p. 22) afirma:
Animações bem produzidas tornam mais rico o projeto gráfico do Web site e despertam a atenção do leitor para o conteúdo noticioso. Editores e publishers, no entanto, devem estar atentos para não utilizar as imagens animadas como simples ilustrações das matérias, mas sim para complementar as informações das notícias do jornal ou revista digital.
2.2.6.3 Infográfico
Um recurso transposto da mídia tradicional para a web, e que, por isso, assumiu novas particularidades foi o infográfico. Segundo De Plabos (1999 apud RIBAS, 2008, p. 2), “infografia é informação gráfica, visual, que existe desde a primeira união comunicativa entre um desenho ou uma pintura enfatizados por um texto alusivo”. Ribas (2008, p. 4) acrescenta que “a infografia tem a função de facilitar a comunicação, ampliar o potencial de compreensão pelos leitores, permitir uma visão geral dos acontecimentos e detalhar informações menos familiares ao público”.
Apesar de o conceito ser o mesmo, tanto para o infográfico no meio impresso como para aquele no meio digital, este último se apropria de recursos tecnológicos, integrando-se, dessa forma, ao meio no qual está inserido. Essas novas características dinamizam o infográfico, dando-lhe movimento e transformando-o numa animação.
3 Análise dos sites Tribuna do Norte Online e Nominuto
3.1 Dados do Tribuna do Norte Online
Ao todo foram publicadas 162 matérias jornalísticas. Quanto ao quesito de atualização, o site Tribuna do Norte Online teve uma atualização média de 74,6% entre os horários observados. Não houve registro de áudio, vídeo, animação ou infográfico durante o período analisado. Vale destacar que duas matérias analisadas não possuíam qualquer recurso multimídia, entretanto, faziam a cobertura de eventos em tempo real, publicando notas do fato em pequenos intervalos de tempo. Isso destaca a possibilidade de atualização na Internet. Em outra matéria, a partir da qual foi registrada a utilização de foto, havia, na verdade, uma galeria de imagens, todas referentes à notícia.
O site possui um canal de busca, o que representa o recurso de memória do site. Há também o campo Fale conosco, que se refere à área na qual o leitor pode realizar contatos com o veículo ou com algum profissional em específico. Além disso, todas as matérias possuem a opção de inserir comentários. Estes últimos representam o recurso da interatividade.
TABELA 1 – Dados da observação do site Tribuna do Norte Online
Data/Hora N° total de
publicações
Com pelo menos um recurso multimídia Percentagem de atualização 29 out./12h 14 5 - 29 out./20h 11 5 78,5% 30 out./12h 13 4 - 30 out./20h 11 6 84,6% 31 out./12h 13 6 - 31 out./20h 11 5 84,6% 02 nov./12h 14 8 - 02 nov./20h 5 3 35,7% 03 nov./12h 13 3 - 03 nov./20h 8 5 61,5% 04 nov./12h 14 4 - 04 nov./20h 12 5 85,7% 05 nov./12h 12 5 - 05 nov./20h 11 4 91,7%
GRÁFICO 1 – Publicações com pelo menos um recurso multimídia no TN Online
GRÁFICO 2 – Percentual no uso de fotos no TN Online
GRÁFICO 3 – Percentual no uso de hipertexto no TN Online
GRÁFICO 4 – Percentual no uso de combinação de recursos multimídia no TN Online
3.2 Dados do Nominuto
Ao todo foram publicadas 200 matérias jornalísticas. Quanto à atualização, o site Nominuto teve uma atualização média de 114,5% entre os horários observados. A média acima dos 100% se deve à publicação de matérias no segundo momento em número superior àquelas do primeiro. A estrutura do site permite que um quadro de exibição de imagens/manchetes sequenciais, de número não limitado, torne variável o número de matérias publicadas.
Não houve registro de animação ou infográfico durante o período analisado. Vale destacar que, igualmente ao que foi registrado para o TN Online, duas matérias publicadas não possuíam qualquer recurso multimídia, entretanto, faziam a cobertura de eventos (partidas de futebol) em tempo real, publicando notas do fato em pequenos intervalos de tempo. Essa ação reforça o uso da capacidade de atualização na Internet. Em outra matéria, cujo registro foi a utilização de foto, existia, na entanto, uma galeria de imagens. Outro fato que merece atenção diz respeito à publicação de vídeos na TV Nominuto. No período analisado, apenas 4 veiculações foram realizadas. A Rádio Nominuto apenas reproduz um programa de rádio veiculado pela emissora 96 FM.
Há um campo de Busca, que representa o recurso de memória. Os campos de Contato e Enquete destacam a interatividade do site. Entre os itens de personalização, destacam-se a possibilidade de aumentar ou diminuir o tamanho da fonte das matérias, em como a inscrição de um e-mail para recebimento de um Newsletter.
TABELA 2 – Dados da observação do site Nominuto
Data/Hora N° total de
publicações
Com pelo menos um recurso multimídia Percentagem de atualização 29 out./12h 13 11 - 29 out./20h 7 4 53,8% 30 out./12h 15 11 - 30 out./20h 16 7 106,7% 31 out./12h 12 6 - 31 out./20h 22 12 183,3% 02 nov./12h 9 4 - 02 nov./20h 12 8 133,3% 03 nov./12h 17 10 - 03 nov./20h 15 8 88,2% 04 nov./12h 18 9 - 04 nov./20h 18 8 100% 05 nov./12h 11 6 - 05 nov./20h 15 9 136,4%
GRÁFICO 5 – Publicações com pelo menos um recurso multimídia no Nominuto
GRÁFICO 6 – Percentual no uso de fotos no Nominuto
GRÁFICO 7 – Percentual no uso de hipertexto no Nominuto
GRÁFICO 8 – Percentual no uso de vídeo no Nominuto
GRÁFICO 9 – Percentual no uso de combinação de recursos multimídia no Nominuto
3.3 Gráficos comparativos
GRÁFICO 10 – Publicações com pelo menos um recurso multimídia: TN Online x Nominuto
GRÁFICO 11 – Médias de atualização: TN Online x Nominuto
GRÁFICO 12 – Percentual no uso de fotos: TN Online x Nominuto
GRÁFICO 13 – Percentual no uso de hipertexto: TN Online x Nominuto
GRÁFICO 14 – Percentual no uso de combinação de recursos multimídia: TN Online x Nominuto
4 Considerações finais
A partir do que foi observado nas páginas do Tribuna do Norte Online e Nominuto, podemos afirmar que a utilização de recursos multimídia na Internet se apresenta aquém das possibilidades.
O principal recurso utilizado foi a fotografia (TN Online: 38,9%; Nominuto: 43%). Entretanto, vale destacar que a utilização de fotos já é de uso corrente no meio impresso, colocando-se somente como um elemento transposto ao meio digital.
O segundo recurso mais utilizado, esse próprio da Internet, foi o hipertexto (TN Online: 5,5%; Nominuto: 24%). Porém, o uso dessa ferramenta não implica necessariamente uma contextualização da matéria. A aplicação de links direcionados a outros suportes de informação deve ser realizada tendo em vista uma real correlação entre os temas abordados. Caso contrário, tecerá apenas uma leitura difusa sobre assuntos com entrelaçamentos mínimos. Tendo por base a definição dos tipos de links (PAUL, 2007) e o modo como redigi-los e estruturá-los (PINHO, 2003), cabe, em um estudo posterior, uma análise aprofundada sobre o conteúdo dos hipertextos, avançando,
dessa forma, a uma reflexão sobre o discurso veiculado, que trate das intenções comunicativas e da eficácia do propósito de contextualização da matéria.
Em ambos os sites, foi registrada a repetição de manchetes na página principal num mesmo momento. Esse fato implica a subutilização do espaço para a divulgação das notícias.
É necessário também apresentar as diferenças entre os sites analisados. O Nominuto mostrou-se mais propício à utilização das ferramentas digitais. Uma das razões para isso se deve à criação do veículo exclusivamente para a Internet. O Tribuna do Norte Online, por sua vez, nasceu da necessidade do jornal impresso em ampliar seu campo de abrangência sobre o meio digital. Porém, apresenta-se com praticamente o mesmo conteúdo em ambos os suportes. A distinção está no uso da possibilidade de atualização e interatividade propiciada pela Internet. A partir dos gráficos comparativos (ver 3.3) verifica-se a superioridade do site Nominuto quanto ao aproveitamento das particularidades do meio digital. Além dos percentuais de uso de foto, de hipertexto, de combinação de recursos e da média de atualização estarem acima daqueles registrados para o TN Online, o Nominuto foi o único a veicular matérias em áudio ou vídeo.
Este trabalho não visa realizar uma crítica sobre os veículos noticiosos do meio digital no RN. Na verdade, tem o intuito de colaborar no registro da realidade do webjornalismo potiguar, oferecendo sua contribuição na coleta de dados, os quais são fundamentais na percepção de como é apresentado o conteúdo jornalístico. Como exemplificado anteriormente, cabem ainda inúmeros enfoques dentro do mesmo tema. Porém, o presente estudo pode servir de ponto de partida para os pesquisadores que visam entender e contribuir para proposição de formas mais adequadas de produção jornalística na web. Afinal, o produto do profissional da área de comunicação deve estar adaptado ao suporte no qual é veiculado.
É fato que o modo de produção jornalística para a Internet encontra-se em fase de experimentações. Entretanto, as fórmulas devem ser testadas, aperfeiçoadas ou mesmo substituídas de acordo com as necessidades do jornalismo. Um jornalismo ideal que tem a finalidade, seja qual for o suporte, de apresentar, contextualizar e interpretar fatos. Ações que oferecem ao receptor os instrumentos para o exercício do seu papel de cidadão dentro de uma sociedade democrática, na qual a informação é elemento fundamental. Dessa forma, compete ao público, agora municiado pelas ferramentas da interatividade, exigir uma informação correta, precisa, relevante e veiculada com o uso pleno das potencialidades do seu meio de transmissão.
Referências
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PALÁCIOS, Marcos. Jornalismo Online, Informação e Memória: apontamentos para debate. Comunicação apresentada nas Jornadas de Jornalismo Online, 2002. Disponível em: <http://www.facom.ufba.br/jol/pdf/2002_palacios_informacaomemoria.pdf>. Acesso em: 13 out. 2008.
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