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UNIVERSIDADE FEDERAL DE RORAIMA PRÓ-REITORIA DE ENSINO E GRADUAÇÃO CENTRO DE CIÊNCIAS HUMANAS COORDENAÇÃO DE RELAÇÕES INTERNACIONAIS

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE RORAIMA PRÓ-REITORIA DE ENSINO E GRADUAÇÃO

CENTRO DE CIÊNCIAS HUMANAS

COORDENAÇÃO DE RELAÇÕES INTERNACIONAIS

FRANCISCO CÉZAR BEZERRA VISGUEIRA

SEGURANÇA NAS FRONTEIRAS INTERNACIONAIS DE RORAIMA

Boa Vista – RR 2018

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FRANCISCO CÉZAR BEZERRA VISGUEIRA

SEGURANÇA NAS FRONTEIRAS INTERNACIONAIS DE RORAIMA

Monografia apresentada como trabalho de conclusão do curso de Bacharel em Relações Internacionais da Universidade Federal de Roraima.

Boa Vista - RR 2018

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FRANCISCO CÉZAR BEZERRA VISGUEIRA

SEGURANÇA NAS FRONTEIRAS INTERNACIONAIS DE RORAIMA

Monografia apresentada como trabalho de conclusão do curso de Bacharel em Relações Internacionais da Universidade Federal de Roraima.

____________________________________ Prof. Dr. Elói Martins Senhoras (Presidente)

Orientador/ UFRR

____________________________________ Prof. MSc. Balbina Líbia de Souza Santos (Membro)

UFRR

____________________________________ Prof. Dr. João Carlos Jarochinski Silva (Membro)

UFRR

____________________________________ Prof. Dr. Fabrício Borges Carrijo (Suplente)

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AGRADECIMENTOS

Agradeço à Universidade Federal de Roraima pelo trabalho, serviços e apoio oferecidos, mesmo em meio a dificuldades. O papel que esta instituição ocupa na sociedade roraimense é de imenso valor e respeito, por levar conhecimento a todos os indivíduos independentemente de sua origem.

Agradeço meus familiares pelo suporte nesta jornada, e sua fundamental importância em minha vida. Ao meus pais, Antônia e Miguel, agradeço a dedicação em me conceder garantias que os mesmos não tiveram na busca por uma vida melhor. Aos meus irmãos, Cinésio, Claudiston e Celene, sou grato a todo o esforço em me ajudar a resolver problemas, concederem oportunidades e experiências.

Agradeço também aos meus amigos próximos de curso, os quais me engradeceram como pessoa e como amigo. Arisha Brilhante, Izadora Sampaio, Laryssa Natalia, Mirella Lasmar, Natalia Assimen, Douglas Branco, Jorge Luís, Carlos Horta, Bianca Batista, Lavínia Lima, Mayelin Lins, pessoas que me influenciaram positivamente, amigos das caronas, das conversas, festas e divagações, sou muito grato por ter conhecido a todos.

Sou grato ainda por ter conhecido e sido aluno de dois grandes mestres em minha empreitada acadêmica. O primeiro, meu orientador Professor Elói Martins Senhoras pelo apoio, dedicação, e ensinamentos partilhados ao longo de minha vida acadêmica. O papel que o mesmo desempenhou ao longo destes quatro anos, contribuiu imensamente em minha formação pessoal e profissional.

E segundo, o Professor João Carlos Jarochinski, pela dedicação à frente da coordenação do curso, pelos conselhos e conversas dentro e fora da sala de aula, mesmo que breves permitiram grandes reflexões. A estes dois grandes mestres, minha pessoal admiração.

Não posso esquecer ainda, da gratidão a todos que indiretamente trabalharam e trabalham para que esta e outras instituições de ensino funcionem, as pessoas que me concederam o privilégio de ter estudado. A consideração de uma vitória baseada na formação em uma universidade pública, só é possível graças às pessoas que constroem a sociedade desde as áreas mais basilares, “eu sou porque nós somos”.

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“As partes de uma sociedade fundem-se pelas suas diferenças” Kenneth Waltz

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RESUMO

As fronteiras passaram por um processo de redefinição conceitual baseadas nos avanços econômicos e integrativos dos países, a concepção inicial de fronteira como deixa de ter uma visão linear e passa a incorporar outros elementos que as delega com características e dinâmicas próprias. O Brasil adota uma postura abrangente de gerenciamento das suas fronteiras empregando ações de âmbito militar integradas a outras áreas e estas políticas do Estado brasileiro refletem diretamente nas ações direcionadas ao estado de Roraima. Esta presente pesquisa conta com o objetivo de contextualizar o posicionamento brasileiro em relação a suas fronteiras nacionais e os reflexos de suas ações e programas voltados as fronteiras intencionais de Roraima, juntamente com a meta de apontar um multidimensionalidade da segurança nas áreas de fronteira. O procedimento metodológico se baseia em revisões bibliográficas em âmbito qualitativo para embasar os argumentos apresentados, principalmente por meio de artigos, livros e fontes organizacionais e institucionais de pesquisa, que produzam conteúdo voltado para a temática da das fronteiras e da segurança. Os resultados apontam para um posicionamento brasileiro em uma perspectiva ampliada de segurança em que, o emprego das Forças Armadas brasileiras e de segurança pública se fundem. Em Roraima este fenômeno é representado dado a importância das Forças Armadas, em especial ao Exército, em ações de suporte à segurança pública e representação do Estado nas fronteiras, afirmando uma perspectiva ampliada de segurança nas fronteiras internacionais do estado de Roraima. Conclui-se que os fenômenos atualmente preConclui-sentes nas fronteiras refletem uma nova concepção multitemática destas regiões, e refletem espaços vulneráveis a atuação de ilícitos transnacionais. As fronteiras internacionais de Roraima apresentam aspectos multidimensionais de segurança, visto que há presença de ilícitos dos mais variados tipos e operações de segurança de cunho abrangente.

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ABSTRACT

The borders have been through a conceptual redefinition process based on the countries' economical and integrative advances. The initial concept of border as a dividing zone of territories and peoples stops being a linear vision and comes to embrace other elements which define it as a region with its own characteristics and dynamics. Brazil adopts a comprehensive posture of managing its borders using military-ranged actions linked to other areas and such politics of the Brazilian State reflect directly on the actions towards the state of Roraima. The following research has the objective of contextualizing the Brazilian positioning regarding its national borders and the reflects of its actions and programs focused on the international borders of Roraima along with the goal of pointing a multidimensionality of security on the border areas. The methodological procedure is based in bibliographic reviews in qualitative range to found the presented arguments, mainly through articles, book, organizable sources and institutional research that produce content focused on the topics of borders and security. The Results point to a Brazilian positioning in a enlarged perspective of security in which, the use of military forces and public security merge. In Roraima this phenomenon is represented given the importance of military forces, specially the army in supporting actions to public security and representing the State on the borders, stating an enlarged perspective of security on the international borders of the state of Roraima. It is concluded that the phenomenon nowadays present on the borders reflect a new multithematic concept of these regions, and reflect vulnerable spaces in the acting of illicit negotiating. The international borders of Roraima represent multidimensional aspects of security, since there is presence of the most varied types of illicit and security operations of a comprehensive nature.

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Lista de Figuras

Figura 1 - Caracterização de uma Zona de Fronteira ... 26

Figura 2 - Arcos da faixa de Fronteira ... 51

Figura 3 - Fronteira marítima brasileira ... 54

Figura 4 - Mapa de Roraima ... 73

Figura 5 - Pelotões Especiais de Fronteira instalados em Roraima... 77

Lista de quadros Quadro 1 - Estabelecimento das fronteiras brasileiras com os países vizinhos ... 45

Quadro 2 - Tipos de interações ocorridas na faixa de fronteira brasileira ... 49

Quadro 3 - Principais operações de segurança nas fronteiras de Roraima ... 81

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Lista de Siglas

ABIN...Agencia Brasileira de Inteligência COC...Centro de Operações Conjuntas ENAFRON...Estratégia Nacional de Fronteira END...Estratégia Nacional de Defesa EUA...Estados Unidos da América GEFRON... Grupo Especial de Fronteira GGIF... Grupo de Gestão Integrada de Fronteira IBAMA... Instituto Brasileiro do Meio Ambiente PCDC... Primeira Comissão Demarcadora PCN...Projeto Calha Norte PEF... Pelotões Especiais de Fronteira PEFRON... Policiamento especializado de fronteira PF...Polícia Federal PND... Plano Nacional de Defesa PPIF... Plano de Proteção integrada de Fronteira PRF...Polícia Rodoviária Federal SCDC... Segunda Comissão Demarcadora SiGAAz... Sistema de Gerenciamento da Amazônia Azul SIPAM... Sistema de Proteção da Amazônia SISFRON...Sistema Integrado de Monitoramento Fronteiras SIVAM... Sistema de Vigilância da Amazônia URSS...União das Repúblicas Socialistas Soviéticas ZEE...Zona Econômica Exclusiva

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SUMÁRIO

1.INTRODUÇÃO ... 13

2. MARCOS HISTÓRICOS, POLÍTICOS E AS PERSPECTIVAS DE SEGURANÇA INTERNACIONAL DAS FRONTEIRAS ... 17

2.3 AS CARACTERÍSTICAS DAS FRONTEIRAS ... 23

2.3.1 Linha de Fronteira ... 23

2.3.2 Faixa de fronteira ... 24

2.3.3 Zona de fronteira ... 25

2.4 INTERPRETAÇÕES TEMÁTICAS SOBRE AS FRONTEIRAS ... 27

2. 4.1 A visão sociológica-antropológica ... 28

2.4.2 A visão do campo geográfico ... 29

2.4.3 A visão do Campo Econômico ... 31

2.4.4 A visão do campo Jurídico ... 33

2.5 AS FRONTEIRAS NO ASPECTO DA SEGURANÇA INTERNACIONAL ... 34

2.5.1 Perspectiva restrita da Segurança Internacional ... 35

2.5.2 Perspectiva ampliada da Segurança Internacional ... 37

2.6Considerações parciais ... 40

3. MARCOS HISTÓRICO E TEÓRICOS DAS FRONTEIRAS BRASILEIRAS ... 42

3.1 A historicidade das fronteiras brasileiras ... 43

3.2 UMA ANÁLISE HISTÓRICA DAS FRONTEIRAS MARÍTIMAS BRASILEIRAS 46 3.3 A ATUAIS CARACTERIZAÇÕES DAS FRONTEIRAS SUL AMERICANAS E MARÍTIMAS DO BRASIL ... 48

3.4 AS FRONTEIRAS MARÍTIMAS BRASILEIRAS NO ATLÂNTICO SUL... 52

3.5 AS AÇÕES E PROGRAMAS VOLTADOS PARA A SEGURANÇA NAS FRONTEIRAS DO BRASIL ... 55

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3.5.2 Projeto Calha Norte ... 57

3.5.3 Sistema de Proteção da Amazônia e Sistema de Vigilância da Amazônia ... 59

3.5.4 Policiamento Especializado de Fronteira... 61

3.5.5 Plano Estratégico de Fronteira ... 61

3.5.6 A Estratégia Nacional de Fronteira ... 63

3.5.7 Sistema Integrado de Monitoramento de Fronteiras ... 64

3.5.8 Sistema de Gerenciamento da Amazônia Azul ... 66

3.5.9 Plano de Proteção Integrada da Faixa de Fronteira ... 67

3.6 Considerações parciais ... 68

4. A SEGURANÇA NAS FRONTEIRAS INTERNACIONAIS DE RORAIMA ... 71

4.1 A dinâmica das fronteiras internacionais de Roraima no contexto do Arco Norte ... 72

4.2 O caráter securitário nas fronteiras de Roraima ... 76

4.3 AÇÕES E OPERAÇÕES DE SEGURANÇA AMPLIADA NAS FRONTEIRAS DE RORAIMA ... 81

4.3.1 Operação Ágata ... 82

4.3.2 Operação Curare e Curaretinga ... 83

4.3.4 Operação Escudo ... 84

4.3.5 Ações da ENAFRON ... 85

4.3.6 Cooperação em segurança fronteiriça com os países vizinhos ... 87

4.4 Considerações parciais ... 89

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS ... 91

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1. INTRODUÇÃO

As fronteiras sofreram modificações no seu conceito que se tornou mais abrangente e passou a considerar mais elementos que a tornam uma região única. Da mesma forma a segurança internacional também sofre modificações, principalmente após a Guerra Fria, na qual se retirou do Estado as ações estritamente militares que consideravam apenas o Estado como ator central.

O foco do Brasil para as fronteiras demonstra um pensamento baseado em ações e projeto que se utilizam não somente dos aspectos estratégicos militares, mas também uma visão alargada e crítica sobre a segurança nas fronteiras. Esta visão corrobora uma perspectiva de proteção que ultrapassa o viés militar e chega um comportamento de desenvolvimento voltado para o controle destas áreas importantes. O trabalho busca realizar uma análise teórica e empírica dos fenômenos de Segurança multidimensional, abordando elementos que exemplifiquem e contextualizem a situação brasileira na área de fronteira, de como os conceitos são aplicados nas políticas de segurança da região, e de como o Brasil vêm criando uma agenda de segurança ampliada e mostrando sua visão sobre o tema.

A problemática apresentada por esta monografia se baseia nas principais características absorvidas pelos Estados-Nação no trato a segurança internacional e de suas fronteiras. Assim, a problemática da pesquisa está baseada no seguinte questionamento: “Qual o posicionamento brasileiro para assegurar e garantir a segurança de suas fronteiras, e os reflexos destas políticas para as fronteiras internacionais de Roraima em um aspecto ampliado de segurança? ”.

As duas hipóteses baseadas para resposta a essa problemática se constituem como: hipótese 1 - a evolução do conceito de fronteira e da perspectiva de segurança internacional. Hipótese 2 – o posicionamento brasileiro multidisciplinar de segurança voltado para as fronteiras internacionais do país.

A hipótese 1 molda a discussão da mudança de um padrão tradicional de segurança, baseada em ações estratégico-militares centradas em ameaças advindas de outros Estados, para uma percepção ampliada de segurança que passou a considerar também as novas ameaças, descentralizadas e multitemáticas com igual capacidade de desestabilizar a ordem e a soberania de um Estado.

A hipótese 2 integra o posicionamento brasileiro dentro de uma perspectiva ampliada de segurança voltado para as fronteiras do país, provendo mecanismos e

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ações integradas e multidisciplinares que combatem os principais ilícitos transfronteiriços inseridos no entendimento das novas ameaças.

Esta monografia parte do objetivo geral de compreender a visão do Estado brasileiro em defender e gerir suas fronteiras, e os reflexos das políticas e ações governamentais para as fronteiras internacionais de Roraima. Ainda, conta com os objetivos específicos desenvolvidos em cada capitulo deste trabalho.

O primeiro objetivo específico é explicar o conceito de fronteira e sua modificação ao longo do tempo pelos principais campos de estudo que trabalham as dinâmicas fronteiriças em seu arcabouço. Ao mesmo tempo explicar como as fronteiras se encaixam no pensamento de segurança internacional que também passou por mudanças teóricas.

O segundo objetivo específico é inferir a posição brasileira sobre a segurança fronteiriça analisando suas ações e projetos para estas regiões, discutindo sobre as caracterizações das fronteiras brasileiras e dos programas adotados no âmbito da segurança fronteiriça nacional.

O último objetivo específico destrinchado no quinto capítulo aborda o posicionamento brasileiro de segurança fronteiriça no estado de Roraima. E desta forma destacar a visão ampliada de segurança internacional empregadas pelo Brasil em Roraima.

As justificativas para este empreendimento acadêmico se conformam no âmbito fenomenológico, em que se busca estudar a segurança ampliadas nas fronteiras, relacionado a localidade do estado de Roraima. No âmbito cientifico, dado a importância de se compreender a políticas de segurança fronteiriça de nível internacional. E nacional e por fim o âmbito pessoal caracterizado pelo interesse acadêmico sobre o tema.

As fronteiras se constituem em um campo vital para o Estado e estudos sobre sua segurança são importantes no sentido de demonstrar os problemas, analisar as políticas, ampliar a análise dos que formuladores de políticas. Esta forma de geração de conhecimento, gera um melhor planejamento de ações que podem ser desenhadas e aplicadas nas fronteiras.

É necessário o entendimento entre o problema e a teoria para que as políticas logrem sucesso, sendo este um dos principais objetivos desta pesquisa, fazer essa conexão do prático com o teórico, para que se entenda como e por que as políticas

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são formuladas, abordando as especificidades da área de fronteira que a torna diferente das demais áreas protegidas do Estado.

De modo geral, o presente trabalho visou ser construído por pesquisas baseadas em revisões bibliográficas, e utilizadas fontes primárias e secundárias, tentando empregar o máximo grau de informações com embasamento científico para a concretização plena dos objetivos almejados.

Se objetiva alcançar um entendimento dos conceitos de Segurança e de Fronteira, para que se entenda os fenômenos nas fronteiras de Roraima e que nelas ocorrem, e analisar as parcerias na área, os projetos que buscam promover a segurança em uma tentativa de mostrar a todos a realidade da região, onde o Estado chega e onde ainda falta a sua presença.

O Estado brasileiro apresenta uma larga fronteira terrestre continental e somada a isto também, uma grande fronteira marítima no Atlântico Sul. A agenda de segurança do Brasil passa a ser integrativa e abrangente alinha ao surgimento de novas ameaças descentralizadas e transnacionais.

Com base nos objetivos e procedimentos metodológicos presentes na monografia, o presente trabalho foi estruturado em três capítulos incluídos a introdução e considerações finais.

No primeiro capítulo “Marcos históricos, políticos e as perspectivas de segurança internacional das fronteiras”, foram abordados aspectos históricos sobre as fronteiras dentro de uma perspectiva epistemológica baseada na visão do Direito, Geografia, Economia, e Antropologia-Sociologia, e a visão de segurança para estas áreas.

O entendimento de fronteira foi se modificando com o tempo, saindo de uma perspectiva de separação territorial para uma área que recebe influencias das mais variadas formas de interação humana e política, moldando e apresentando elementos únicos. O mesmo acontece em relação a segurança, nestas áreas que saem de uma perspectiva estritamente militar para uma perspectiva abrangente que considera outros elementos.

No segundo capítulo “Marcos históricos teóricos das fronteiras brasileiras, e o pensamento nacional de segurança fronteiriça”, foram abordados aspectos históricos e políticos da formação das fronteiras do Brasil, bem como a visão brasileira para a segurança em suas fronteiras internacionais frente as novas ameaças.

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O Brasil adota uma postura de perspectiva ampliada de segurança, visto o surgimento das novas ameaças e o posicionamento integrativo entre as instituições de segurança pública e de defesa, bem com programas com pensamento abrangente que buscam combater os ilícitos presentes nas fronteiras nos mais variados campos de atuação.

No terceiro capítulo, foram abordadas especificamente as fronteiras internacionais de Roraima, dentro das ações e da visão do Estado brasileiro na segurança fronteiriça, a fim de conciliar o movimento da segurança multidimensional nas fronteiras do estado de Roraima.

As fronteiras de Roraima refletem o posicionamento brasileiro principalmente na integração entre instituições públicas de segurança e fiscalização com as forças armadas em ações abrangentes que combatem os principais ilícitos transnacionais recorrentes nas fronteiras internacionais de Roraima com os países vizinhos.

As considerações são tecidas com a intenção de tanto sintetiza debates e conceitos apresentados ao longo do texto, bem como apontar sugestões para futuras pesquisas que eventualmente utilizem esta presente monografia como referência em estudos.

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Capítulo II

Marcos históricos, políticos e as perspectivas de segurança internacional das fronteiras

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2. MARCOS HISTÓRICOS, POLÍTICOS E AS PERSPECTIVAS DE SEGURANÇA INTERNACIONAL DAS FRONTEIRAS

As constituições das fronteiras remontam aspectos histórico que a definem como limites separadores. Sua conceitualização mudou com o tempo e surgiram novas perspectivas que explicam as relações fronteiriças bem como as questões securitárias destinadas a estas regiões.

O capitulo está estruturado em três seções, a primeira aborda um viés histórico da constituição das fronteiras, bem como marco político que caracterizou as fronteiras como são atualmente. A segunda seção aborda as visões epistemológicas que possuem estudos diretamente ligadas as relações nas fronteiras. A terceira seção abrange as visões tradicional e ampliada de segurança internacional perfazendo uma ligação com a segurança fronteiriça.

As fronteiras históricas remontam a característica divisora entre povos, sempre com objetivo separador e garantidor das possessões territoriais. O marco de Vestfália representa o principal meio diplomático que instituiu as fronteiras políticas que separam Estados e populações.

Fato é que as fronteiras passaram a ser áreas de necessidade de proteção visto que se localizam distantes dos centros de tomada de decisão, sendo necessário ao Estado mecanismo para exercer soberania e garantir o controle nestas regiões sendo percebidas como vulneráveis a investidas eternas de outros Estados.

A perspectiva tradicional de segurança internacional contempla somente o Estado como ator central, e ameaça direta a outro Estado. Sendo assim atores de menor expressão não são consideradas ameaças. Desta forma há uma vertente padronizada de segurança voltada para ameaças de outros Estados.

A perspectiva ampliada da segurança internacional passa a considerar outros atores com igual capacidade de desestabilizar e afetar o controle e a soberania de um país. Isto reflete em um posicionamento que muda o foco central de ameaça a um Estado de outro Estado, gerando assim uma visão ampliada de segurança.

Conclui-se no capítulo que a constituição das fronteiras remonta aspectos históricos que as definiam como áreas de separação entre povos e territórios, aspecto que veio mudando com outras percepções e integração de elementos advindos de várias áreas. Estas mesmas mudanças chegam a perspectiva de segurança que sai de um padrão estratégico-militar para um padrão ampliado multitemático.

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2.1 Uma análise histórica do surgimento das fronteiras

As fronteiras internacionais são a área de aproximação entre os países vizinhos nas quais, apresentam dinâmicas próprias de comércio, cultura, integração entre os povos e outras atividades. Embora se entenda a fronteira como a área de divisão entre países, esta recebe várias definições e conceptualizações em diferentes modos de pensamento.

A formalização inicial das fronteiras remete ao espaço territorial a qual um país exerce sua soberania. Esta área representa o ponto inicial que identifica e restringe a identidade de uma nação e, é o espaço de respeitabilidade entre Estados nacionais. Ao mesmo tempo, apresenta semelhanças de integração e misturas culturais entre os países limítrofes.

A palavra frontière deriva do francês que significa um território situado a frente. As fronteiras em sua origem representaram a proteção de determinada coletividade demarcando seu território de controle, bem como a possibilidade de expansão de acordo com o interesse político desta mesma coletividade (COSTA, 2017).

Para Vargas (2017), o sentido da palavra frontière, guarda significação belicosa, designado para as tropas militares ou para a área em frente ao inimigo. Deste modo, a palavra substantivou-se para outras línguas de originadas do latim, voltando-se para a definição da fronteira como um limite de divisão para com o “outro”. O limite fronteiriço se destaca por estabelecer a divisão territorial entre dois países e separar seus povos e o local para exercerem sua soberania. Já a fronteira em si remete também a uma significação de área na qual há interações transnacionais dos atores ali envolvidos.

De acordo com Furquim Junior (2007), a noção de fronteira tem como origem as práticas territoriais do império romano e chinês. Isto por que os dois impérios se utilizavam de mecanismo de separação territorial contra invasões estrangeiras. Os romanos tinham as limes como forma de separação territorial e as utilizavam com meio defensivo contra os povos bárbaros, já os chineses construíram uma muralha que separam o povo chinês dos nômades e bárbaros.

As separações territoriais inicialmente têm uma conotação defensiva visto que existiam para separar inimigos externos, na maioria dos casos, se estabeleceram estruturas físicas, como muralhas, como formar de delimitar territórios e dividir as possessões territoriais de ameaças externas.

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As primeiras formalizações de divisões físicas que caracterizavam fronteiras se deram a partir das limes do império romano, que as utilizavam como meios demarcatórios para controlar e defender seu território conquistado e ao mesmo tempo ser ponto de apoio para futura expansão territorial. Embora ter ocorrido várias modificações devido a expansões e eventualmente o desmembramento do Império Romano, as limes nortearam para um pensamento de separação territorial de povos (FERRARI, 2014).

Mesmo que não se objetivasse uma institucionalização deste modo de separação, estes mecanismos influenciaram na concepção e fragmentação dos espaços para garantia de sua posse, sejam propriedades privadas individuais ou territórios de nações. Este modo de divisão territorial posteriormente foi reformulado pelas fronteiras politizadas.

Embora se tenha determinado entendimento que fronteira é ao mesmo tempo um limite, e possuem a mesma significação, existe uma diferença básica entre os dois objetos. E esta diferenciação se modificou ao passar do tempo, saindo de uma exclusiva zona de divisão territorial, para uma área de trocas socioculturais e sua percepção como um espaço comum.

Atualmente há diferenças entre limite e fronteira, que se distinguem pela dinâmica social. Enquanto que o limite se remete a linha divisória entre os países seja por marcos ou divisas naturais, a fronteira em si se destaca por ser uma zona com características singulares (ACCIOLE et al 2009 apud VARGAS 2017).

O limite se destaca por ser apenas o marco divisor de um território ao outro, está ligado ao ramo político do Estado e principalmente ao encargo Soberano das nações. Assim se analisa que as fronteiras são algo de complexo entendimento visto as variações que as definem. Muito se pode ser estudado dentro do âmbito fronteiriço, desde relações socais a trocas comerciais.

A fronteira é a área de contato de um país a outro, ela define o limite do território e indica até onde se estende o poder soberano do Estado. É de responsabilidade de cada país a demarcação, indicação, e manutenção do poder estatal exercido pela soberania (AMORIM, 2012).

As fronteiras receberam novas concepções ao longo do tempo e isto se deu principalmente pelo aprofundamento das relações entre Estados. Embora não sejam tratadas de modo singular a todo os países, é possível analisar como ocorre a

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diferenciação e os movimentos de conceitualização dados às fronteiras, bem como o tratamento que determinados países direcionam para as mesmas.

Em um primeiro momento a dimensão da divisão fronteiriça eram baseadas somente na posse territorial e ainda não levava em consideração aspectos sociais, culturais ou outros elementos demarcatórios, a não ser a definição de extensão territorial. Existia ainda a dificuldade em meios tecnológicos para limitação territorial o que não garantia a precisão da posição das fronteiras.

Segundo Borba (2013), o estabelecimento de marcos fronteiriços que caracterizavam a materialização das fronteiras, teve início ainda no século XVIII como o exemplo da divisão entre Espanha e Portugal da América do Sul, com o tratado de Tordesilhas. A criação inicial de fronteiras buscava elementos naturais que dificultasse o trânsito entre um país e outro, geralmente uma região inóspita ou com obstáculos físicos para separar nações.

O princípio das separações territoriais tinha o sentido de estabelecer poder e controle de áreas que garantiriam riquezas e eventualmente ganhos econômicos. As concretizações de Tratados detinham o interesse em manter sob controle e respeitabilidade, espaços a serem explorados.

Para Seabra (2012), as potências peninsulares, Espanha e Portugal, para legitimar o controle das terras descobertas e garantir a concretização de seus interesses, estenderam suas fronteiras a outros continentes. Isto se deu pela celebração do Tratado de Tordesilhas em 1494.

Esta ação de limitação fronteiriça, remete ao uso somente de garantia de posse territorial, destacando as fronteiras apenas como mecanismos de legitimação do controle soberano de determinado Estado-nação. Não se valiam ainda de informações detalhadas sobre, população, cultura ou outros meios de identificação coletiva.

2.2 A formação das fronteiras políticas

Para se pensar as fronteiras atuais, deve remeter a um fato anterior que é a constituição do Estado-Nação. O papel que o estabelecimento de países teve ao longo da história mundial está intrinsecamente ligada a formação das fronteiras internacionais. O Estado por sua vez, é concretizado com o Tratado de Paz de Vestfália que define e estabelece marcos legais de divisão territorial entre nações.

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O Tratado de Vestfália (1648), propiciou a criação de uma comunidade de Estados, os quais detinham poder político sobre determinado território, além de características próprias como população, língua etc. os Estados passaram a ter reconhecimento soberano dos demais, assim como direitos e deveres na sociedade internacional (SCHERMA, 2012).

O surgimento do Estado foi decisivo para a concretização das fronteiras, visto a necessidade de se delimitar o território por leis e características próprias de um lugar unificado. A partir da efetivação do Estado teve-se o início da conceitualização das fronteiras dentro do espaço moderno vinculado ao Estado-nação.

O Tratado de Paz de Vestfália construiu a estrutura dos Estados-Nações que prevalecem até os dias atuais. A necessidade de reconhecer e resguardar a soberania territorial dos países idealizou as fronteiras como áreas de limitação territorial em que indivíduos e órgãos públicos estatais estrangeiros deveriam respeitar.

O Estado nacional moderno surgido da paz de Vestefália (1648), que fomenta limites cartograficamente precisos entre as unidades políticas soberanas, é responsável pela ressignificação da concepção de fronteiras. O fim das guerras mundiais e o começar da Guerra Fria, com a separação ideológica do globo, trouxeram novas concepções de fronteira, assim como, o fim da Guerra Fria e o avanço da globalização e dos blocos de integração regional nos anos 1990 impactaram, também, a concepção de fronteiras. Em meio aos processos de transformação conceitual, vale destacar que a fronteira, que era imprecisa no império romano, era vista então como zona de expansão (COSTA, 2017. p.31).

Os acordos de Vestfália propuseram o reconhecimento mútuo de Estados definindo, assim, o reconhecimento de soberania de um Estado para com outro. Neste primeiro marco histórico sobre a formalização das fronteiras entre Estados-nações, há a concepção de divisão territorial que delimita características entre países e inicia-se a separação territorial pela linha imaginária de fronteira, definida por marcos sinalizadores ou fronteiras naturais.

Com o tratado de Vestfália pôde ser construído a concepção moderna que se presencia até os dias atuais em relação a um Estado-nação. Novos estudos sobre população, território e ideia de nação foram concebidos a partir de um estreitamento territorial que definiam um poder soberano estatal.

O movimento de paz de Vestfália passou a considerar a população local do Estado com um povo único e a considerar suas coletividades. Deste modo o povo deveria ser diferenciado entre cada Estado, apresentando seus elos comuns, como a

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cultura, e uma língua própria definindo assim o espaço territorial fixo do Estado-nação, esta caraterização marca o início da soberania estatal (MACHADO, 2002).

Soberania é o poder estatal que assegura ao Estado, no plano interno, a qualidade de autoridade máxima em seu território e, no plano externo, independência e igualdade nas relações com outros Estados, cujo exercício tem por limite o território. (VARGAS, 2017, p. 39)

A visão inicial sobre o pensamento do Estado em relação as fronteiras eram baseadas no estabelecimento e mantenimento do poder soberano. Assim, o Estado deveria manter o controle armado e garantir sua presença nestas áreas devido ao distanciamento dos centros de tomada de decisão e poder.

Embora se tenha registros anteriores de tentativas de limitação territorial entre países, o Tratado de Vestfália representa um marco político em que se discute formalmente o estabelecimento de fronteiras. O Tratado de Vestfália passou a atribuir mais elementos divisórios entre Estados, como a língua, a cultura e o povo. Esta concepção serviu como suporte à implantação dos Estado modernos que se vinculam até os dias atuais.

Após a Guerra Fria e as novas dimensões da segurança internacional, as fronteiras ganharam novos significados com um aspecto móvel, o qual se configura a partir do contexto conjuntural de um país. Assim o entendimento de fronteira como espaço soberano a ser defendido, abre discussões para um local de cooperação entre países e circulação de bens, serviços e indivíduos, gerando espaços regionais de segurança (SENHORAS, 2010)

As fronteiras absorveram um aspecto de fácil circulação de indivíduos e materiais, mudando o foco de áreas de separação para um campo abrangente e integrativo, que se baseia na cooperação e integração. Assim as fronteiras passam a ser vistas como áreas de interações entre países.

Para Simões (2016), as relações pactuadas entre Estados-nações, principalmente as que versam sobre as questões fronteiriças, aspiram para uma evolução de intercâmbio de experiências práticas para cada lado da fronteira. Estas trocas de conhecimentos e práticas na área de fronteira, podem ser reconhecidas em diversos campos da sociedade como a cultura e principalmente no âmbito comercial. As fronteiras deixaram de ser uma zona de exerção de soberania do modo defensivo, as quais os Estados mantinham forte controle para dissuadir possíveis

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invasões externas que atentem ao controle soberano territorial de determinado Estado-nação.

No período contemporâneo, as fronteiras se caracterizam como espaços de trocas econômicas e culturais, visto as mudanças no objeto de estudo dentro das fronteiras. Por esta perspectiva tem-se destacados novas pesquisas e elementos que ampliam os estudos voltados para as fronteiras aos campos econômicos, culturais e sociais (FERRARI, 2014).

O tratamento como áreas estratégicas das regiões fronteiriças é marcado por reforço da presença estatal. Isto equivale ao desenvolvimento de mecanismo que auxiliem o Estado a manter a lei e a ordem, demonstrando seu controle e exercendo sua soberania nos limites de seu território.

Segundo Amorim (2012), as fronteiras por estarem localizadas distantes do centro de poder e tomada de decisão, são pouco destacadas nas políticas públicas advindas do poder estatal, além disto, são vulneráveis a influências estrangeiras por estarem próximas a outro país. Esta caracterização das fronteiras as tornam áreas estratégicas para a garantia da soberania e controle territorial de determinado Estado. Se torna comum o estabelecimento de medidas que tentam legitimar o controle estatal quando se trata de questões estratégicas e de defesa nacional. Por estarem longe dos grandes centros políticos estas se tornam vulneráveis a ilícitos que, desafiam o monopólio da força estatal.

2.3 AS CARACTERÍSTICAS DAS FRONTEIRAS

A seguir, é abordado um estudo das características das fronteiras, perfazendo uma análise da fronteira limite, faixa e a zona. Estas concepções apresentam entendimentos voltados para as áreas fronteiriças desde sua concepção básica, (limite divisório entre países), a faixas e a zonas de fronteira (que já consideram a fronteira como uma região), estas características simbolizam a fronteira como um todo.

2.3.1 Linha de Fronteira

As linhas de fronteira são as divisões clássicas de território entre países, que separam uma nação da outra, delimitando seu território. Sua representatividade

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embora imaginária, é validada pela fé soberana de um Estado-nação ao outro, e caracterizada em casos como rios, ruas ou marcos delimitadores.

Para Costa (2017), os limites fronteiriços representam a linha de fronteira que separa os Estados. Ao mesmo tempo é delimitadora de obrigações aos indivíduos que ali pertencem e ao próprio Estado para com estes indivíduos. Deste modo é perceptível que a linha de fronteira é a forma simbólica que define onde termina o território de um Estado-nação e inicia o de outro.

A linha de fronteira tem a função de dividir os territórios entre os países, delimitando sua extensão e assim requerendo sua soberania como um Estado-nação. Sua posição define o tamanho e a área que pertence a determinado país, podendo ser divisões naturais, ou marcos sinalizadores (FERREIRA, 2016).

Esta abordagem está intimamente ligada a formação dos Estados modernos dotados de soberania. Tal concepção surgiu como meio de dividir território principalmente entre os países que tiveram em sua constituição histórica a colonização.

2.3.2 Faixa de fronteira

A faixa de fronteira é uma área delimitada pelo Estado como uma zona estratégica especial. Nela se estabelecem regras e deveres que variam de país para país, bem como sua utilização e sua dimensão territorial. Sua concepção parte da linha de fronteira ao interior do país.

Cada país possui uma definição de faixa de fronteira, até mesmo uma denominação própria, isto depende da visão do Estado perante o gerenciamento de suas áreas fronteiriças. Dentro da área de uma faixa de fronteira também podem existir cidades gêmeas que mudam a dinâmica social e espacial da região.

No Brasil, a faixa de fronteira é definida pela distância de 150 km a partir da linha limite com os países vizinhos. Os países definem áreas para direcionarem políticas ou regras visando manter a soberania e os assuntos de segurança nacional (BORBA, 2013).

Uma característica presente nas faixas de fronteira são a ocorrência de cidades gêmeas. Estas cidades são importantes no processo de integração de países, visto a capacidade de trocas comerciais e interculturais facilitada pela proximidade da fronteira (FERREIRA, 2016).

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A faixa de fronteira sempre se destaca como uma área estratégica para a soberania do país por se tratar de uma região longe dos grandes centros urbanos e de decisão política nacional. Por isto, se torna um espaço vulnerável a influências externas bem como ameaças ao território e a soberania do Estado.

Para Borba (2013), a faixa de fronteira a consideração da faixa de fronteira como área estratégica militar, se tornou obsoleta, devido as dinâmicas trazidas pelo comércio formiga fronteiriço, visto que a integração econômica cada vez mais é almejada.

As faixas de fronteira representam um espaço transnacional ao observar uma gama de dinâmicas que envolvem características dos dois países vizinhos. Por esta facilidade de trocas entre países, há também brechas para atuação de ilícitos que se configuram como novas ameaças.

2.3.3 Zona de fronteira

A zona de fronteira se caracteriza como um aspecto mais amplo das faixas de fronteira, no qual as compõem. Uma zona de fronteira é então a união de duas faixas de fronteira de cada lado da linha divisória entre os países. Com isto se considera a dinâmica fronteiriça envolvida no país vizinho, formalizada em uma área integrada com características semelhantes de trocas, principalmente no campo econômico.

A zona de fronteira é o espaço no qual se integram dois territórios nacionais. Este fenômeno ocorre pela interação entre os agentes populacionais gerando uma transformação na área que se assemelha e apresenta características dos dois países limítrofes, gerando uma nova assimilação cultural própria da região (FERREIRA, 2016).

No que concerne à zona de fronteira como objeto de estudo tem-se sua concepção como um lugar de interações e trocas internacionais, sejam econômicas, comerciais, culturais ou qualquer outra forma. Desta forma, as áreas que correspondem a uma zona de fronteia apresentam dinamismos próprios da região.

A fronteira, mais do que tão somente apartar, tem também o condão de unir povos vizinhos. Para além de sua caracterização como limite territorial, pode ser compreendida como um lugar, um espaço vivenciado em comum pelas pessoas de uma comunidade fronteiriça em suas atividades cotidianas de trabalho, lazer, estudo, convívio familiar, negócios. (VARGAS, 2017, p. 44)

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No espaço das zonas de fronteiras há dinâmicas diferentes das ocorridas no interior dos respetivos países. Muito disto se dá pela assimilação cultural e trocas socioeconômicas recíprocas, que as diferenciam do restante do país. Existe um fluxo ambíguo de cada país fronteiriço na zona de Fronteira, que geram influencias na área como a música, comida, comércio e as formas de comunicação (SIMÕES, 2016).

Figura 1 - Caracterização de uma Zona de Fronteira

Fonte: FERREIRA; SENHORAS, 2017.

Nos aspectos representados na figura 1, tem se a concretização de uma área com simbolismo unificado, desenvolvendo-se uma relação de composição continua do território, isto significa que o fator divisório entre nacionais e estrangeiros adquiriu uma representação mínima, havendo uma livre circulação de indivíduos, serviços e principalmente trocas comerciais entre as cidades fronteiriças.

O espaço correspondente a uma zona de fronteira é uma área complexa devido a presença de fatores e atores dos eventuais países vizinhos. Isto se dá pela proximidade entre os países e principalmente pelas trocas socioculturais entre as populações, uniformizando a zona de fronteira como uma região distinta das demais áreas territoriais do Estados fronteiriços.

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A zona de fronteira recebe influencias dos dois lados das fronteiras entre países, estas relações próximas permitem uma troca cultural, que redefine o espaço gerando dinâmicas próprias destas áreas, visto que se misturam idiomas, aspectos culturais e afins.

A zona de fronteira é uma mutação que o conceito original de fronteira sofreu ao longo do tempo. Esta emerge do limite institucionalizado dos Estado-nação sobre a fronteira, assim compreendendo um espaço transnacional que recebe influências internas e externas moldando sua estrutura social e econômica (COSTA, 2017).

As trocas socioculturais da zona de fronteira estabeleceram dinâmicas próprias da região, que se apresentam de forma diversificada devido à proximidade dos países. Nesta análise é perceptível a mudança no entendimento de fronteiras que passou a ser uma região com características distintas do restante do país.

Deste modo é considerado a fronteira, enquanto região, uma zona de integração entre países e indivíduos, diferentemente do entendimento de limite de fronteira a qual tem objetivo de separar os territórios dos Estados. Assim, o entendimento de fronteira não mais se discute apenas como forma de separação de países, mas, também uma zona de trocas e criação de vínculos entre os Estados e eventualmente suas populações.

2.4 INTERPRETAÇÕES TEMÁTICAS SOBRE AS FRONTEIRAS

As fronteiras atualmente se destacam pela multidisciplinariedade com que podem ser abordadas. Uma região que comporta os limites entre países apresenta diversas variáveis únicas, que podem ser estudadas em diferentes áreas do conhecimento.

Estudar as fronteiras significa analisar regiões que apresentam diversas atividades, entendimentos e interações. Os estudos que envolvem as fronteiras podem demonstrar interpretações e entendimentos distintos, mas, também possuir assuntos semelhantes que se integram de determinada área para outra.

Esta seção aborda a fronteira em algumas áreas de estudo demonstrando uma compreensão acerca das dinâmicas que são desenvolvidas dentro de cada perspectiva de estudo. As visões abordadas partem do campo das Ciências Sociais, Economia, Geografia, e Direito Internacional.

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2. 4.1 A visão sociológica-antropológica

As áreas em que se estudam diretamente as relações sociais e as trocas culturais entre os indivíduos, apresentam visões próprias sobre a temática de fronteiras, sendo esta constituída principalmente pelas interações entre os povos dos dois países em contato. As relações ocasionadas nas fronteiras apresentam outras variáveis e atores que não são consideradas no estudo propriamente geográfico.

Por consequência das fronteiras serem estudadas em várias áreas do conhecimento multidisciplinar, se torna essencial o conhecimento advindo da construção social dentro do espaço fronteiriço. “Os antropólogos enfocam o problema em suas implicações simbólicas, identitária e culturais”. [...] Os sociólogos enfocam as fronteiras em termos da crítica da estrutura e da dinâmica social” (FAULHABER, 2001, p. 106).

A ação dos indivíduos que habitam as zonas de fronteiras tem impacto direto nas relações e no desenvolvimento de determinada fronteira. Esta visão considera elementos importantes que ocorrem dentro das fronteiras visto que a concepção inicial dos geógrafos não considerou os fatores sociais de transformação provocados pelo homem na fronteira (SIMÕES, 2016).

Atualmente com a integração econômica e política entre Estados, há uma maior capacidade de trocas nas fronteiras, sejam de modo econômico ou cultural e social. Estas transformações mudam o cenário fronteiriço apresentando novas dinâmicas influenciadas pelas interações dos atores presentes nas áreas de fronteira.

Uma fronteira se cria a partir de sociedades, culturas ou processos históricos diferentes. Em outras palavras, a partir da atividade humana, dos encontros e desencontros com a própria história e a dos outros. Nesse momento, a fronteira se modela e se transforma pela atividade e pelo crescimento do grupo humano, bem como pelas consequências do seu domínio sobre o outro grupo (PUIG, apud SIMÕES, 2016, p. 48).

As relações humanas na fronteira caracterizam o lugar e geram dinâmicas próprias da região. É possível estabelecer casos de cooperação em que indivíduos dos dois países podem se beneficiar de políticas públicas bem como é possível surgir situações negativas como crimes e a movimentação de ilícitos pela fronteira.

As fronteiras ainda podem ser área conflitivas visto a necessidade de o Estado manter seu controle e ser o elo de representatividade a preservação das relações estabelecidas nas fronteiras. Tem-se como exemplo a presença de órgãos estatais

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repressivos cujo objetivos são realizar fiscalizações sobre o que circula de uma fronteira a outra (SIMÕES, 2016).

Apesar de existir uma imersão das populações locais na cultura dos países vizinhos, ainda existem diferenças, e pela complexidade presente em uma fronteira há casos de diferenciação que podem ocasionar conflitos entre os indivíduos. A seriedade das relações de conflito tem a capacidade de gerar reações xenofóbicas em questões sociais e econômicas.

Para Seabra (2012), mesmo que haja uma diluição do aspecto divisório das fronteiras, as diferenças entre as populações, como cultura e identidade, continuarão sendo um meio de demarcação fronteiriça. Da mesma maneira que ocorra assimilação cultural e integração econômica entre os povos de fronteira, a identificação pela origem será um meio de separação entre nacionais.

O fator humano nas fronteiras estabelece ligações comuns e ao mesmo tempo diferentes visto, a questão das leis e nacionalidade, e isto, torna a zona de fronteira uma região comum com características próprias e distintas do restante dos países envolvidos.

Há uma mistura cultural que faz caraterístico a diversificação da população fronteiriça, visto a assimilação de fatores e costumes dos povos em contato. Isto demonstra a necessidade de políticas voltadas as particularidades da região, uma vez que apresenta indivíduos que moram ou trabalham nos dois países vizinhos simultaneamente, a exemplo a União Europeia.

2.4.2 A visão do campo geográfico

A Geografia é área de estudo a envolver a fronteiras dentro de uma perspectiva epistemológica aliada ao surgimento do Estado. Mesmo sendo um ramo de estudo único os estudos Geográficos absorvem variáveis presentes em outras áreas do conhecimento, como a Economia e a Sociologia.

O aspecto Geográfico ligado as fronteiras possuem ligação com a formação territorial e eventualmente está ligada ao surgimento dos Estados, sendo este o motivo de divisões do espaço. As áreas dos países definiram diretrizes para estudos que focam as fronteiras como objetos de análise teórica levando em consideração seu surgimento, delimitação e posteriormente seus conceitos advindos de outras áreas e percepções modernas.

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De acordo com Seabra (2012), as fronteiras geográficas são responsáveis por diferenciar um Estado soberano de outro justamente por definir território, população e identidade, e manter seus órgãos institucionais para garantia de poder legítimo. As divisões territoriais modelam os mapas de fronteiras perfazendo um caminho em que se unem questões políticas e estratégicas sobre o controle do território.

O limite entre países caracterizados por fronteiras é um espaço de atuação social que define medidas de poder, para manter o controle, restringir ou gerenciar a área delimitada. Desta forma os mapas são ferramentas de auxílio para o estabelecimento das fronteiras, diferenciando o limite como um fator político e as fronteiras como um fator geográfico (FERRARI, 2014).

O pensamento teórico das fronteiras geográficas possui interpretações que analisam as relações de poder e soberania a partir da composição das linhas de fronteira e território. Há um vasto entendimento sobre as fronteiras pela visão de importantes autores da área. Embora as fronteiras sejam a extensão territorial de contato entre Estados, estas apresentam diferentes variáveis que compõem e modificam a região.

As diferentes concepções ligadas ao campo da Geografia, ocorrem pelas eventuais dimensões que as fronteiras angariam em estudos voltados para as questões de territorialidade do Estado, as relações de trocas e vínculos políticos entre países vizinhos.

Para Seabra (2012), embora as fronteiras tenham reduzido sua capacidade de separação por conta dos avanços econômicos e integração regional, estas ainda são necessárias para o controle de ilícitos e problemas transnacionais. O sentido das fronteiras geográficas passou por distensões muito influenciadas pelo desenvolvimento econômico e pelas dificuldades do Estados quando estes não conseguem controlar os fluxos de pessoas, capitais e mercadorias.

A Geopolítica clássica tinha como base fundamental as ações dos Estado em defender e expandir suas fronteiras. O espaço territorial desempenha papel importante para a tomada de decisões visto que são fundamentais para o estabelecimento de soberania no sistema internacional. (SIMÕES, 2016).

As premissas que envolvem as concepções da Geografia, estão interligadas ao funcionamento do Estado. É possível dentro do campo geográfico a análise de questões envolvendo o território, limites e aspectos políticos, e assuntos ligados as

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decisões pleiteadas por atores estatais, que definem ações com teor estratégico para controle de seu território.

As análises do campo geográfico perfazem aspectos multidimensionais analisando os padrões de transformação espacial e sua causalidade. Com isto, considera-se uma complexidade na concepção das fronteiras no campo geográfico, visto que sua construção e definição recebem influencias de várias vertentes e atores sociais e estatais.

2.4.3 A visão do Campo Econômico

A globalização econômica proporcionou grandes transformações em relação a circulação de mercadorias, bens e indivíduos. A importância da fronteira foi diminuída dando lugar ao livre mercado e a pujança econômica dos Estados. Este acontecimento logrou uma maior integração econômica e política entre países provendo assim a idealização da fronteira como um espaço regional.

Na visão econômica as fronteiras estão subordinadas ao ideal capitalista, sendo uma ferramenta de ganho econômico financeiro a ser transposta. Na necessidade de consumo engendrado pelo capitalismo, se faz essencial a busca por novos mercados para o mantimento do ciclo econômico das empresas e eventualmente dos países. As fronteiras são necessárias para a expansão do capitalismo e podem ser alteradas para dar lugar a um ambiente fértil para as trocas econômicas (COURLET, 1996).

É perceptível que a diversificação industrial e os avanços de comunicação, integração e de logística, gerados pelos processos de globalização, tornaram as economias mundiais mais integradas. Com isto, as fronteiras entre países sofreram permeabilidades, visto a vontade de trocas comerciais entre Estados para seu desenvolvimento econômico.

A globalização tornou o comércio mundial mais integrado e fez com que as Empresas Transnacionais deslocassem seus polos produtivos para diferentes países. Esta dinâmica tornou as fronteiras entre Estados nacionais mais permeáveis sem diferenciação do que se é interno e externo (SEABRA, 2012).

O avanço das trocas comerciais entre países possibilitou a facilidade no trânsito de bens e pessoas entre fronteiras. A facilidade nas trocas comerciais atualmente é uma atividade que também diminuiu dificuldades na circulação de indivíduos pelas

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fronteiras. Estas atividades se dão principalmente pelo avanço de acordos comerciais entre países que buscam integração econômica.

De acordo com Simões (2016), é cada vez mais comum a as trocas comerciais e a livre circulação de bens e capitais entre países, tornando a integração regional e os interesses de regulamentação tarifaria e comercial, importantes para os Estados na busca pela regionalização econômica.

A percepção econômica da fronteira está intimamente interligada aos fatores de integração regional que é a busca pelo aumento e interligação econômica entre países, provendo de ações tarifarias e meios comuns para comercialização entre países. A integração regional é realizada inicialmente com acordos de trocas comerciais, que avançam por etapas e o quão maior for essas etapas em um bloco econômico maior será o grau de dinamização e integração entre países.

O sistema econômico caracterizado pela liberalização do comércio, torna a circulação do capital importante para o assunto das fronteiras econômicas. A lógica do liberalismo evidencia determinada ausência de fronteiras, o que delibera uma maior facilidade de trânsito, sejam de capitais ou de indivíduos. Uma fronteira imersa em ações de integração, tem a capacidade de também atrair meios de produção, que por sua vez alimentam trocas comerciais e desenvolvimento econômico (SIMÕES, 2016). O mercado ilícito também está presente nas fronteiras, influenciado pela dinâmica econômica apresentada por determinadas regiões. Por países apresentarem características fiscais e tributárias diferentes, ações como o contrabando e descaminho, pirataria entre outros, são corriqueiras nas regiões de fronteira e perpassam de um país ao outro.

As práticas ilícitas forçam aos países a criação de mecanismos de fiscalização que em muitos casos dificultam a livre circulação de bens e serviços. Embora persistam acordos de cooperação econômica, os países tendem a proteger suas economias de concorrências desleais e produtos sem regulamentação fitossanitária.

Nas regiões fronteiriças existem dinâmicas próprias de organização devido as atividades de comércio e o uso de propriedade, são áreas propícias ao desenvolvimento e crescimento de atividade informais, e venda de produtos não regulamentados, que alimentam um mercado de atividades ilícitas com capacidade de expansão (IICA, 2010 apud AMORIM, 2012).

Embora haja interesses na prática de comércio bilateral entre países o fator do mercado informal gera distensões que prejudicam o fluxo de um mercado legal

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regularizado pelo Estado. Esta possibilidade abre vulnerabilidades a práticas ilícitas e eventualmente problemas quanto a segurança pública.

De um modo geral, o campo econômico possui um viés amplo sobre as fronteiras, com capacidade de produzir ganhos positivos como trocas comerciais e integração regional entre países, mas que também apresenta aspectos negativos as economias dos Estados, como atividades econômicas clandestinas.

2.4.4 A visão do campo Jurídico

A área do Direito voltada aos estudos das fronteiras e limites entre Estados, tem como base os acordos e diretrizes norteados pela soberania entre os mesmos. O controle territorial e a definição soberana designados aos Estados, estabelecem preceitos de respeitabilidade mútua que concatenam ações mediante acordos internacionais reconhecidos pelos países.

O Tratado de Vestfália (1648), representa o marco histórico para as definições das fronteiras no Direito Internacional. O tratado foi a primeira discussão diplomática entre Estados para a busca de acordos de beneficiamento mútuo. Com a passar do tempo e os avanços das relações diplomáticas, novos acordos e tratados foram definidos para novas delimitações espaciais (THOMAZ, 2009).

A base jurídica da definição das fronteiras está intimamente ligada as concepções territoriais do Estado. São áreas correlacionadas, já que, para se estabelecer normas jurídicas sobre um território, ouve a necessidade anterior de demarcar o território geográfico correspondente ao Estado-nação.

As bases jurídicas são a forma com que os Estados exercem poder mediante uso de sua soberania em seu território. As fronteiras se vinculam a determinação do espaço e a garantia de poder pelo Estado mediante reconhecimento mútuo de outro Estado (SIMÕES, 2016).

A soberania é a centralidade do poder de um Estado para com sua fronteira e seu território. A partir de seu reconhecimento e assimilação os países são capazes de determinar medidas para a gestão dos limites. Entretanto os limites não se restringem somente a dimensões terrestres, mas também a dimensão marítima e aérea, plataformas continentais e Zonas Econômicas Exclusivas (ZEE).

Os tratados de limites são acordos realizados entre Estados soberanos mediante definição de limites, sejam estes terrestres ou marítimos. Estes, devem ser

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encaminhados para registro ao Secretariado das Nações Unidas para ter reconhecimento válido perante outros Estados (VARGAS, 2017).

O processo não se tornou diferente do implementado ainda nos princípios de Vestfália pois, o reconhecimento mútuo da soberania sobre um território entre países, continuou essencial para que haja a respeitabilidade da soberania entre Estados. Os processos jurídicos diplomáticos tornaram o reconhecimento de soberania mais alargada e forte perante a outros Estados do Sistema Internacional.

De acordo com Simões (2016), o Estado recorre ao direito para garantir uma organização dentro do espaço de poder dos Estados. Isto confere uma forma pacifica de estabelecer relações internacionais, mediante busca de respeitabilidade e garantia de interesses estratégicos entre Estados.

Os acordos internacionais entre Estados necessitam da validade de fé e respeitabilidade de um para com outro. A importância dos tratados são justamente a comprovação de determinada decisão entre países, diante dos demais atores do Sistema Internacional.

É possível observar que no aspecto jurídico, as fronteiras são parte de amplo debate com capacidade de gerar situações conflituosas, como ocorre com a reivindicação da Bolívia ao Chile para abertura de saída ao mar. Muito disto advém do Estado enquanto ente soberano a defender seus interesses, e angariar ganhos positivos a sua posição geográfica. Assim o papel do Direito Internacional é de manter os acordos de maneira pacífica onde hajam beneficiamentos aos atores envolvidos.

2.5 AS FRONTEIRAS NO ASPECTO DA SEGURANÇA INTERNACIONAL

Passadas as discussões sobre a formalização das fronteiras, fatos históricos e conceituais, aborda-se uma análise das fronteiras na perspectiva da segurança internacional, baseadas em uma perspectiva tradicional e ampliada, bem como estes fatores foram sendo modificado com o passar do tempo.

Esta análise buscou relacionar o desenvolvimento do pensamento de segurança para as fronteiras, e o seu foco, abordando como a fronteiras atualmente se encaixam na visão de segurança multidimensional, considerando o surgimento das novas ameaças e a retirada do Estado como ator central nas relações internacionais.

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2.5.1 Perspectiva restrita da Segurança Internacional

As concepções de segurança internacional foram sendo modificadas com o passar do tempo e com o surgimento de novos atores internacionais. As ameaças tradicionais de Estado contra Estado já não são tão perceptíveis na atualidade, sendo visível com o surgimento de ameaças descentralizadas. Deste modo, passa-se a considerar novos tipos de ameaça à soberania do Estado.

Embora se tenha avanços na concepção da segurança internacional, os estudos tradicionais da Segurança internacional, têm como base o caráter estratégico-militar, que enfatizam minimamente questões de segurança, voltando-se predominantemente as questões de Defesa centrada no Estado (VILLA, 1999).

A visão restrita considera as ameaças entre Estados como principal foco da segurança internacional. Esta visão estava estruturada na bipolaridade e rivalidade entre EUA e URSS, o que resultou em uma corrida armamentista voltada para a maximização de poder bélico.

Segundo Kajibanga (2016), a divisão ideológica do mundo entre EUA contra URSS, gerou corridas armamentistas e busca de influência externa. As duas potências da época, se caracterizavam como grandes produtores de armas, convencionais e nucleares, assim os Estados tinham conhecimento de quais eram as ameaças no sistema Internacional.

A ameaça central a um Estado era justamente outro Estado, que atuavam como rivais e armavam-se para garantir poder dissuasório contra ameaças externas. A principal corrente teórica que embasa esse pensamento, o Realismo, apresenta o Estado como o ator central.

O Realismo clássico foi a visão predominante dentro do sistema Internacional durante o período que antecedeu o final da Guerra Fria. Entretanto sua perspectiva desconsiderava alguns atores que estavam em ascensão dentro do sistema internacional, com capacidade de influenciar as tomadas de decisão dos Estados.

Esta corrente teórica possui como principais autores expoentes Hans Morgenthau (1904-1980), Edward Hallett Carr (1892-1982), Jhon Mearsheimer (1947-) e Kenneth Walts (1924-2013(1947-), que apresentaram estudos teóricos que centralizam o Estado como ator central das relações internacionais em um sistema de relação entre Estados anárquico. Sendo assim, os Estados deveriam garantir meios de sobrevivência perante o posicionamento com outros Estados.

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No Realismo, o Estado é o ator central das relações internacionais sendo o protagonista de ações no Sistema Internacional. Este tem as duas funções, a de proteger suas fronteiras e garantir sua sobrevivência no âmbito externo, nas relações com os outros Estados (SCHERMA, 2012).

Esta visão remete a caracterização das fronteiras como áreas de importância estratégica para a soberania de um Estado. Um país deve proteger suas fronteiras a modo de não perder controle territorial e manter seu poder político do Sistema Internacional. O fator de ameaça fronteiriça partia principalmente de pressões externas quanto a conquista e influência no espaço fronteiriço de outro Estado.

O fim da bipolaridade EUA – URSS, colocou em xeque o pensamento voltado a ameaças de guerras interestatais, ou se tornou diminuta a possibilidade de conflito entre Estados. A partir da hegemonia unilateral americana, ameaças descentralizadas surgiram como inimigo da soberania estatal.

A visão restrita tem embasamento nas teorias de que analisam as relações interestatais, buscando demonstrar o comportamento dos Estados no Sistema Internacional. Esta visão não considera importante a participação de demais atores na idealização da segurança internacional.

A bipolaridade do poder mundial tornava a visão de segurança internacional voltada ao campo dos conflitos interestatais, visto as tensões e a corrida armamentista presente em todo o período de Guerra Fria. Com isto, ameaças descentralizadas não tinham uma abordagem dentro da perspectiva de ameaça à soberania do Estado.

A soberania no aspecto restrito da segurança internacional, é essencial para a preservação das estruturas do Estado no Sistema Internacional. Com isto se percebe uma interligação muito próxima das fronteiras visto que estas são um território a ser defendido, para garantir a soberania de um Estado.

As forças armadas dos Estados representam seu braço bélico dos países, cujo objetivo é a guerra, o que influencia no comportamento dos outros Estados, e por sua vez garante ao Estado monopólio da força e da violência, que repercute como sendo este o impulsionador das guerras e conflitos com outros Estados (STORTI, 2009).

Desta forma as fronteiras na visão restrita têm caráter estratégico baseado na garantia da soberania e presença do Estado na região. Sua vinculação se dá pelo controle militar como meio dissuasório a eventuais ameaças de outros Estados. Isto parte meramente da visão de que um Estado deve se resguarda de eventuais invasões externas de outros países ao seu território.

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A visão restrita por ter somente o Estado como ator central desconsidera os demais atores internacionais como capazes de influenciar diretamente as relações internacionais e a tomada de decisão. Esta visão é refutada por estudos mais abrangentes que passam a consideram demais atores como importantes para a caracterização das relações internacionais. Estas novas abordagens são analisadas no tópico a seguir.

2.5.2 Perspectiva ampliada da Segurança Internacional

As fronteiras na perspectiva ampliada, agregou características advindas de várias áreas e atores das sociedades. Ao mesmo tempo que o entendimento de fronteira foi se modificando, o aspecto de segurança internacional voltado as áreas limítrofes, também angariou novas concepções.

A perspectiva ampliada da segurança internacional passa a considerar demais elementos para a construção das políticas voltadas a defesa e segurança dos Estados. Esta visão retira a centralidade do Estado como único ator nas relações internacionais.

O embate teórico que considera novas ameaças a soberania dos Estados é visto de várias teorias que contrapõem o pensamento da centralidade do Estado com único ator das relações internacionais, nesta visão se encontra concepções construtivistas que passam a considerar demais elementos capazes de reger as relações internacionais.

Estas teorias, apresentam outros aspectos que influenciam nas relações internacionais. Assim, novos atores e temáticas foram consideradas como elementos importantes para a concepção do sistema internacional atualmente. Estas abordagens são um passo importante para compreender como o pensamento de segurança internacional evoluiu com o passar do tempo e principalmente após o fim da bipolaridade EUA - URSS.

De acordo com Santana (2012), o fim do sistema bipolar fez surgir novos atores no cenário internacional. Estes atores ocupam o vácuo de poder dos Estados em áreas que estes não podem cobrir. Tem-se como exemplo as organizações criminosas, terroristas, quadrilhas internacionais, e outras formas ilícitas, buscando desenvolver suas atividades no ponto cego do poder público estatal.

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