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Exegese de João 7_53-8_11 - A mulher pecadora

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(1)

(João 7:53-8:11)

(João 7:53-8:11)

Exegese

Exegese

Trabalho apresentado por

Trabalho apresentado por

Evaldo Beranger

Evaldo Beranger

Na disciplina Escritos Joaninos

Na disciplina Escritos Joaninos

Prof. Isidoro Mazzarolo

Prof. Isidoro Mazzarolo

Rio de Janeiro, Outubro de 2006 Rio de Janeiro, Outubro de 2006

(2)

1. Delimitação do texto e algumas considerações sobre o contexto 1. Delimitação do texto e algumas considerações sobre o contexto imediato

imediato

A perícope que vai de 7:53 a 8:11 trata da mulher adúltera que foi livre do A perícope que vai de 7:53 a 8:11 trata da mulher adúltera que foi livre do apedrejamento através de uma palavra de Jesus que se tornou proverbial até apedrejamento através de uma palavra de Jesus que se tornou proverbial até os dias atuais. É considerada por todos os comentaristas consultados

os dias atuais. É considerada por todos os comentaristas consultados11 comocomo uma interpolação

uma interpolação22. Só isto já bastaria para delimitar o início e o fim da. Só isto já bastaria para delimitar o início e o fim da perícope, tendo em vista a análise manuscriptológica da seção. No entanto, perícope, tendo em vista a análise manuscriptológica da seção. No entanto, cabe aqui uma observação de que a seção, que tem início, conforme a Bíblia cabe aqui uma observação de que a seção, que tem início, conforme a Bíblia de Jerusalém em 7:1 (A festa das tendas – A grande revelação messiânica, A de Jerusalém em 7:1 (A festa das tendas – A grande revelação messiânica, A grande Rejeição) tem a sua continuidade natural entre 7:52 e 8:11 quebrada grande Rejeição) tem a sua continuidade natural entre 7:52 e 8:11 quebrada pela interpolação da presente perícope. A seqüência, segunda a BJ

pela interpolação da presente perícope. A seqüência, segunda a BJ33, seria a, seria a seguinte:

seguinte: 7:1-247:1-24  – Jesus sobe a Jerusalém para a festa e ensina.  – Jesus sobe a Jerusalém para a festa e ensina. 7:25-307:25-30 – –

Discussões do povo sobre a origem de Cristo.

Discussões do povo sobre a origem de Cristo. 7:31-367:31-36 - Jesus anuncia a sua- Jesus anuncia a sua

próxima partida.

próxima partida. 7:37-397:37-39 – Promessa da água viva.– Promessa da água viva. 7:40-527:40-52 - Novas discussões- Novas discussões

sobre a origem de Cristo

sobre a origem de Cristo 8:12-13 -8:12-13 - Jesus, luz do mundo.Jesus, luz do mundo. 8:13 -29 -8:13 -29 - DiscussãoDiscussão

sobre o testemunho que Jesus dá de

sobre o testemunho que Jesus dá de si mesmo...si mesmo...

Como se vê, a perícope de 7:53-8:11 para a BJ é desajeitada no esquema Como se vê, a perícope de 7:53-8:11 para a BJ é desajeitada no esquema proposto e na nota de rodapé se diz que ela tem um estilo sinótico e poderia proposto e na nota de rodapé se diz que ela tem um estilo sinótico e poderia ser atribuída a São Lucas, não podendo ser de São João. Bruce

ser atribuída a São Lucas, não podendo ser de São João. Bruce44 é tão enfáticoé tão enfático no deslocamento desta perícope em relação ao contexto que trata dela em no deslocamento desta perícope em relação ao contexto que trata dela em apêndice e não no decorrer do comentário, indo naturalmente de 7:52 para apêndice e não no decorrer do comentário, indo naturalmente de 7:52 para 8:12 sem solução de continuidade. Sua estrutura

8:12 sem solução de continuidade. Sua estrutura fica assim delineada:fica assim delineada:

7:1-10:39

7:1-10:39 – O Ministério em Jerusalém. – O Ministério em Jerusalém.

1. A Festa dos

1. A Festa dos TabernáculosTabernáculos(7:1-8:59)(7:1-8:59)..

a) Jesus e seus irmãos

a) Jesus e seus irmãos (78:1-9)(78:1-9)..

b) entusiasmo na festa b) entusiasmo na festa (7:10-13)(7:10-13).. c) Jesus na Festa c) Jesus na Festa (7:14-8:59)(7:14-8:59) 1. Moisés e Cristo 1. Moisés e Cristo (7:14-24)(7:14-24) 2.

2. As reivindicações messiânicas de JesusAs reivindicações messiânicas de Jesus (7:25-31).(7:25-31).

A água viva: continuação do debate messiânico

A água viva: continuação do debate messiânico (7:37-44)(7:37-44)

5. Descrença em alto nível (

5. Descrença em alto nível (7:45-52).7:45-52).

6. A luz do mundo 6. A luz do mundo (8:12-20).(8:12-20). 7. “Eu sou” ( 7. “Eu sou” (8:21-30).8:21-30). 8. Os filhos de Abrão (8:31-59). 8. Os filhos de Abrão (8:31-59). Já Hendriksen

Já Hendriksen55,, embora considere que a evidencia textual para a presençaembora considere que a evidencia textual para a presença

desta perícope neste local em João seja muito fraca, argumenta que a inserção desta perícope neste local em João seja muito fraca, argumenta que a inserção é apropriada. Para ele é uma controvérsia na mesma linha das controvérsias é apropriada. Para ele é uma controvérsia na mesma linha das controvérsias do capítulo anterior e

do capítulo anterior e uma preparação para a perícope seguinte, onde uma preparação para a perícope seguinte, onde Jesus seJesus se

11Vide BibliografiaVide Bibliografia 22Vide Critica Textual.Vide Critica Textual.

33Bíblia de Jerusalém – Bíblia de Jerusalém – Paulus. São Paulo, SPPaulus. São Paulo, SP, 2002, 2002

44Bruce, F.FBruce, F.F. João. Intr. João. Introdução e Comentário. Mundo odução e Comentário. Mundo Cristão. São Paulo. SP, 1987 p.150-182Cristão. São Paulo. SP, 1987 p.150-182

55Hendriksen, William. João, Comentário do Novo Testamento. Editora Cultura Cristã. Hendriksen, William. João, Comentário do Novo Testamento. Editora Cultura Cristã. São paulo. SPSão paulo. SP,,

2004 . p. 365-368. 2004 . p. 365-368.

(3)

declara a luz do mundo, “lembremo-nos de que esta mulher estava caminhando em escuridão moral” 6.

Considerando o texto como ele se encontra em nossas versões modernas, sem levar em conta a crítica textual, decisiva neste caso, ainda assim, nota-se a favor desta delimitação da perícope que há evidências internas que indicam o início e o fim da perícope. Assim, vejamos:

1. Mudança de espaço: 7:45-52, Perante os chefes dos sacerdotes e

7:53, Casa... Monte das Oliveiras... Outra vez no templo.

2. Mudança de personagens: 7:45-52, guardas, chefe dos sacerdotes,

fariseus, Nicodemos 7:53 -8:11, Jesus, a multidão, os escribas e fariseus, a mulher.

3. Assuntos e temas diferentes: 7:45-52, Frustração em prender Jesus.

7:53 – 8:11, Armadilha para acusá-lo. 8:13-14, Jesus Luz do mundo.

4. Há claramente uma conclusão da controvérsia em 8:10-11 com ditos

conclusivos de Jesus para a mulher.

5. Há uma mudança clara de tempo em 8:12 (Pa,lin ou=n) e de auditório (

 auvtoi/j) contra 8:10 (o` VIhsou/j ei=pen auvth/ ) estabelecendo assim o fim da perícope em 8:11.

Por isso, a delimitação da Perícope em 7:53 a 8:11 é claramente percebida, tanto pela evidência da crítica textual, como pela evidência da crítica interna.

(4)

2. Texto grego, traduções e Segmentação do texto: BGT7, TL8 ARA9 e BJ10.

João 7:53 - 8:11

BGT

TL E foram cada (um) para a casa [sua] ARA E cada um foi para sua casa.

BJ E cada um voltou para sua casa

BGT 8:1

TL Jesus, porém, foi para o monte das Olivieras ARA Jesus, entretanto, foi para o monte das Oliveiras. BJ Jesus foi para o monte das Oliveiras

BGT 2

TL De madrugada, porém, de novo veio para o templo ARA 2 De madrugada, voltou novamente para o templo,

BJ Antes do nascer do sol, já se achava outra vez no templo

BGT

TL e todo o povo veio perante ele ARA e todo o povo ia ter com ele; BJ Todo o povo vinha a ele,

BGT

TL e, assentado, ensinava-os ARA e, assentado, os ensinava. BJ E, sentando-se, os ensinava

BGT 3

TL 3 Trazem, porém, os escribas e os fariseus (uma) mulher em adultério surpreendida

ARA 3 Os escribas e fariseus trouxeram à sua presença uma mulher

7Uma combinação de UBS4/Nestle-Aland 27th Ed. Greek New Testament (BNT) e Rahlfs' LXX

(LXT), Copyright © 1998-1999 BibleWorks, LLC.

8Tradução literal.

9Tradução João Ferreira de Almeida, Revista e Atualizada, Sociedade Bíblica do Brasil. 2ª Ed

1993

10 Bíblia de Jerusalém. Paulus. São Paulo. SP, 2004

ÎÎkai. evporeu,qhsan e[kastoj eivj to.n oi=kon auvtou/

VIhsouj de. evporeuqh eivj to. o;roj twn evlaiw/nÅ

:Orqrou de. pa,lin parege,neto eivj to. i`ero.

kai. pa/j o` lao.j hrceto pro.j auvto,n(

kai. kaqi,saj evdi,dasken auvtou,jÅ

:Agousin de. oi` grammatei/j kai oi Farisai/oi gunai/ka evpi. moicei,a| kateilhmme,nhn

(5)

surpreendida em adultério

BJ 3Os escribas e os fariseus trazem, então, uma mulher surpreendida em adultério

BGT

TL e colocando-a em meio

ARA e, fazendo-a ficar de pé no meio de todos, BJ e, colocando-a no meio

BGT 4

TL 4dizem-lhe

ARA 4disseram a Jesus: BJ 4dizem-lhe BGT TL Mestre, ARA Mestre, BJ Mestre, BGT

TL esta a mulher foi surpreendida no ato do adultério ARA esta mulher foi apanhada em flagrante adultério.

BJ Esta mulher foi surpreendida em flagrante delito de adultério

BGT 5

TL 5(E) na lei a nós Moisés mandou as tais apedrejar;

ARA 5E na lei nos mandou Moisés que tais mulheres sejam apedrejadas; BJ 5 Na Lei, Moisés nos ordena apedrejar tais mulheres

BGT

TL Tu, pois, que dizes? ARA tu, pois, que dizes? BJ Tu, pois, que dizes?

BGT 6

TL 6Isto, porém, diziam, tentando-o ARA 6Isto diziam eles tentando-o,

BJ 6Eles assim diziam para pô-lo à prova,

BGT

TL Para terem (de que) [o] acusar ARA para terem de que o acusar.

BJ A fim de terem matéria para acusá-lo

BGT

TL mas Jesus para baixo inclinando-se com dedo escrevia (traçava) na terra kai. sth,santej auvth.n evn me,sw|

le,gousin autw|

dida,skale(

auth h gunh. kateilhptai epV autofwrw moiceuomenh\

en de tw no,mw h`min Mwu?sh/j evnetei,lato ta.j toiautaj liqa,zeinÅ

su. ou=n ti, le,geijÈ

touto de. e;legon peira,zontej auto,n(

i[na e;cwsin kathgorei/n auvtou/

(6)

ARA Mas Jesus, inclinando-se, escrevia na terra com o dedo. BJ Mas jesus, inclinando-se, escrevia no chão com o dedo

BGT 7

TL 7 como, porém, continuavam inquirindo-o ARA 7Como insistissem na pergunta,

BJ 7Como persistissem em interrogá-lo

BGT

TL Levantou-se ARA Jesus se levantou BJ Ergueu-se

BGT

TL e disse-lhes ARA e lhes disse: BJ E lhes disse

BGT

TL o sem pecado de vós primeiro sobre ela atire pedra

ARA Aquele que dentre vós estiver sem pecado seja o primeiro que lhe atire pedra.

BJ Quem dentre vós estiver sem pecado, seja o primeiro a lhe atirar uma pedra

BGT 8

TL 8E, de novo inclinado, escrevia no chão.

ARA 8E, tornando a inclinar-se, continuou a escrever no chão. BJ 8Inclinando-se de novo, escrevia no chão.

BGT 9

TL 9[mas] os que ouviram, saíram um a um, principiando com os anciãos ARA 9 Mas, ouvindo eles esta resposta e acusados pela própria consciência,

foram-se retirando um por um, a começar pelos mais velhos até aos últimos, BJ 9 , Eles, porém, ouvindo isto, saíram um após outro, a começar pelos mais

velhos

BGT

TL E sendo deixado só e a mulher no meio estando ARA ficando só Jesus e a mulher no meio onde estava. BJ Ele ficou sozinho e a mulher permanecia só, no meio.

BGT 10

TL 10Erguendo-se, porém, Jesus disse-lhe

w`j de. evpe,menon evrwtw/ntej auvto,n(

avne,kuyen

kai. ei=pen autoi/j\

o` avnama,rthtoj u`mw/n prw/toj evpV auvth.n bale,tw li,qonÅ

kai. pa,lin katakuyaj e;grafen eivj th.n gh/nÅ

oi` de. avkou,santej evxhrconto ei-j kaqV ei-j avrxa,menoi avpo. tw/ presbute,rwn

kai. katelei,fqh mo,noj kai. h` gunh evn me,sw ousaÅ

(7)

ARA 10 Erguendo-se Jesus e não vendo a ninguém mais além da mulher, perguntou-lhe:

BJ 10Então, erguendo-se, Jesus lhe disse:

BGT

TL Mulher, onde ele estão?

ARA Mulher, onde estão aqueles teus acusadores? BJ Mulher, onde estão eles?

BGT

TL Ninguém te condenou? ARA Ninguém te condenou? BJ Ninguém te condenou?

BGT 11

TL 11Ela [a], porém, disse: Ninguém, Senhor. ARA 11Respondeu ela: Ninguém, Senhor! BJ 11Disse ela: “Ninguém, Senhor”

BGT

TL Disse, então, Jesus: ARA Então, lhe disse Jesus: BJ Disse, então, Jesus:

BGT

TL Nem eu te condeno

ARA Nem eu tampouco te condeno; BJ Nem eu te condeno

BGT

TL Vai e desde agora não mais peques. ARA vai e não peques mais.

BJ Vai, e de agora em diante não peques mais gu,nai(pou/ eivsinÈ

oudei,j se kate,krinenÈ

h` de eipen\ ouvdei,j( ku,rieÅ

ei=pen de. o` VIhsou/j\

ouvde. evgw se katakri,nw\

(8)

3. Crítica Textual11.

7.53–8.11

A evidência em prol da origem não joanina da perícope sobre a adúltera é esmagadora. Está ausente de manuscritos antigos e diversos como î66, 75 a B

L N T W X Y D Q Y 0141 0211 22 33 124 157 209 788 828 1230 1241 1242 1253 2193 et al . Os Códices A e C são defeituosos neste ponto, mas é

altamente provável que nenhum deles contivesse a perícope, pois, uma medição cuidadosa mostra que não sobraria espaço suficiente, nas folhas perdidas, para incluir a seção, juntamente com o resto do texto. No Oriente, a passagem está ausente da forma mais antiga da versão siríaca (syrc, s e os melhores manuscritos de syrp), bem como das versões saídica e subacmímica e dos mais antigos manuscritos boáricos. Alguns manuscritos armênios e a antiga versão geórgica a omitem. No Ocidente, o trecho está ausente da versão gótica e de diversos manuscritos em latim Antigo (ita, l*, q). Nenhum pai da Igreja grega, antes de Eutímio Zigabeno (Século XII d.C.) comenta sobre a passagem; e Eutímio declara que as cópias exatas do Evangelho não a contém.

Quando alguém adiciona a essa impressionante e diversificada lista de evidência externa a consideração que o estilo e o vocabulário da perícope difere notavelmente do resto do quarto evangelho (ver qualquer comentário crítico), e que interrompe a seqüência de 7:52 e 8:12 ss., o caso contra a autoria joanina dessa perícope parece conclusivo.

Ao mesmo tempo, a narrativa tem todos os sinais de ser historicamente veraz. Obviamente é uma peça da Tradição oral que circulava em certas porções da Igreja ocidental, e que, subsequentemente, foi incorporada em vários manuscritos, em diversos lugares. A maioria dos copistas evidentemente pensou que interromperia menos a narrativa de João se fosse inserida após 7.52 (D E (F) G H K M U G P 28 700 892 et al ). Outros a situaram após 7.36

(ms. 225) ou após 7.44 (vários mss Geórgicos.) ou após 21.25 (1 565 1076 1570 1582 armmss) ou após Lucas 21.38 (¦13). Mui significativamente, em muitos dos testemunhos que contém a passagem, ela é marcada com asterísticos e obeli, indicando que, embora escribas incluíssem a narrativa, tinham consciência de que lhe faltavam credenciais.

Algumas vezes, é dito que a perícope foi deliberadamente retirada do quarto evangelho, porque podia ser entendida a narrativa como uma espécie de indulgência para com o adultério. Mas, à parte da ausência de qualquer instância, em qualquer lugar, de excisão escribal de alguma passagem tão extensa, devida à prudência moral, essa teoria “não consegue explicar porque os três versículos preliminares (7:53; 8:1–2), tão importante e que aparentemente descrevem o tempo e o lugar onde os discursos do capítulo

11

METZGER, BRUCE M. Textual Commentary on the Greek New Testament (second edition), by Bruce M. Metzger. Copyright © 1994 by Deutsche Bibelgesellschaft (German Bible Society).

(9)

oitavo foram proferidos, teriam sido omitidos juntamente com o resto” (Hort, “Notes on Select Readings,” pp. 86 f.).

Embora a comissão tenha se mostrado unânime na opinião de que a perícope não fazia parte original do quarto evangelho, em deferência à patente antiguidade da passagem, a maioria decidiu imprimi-la, dentro de colchetes duplos, em seu lugar tradicional, ou seja, após João 7:52.

Já que o trrecho está ausente dos mais antigos e melhores manuscritos, que normalmente servem para identificar os tipos de texto, nem mesmo é fácil tomar uma decisão entre formas alternativas. Seja como for, deve-se compreender que os níveis de certeza ({A}), ({B}) estão dentro do arcabouço da decisão inicial relativa à passagem inteira

8.3 {C}

Alguns poucos testemunhos (D 1071) substituem pelo menos específico , talvez em antecipação ao final do v.11.

8.4

O comentário atinente ao motivo de submeter-se Jesus a teste, ocorre em alguns poucos testemunhos no v. 4; na maioria, no v. 6; e ainda outros, ou no v. 8 ou no v.11

8.6 … {A}

Alguns manuscritos omitem as primeiras nove palavras deste verso, preferindo introduzir a declaração ou após o v 4 (D 1071) ou após o v. 11(M).

8.7 … {A}

Algumas testemunhas omitem como supérfluo, enquanto outros substituem pela frase preposicional

qualquer das leituras é aceitável.

8.8 {A}

A fim de satisfazer à curiosidade piedosa concernente ao que Jesus escreveu no chão, após várias testemunhas (U P 73 331 364 700 782

1592 armmss) adicionam as palavras (“os

pecados de cada um deles”).

8.9 {A}

8.9 {A}

A forma foi expandida mediante a adição de uma cláusula (de uma forma ou de outra), indicando que todos os acusadores da mulher se foram embora..

8.10 {A}

O texto foi elaborado através da adição (de uma forma ou de outra) de uma cláusula que se refere ao ato de Jesus olhar para a mulher.

8.10 {A}

O Textus receptus, seguindo E F G K 1079 al, adiciona

(“aqueles teus acusadores”).

gunai/ka evpi. moiceia |

moicei,a| a`martia|

tou/to de . autou

auton auvtoi/

auto,

auvtoi/j pro.j auvtou, . Para o comitê

gh/

gh/

e[noj e`ka,stou autw/n ta.j a`marti,aj oi` de. avkou,santej evxh,rconto eij kaqV eij

O texto básico da perícope é continuado a fim de ser ampliado mediante a adição de glosas explanatórias. O Textus Receptus acrescenta a declaração que os próprios acusadores da mulher foram “reprovados por sua consciência própria” (u`po. th/j suneidh,sewj evlegco,menoi).

presbute,rwn presbute,rwn VIhsou/j pou/ eivsin evkei/noi oi` kath,goroi, sou

(10)

4. Pré-texto e contexto literário.

4.1.O IV Evangelho, redação e autoria.

A perícope em relação aos Evangelhos de João e Lucas.

Não pertence ao escopo do presente trabalho tratar das complexas questões concernentes às inúmeras teorias acerca da composição e autoria do chamado quarto evangelho. Um olhar superficial sobre os evangelhos pode nos levar a concluir, com a posição tradicional, que o IV Evangelho não deve ser contado entre os sinóticos por diferir estruturalmente e tematicamente dos mesmos. Segundo Kummel12, João se diferencia dos sinóticos, pelos aspectos puramente formais, em 3 sentidos: 1. O número de viagens a Jerusalém é diferente nos sinóticos e em João. 2. A estrutura cronológica e topográfica da atividade de Jesus nos Sinóticos e em João são diferentes. 3. A descrição da obra e ensinamento de Jesus segue linhas diferentes nos Sinóticos e em João. Segundo Mazzarolo13, no entanto, é preciso mudar a forma de análise e estudo dos evangelhos, no que diz respeito à divisão tradicional entre sinóticos e o IV Evangelho. Há claramente uma dependência entre os três primeiros, “Na verdade, os três primeiros evoluem um em relação ao outro”14. Mas as diferenças entre estes e João não indicam necessariamente que o autor desconheceu as fontes utilizadas. É preciso levar em consideração a intenção da obra, as necessidades da comunidade a quem a obra se dirige e a liberdade de incluir ou abandonar um texto ou fonte em virtude do objetivo do relato.

“Os evangelhos sempre foram analisados pelo ângulo da estrutura. Assim, a estrutura de Marcos estava presente em Mateus e Lucas e por isso, estes foram chamados Sinóticos, e João ficava fora dessa “arquitetura”. Olhando mais detalhadamente nota-se que a forma teológica é mais importante que a “suposta arquitetura”. A teologia de Mateus está muito além daquela de Marcos. A mesma relação pode ser feita com Lucas ou João, em relação ao anterior. “É mister fazer uma nova leitura!”15.

É justamente na perspectiva de dependência de Lucas em João que a presente perícope ganha relevância. A Crítica textual nos informa que alguns manuscritos situam esta mesma perícope em Lucas, após 21:37,38 e antes de 22:1 que fornecem uma moldura apropriada para este episódio, já que o anterior nos relata que Jesus costumava ensinar no templo (ambiente e contexto da perícope) e que à noite ele ia para o Monte das Oliveiras (o que combina com a perícope) e a posterior nos diz que os principais sacerdotes e os escribas (personagens também presentes em João) procuram ocasião de como tirar a vida de Jesus ( o que dá um enquadramento perfeito para a perícope em tela). Seria a colocação desta perícope alternadamente nestes dois contextos um indício de que os copistas perceberam a semelhança e dependência entre João e Lucas?

12Kümmel, Werner Georg. Introdução ao Novo Testamento. Edições Paulinas. São Paulo, SP, 1982 p.

253-254

13Mazzarolo, Isidoro. Nem aqui, nem em Jerusalém. Rio de janeiro. Mazzarolo Editor, 2001. p 10-11. 14Op. Cit. p.11

15Op. Cit. p.13 com ref. a Mazzarolo, Isidoro. Lucas em João, uma nova leitura dos evangelhos. Porto

(11)

Mazzarolo16 encontra outro paralelo, associando a perícope de João com sua correspondente em Lucas 7:36-50. Ambas as perícopes, dentro da tradição judaica, têm o mesmo pré-texto, a saber: a) o tratamento dispensado pela lei à mulher dentro da visão farisaica, a partir de Esdras para frente (Esd 9:10). b) A forma interpretativa da lei e da profecia pelos fariseus, os quais não reconhecem Cristo. Em ambos os relatos há um contraste entre a atitude da mulher e do fariseu (ou escriba) diante de Cristo. Em ambos, Jesus é apresentado como Rabi e é tratado pelos seus opositores como tal, sendo que em ambos Jesus assume claramente a postura corporal e as atitudes sociais de um rabi. Em ambos, fala-se do perdão concedido. Por fim, em ambos os relatos a mulher não tem nome.

Quanto à questão da autoria da perícope, não há, diante das conclusões da Crítica textual, como determiná-la, já que a própria autoria do Quarto Evangelho é objeto de tantas teorias diferentes17. No entanto a perícope de João tem características marcadamente Lucanas18 , pois a atitude de Jesus na perícope combina mais com os apoftemas sinóticos do que com os longos discursos e reflexões característicos de João.

4.2.Autenticidade da perícope.

Parece claro, diante do exposto que a perícope não pertencia originalmente ao IV Evangelho e que parece ter sido uma tradição independente que foi encaixada pelos copistas em vários lugares tanto no Evangelho de João como no de Lucas.19

No entanto, o relato tem um sabor de autenticidade inegável, tanto que foi preservado como um autêntico relato condizente com a postura de Jesus em relação à mulher, aos fariseus e escribas. Sua ternura para com os pecadores e para com os menores. Uma postura não indulgente para com o pecado, mas uma atitude de acolhida em relação ao pecador. O ambiente judaico-palestinense está presente tanto na postura de Jesus ensinando como um rabi que se assenta com autoridade para ensinar20. Enfim, embora de origem aparentemente lucana, esta passagem encaixa-se bem neste contexto de João e as raízes históricas deste relato parecem se encaixar no estilo, personalidade, missão e atitudes atribuídas a Jesus tanto nos sinóticos como no próprio evangelho de João.

16Mazzarolo, Isidoro. Lucas em João, uma nova leitura dos evangelhos. Porto Alegre, Mazzarolo, I. 2000

p.177 ss

17Para discussões acerca da autoria veja Vielhauer, Philipp. História da Literatura Cristã primitiva. Santo

André. SP. Editora Academia Cristã Ltda, 2005 p. 481-488 et Kümmel, Werner Georg. Introdução ao Novo Testamento. Edições Paulinas. São Paulo, SP, 1982 p. 298-314.

18Mazzarolo, Isidoro. Lucas em João, uma nova leitura dos evangelhos. Porto Alegre, Mazzarolo, I. 2000

p.181.

19Kümmel, Werner Georg. Introdução ao Novo Testamento. Edições Paulinas. São Paulo, SP, 1982 p.262

et Läpple, Alfred. Bíblia, interpretação atualizada e Catequese. Vol. 4. São Paulo. SP. Edições Paulinas. P.176.

20Mazzarolo, Isidoro. Lucas em João, uma nova leitura dos evangelhos. Porto Alegre, Mazzarolo, I. 2000

(12)

5. Exegese

5.1.Análise Morfológica e Lexicográfica dos termos principais. 7:53, 8:1

de Aparece 3 vezes nesta perícope: em 7:53, 8:1 e 811.

1) conduzir, transportar, transferir

1a) persistir na jornada iniciada, continuar a própria jornada 1b) partir desta vida

1c) seguir alguém, isto é, tornar-se seu adepto 1c1) achar o caminho ou ordenar a própria vida

8:2

Verbo Particípio Aoristo ativo nominativo masculino singular de 1) fazer sentar

1a) colocar, apontar, conferir um reino a alguém 2) intransitivamente

2a) sentar-se 2b) sentar

2b1) ter residência de alguém fixa

2b2) permanecer, assentar, estabelecer-se

Neste texto tem o sentido de sentar com autoridade para ensinar. verbo indicativo imperfeito ativo 3ª p singular de

professor, conduzir-se como um professor

8:3

verbo indicativo presente ativo 3p plural de

evporeu,qhsan Verbo Indicativo aoristo passivo 3ª p plural poreu,omai

evporeu,qh verbo indicativo aoristo passivo 3ª p. singular de poreu,omai

kaqi,saj kaqi,zw

evdi,dasken dida,skw

1) ensinar

1a) conversar com outros a fim de instruir-los, pronunciar discursos didáticos 1b) ser um professor

1c) desempenhar o ofício de 2) ensinar alguém

2a) dar instrução

2b) instilar doutrina em alguém 2c) algo ensinado ou prescrito 2d) explicar ou expor algo 2f) ensinar algo a alguém

:Agousin a;gw

1) guiar, conduzir

1a) conduzir segurando com as mãos, levando deste modo ao destino final: de um animal

(13)

1c) comandar com a personalidade de alguém, nomear alguém como um ajudante

1d) conduzir, trazer

1e) levar para a corte de justiça, magistrado, etc. 2) guiar, conduzir

2a) conduzir, guiar, dirigir

2b) guiar através, conduzir para algo

2c) mover, impelir: pela força e influência da mente 3) passar um dia, guardar ou celebrar uma festa, etc. 4) ir, partir

1) adultério

verbo particípio perfeito passivo acusativo feminino singular de aparece em 8:3 e 8:4.

verbo particípio aoristo ativo nominativo masculino plural de 1) causar ou fazer ficar de pé, colocar, pôr, estabelecer

1a) ordenar ficar de pé, [levantar-se]

1a1) na presença de outros, no meio, diante de juízes, diante dos membros do Sinédrio;

1a2) colocar

1b) tornar firme, fixar, estabelecer

1b1) fazer uma pessoa ou algo manter o seu lugar

1b2) permanecer, ser mantido íntegro (de família, um reino), escapar em segurança

1b3) estabelecer algo, fazê-lo permanecer 1b31) segurar ou sustentar a autoridade ou a força de algo

1c) colocar ou pôr numa balança

1c1) pesar: dinheiro para alguém (porque antigamente, antes da introdução da moeda, era costume pesar os metais)

2) permanecer

2a) ficar de pé ou próximo

2a1) parar, permanecer tranqüilo, permanecer imóvel, permanecer firme 2a1a) da fundação de uma construção

2b) permanecer

2b1) continuar seguro e são, permanecer ileso, permanecer pronto ou preparado

moicei,a| Substantivo dativo feminino singular de moicei, kateilhmme,nhn

katalamba,nw

1) obter, tornar próprio

1a) dominar ao ponto de incorporar como seu, obter, alcançar, tornar próprio, tomar para si mesmo, apropriar-se

1b) apoderar-se de, tomar posse de

1b1) de males que assolam surpresivamente, do último dia surpreendendo o perverso com destruição, de um demônio pronto para atormentar alguém

1b2) num bom sentido, de Cristo que pelo seu santo poder e influência apropria-se da mente e vontade humana, a fim de ajudá-la e governá-la

1c) detectar, capturar 1d) capturar com a mente

1d1) entender, perceber, aprender, compreender

(14)

2b2) ser de uma mente firme

2b3) de qualidade, alguém que não hesita, que não desiste

8:4

Substantivo vocativo masculino singular de

1) no ato

2) pegar no ato do roubo

3) pegar no ato de perpetuar qualquer outro crime

verbo particípio presente passivo nominativo feminino singular de 1) cometer adultério

1a) ser um adúltero

1b) cometer adultério com, ter relação ilícita com a mulher de outro 1c) da mulher: permitir adultério, ser devassa

1d) Uma expressão idiomática hebraica, a palavra é usada daqueles que, pela solicitação de uma mulher, são levados \ a idolatria, i.e., a comer de coisas sacrificadas a ídolos

8:5

verbo indicativo aoristo médio 3 p singular de 1) ordernar, mandar que seja feito, encarregar

No texto, tem o sentido de um mandamento, uma ordem dada por Deus através de Moisés.

adjetivo demonstrativo acusativo feminino plural de

1) como esse, desta espécie ou tipo. Parece indicar um profundo desprezo pela mulher.

verbo infinitivo presente ativo de 1) matar por apedrejamento, apedrejar 2) atirar pedras em alguém

8:6

verbo particípio presente ativo nominativo masculino plural de

dida,skale dida,skaloj

1) professor

2) no NT, alguém que ensina a respeito das coisas de Deus, e dos deveres do homem

1a) alguém que é qualificado para ensinar, ou que pensa desta maneira 1b) os mestres da religião judaica

1c) daqueles que pelo seu imenso poder como mestres atraem multidões, i.e., João Batista, Jesus

1d) pela sua autoridade, usado por Jesus para referir-se a si mesmo como aquele que mostrou aos homens o caminho da salvação

1e) dos apóstolos e de Paulo

1f) daqueles que, nas assembléias religiosas dos cristãos, encarregavam-se de ensinar, assistidos pelo Santo Espírito

1g) de falsos mestres entre os cristãos

auvtofw,rw| adjectivo normal dativo neutro singular de auvto,fwroj

moiceuome,nh moiceu, evnetei,lato evnte,llomai toiautaj toiou/toj liqa,zein liqa,zw peira,zontej peira,zw

(15)

1) tentar para ver se algo pode ser feito 1a) tentar, esforçar-se

2) tentar, fazer uma experiência com, teste: com o propósito de apurar sua quantidade, ou o que ele pensa, ou como ele se comportará

2a) num bom sentido

2b) num mau sentido, testar alguém maliciosamente; pôr \a prova seus sentimentos ou julgamentos com astúcia

2c) tentar ou testar a fé de alguém, virtude, caráter, pela incitação ao pecado 2c1) instigar ao pecado, tentar

1c1a) das tentações do diabo 2d) o uso do AT

2d1) de Deus: infligir males sobre alguém a fim de provar seu caráter e a firmeza de sua fé

2d2) os homens tentam a Deus quando mostram desconfiança, como se quisessem testar se ele realmente é confiável

2d3) pela conduta ímpia ou má, testar a justiça e a paciência de Deus e desafiá-lo, como se tivesse que dar prova de sua perfeição.

verbo infinitivo presente ativo de 1) acusar

1a) diante de um juiz: fazer uma acusação 1b) de uma acusação extra-judicial

verbo particípio aoristo ativo nominativo masculino singular de 1) inclinar-se, curvar, curvar a cabeça

verbo indicativo imperfeito ativo 3p singular de 1) escrever, com referência \a forma das letras

1a) delinear (ou formar) letras numa tabuleta, pergaminho, papel, ou outro material

2) escrever, com referência ao conteúdo do escrito 2a) expressar em caracteres escritos

2b) comprometer-se a escrever (coisas que não podem ser esquecidas), anotar, registrar

2c) usado em referência \aquelas coisas que estão escritas nos livros sagrados (do AT)

2d) escrever para alguém, i.e. dar informação ou instruções por escrito (em uma carta)

3) preencher com a escrita

4) esboçar através da escrita, compor

8:7

verbo indicativo aoristo ativo 3p singular de 1) levantar ou erguer-se

1a) o próprio corpo 1b) a própria alma

1b1) ser elevado ou exaltado

adjective normal nominative masculine singular no degree from 1) sem pecado kathgorei/n kathgore, ku,yaj kuptw kate,grafen katagra,fw avne,kuyen avnaku,ptw avnama,rthtoj avnama,rthtoj

(16)

1a) de alguém que não tem pecado 1b) de alguém que não pode pecar

verb imperative aorist active 3rd person singular from 1) lançar ou jogar uma coisa sem cuidar aonde ela cai

1a) espalhar, lançar, arremessar

1b) entregar ao cuidado de alguém não sabendo qual será o resultado 1c) de fluidos

1c1) verter, lançar aos rios 1c2) despejar

2) meter, inserir

8:10 e 8:11

verb indicative aorist active 3rd person singular from verb indicative present active 1st person singular from 1) emitir julgamento contra, julgar digno de punição

1a) condenar

1b) pelo bom exemplo, tornar a maldade de outro mais evidente e censurável verb imperative present active 2nd person singular from

1) não ter parte em 2) errar o alvo

3) errar, estar errado

4) errar ou desviar-se do caminho da retidão e honra, fazer ou andar no erro 5) desviar-se da lei de Deus, violar a lei de Deus, pecado

baletw ba,llw

kate,krinen katakri,nw

katakri,nw katakri,nw

(17)

5.2. Principais ensinamentos. Teologia 5.2.1. O interprete da Lei.

Jesus se apresenta neste texto como o Mestre por excelência. Não somente assume a postura de um Rabi, que segundo o costume e os textos do Evangelhos, se assenta21 para ensinar como o fazem os mestres, está no templo, cercado de discípulos e é tratado pelos escribas e fariseus como tal, ainda que ironicamente. Além disto é solicitado a fazer uma interpretação da lei. Os próprios inimigos ao tratarem ironicamente Jesus como um intérprete autorizado da lei, armam para si mesmos uma armadilha fatal.

Jesus se apresenta aqui como o interprete da lei e neste sentido há paralelo com outras passagens de Lucas e João tais como: Lc. 3:12; 7:40; 9:38; 10:25; 11:45; 12:13; 18:18; 19:39; 20:21, 28, 39; 21:7; Jo. 1:38; 8:4; 20:16.

Ë interessante notar que Jesus não desautoriza a lei de Moisés, ele a confirma. Sua interpretação, no entanto não é farisaica. A atitude dos fariseus, embora parecesse ser zelosa para com a lei, na verdade era uma desculpa para burlá-la. Onde estava o homem com quem esta mulher estava adulterando? Seu julgamento é parcial e distorcido.

Jesus, no entanto, aplica a lei por inteiro e a faz atingir os próprios acusadores que se sentem acusados pela própria consciência e não são capazes de levar adiante o seu intento.

Ao ser convocado como interprete da lei, ele a interpreta e aplica, ao ser interpelado como juiz, ele julga e aplica a si mesmo uma prerrogativa que só a Deus pertence: Ele a absolve e não a condena, embora, ela fosse, de fato culpada.

Aqui entra em cena, outro aspecto da atuação messiânica de Cristo: O messias tem status real e como tal, tem a prerrogativa de julgar.

Jesus apresenta-se também como o novo Moisés, pois ele vem do monte das Oliveiras, como Moisés que subiu ao monte para receber de Deus a lei, ao chegar ao templo ele se assenta e assentado ensina, decide, julga e absolve.

5.2.2.A atitude de Jesus para com os pequeninos

A mulher aqui, como em Lucas 7:36 ss é uma representante de um grupo de pessoas por quem Jesus tem uma atenção muito especial. São os deixados de lado. Em João, como em Lucas, as mulheres, os estrangeiros, os que são abandonados à beira do tanque, os cegos e esquecidos são objeto especial da atenção do mestre, que veio buscar e salvar o perdido. 22 Em João, especialmente, as mulheres são inseridas no Ministério de Jesus e participam dele de uma maneira especial. Assim, uma mulher samaritana é a primeira dentre os samaritanos a beber da água viva que jorra para a vida eterna e se torna a primeira evangelista daquela região23. São as irmãs de Lázaro que merecem de Jesus um viagem perigosa, arriscando-se a ser morto pelos judeus, apenas para restaurar o irmão às irmãs Marta e Maria24. Uma mulher o unge e é a única dentre os discípulos que percebe o “segredo messiânico”, ungindo-o para a sua morte, que se aproximava, enquanto ele é servido por uma diaconiza25, Marta. É Maria Madalena a primeira

21 Mateus 23:2 diz: Na cadeira de Moisés, se assentaram os escribas e os fariseus. O

termo grego é o mesmo.

22Lucas 19:10 23João 4. 24João 11

25kai. h` Ma,rqa dihko,nei (João 12:2) O termo servir é o mesmo usado para o ofício

(18)

testemunha da ressurreição e encarregada de “evangelizar” os outros discípulos com a declaração central do Evangelho26.

Enfim, Jesus, nesta perícope, mostra um relacionamento restaurador da dignidade da mulher, diante dos preconceitos e atitudes do ambiente judeu palestinense onde a perícope é ambientada. Seria este um indício das características da comunidade a quem a perícope se dirige. Teríamos aí um indicativo do Sitz im leben da perícope. Aparentemente, sim.

5.2.3. Não julgamento, mas perdão

O evangelho de João repete a expressão: “eu a ninguém julgo” em duas ocasiões. Em 8:1527 ele se compara aos fariseus, contrastando-se com eles: “Vós julgais segundo a

carne, eu a ninguém julgo.”, e em 12:4728 “Se alguém ouvir as minhas palavras e não as

guardar, eu não o julgo; porque eu não vim para julgar o mundo, e sim para salvá-lo.”. Neste contexto da teologia de João, a perícope da mulher adúltera é uma ilustração perfeita da missão à qual Jesus se propõe. Ele não veio para julgar, no sentido de condenar, mas para salvar!

Ao ser confrontado como Juiz, ele, mesmo assim, não julgou. O texto diz: “Erguendo-se Jesus e não vendo a ninguém mais além da mulher, perguntou-lhe: Mulher, onde estão aqueles teus acusadores? Ninguém te condenou? Respondeu ela: Ninguém, Senhor! Então, lhe disse Jesus: Nem eu tampouco te condeno; vai e não peques mais.”29 Sua atitude é de perdão. E o perdão não destrói, restaura, dá vida!30

sua composição, é bem possível que para os leitores de João, o termo esteja associado ao ofício diaconal.

26João 20:17,18.

27 BGT

João 8:15u`mei/j kata. th.n sa,rka kri,nete( evgw. ouv kri,nw ouvde,naÅ

28 BGT

João 12:47 kai. ev a,n ti,j mou avkou,sh| tw/n r`hma,twn kai. mh. fula, xh|( evgw. ouv kri,nw  auvto,n\ ouv ga.r h=lqon i[na kri,nw to.n ko,smon( avllV i[na sw,sw to.n ko,smonÅ

29João 8:10-11 30João 10:10.

(19)

6. Conclusão

Embora esta passagem seja claramente uma interpolação, tanto em João como em Lucas, no entanto, a perícope nos revela um Jesus inteiramente de acordo com o retrato pintado tanto por João, como por Lucas e também apresentado nos outros evangelhos. Sua atitude de mestre da lei contrasta com a atitude dos escribas e fariseus para quem a lei pode ser distorcida para servir aos seus propósitos.

A atualidade desta perícope relaciona-se à atitude farisaica que ainda impera em nossas comunidades eclesiásticas e socais.

O pecado do outro só me interessa à medida que eu posso me utilizar dele para os meus propósitos pessoais. Ressaltar o pecado alheio e expô-lo também serve para que o meu próprio pecado seja encoberto. O julgamento é parcial e interesseiro. Não interessa a  justiça ou o espírito da lei. A punição não visa a correção e sim a interesses escusos,

inconfessáveis.

Para dias assim, as palavras de Jesus, registradas nesta perícope são de um impacto e atualidade insuperáveis:

“Aquele que dentre vós estiver sem pecado seja o primeiro que lhe atire pedra.” Para todos aqueles que se candidatam ao cargo de fariseu, e:

“...onde estão aqueles teus acusadores? Ninguém te condenou? ... Nem eu tampouco te condeno; vai e não peques mais.”

Para todos aqueles que são capazes de reconhecer os seus erros e querem viver uma nova vida com Cristo Jesus.

(20)

7 .Bibliografia

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Hendriksen, William. João, Comentário do Novo Testamento. Editora Cultura Cristã. São paulo. SP, 2004

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Mazzarolo, Isidoro. Nem aqui, nem em Jerusalém. Rio de janeiro. Mazzarolo Editor, 2001.

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Vielhauer, Philipp. História da Literatura Cristã primitiva. Santo André. SP. Editora Academia Cristã Ltda, 2005 p. 481-488

Läpple, Alfred. Bíblia, interpretação atualizada e Catequese. Vol. 4. São Paulo. SP. Edições Paulinas.

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