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TRATAMENTO DE EFLUENTES LÍQUIDOS DE CURTUMES: UMA CONCEPÇÃO ALTERNATIVA E APRESENTAÇÃO DE CUSTOS

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TRATAMENTO DE EFLUENTES LÍQUIDOS DE CURT UMES:

UMA CONCEPÇÃO ALTERNATIVA E APRESENTAÇÃO DE

CUSTOS

Marle J. Ferrari Júnior (1)

Engenheiro Civil (UFMG, 1994), Especialista em Engenharia Sanitária (UFMG, 1994), Mestre em Saneamento e Meio Ambiente (UFMG, 1996). Pesquisador do PROSAB (Programa de Pesquisa em Saneamento Básico).

Patrícia Cristina da Silva

Engenheira Química (UFMG, 1993), Mestre em Saneamento e Meio Ambiente (UFMG, 1996). Responsável pelo laboratório de análises Físico-Químicas e Microbiológicas da LIMNOS - Hidrobiologia e Limnologia Ltda.

Carlos Augusto de Lemos Chernicharo

Engenheiro Civil, Especialista e Mestre em Engenharia Sanitária pela UFMG. Doutor em Engenharia Ambiental pela Universidade de Newcastle upon Tyne (Inglaterra). Professor adjunto do Departamento de Engenharia Sanitária e Ambiental da UFMG. Consultor na área de Poluição das Águas. e-mail: calemos@net.em.com.br.

Marcos von Sperling

Engenheiro Civil. Doutor em Engenharia Ambiental pelo Imperial College, Universidade de Londres. Professor adjunto do Departamento de Engenharia Sanitária e Ambiental (DESA) da UFMG. Consultor na área de Poluição das Águas. e-mail: sperling@africanet.com.br

Endereço(1): Departamento de Engenharia Sanitária e Ambiental - UFMG - Av. do Contorno,

842, 7o andar - Belo Horizonte - MG - CEP: 30110-060 - Brasil - Tel: (031) 238-1889 - Fax. (031) 238-1879 - e-mail: marle@cce.ufmg.br.

RESUMO

O trabalho retrata um estudo em uma estação piloto, com a duração de 14 meses, utilizando-se duas linhas de tratamento combinando um reator anaeróbio seguido de um reator aeróbio para o tratamento de efluentes líquidos oriundos de indústrias de curtimento de peles e couros. Uma das linhas de tratamento era composta por um reator anaeróbio de manta de lodo (UASB) seguido por um reator de lodos ativados com aeração intermitente enquanto que a segunda linha de tratamento era composta por um Filtro Anaeróbio seguido por um Biofiltro Aerado. Tendo sido obtidos resultados satisfatórios do ponto de vista ambiental e legal, partiu-se para o levantamento do custo de implantação das alternativas pesquisadas e posteriormente o custo de operação para a opção de menor custo de implantação. A comparação dos custos operacionais da opção menos custosa em termos de implantação com a alternativa convencional de tratamento mostra que esta proposta de tratamento apresenta-se bastante viável, do ponto de vista econômico-financeiro.

(2)

PALAVRAS -CHAVE: Efluentes de Curtumes, Custos de Implantação, Custos de Operação,

(3)

INTRODUÇÃO

A indústria de curtimento de peles e couros em Minas Gerais apresenta -se como um grande setor do parque industrial, sendo responsável pelo fornecimento de mais de 20.000 empregos diretos além de um grande número de empregos indir etos em indústrias de calçados, vestimentas e acessórios. Como resultado da intensa atividade produtiva das empresas de curtimento do Estado de Minas Gerais, a poluição hídrica gerada pelas indústrias cadastradas pelo órgão ambiental equivale à população de uma cidade de mais de 3.000.000 de habitantes, do porte da grande Belo Horizonte (6).

A tecnologia convencional de tratamento de efluentes líquidos compõe-se de uma unidade de tratamento físico-químico (oxidação de sulfetos, precipitação de cromo e ajuste de pH) e uma unidade de tratamento biológico, que concentra-se basicamente no uso de lagoas de estabilização (aeradas mecanicamente e facultativas) ou em sistemas de lodos ativados nas suas diversas variantes. O uso de processos anaeróbios dito modernos, de biomassa suspensa ou aderida, no tratamento dos efluentes líquidos de curtumes não se constitui em uma alternativa avaliada adequadamente pelos projetistas, em virtude de conceitos pré-definidos quanto à bioquímica do processo.

Conhecidas as vantagens e desvantagens dos sistemas que se utilizam da digestão anaeróbia e daqueles que se utilizam da degradação aeróbia da matéria orgânica contida nos efluentes líquidos (industriais e domésticos), observa -se atualmente uma tendência de combinação desses processos, de modo que o sistema anaeróbio atue como pré-tratamento, recebendo, assim, o aporte de uma carga poluidora mais elevada. Tendo sido removida uma parte da carga poluidora no pré-tratamento anaeróbio, é necessário um sistema de pós-tratamento aeróbio, a fim de que o sistema como um todo possa atingir os níveis requeridos do ponto de vista ambiental e legal (5). Além disso, esse sistema aeróbio apresentará menores requisitos energéticos que um sistema semelhante nas mesmas condições, uma vez que haverá remoção prévia de parte da carga poluidora por um sistema anaeróbio.

Um estudo sobre o tratamento de efluentes líquidos de indústrias de curtimento de peles e couros (curtumes) foi realizado durante 14 meses em uma estação piloto, instalada na cidade de Itaúna, MG (98 km a sudoeste de Belo Horizonte), seguindo essa tendência atual de combinação entre sistemas anaeróbios e sistemas aeróbios. A concepção da estação piloto apresentava as seguintes unidades:

? Reator anaeróbio de manta de lodo e fluxo ascendente (UASB) seguido por reator de lodos ativados com aeração intermitente;

? Filtro anaeróbio de fluxo ascendente seguido por um biofiltro aerado submerso.

Uma unidade de armazenamento dos efluentes, composta por uma caixa de fibrocimento de 1.000 l, permitia que fosse realizada as operações químicas necessárias, como ajuste de pH e oxidação dos sulfetos presentes nos efluentes líquidos.

(4)

OBJETIVOS

O presente artigo tem os seguintes objetivos principais:

? Descrição de uma estação de tratamento de efluentes líquidos de curtumes dentro da tendência atual de combinação de processos anaeróbios e aeróbios;

? Estimativa dos custos de implantação de uma estação em escala real, dentro da concepção proposta, para indústrias com porte pré-definido;

? Estimativa do custo operacional para a alternativa de menor custo de implantação e comparação com uma das alternativas convencionais de tratamento de efluentes líquidos, com valores atualizados para 5, 10 e 15 anos de operação da estação de tratamento.

METODOLOGIA

Considerações Iniciais

Para consecução dos objetivos propostos anteriormente foi levado em conta o período operacional da estação piloto, bem como os resultados obtidos, tanto quantitativamente quanto qualitativamente (através de observações realizadas "in loco" pelos autores).

Os resultados quantitativos foram obtidos submetendo-se as diversas linhas de efluentes a um programa de amostragem e análises físico-químicas destinadas à avaliação da eficiência de cada unidade separadamente. Assim, o afluente aos reatores anaeróbios, seus efluentes, que consistiam dos afluentes aos reatores aeróbios, e o efluentes finais foram analisados em respeito à DQO, DBO, aos SST, Sulfatos (SO4

2-), Sulfetos (S2-), Cromo total, alcalinidade, pH e produção de biogás (no caso dos reatores anaeróbios).

Concepção da Estação

A caracterização dos efluentes líquidos de industrias de curtimento, apresentada na Tabela 1, evidencia a natureza complexa desses efluentes principalmente em relação aos sulfetos e cromo presentes. Esses elementos são inerentes ao processo produtivo, sendo os sulfetos (principalmente sulfeto de sódio, em conjunto com o hidróxido de cálcio) os responsáveis pela remoção dos pelos e do sistema epidérmico das peles "in natura" e o cromo (principalmente sulfato de cromo) o responsável pela transformação da pele em material estável e imputrescível, isto é, o couro.

Tabela 1: Caracterização de efluentes líquidos de curtumes.

Fonte DQOt (mg/l) DQOf (mg/l) DBO (mg/l) S2- (mg/l) Cr (mg/l) SO4 (mg/l) SST (mg/l) pH I 6.000 2550 - 3300 1.000 - 1.700 240,00 60 - 160 2.000 - 3.300 2.000 - 4.000 7,3 - 8,3 II 7250 - 2350 26,0 94,0 - - 8,6 III 1575 - - 869 - 23 - 91 24,2 - 42,0 - - 6,9 -

(5)

4080 1250 7,8

I: (5) e (9) II: (3) III:(12)

Em virtude da grande variação quantitativa e qualitativa, como mostra a tabela 1, dos efluentes ao longo de um dia de produção, própria do processo produtivo, há a necessidade de um tanque de equalização, com sistema de fornecimento de ar próprio. Tal sistema também auxiliará na oxidação dos sulfetos presentes além da manutenção do material particulado em suspensão.

A oxidação dos sulfetos presentes nos efluentes líquidos torna-se necessária em função da bioquímica dos sistemas anaeróbios que se seguem na concepção da estação, uma vez que estes compostos podem ser tóxicos aos microorganismos presentes, desde que em uma determinada concentração (7).

A toxicidade dos S2- em processos anaeróbios é dependente do pH (que influencia na espécie

iônica presente), do tipo de reator (biomassa suspensa ou aderida), da composição do substrato como um todo e do estado em que o sulfeto se encontra, um vez que se estiver insolúvel não apresentará toxicidade (5).

Em valores de pH abaixo de 8 o equilíbrio químico observado na dissociação do H2S

desloca-se rapidamente para a formação deste, que é tóxico. Para pH acima de 8 a maior parte do enxofre na solução existe como bissulfito (HS--) e sulfetos (S2-), sendo que em pH acima de 9 a forma gasosa (volátil) estará ausente (8). A toxicidade do H2S criado depende de certa

maneira, ainda, da quantidade de gás produzido, em sistemas metanogênicos. De acordo com HULSHOFF POL, citado em (5), a toxicidade do H2S diminuirá com o aumento da DQO,

pois quanto maior a DQO mais gás será produzido e menor será a quantidade de H2S no

líquido.

O sistema de digestão anaeróbia, seguinte ao sistema de oxidação dos sulfetos, baseia-se na utilização de duas alternativas, testadas na estação piloto, compostas por um reator anaeróbio de fluxo ascendente e manta de lodo (UASB) e um filtro anaeróbio de fluxo ascendente, com recheio de material plástico. O sistema aeróbio, como etapa final de tratamento, é composto por um reator de lodos ativados com aeração intermitente, seguindo o reator UASB, e um biofiltro aerado, com recheio de bilhas de isopor, seguindo o filtro anaeróbio. As principais características das unidades piloto são descritas a seguir:

? Alternativa I: UASB + Lodos Ativados com aeração intermitente

A alternativa I é compostas por reatores de biomassa suspensa, com as características principais apresentadas na tabela 2, a seguir:

Tabela 2: Características principais dos reatores da Alternativa I.

Reator UASB

Volume Total ( litros ) 450

Altura Total ( cm ) 450

Altura do compartimento de digestão ( cm ) 350

Altura do compartimento de decantação ( cm ) 100

Diâmetro do compartimento de digestão ( mm ) 300

Diâmetros do compartimento de decantação ( mm ) 300 ( menor ) x 600 ( maior )

(6)

Reator de Lodos Ativados com aeração intermitente

Volume ( litros ) 270

Comprimento ( cm ) 100

Altura total ( cm ) 80

Largura ( cm ) 45

Material construtivo Acrílico

? Alternativa II: Filtro Anaeróbio + Biofiltro Aerado

A alternativa II é composta por reatores de biomassa aderida, com as características principais apresentadas na tabela 3, a seguir:

Tabela 3: Características principais dos reatores da Alternativa II.

Filtro Anaeróbio

Volume Total ( litros ) 270

Altura Total ( cm ) 450

Diâmetro ( mm ) 300

Material de enchimento Anéis plásticos, 50 mm

Material construtivo Fibra de vidro

Biofiltro aerado

Volume ( litros ) 60

Altura Total ( cm ) 400

Diâmetro ( mm ) 150

Material de enchimento Bilhas de isopor, 2 mm

Material construtivo Acrílico

A concepção de uma estação em escala real, com fins de levantamento de custos, deverá levar em conta as linhas descritas acima.

Análise de custos

Estimativa dos Custos de Implantação das Alternativas Apresentadas

A estimativa dos custos de implantação das estações de tratamento foi determinada a partir da definição do porte das indústrias que melhor representasse a situação do parque industrial mineiro e do pré-dimensionamento das diversas unidades que compõem o sistema de tratamento, computando-se os custos de serviços e materiais/equipamentos. Na definição do lay-out da linha de produção levou-se me conta aquele que contemplasse um curtume completo, partindo da pele verde/salgada até o produto final, acabado, com curtimento ao cromo, uma vez que esta é a principal concepção presente nos curtumes mineiros (1).

O porte selecionado para as indústrias foi de 100 e 200 peles/dia, que requerem instalações para 100 m3/dia e 200 m3/dia, respectivamente, uma vez que curtumes completos utilizam, normalmente, 1 m3 de água por pele processada (1).

Determinados o porte e o lay-out das indústrias, partiu-se para o pré-dimensionamento das diversas unidades que compõem o sistema de tratamento, computando-se separadamente os custos de serviços e materiais/equipamentos. As unidades de tratamento consideradas nos levantamentos de custos foram as seguintes:

(7)

? Unidade de equalização

? Reator biológico anaeróbio

? Reator biológico aeróbio

O resumo das estimativas dos custos de implantação das unidades de tratamento é apresentado na tabela 4 e na figura 1 a seguir.

(8)

Tabela 4: Resumo das estimativas dos custos de implantação.

Unidade de Tratamento Categoria Alternativa I Alternativa II

de Custos 100 m3/dia 200 m3 /dia 100 m3/dia 200 m3 /dia

Serviços 2849,00 3.653,00 2849,00 3.653,00

Tratamento Preliminar (T.P) Materiais 8417,00 11.417,00 8417,00 11.417,00

Total 11.266,00 15.070,00 11.266,00 15.070,00

Serviços 6.695,00 10.339,00 6.695,00 10.339,00

Tanque de Equalização (T.E) Materiais 26.989,00 28.876,00 26.989,00 28.876,00

Total 33.684,00 39.125,00 33.6 84,00 39.125,00

Serviços 13.075,00 20.757,00 15.026,00 24.271,00

Reator Anaeróbio (R.An) Materiais 14.659,00 24.388,00 31.846,00 60.550,00

Total 27.734,00 45.095,00 46.872,00 84.822,00

Serviços 21.576,00 33.835,00 9.455,00 18.849,00

Reator Aeróbio (R.A) Materiais 44,.640,00 46.800,00 22.200,00 31.306,00

Total 66.216,00 80.635,00 31.655,00 50.155,00

Total Geral 138.900.00 180.015,00 123.477,00 189.262,00

Estimativa dos Custos de Implantação das Unidades de Tratamento

11266 15070 11266 15070 33684 39215 33684 39215 27734 45095 46872 84821 66216 80635 34655 50155 0,00 20.000,00 40.000,00 60.000,00 80.000,00 100.000,00 120.000,00 140.000,00 160.000,00 180.000,00 200.000,00 I - 100 I - 200 II - 100 II - 200 A l t e r n a t i v a - V a z ã o ( m 3 / d i a )

T.P T.E R.An R.A

Figura 1: Estimativa dos Custos de Implantação das Unidades de Tratamento. Estimativa dos Custos Operacionais

Como pode ser analisado através da tabela 4, a alternativa que apresenta o menor custo de implantação é um híbrido da alternativa I e II: o reator anaeróbio composto pelo reator UASB e o reator aeróbio composto pelo biofiltro aerado.

A estimativa dos custos operacionais para a opção de menor custo de implantação tem como objetivo principal fornecer uma simulação dos mesmos ao longo dos anos e comparar com os custos de operação de uma estação de tratamento convencional. Para efeito desta comparação considera-se a alternativa convencional aquela composta pelas seguintes unidades:

? Tratamento preliminar (gradeamento, remoção de gorduras, peneiras)

? Tanque de equalização

? Tratamento físico-químico (oxidação de sulfetos e precipitação de cromo)

(9)

? Tratamento aeróbio (lodos ativados)

Assim, os custos operacionais para curtumes completos (salgado a acabado) foram estimados avaliando-se os aspectos mais relevantes e que diferenciam uma unidade da outra, de acordo com o seguinte:

a) Custos operacionais com energia elétrica

Foram estimados a partir das potências dos equipamentos de aeração, considerando-se que funcionam 24 horas/dia e da determinação da faixa de específica de tarifa, de acordo com a legislação vigente no Estado (R$ 37,17 / Mwh).

A tabela 5 a seguir apresenta o resumo dos custos operacionais com energia elétrica para a alternativa pesquisada (proposta) e a alternativa convencional.

Tabela 5: Estimativa dos custos com energia elétrica.

Porte do curtume Potência instalada (kW) Potência anual consumida

(MWh/ano)

Custo com energia elétrica (R$/ano)

(peles/dia) Alt. Pesq. Alt. Conv. Alt. Pesq. Alt. Conv. Alt. Pesq. Alt. Conv.

100 19,9 21,9 174,3 191,8 6.479,62 7.130,84

200 29,9 32,9 261,9 288,2 9.735,72 10.712,54

b) Custos operacionais com produtos químicos

Os custos operacionais com produtos químicos para as alternativas propostas basearam-se no consumo verificado durante a operação da estação piloto e dados bibliográficos (3), para correção de pH - visto ser a única etapa do processo que torna necessária a utilização de produtos químicos. Para a alternativa de tratamento convencional os produtos químicos considerados foram: sulfato de alumínio, polieletrólitos, óxido de cálcio, ácido sulfúrico e sulfato manganoso (3).

As tabelas 6 e 7 apresentam, respectivamente, os consumos previstos e o resumo dos custos operacionais com produtos químicos.

Tabela 6: Estimativa de consumo de produtos químicos.

Produto Consumo Unidade Custo Unitário Custo Total por m3 efl (R$)

(R$) Alt. Pesq. Alt. Conv.

Sulfato de alumínio 0,50 kg / m3 efl. 0,30 - 0,15

Polieletrólitos 0,0010 kg / m3 efl. 8,00 - 0,01

Óxido de cálcio 1,00 kg / m3 efl. 0,30 - 0,30

Ácido sulfúrico 0,03 kg / m3 efl. 0,33 - 0,01

Sulfato manganoso 0,08 kg / m3 efl. 1,20 - 0,10

Gás carbônico 0,80 kg / m3 efl. 0,40 - 0,48 0,40 - 0,48 -

Total 0,40 - 0,48 0,56

Tabela 7: Estimativa dos custos com produtos químicos.

Porte do curtume Custo Diário com Produtos Químicos

(R$/dia)

Custo Anual com Produtos Químicos (R$/ano)

(10)

100 48,00 55,79 17.520,00 20.363,35

200 80,00 111,58 29.200,00 40.726,70

c) Custos operacionais com transporte e disposição de lodo

A partir das taxas de produção de sólidos estimadas para o sistema, em ambas as alternativas propostas, através da operação das unidades na estação piloto, pode-se estimar o custo de transporte e disposição final de lodo excedente do sistema em escala real. Para a alternativa convencional, adotaram-se os índices indicados na bibliografia (3). O custo de transporte foi obtido através de consultas a empresas especializadas, para incorporação de resíduos sólidos classe II em material cerâmico.

Para a alternativa proposta de tratamento, a taxa de produção de sólidos total (reator anaeróbio e reator aeróbio) é de 0,53 kg ST/ m3 afluente, enquanto que na alternativa convencional a taxa total de produção de sólidos é de 3,1 kg ST / m3 afluente.

A tabela 8 apresenta uma estimativa dos custos operacionais com transporte e disposição final de lodo excedente:

Tabela 8: Estimativa dos custos com transporte e disposição final de lodo excedente.

Porte do curtume Produção Diária de Lodo

(kgST/dia)

Custo Unitário Transp e Disp. (R$/tonelada)

Custo Anual com Transporte e Disposiçào Final (R$ / ano)

(peles/dia) Alt. Pesq. Alt. Conv. - Alt. Pesq. Alt. Conv.

100 53 310 130,00 2.514,85 14.709,50

200 106 620 130,00 5.029,70 29.419,00

A figura 2 apresenta um resumo dos custos operacionais para as alternativas pesquisada e convencional.

Estimativa dos Custos Operacionais das Unidades de Tratamento

0,00 5.000,00 10.000,00 15.000,00 20.000,00 25.000,00 30.000,00 35.000,00 40.000,00 45.000,00

Energia Elétrica Produtos Químicos Transporte de Lodo

Item de Composição do Custo

Valor (R$)

Pesq. 100 Conv. 100 Pesq. 200 Conv. 200

Figura 2: Estimativa dos Custos Operacionais.

(11)

De posse dos custos operacionais da alternativa proposta de menor custo de implantação e dos custos operacionais da alternativa convencional, pode-se atualizar o valor presente correspondente para 5, 10 e 15 anos de operação da estação de tratamento, resumidos na tabela 9 e nas figuras 3 e 4, a seguir:

Tabela 9: Resumo dos custos operacionais (Valor Presente).

Porte do Curtume Alternativa Pesquisada Alternativa Convencional

(peles/dia) 5 anos 10 anos 15 anos 5 anos 10 anos 15 anos

100 88.880,63 133.070,01 155.039,94 141.473,32 211.810,56 246.780,60

200 147.378,89 220.652,25 257.082,05 271.049,37 405.808,81 472.808,07

Custos Operacionais - Curtume 100 peles/dia (Valor Presente)

0,00 50.000,00 100.000,00 150.000,00 200.000,00 250.000,00

5 anos 10 anos 15 anos

Período operacional

Valor (R$)

Alt. Pesquisada Alt. Convencional

Figura 3: Resumo dos custos operacionais - curtumes 100 peles/dia (Valor Presente).

Custos Operacionais - Curtume 200 peles/dia

0 100000 200000 300000 400000 500000

5 anos 10 anos 15 anos

Período Operacional

valor (R$)

Alt. Pesquisada Alt. Convencional

(12)

CONCLUSÕES

Com base no resumo dos custos apresentados e nos estudos efetuados, tanto em nível de concepção de tratamento quanto de levantamento de custos, pode-se concluir o seguinte:

? A alternativa de tratamento para efluentes líquidos de curtumes envolvendo a combinação de processos anaeróbios e aeróbios se apresenta como uma alternativa viável, tanto do ponto de vista científico, comprovado através de uma extensa revisão bibliográfica e operação de unidades em escala piloto (5) e (9), quanto do ponto de vista econômico-financeiro, comprovado através dos estudos de estimativa de custos efetuados(2).

? Os custos de implantação das alternativas de tratamento pesquisadas, considerando-se curtumes completos com capacidade de produção de 100 e 200 peles/dia, são da mesma ordem de grandeza, conforme pode-se observar a partir da tabela 2 e figura 1. Em relação à alternativa convencional os custos de implantação da alternativa pesquisada foram aproximadamente 12% menores para curtumes de 100 peles/dia e 4% maiores para curtumes de 200 peles/dia (embora ao se computar o custo de implantação e de operação em 10 anos, atualizado, a alternativa pesquisada apresentou um valor 33% menor que da alternativa convencional). Para efeito de comparação ente as alternativas propostas e a convencional foram consultados (4) e (2).

Embora tenham trabalhado com esgotos domésticos KAMIYAMA & TSUTIYA apresentaram resultados semelhantes para um sistema formado por lodos ativados por batelada, em relação aos custos de implantação (11). SILVA, ALÉM SOBRINHO & GARCIA JÚNIOR também apresentaram custos inferiores para um alternativa composta de reatores UASB seguidos por lodos ativados, tratando esgotos sanitários com elevada parcela de contribuição industrial (10). Deve-se ressaltar que os custos apresentados são apenas estimativas, não devendo ser tomados como custos totais absolutos. Estes só podem ser definidos, com maior precisão, após a elaboração dos projetos executivos da estação de tratamento, quando devem ser levadas em consideração as especificidades de cada curtume e da própria unidade de tratamento.

? Os custos operacionais das alternativas de tratamento pesquisadas são significativamente inferiores aos custos da alternativa convencional. As diferenças, a favor das alternativas pesquisadas, são da ordem de 37% e 46%, para curtumes de 100 e 200 peles/dia, respectivamente. Estas diferenças são tanto maiores quanto maior o porte do curtume. Novamente, os custos operacionais apresentados são apenas estimativas, objetivando apenas a comparação relativa entre uma alternativa e outra. Foram considerados somente os aspectos mais relevantes que se diferenciam entre as duas alternativas. Os custos operacionais totais só podem ser definidos com maior precisão após a elaboração dos projetos executivos, quando devem ser consideradas as particularidades de cada curtume e da própria unidade de tratamento.

(13)

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

1. CHERNICHARO, C..A.L., FERRARI Jr., M.J., SILVA, P.C. et al. Desenvolvimento tecnológico para controle ambiental nos pequenos e médios curtumes de Minas Gerais; Tomo I, Vol. I. Departamento de Engenharia Sanitária e Ambiental, Escola de Engenharia da UFMG. Belo Horizonte, 1996.

2. CHERNICHARO, C..A.L., FERRARI Jr., M.J., SILVA, P.C. et al. Desenvolvimento tecnológico para controle ambiental nos pequenos e médios curtumes de Minas Gerais; Tomo IV, anexo II. Departamento de Engenharia Sanitária e Ambiental, Escola de Engenharia da UFMG. Belo Horizonte, 1996.

3. CLAAS, I.C. & MAIA, R. A. M. Manual básico de resíduos industriais de curtume. Porto Alegre: SENAI/RS, 1994. 664p.

4. CLAAS, I. C. & MAIA, R. A. M. Análise de custos de implantação e operação de tecnologias limpas, comparados com custos de implantação e operação de tecnologias convencionais. Centro Tecnológico do Couro - SENAI, Estância Velha, RS. Comunicação Interna, Projeto DESA-GTZ, 1996.

5. FERRARI Jr., M. J. Tratamento de Efluentes Líquidos de Curtumes Utilizando um Sistema UASB - Lodos Ativados com Aeração Intermitente. Belo Horizonte: Departamento de Engenharia Sanitária e Ambiental da UFMG, 1996. 168 p (Dissertação, Mestrado em Saneamento e Meio Ambiente)

6. FUNDAÇÃO ESTADUAL DO MEIO AMBIENTE (FEAM): Histórico da situação ambiental dos curtumes no Estado de Minas Gerais. Comunicado apresentado no 1º Seminário sobre controle ambienta de pequenos e médios curtumes em Minas gerais. Belo Horizonte, projeto DESA/GTZ, 1995.

7. HULSHOFF POL, L. W. Tratamento anaeróbio de efluentes. Curso ministrado no Departamento de Engenharia Sanitária e Ambiental, Escola de Engenharia da UFMG, Projeto DESA/GTZ. 13 a 15 de março, 1996.

8. SAWYER, C.N. & McCARTY, P.L: Chemistry for environmental engineerirng. Singapore, Ed McGraw - Hill., 1985.

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Referências

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