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o Ministério Público Federal propôs a presente ação civil

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18 VARA FEDERAL

SENTENÇA TIPO A

Processo nO 3859-49.2012.01.4200 Requerente: Ministério Público Federal

Requeridos: Conselho Federal de Educação Física - CONFEF- e outro

SENTENCA

I - Relatório

o

Ministério Público Federal propôs a presente ação civil pública em face do Conselho Federal de Educação Física - CONFEF - e do Conselho Regional de Educação Física da 88 Região - CREF, objetivando a

declaração de ilegalidade e inconstitucionalidade do art. 30 da Resolução CONFEF nO 182/2009, por violar a reserva legal para tratar de limitações ao exercício de profissões, conforme disposto no art. 50, XIII, da Constituição Federal.

Pediu antecipação dos efeitos da tutela com o objetivo de impedir suposta restrição indevida ao campo de atuação dos profissionais de Educação Física.

Segunda narra a inicial, o CREF, com fundamento na resolução editada pelo CONFEF, emite carteiras profissionais com restrição de áreas de atuação, de modo que aqueles com licenciatura podem atuar somente na educação básica, enquanto os que optam pelo bacharelado são autorizados a atuar em outras áreas que não o magistério, conduta que, segundo entende, não encontra respaldo na Lei que regulamenta o exercício da profissão de Educação Física (Lei 9.696/98).

o

Conselho Federal de Educação Física - CONFEF -apresentou contestação a fls.119/168, onde discordou das alegações do MPF e defendeu a legalidade da conduta. Sustenta, em síntese, competência outorgada pela União para o desempenho da atividade d

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Pr o c e550 nO 3859-49.20124.01.42.00 PágIna 2 de 6

polícia administrativa, que abrange o controle sobre as pessoas jurídicas constituídas para prestar serviços ou exercer atividades básicas ligadas às respectivas profissões, o que justifica o poder de fiscalização e imposição de normas inerentes ao exercicio profissional, não havendo que se falar em violação a principios constitucionais.

Réplica à fls. 278/283.

o

Conselho Regional de Educação Física da 8a Região não apresentou contestação, sendo declarada a sua revelia (fls. 284-v).

É

o relatório. II -

Fundamentos

A questão posta nos autos cinge-se à legalidade da Resolução editada pelo Conselho Federal de Educação Física que, segundo o MPF, restringiu a atuação dos graduados em curso de licenciatura, apenas à área de educação básica (escolar), impedindo-os de trabalhar em academias de ginástica, clubes, condomínios, parques ou qualquer outro ambiente não escolar.

No que tange à formação do profissional em Educação Física, a legislação atual possibilita duas vertentes de formação em nível superior: Licenciatura e Bacharelado.

A Licenciatura em Educação Física é regulada pelo Conselho Nacional de Educação através da Resolução CNE/CP nO01/2002, que institui Diretrizes Curriculares Nacionais para a Formação de Professores da Educação em nível superior, com base na Lei nO 9.394/96 (Lei de Diretri e e Bases), que estabeleceu que "a formação de docentes para atua educação básica far-se-á em nível superior, em curso de licenciatura,

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graduação plena, em universidades e institutos superiores de educação"

(art. 62).

No que diz respeito à duração e à carga horária do curso de Licenciatura, a Resolução CNE/CP nO 02/2002, dispõe, no que interessa:

Art. 10 A carga horária dos cursos de Formação de Professores da Educação Básica, em nível superior, em curso de licenciatura, de graduação plena, será efetivada mediante a integralização de, no mínimo, 2800 (duas mil e oitocentas) horas, nas quais a articulação teoria-prática garanta, nos termos dos seus projetos pedagógicos, as seguintes dimensões dos componentes comuns:

Art. 2° A duração da carga horária prevista no Art. 10 desta Resolução, obedecidos os 200 (duzentos) dias letivos/ano dispostos na LDB, será integralizada em, no mínimo, 3 (três) anos letivos.

Para tratar do Bacharelado em Educação Física, o Conselho Nacional de Educação editou também as Resoluções CNE/CP 07/2004 e 04/2009, que demanda a duração mínima de quatro anos e carga horária mínima de 3.200 horas.

o

art. 40 da Resolução CNE/CES nO 07/2004 também estipula distinções quanto ao "bacharel/graduado" e o "licenciado":

Art. 40 O curso de graduação em Educação Física deverá assegurar uma formação generalista, humanista e critica, qualificadora da intervenção acadêmico-profissional, fundamentada no rigor científico, na reflexão filosófica e na conduta ética.

9 10 O graduado em Educação Física deverá estar qualificado para analisar criticamente a realidade social, para nela intervir acadêmica e profissionalmente por meio das diferentes manifestações e expressões do movimento humano, visando a formação, a ampliação e o enriquecimento cultural das pessoas, para aumentar as possibilidades de adoção de um estilo de vida fisicamente ativo e saudável.

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9 2° O Professor da Educação Básica, licenciatura plena em Educação Física, deverá estar qualificado para a docência deste componente curricular na educação básica, tendo como referência a legislação própria do Conselho Nacional de Educação, bem como as orientações específicas para esta formação tratadas nesta Resolução.

A Resolução CNE/CP nO 01/2002 estabeleceu, ainda (art. 15), o prazo de dois anos (prorrogado até 15 OUT 2005 pela Resolução CNE/CP nO 2/2004) para que os cursos de formação de professores de educação física para a educação básica em funcionamento se adaptassem aos

novos

parâmetros curriculares. Desde então, os cursos de Licenciatura em Educação Física e Bacharelado em Educação Física passaram a representar graduações diferentes.

Assim, da leitura dos dispositivos acima citados percebe-se que cursos de Licenciatura e Bacharelado em Educação Física, apesar de formarem profissionais graduados em Educação Física, não se confundem: são regidos, cada um, por legislação específica própria, apresentam finalidades específicas, carga horária e disciplinas diferenciadas, áreas de conhecimento e intervenções profissionais diversas, de modo que, para atuar em área diversa da Educação Básica, o profissional graduado em Licenciatura deverá complementar a sua graduação com as disciplinas da modalidade Bacharelado, concluindo outro grau na área da Educação Física (dupla habilitação).

A Lei n. 9.131/95, que alterou a Lei n. 4.024/61 - Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, estabeleceu atribuições normativas ao Conselho Nacional de Educação, dentro as quais aquelas previstas no art. 70, ~10, f e no art. 90, do ~20, alínea "c", que permitem edição dos atos normativos acima mencionados.

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Com efeito, o estabelecimento de grade curricular, quantidade de carga horária de cursos de nível superior e a qualidade da formação do profissional em decorrência da carga horária e matérias cursadas apresentam-se como matérias possíveis de serem delimitadas por atos infralegais.

Sobre o tema, confira-se o julgado transcrito:

ADMINISTRATIVO - LICENCIATURA PLENA - EDUCAÇÃO FÍSICA - ÁREA DE ATUAÇÃO - RESTRIÇÃO - EDUCAÇÃO BÁSICA. LEI NO 9394/98 RESOLUÇÃO CREF/01 NO 042/2006 - REGISTRO DE DIPLOMA -RESOLUÇÃO DO CONSELHO FEDERAL DE EDUCAÇÃO NO 03/87 -RESOLUÇÕES DO CONSELHO NACIONAL DE EDUCAÇÃO NO 1/2002 E NO

7/2004. 1- De acordo com as Diretrizes Curriculares Nacionais para os

cursos de Educação Física, de 18/02/2004, o curso de Licenciatura em

Educação Física passou a formar profissionais exclusivamente para a Educação Básica, ou seja, para atuar nas escolas de Educação Infantil e do Ensino Fundamental e Médio, bem como para desempenhar atividades de planejamento, coordenação e supervisão de atividades pedagógicas do sistema formal de ensino.

2 - O licenciado pOderá também atuar em pesquisas relacionadas ao ensino e suas interfaces com outras áreas de estudo. Entretanto, os novos licenciados não podem atuar em academias, clubes e outros espaços não-escolares.

3 - O Bacharelado em Educação Física forma profissionais para a área não-escolar (clubes, academias, centros comunitários, hotéis, associações recreativas, empresas e outros). Seu objetivo é formar o profissional de Educação Física para atuar no planejamento, orientação e avaliação de programas de atividades físicas e saúde para grupos de crianças, jovens, adultos e idosos em condições saudáveis ou integrantes de grupos especiais (com fatores de risco, portadores de deficiência, gestantes e outros).

4 - A habilitação dos profissionais de Educação Física está segmentada de acordo com a divisão amparada em lei, de modo que os portadores de licenciatura não têm direito a registro, perante o Conselho, em todos

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os seguimentos abertos para os que cursaram a grade curricular

completa.

5 - O Curso de Educação Física ministrado ao autor concedeu-lhe a

formação em licenciatura de graduação plena, habilitando-o ao exercício de professor da educação básica. Corretamente que no seu registro profissional conste a atuação "educação básica.

6 - Precedentes: AC nO 2009.51.01.019618-4/RJ - Relator D.F. Guilherme Couto - E-DJF2R:14/12/2010; AC nO 2008.51.01.017160-2-Relator D. F. Paul Erik Dyrlund - DJU 03/08/2009; TRF da 3a Região -AC 0007935-90.2009.4.03.6100/5P -Relator D. F. Mareio Moraes - DE 26/10/2010.

7- Apelação desprovida. Sentença mantida.

(TRF2a Região, AC 200851010083350, Desembar9ador Federal FREDERICO GUEIROS, - SEXTA TURMA ESPECIALIZADA, 18/03/2011)

Nesse contexto, não vislumbro ilegalidade da Resolução CONFEF n. 182/2009, que determina expedição de cédula de identidade profissional que conste somente o campo de atuação compatível com a documentação de formação apresentada.

III - Dispositivo

Diante do exposto, julgo improcedente o pedido e extingo o feito com resolução de mérito, nos termos do art. 269, I, do

cpc.

Sem custas e honorários advocatícios.

Publique-se. Registre-se. Intime -se.

!

Boa Vista (RR), 11 de setembr, de

Referências

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