• Nenhum resultado encontrado

ESTUDO CFD DE UM TROCADOR DE CALOR CASCO E TUBO. Yuri Ogata

N/A
N/A
Protected

Academic year: 2021

Share "ESTUDO CFD DE UM TROCADOR DE CALOR CASCO E TUBO. Yuri Ogata"

Copied!
68
0
0

Texto

(1)

ESTUDO CFD DE UM TROCADOR DE CALOR CASCO E TUBO

Yuri Ogata

Projeto de Gradua¸c˜ao apresentado ao Curso de Engenharia Mecˆanica da Escola Polit´ecnica, Universidade Federal do Rio de Janeiro, como parte dos requisitos necess´arios `a obten¸c˜ao do t´ıtulo de Engenheiro.

Orientador: N´ısio de Carvalho Lobo Brum

Rio de Janeiro Agosto de 2020

(2)

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO Departamento de Engenharia Mecˆanica

DEM/POLI/UFRJ

ESTUDO CFD DE UM TROCADOR DE CALOR CASCO E TUBO

Yuri Ogata

PROJETO FINAL SUBMETIDO AO CORPO DOCENTE DO DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA MEC ˆANICA DA ESCOLA POLIT´ECNICA DA

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO COMO PARTE

DOS REQUISITOS NECESS ´ARIOS PARA A OBTENC¸ ˜AO DO GRAU DE ENGENHEIRO MEC ˆANICO.

Aprovada por:

Prof. N´ısio de Carvalho Lobo Brum, D.Sc.

Prof. Gabriel Lisbˆoa Verissimo, D.Sc.

Prof. Gustavo Rabello dos Anjos, Ph.D.

RIO DE JANEIRO, RJ – BRASIL AGOSTO DE 2020

(3)

Ogata, Yuri

Estudo CFD de um Trocador de Calor Casco e Tubo/ Yuri Ogata. – Rio de Janeiro: UFRJ/Escola Polit´ecnica, 2020.

XVI, 52 p.: il.; 29, 7cm.

Orientador: N´ısio de Carvalho Lobo Brum

Projeto de Gradua¸c˜ao – UFRJ/ Escola Polit´ecnica/ Curso de Engenharia Mecˆanica, 2020.

Referˆencias Bibliogr´aficas: p. 50 – 52.

1. Trocador de calor. 2. Casco e tubo. 3. Transmiss˜ao de calor. 4. Dinˆamica dos fluidos computacional. 5. CFD. I. de Carvalho Lobo Brum, N´ısio. II. Universidade Federal do Rio de Janeiro, UFRJ, Curso de Engenharia Mecˆanica. III. Estudo CFD de um Trocador de Calor Casco e Tubo.

(4)

Aos meus amigos Rafael e Yuzo ( in memoriam).

(5)

Agradecimentos

`

A minha m˜ae, Minori, quem eu mais admiro. Pelo apoio incondicional em todos os momentos de minha educa¸c˜ao. Reconhe¸co suas lutas e esfor¸cos di´arios para que eu pudesse alcan¸car esta etapa de minha vida. Todas as minhas conquistas s˜ao tamb´em suas. Obrigado.

Aos meus amigos que compartilharam a gradua¸c˜ao comigo. Em especial, `a Dani-ela, Leonardo e Pedro Henrique, que me acolheram e me incentivaram durante toda minha trajet´oria acadˆemica. Eu n˜ao estaria aqui hoje sem sua amizade e apoio.

N˜ao poderia me esquecer de agradecer a trˆes pessoas incr´ıveis, que a gradua¸c˜ao tamb´em me permitiu conhecer, Arthur, Breno e Caio. Vocˆes tiveram a paciˆencia que ´e sentar ao meu lado em in´umeras aulas. Reconhe¸co que isto n˜ao ´e uma tarefa f´acil.

Aos meus amigos Pedro Camara, Rebeca, Renata e Vin´ıcius. Vocˆes s˜ao minha fonte de entusiasmo e motiva¸c˜ao. Acredito que o mundo escolheu um caminho, `a princ´ıpio, inesperado apenas para conhecˆe-los. Se sou uma pessoa melhor hoje, ´e gra¸cas `a vocˆes.

Devo agradecer igualmente ao Krishynan, Nat´alia e Nicholas, pessoas fant´asticas que tenho o privil´egio de ter encontrado. Sou extremamente grato por todas as confraterniza¸c˜oes mais que espetaculares que tivemos juntos.

Aos professores Anna Carla e Ricardo Naveiro, por todo o apoio e aten¸c˜ao du-rante meu duplo diploma na ´Ecole Nationale Sup´erieure d’Arts et M´etiers. Obrigado pela confian¸ca depositada e por terem acreditado em mim.

Aos amigos que fiz durante meu intercˆambio, e que guardo para a vida, Mich`ele, Nada e V´ıtor. Seu companheirismo e alegria foram e ainda s˜ao fundamentais para mim. Obrigado por tudo.

(6)

Aos meus colegas da equipe Minerva Aerodesign, que me proporcionaram grande aprendizado e ´otimas experiˆencias. Guardarei comigo as v´arias lembran¸cas que tive com a equipe.

Ao meu orientador N´ısio Brum, pelos ensinamentos e disponibilidade que me permitiram avan¸car da melhor forma neste trabalho. Seus conselhos e paciˆencia foram essenciais para a conclus˜ao deste trabalho.

Aos professores Gabriel Verissimo e Gustavo Rabello, que comp˜oem a banca examinadora, por aceitarem o convite de avaliar este trabalho.

E a todos aqueles que, de alguma forma, contribu´ıram para que eu pudesse concluir este ciclo de minha vida. Muito obrigado a todos.

(7)

Resumo do Projeto de Gradua¸c˜ao apresentado `a Escola Polit´ecnica/UFRJ como parte dos requisitos necess´arios para a obten¸c˜ao do grau de Engenheiro Mecˆanico

ESTUDO CFD DE UM TROCADOR DE CALOR CASCO E TUBO

Yuri Ogata

Agosto/2020

Orientador: N´ısio de Carvalho Lobo Brum

Programa: Engenharia Mecˆanica

Para avalia¸c˜ao do desempenho um trocador de calor, ´e necess´ario realizar uma an´alise dos fenˆomenos f´ısicos presentes no equipamento. O presente trabalho apre-senta um estudo dos fenˆomenos termodinˆamicos e flu´ıdicos de um trocador de calor do tipo casco e tubos de pequenas dimens˜oes, atrav´es do uso da dinˆamica dos fluidos computacional (CFD). Para este objetivo, um modelo para simula¸c˜ao num´erica do trocador de calor foi desenvolvido, com o aux´ılio da ferramenta comercial ANSYS Fluent. As etapas necess´arias para o desenvolvimento do modelo CFD s˜ao apre-sentadas. Ao final do trabalho, o c´alculo do coeficiente de transferˆencia de calor global e os contornos de temperatura e velocidade s˜ao discutidos para avaliar o tro-cador. Para o c´alculo dos resultados, foi utilizado o modelo de turbulˆencia k-epsilon, comumente adotado na ind´ustria.

Palavras-chave: Trocador de calor, Casco e tubo, Transmiss˜ao de calor, Dinˆamica dos fluidos computacional, CFD.

(8)

Abstract of Undergraduate Project presented to POLI/UFRJ as a partial fulfillment of the requirements for the degree of Mechanical Engineer

CFD STUDY OF SHELL AND TUBE HEAT EXCHANGER

Yuri Ogata

August/2020

Advisor: N´ısio de Carvalho Lobo Brum

Department: Mechanical Engineering

To evaluate the performance of a heat exchanger, it is necessary to analyze and understand the equipment physic’s process. This work presents a study of a small dimension shell and tube heat exchanger’s thermodynamic behavior, by using the computational fluid dynamics (CFD) methodology. For this purpose, a numerical simulation model was developed using the commercial software ANSYS Fluent. The CFD model development steps are presented. The global heat transfer coefficient calculation and the temperature and velocity contours are discussed to evaluate the heat exchanger. To calculate the results, the k-epsilon turbulence model, which is commonly adopted in the industry, was used.

Key-wrods: Heat exchanger, Shell-and-tube, Heat transfer, Computacional fluid dynamics, CFD.

(9)

Sum´

ario

Lista de Figuras xi

Lista de Tabelas xiii

Lista de S´ımbolos e Abreviaturas xiv

1 Introdu¸c˜ao 1

1.1 Motiva¸c˜ao . . . 1

1.2 Objetivo . . . 2

1.3 Organiza¸c˜ao do trabalho . . . 2

2 Revis˜ao bibliogr´afica 4 2.1 Funcionamento de um trocador de calor . . . 4

2.2 Trocador de calor casco e tubo . . . 5

2.3 Trabalhos precedentes . . . 7

2.4 Considera¸c˜oes importantes . . . 8

3 Formula¸c˜ao anal´ıtica 10 3.1 Balan¸co de energia . . . 10

3.2 Coeficiente global de transferˆencia de calor . . . 11

3.3 M´etodo das diferen¸cas de temperaturas m´edias logar´ıtmicas . . . 13

4 Dinˆamica dos fluidos computacional 14 4.1 Descri¸c˜ao geral . . . 14

4.2 Equa¸c˜oes governantes . . . 16

4.2.1 Equa¸c˜ao de conserva¸c˜ao de massa . . . 16

(10)

4.2.3 Equa¸c˜ao de conserva¸c˜ao de energia . . . 18

4.3 Modelagem da turbulˆencia . . . 20

4.3.1 Equa¸c˜oes de Navier Stokes m´edias de Reynolds . . . 21

4.3.2 Modelo de turbulˆencia k-ε . . . 25

4.4 Malha computacional . . . 26

4.4.1 Classifica¸c˜ao da malha . . . 26

4.4.2 Qualidade da malha . . . 27

4.4.3 Independˆencia de malha . . . 27

5 Simula¸c˜ao num´erica 29 5.1 Implementa¸c˜ao . . . 29

5.2 Defini¸c˜ao da geometria . . . 30

5.3 Defini¸c˜ao da malha . . . 32

5.4 Aplica¸c˜ao das condi¸c˜oes de contorno . . . 34

5.5 Crit´erios de convergˆencia . . . 35

5.6 Estudo de independˆencia de malha . . . 37

6 Resultados 39 6.1 An´alise dos resultados obtidos na simula¸c˜ao . . . 39

6.2 An´alise do coeficiente global de transferˆencia de calor . . . 45

7 Conclus˜oes e recomenda¸c˜oes 48

(11)

Lista de Figuras

2.1 Esquema de um trocador de calor casco e tubos . . . 6

2.2 Trocador de calor casco e tubos industrial . . . 6

2.3 Classifica¸c˜ao de um trocador de calor casco e tubo . . . 7

3.1 Trocador de calor coaxial . . . 10

3.2 Se¸c˜ao transversal do trocador coaxial . . . 12

4.1 Linhas de trajet´orias em torno de um carro de F´ormula 1 . . . 14

4.2 Volume de controle infinitesimal . . . 17

4.3 Fenˆomeno da turbulˆencia . . . 20

4.4 Medi¸c˜ao da velocidade m´edia e sua flutua¸c˜ao no tempo . . . 22

4.5 Tipos de malha . . . 26

4.6 Tipos de elemento . . . 27

5.1 Implementa¸c˜ao da simula¸c˜ao . . . 30

5.2 Modelo geom´etrico no ambiente Design Modeler . . . 31

5.3 Entradas e sa´ıdas dos fluidos . . . 31

5.4 Se¸c˜ao vertical da malha N1 . . . 33

5.5 Dom´ınios adiab´aticos . . . 34

5.6 Res´ıduos de convergˆencia da simula¸c˜ao para a malha N1 . . . 36

5.7 Pontos selecionados para an´alise de independˆencia de malha . . . 37

6.1 Contornos de temperatura no plano yz . . . 39

6.2 Contornos de temperatura no plano xz . . . 40

6.3 Perfil de temperaturas do fluido no lado dos tubos . . . 41

6.4 Linhas de corrente do fluido no lado dos tubos . . . 42

(12)

6.6 Linhas de corrente do fluido no lado do casco no plano xy . . . 43

6.7 Linhas de corrente do fluido no lado do casco no plano yz . . . 43

6.8 Vetores de velocidade do fluido no lado do casco no plano yz . . . 44

(13)

Lista de Tabelas

2.1 Crit´erios de classifica¸c˜ao . . . 5

4.1 Classifica¸c˜ao dos modelos de turbulˆencia . . . 24

4.2 Coeficientes do modelo k-ε . . . 25

5.1 Parˆametros geom´etricos . . . 32

5.2 Malhas geradas no ANSYS Meshing . . . 33

5.3 Propriedades dos materiais definidas no ANSYS Fluent . . . 34

5.4 Condi¸c˜oes de contorno . . . 35

5.5 Resultados da an´alise de independˆencia de malha . . . 38

5.6 Qualidade dos elementos da malha N1 . . . 38

6.1 Diferentes condi¸c˜oes de velocidade na se¸c˜ao de entrada . . . 45

6.2 Resultados considerando varia¸c˜ao na vaz˜ao m´assica do fluido no lado dos tubos . . . 46

6.3 Resultados considerando varia¸c˜ao na vaz˜ao m´assica do fluido no lado do casco . . . 46

(14)

Lista de S´ımbolos e Abreviaturas

∆TLM Diferen¸ca m´edia logar´ıtmica de temperaturas

δij Delta de Kronecker

˙

mc Vaz˜ao m´assica do fluido mais frio

˙

mh Vaz˜ao m´assica do fluido mais quente

˙

Qtot Taxa de transferˆencia de calor

˙

Q Taxa de calor

˙

W Taxa de trabalho

µ Viscosidade dinˆamica ν Viscosidade cinem´atica

ϕ Termo m´edio da vari´avel generalizada ui Termo m´edio da velocidade

g Vetor de for¸cas da gravidade

U Vetor de velocidades do fluido ρ Massa espec´ıfica do fluido τij Tensor de tens˜oes

ε Dissipa¸c˜ao turbulenta A Area de troca de calor´

(15)

CF D Dinˆamica dos Fluidos Computacional D Diˆametro do casco

d Diˆametro do tubo

Db Diˆametro do bocal

DN S Direct Numerical Simulation

E Energia total

Ec Espa¸camento entre chicanas

ec Espessura da chicana

h Coeficiente de transferˆencia de calor do fluido k Energia cin´etica turbulenta

kcond Condutividade t´ermica

L Comprimento do casco

l Comprimento dos tubos

Lc Comprimento caracter´ıstico

LES Large-Eddy Simulation

N N´umero de elementos da malha Nc N´umero de chicanas

Nt N´umero de tubos

P r N´umero de Prandtl qs Fontes de energia

R Resistˆencia t´ermica do material

RAN S Equa¸c˜oes de Navier Stokes m´edias de Reynolds Re N´umero de Reynolds

(16)

t Escala de tempo

Tc Temperatura do fluido mais frio

Th Temperatura do fluido mais quente

T CCT Trocador de calor casco e tubo

U Coeficiente global de transferˆencia de calor

u, v, w Componentes do vetor de velocidades no sistema cartesiano ui Termo de velocidade

V Volume

x, y, z Coordenadas espaciais do sistema cartesiano ϕ0 Termo flutuante da vari´avel generalizada ui0 Termo flutuante da velocidade

(17)

Cap´ıtulo 1

Introdu¸

ao

1.1

Motiva¸

ao

Os trocadores de calor s˜ao equipamentos amplamente usados em processos indus-triais e tamb´em est˜ao presentes em diversas atividades do nosso cotidiano. Estes dispositivos s˜ao usados para sistemas de climatiza¸c˜ao em residˆencias e escrit´orios, processamento qu´ımico e produ¸c˜ao de energia em grandes plantas industriais, por exemplo [1].

Um trocador de calor ´e um dispositivo que propicia a troca de energia em forma de calor entre dois ou mais fluidos que est˜ao, inicialmente, `a temperaturas diferentes. Segundo [1], o tipo mais comum de trocador de calor em aplica¸c˜oes industriais ´e o trocador de calor casco e tubo, sendo constru´ıdo em diferentes tamanhos e configura¸c˜oes.

A troca de energia em um trocador geralmente envolve dois tipos de transmiss˜ao de calor: a convec¸c˜ao e a condu¸c˜ao. A motiva¸c˜ao deste trabalho nasce `a partir do estudo destes dois fenˆomenos e seus efeitos no equipamento citado.

Existem alguns m´etodos anal´ıticos para analisar os parˆametros de concep¸c˜ao e eficiˆencia dos trocadores, dentre eles, o m´etodo da m´edia logar´ıtmica da diferen¸ca de temperatura. Entretanto, a abordagem anal´ıtica apresenta maior dificuldade quando aplicada para geometrias mais complexas.

Desta maneira, verifica-se a importˆancia da Dinˆamica dos Fluidos Computacio-nal (CFD)1. Este m´etodo ´e industrialmente usado para o estudo termodinˆamico e

(18)

hidrodinˆamico dos trocadores, pois permite a an´alise de geometrias complexas de maneira eficiente e robusta. Assim, ´e levantada a segunda motiva¸c˜ao do presente trabalho, que ´e a oportunidade de aplicar diversos conceitos da engenharia mecˆanica e de abord´a-los paralelamente ao aprendizado do m´etodo proposto pela CFD.

1.2

Objetivo

O presente trabalho tem como objetivo elaborar um modelo de simula¸c˜ao num´erica para um trocador de calor casco e tubo `a partir da CFD. Este modelo dever´a for-necer resultados compat´ıveis com os fenˆomenos f´ısicos do trocador, que ser˜ao aqui estudados. Uma geometria representativa ser´a dimensionada para este fim.

Este estudo ser´a feito `a partir da utiliza¸c˜ao do programa ANSYS Fluent 19.0 e outros programas igualmente desenvolvidos pela empresa ANSYS, Inc.

1.3

Organiza¸

ao do trabalho

Este trabalho encontra-se dividido em sete cap´ıtulos. O primeiro cap´ıtulo constitui a introdu¸c˜ao do trabalho e apresenta a vis˜ao geral do mesmo.

O cap´ıtulo dois cont´em uma revis˜ao bibliogr´afica e aborda, de maneira sucinta, o funcionamento de um trocador de calor incluindo o trocador do tipo casco e tubo. O cap´ıtulo trˆes cont´em a fundamenta¸c˜ao te´orica e anal´ıtica dos c´alculos envolvi-dos para um trocador de calor. Nesta parte, o trocador ´e simplificado a um sistema de tubos coaxiais para aplica¸c˜ao dos conceitos de transmiss˜ao de calor.

No cap´ıtulo quatro, ´e feita uma revis˜ao da dinˆamica dos fluidos computacional e da formula¸c˜ao matem´atica feita numa simula¸c˜ao CFD. O conjunto de equa¸c˜oes governantes assim como a modelagem da turbulˆencia s˜ao analisados.

No cap´ıtulo cinco, a constru¸c˜ao da simula¸c˜ao num´erica no ANSYS Fluent ´e detalhada. Nesta parte, todo o projeto realizado para a concep¸c˜ao do modelo do trocador ser´a abordado. A constru¸c˜ao do sistema geom´etrico, a gera¸c˜ao da malha e a aplica¸c˜ao das condi¸c˜oes de contorno ser˜ao explicados. Ao final do cap´ıtulo, os resultados obtidos para a convergˆencia da simula¸c˜ao s˜ao apresentados.

(19)

No cap´ıtulo seis, os resultados finais da simula¸c˜ao num´erica s˜ao apresentados e discutidos. Finalmente, as conclus˜oes do trabalho s˜ao desenvolvidas no cap´ıtulo sete.

(20)

Cap´ıtulo 2

Revis˜

ao bibliogr´

afica

2.1

Funcionamento de um trocador de calor

Um trocador de calor ´e um dispositivo que permite e facilita a transferˆencia de ener-gia t´ermica entre dois ou mais fluidos. Esses equipamentos s˜ao usados em uma ampla gama de aplica¸c˜oes: sistemas de aquecimento e resfriamento em casas, radiadores de autom´oveis e produ¸c˜ao de energia em usinas [1].

De maneira geral, n˜ao h´a mistura de um fluido com o outro - existe um meio s´olido que impede o contato direto dos fluidos. O meio s´olido ´e fabricado de maneira `

a aumentar a superf´ıcie de troca de calor e ´e composto sempre que poss´ıvel por um material de alta condutividade, elevando, assim, a eficiˆencia do trocador.

Segundo [2], os trocadores podem ser classificados `a partir de quatro crit´erios: processo de transferˆencia de calor, grau de compacta¸c˜ao, modo de constru¸c˜ao, ar-ranjo de escoamento e mecanismo de transferˆencia de calor. Esta classifica¸c˜ao ´e apresentada na tabela 2.1.

(21)

Tabela 2.1: Crit´erios de classifica¸c˜ao

Classifica¸c˜ao Tipos

Processo de transferˆencia de Calor Contato direto Contato indireto

Grau de compacta¸c˜ao Compacto N˜ao compacto

Modo de constru¸c˜ao

Tubular

Trocador de placas

Trocador de placas aletadas Trocador de tubos aletados Regenerativos

Arranjo de escoamento

Fluxo paralelo Contrafluxo Fluxo cruzado

Mecanismo de transferˆencia de calor

Condensador Evaporador Radiador

2.2

Trocador de calor casco e tubo

Dentre os trocadores tubulares, destaca-se uma categoria chamada trocador de calor casco e tubo (TCCT). Especificamente, o equipamento tratado neste trabalho refere-se ao trocador do tipo casco e tubo devido `a suas versatilidade e larga escala de uso. Este equipamento ´e o mais utilizado na ind´ustria qu´ımica e nas ind´ustrias de processamento. Ele tamb´em ´e comumente usado em usinas nucleares, termoel´etricas, geot´ermicas e de ondas para a gera¸c˜ao de energia [3].

A geometria do TCCT consiste em numerosos tubos montados dentro de uma carca¸ca cil´ındrica com eixos paralelos ao da carca¸ca. A transferˆencia de energia ocorre `a medida que um fluido flui no interior dos tubos enquanto outro fluido flui na regi˜ao externa aos tubos e interna ao casco. O esquema t´ıpico deste tipo de trocador est´a representado na figura 2.1.

(22)

Figura 2.1: Esquema de um trocador de calor casco e tubos

No esquema, as setas indicam o sentido de cada fluido: neste caso, observa-se um trocador de fluxo co-corrente. Caso os sentidos dos fluxos fossem contr´arios, o trocador seria denominado de fluxo contra-corrente.

Os principais componentes do TCCT s˜ao as caixas de distribui¸c˜ao, o casco, as chicanas e os tubos. As caixas de distribui¸c˜ao comp˜oem a entrada e a sa´ıda do lado dos tubos. O casco consiste no envolt´orio externo do sistema. As chicanas s˜ao necess´arias para dar suporte mecˆanico aos tubos, direcionar o escoamento e aumentar o n´ıvel de turbulˆencia no fluido do lado do casco [2]. Um dos objetivos no dimensionamento ´e maximizar a quantidade de tubos, empregando uma distribui¸c˜ao uniforme, de forma `a aumentar a troca de calor [3].

Figura 2.2: Trocador de calor casco e tubos industrial Fonte: [4]

(23)

Uma classifica¸c˜ao mais espec´ıfica do TCCT ´e feita `a partir do n´umero de passes no casco e nos tubos. A contagem das passagens de cada fluido ´e contada para denominar o dispositivo. Por exemplo, um trocador em que os fluidos fazem uma ´

unica passagem pelo casco e pelos tubos ´e chamado de um passe no casco e um passe nos tubos. Da mesma forma, um trocador em que um fluido faz duas passagens pelo casco enquanto o outro fluido faz quatro passagens pelos tubos ´e chamado de dois passes no casco e quatro passes nos tubos. Os esquemas destes tipos de dispositivo est˜ao representados na figura 2.3.

(a) 1 passe no casco e 1 passe nos tubos (b) 2 passes no casco e 4 passes nos tubos Figura 2.3: Classifica¸c˜ao de um trocador de calor casco e tubo

2.3

Trabalhos precedentes

V´arios trabalhos foram desenvolvidos por diferentes autores com o objetivo de rea-lizar uma simula¸c˜ao CFD de um trocador de calor casco e tubo, de modo `a prever os fenˆomenos f´ısicos que ocorrem dentro deste dispositivo.

OZDEN [5] estudou a influˆencia de parˆametros geom´etricos do lado do casco no valor do coeficiente global de transferˆencia de calor atrav´es de um modelo CFD. Foi utilizada a ferramenta ANSYS Fluent para a an´alise do escoamento somente do lado do casco. Neste estudo, os tubos foram considerados como regi˜oes de menor complexidade e foram definidos como regi˜oes de temperatura constante. A taxa de transferˆencia de calor e as temperaturas de sa´ıda foram obtidas diretamente da simula¸c˜ao. Os resultados foram comparados com o m´etodo de Kern e o m´etodo de Bell-Delaware. O autor tamb´em estudou a influˆencia dos m´etodos de discretiza¸c˜ao e dos modelos de turbulˆencia, encontrando maior concordˆancia para o modelo de turbulˆencia k-ε e discretiza¸c˜ao de primeira ordem.

(24)

No trabalho de IRSHAD, KAUSHAR e RAJMOHAN [6], foi feito um estudo sobre a influˆencia da inclina¸c˜ao das chicanas no comportamento termodinˆamico do trocador de calor casco e tubos de dimens˜oes reduzidas. Neste estudo, confi-gura¸c˜oes geom´etricas com diferentes ˆangulos de inclina¸c˜ao das chicanas foram simu-ladas para verificar o comportamento no dispositivo. Os contornos de temperatura foram tra¸cados. Al´em disso, algumas caracter´ısticas importantes, tais como o coe-ficiente global de transferˆencia de calor, a taxa de transferˆencia de calor e a queda de press˜ao, tamb´em foram calculadas.

No trabalho de SINGH e KUMAR [7], um trocador de calor do tipo casco e tubos foi modelado para simula¸c˜ao num´erica. O dispositivo estudado ´e de dimens˜oes reduzidas e possui apenas um tubo coaxial ao casco. Para o modelo, foi utilizada a ferramenta GAMBIT para a gera¸c˜ao da malha enquanto ANSYS Fluent foi usado para a simula¸c˜ao. O trocador foi simulado para duas configura¸c˜oes diferentes, sendo elas co-corrente e contra-corrente. Finalmente, os resultados obtidos foram validados `

a partir do uso de um prot´otipo experimental com mesma configura¸c˜ao.

2.4

Considera¸

oes importantes

No dimensionamento de um trocador, algumas hip´oteses s˜ao necess´arias. Essas considera¸c˜oes f´ısicas s˜ao comumente feitas na literatura. Primeiramente, os efei-tos de radia¸c˜ao s˜ao normalmente negligenciados devido `a sua m´ınima influˆencia em compara¸c˜ao com a condu¸c˜ao e convec¸c˜ao. Segundo [1], os trocadores de calor ge-ralmente operam por longos per´ıodos de tempo, sem altera¸c˜oes nas suas condi¸c˜oes de opera¸c˜ao. Portanto, eles podem ser modelados como sistemas em regime perma-nente. A vaz˜ao m´assica dos fluidos permanece constante e suas propriedades s˜ao consideradas constantes no mesmo ponto espacial. Al´em disso, o calor espec´ıfico dos fluidos tamb´em ´e considerado constante, considerando a faixa de temperatura trabalhada.

Ainda conforme [1], os fluxos do fluido sofrem pouca ou nenhuma altera¸c˜ao em suas velocidades e eleva¸c˜oes e, portanto, as mudan¸cas de energia cin´etica e potencial s˜ao desprez´ıveis. Finalmente, considera-se que este sistema n˜ao realiza

(25)

trabalho e ´e adiab´atico, n˜ao perdendo calor para o ambiente (n˜ao h´a convec¸c˜ao natural ocasionada pelo meio externo).

As considera¸c˜oes e hip´oteses anteriormente feitas, encontram-se resumidas abaixo:

• O regime ´e considerado permanente;

• A varia¸c˜ao de energia potencial e cin´etica ´e desprez´ıvel; • O calor espec´ıfico dos fluidos ´e considerado constante; • O sistema ´e isolado e adiab´atico.

(26)

Cap´ıtulo 3

Formula¸

ao anal´ıtica

3.1

Balan¸

co de energia

A formula¸c˜ao anal´ıtica ´e utilizada para avaliar geometrias menos complexas de um trocador. Logo, para este objetivo, consideramos uma geometria simples, formada por dois tubos coaxiais.

Figura 3.1: Trocador de calor coaxial

Para calcular a taxa de calor correspondente, consideramos o balan¸co de energia sobre o sistema apresentado na imagem 3.1. O fluido mais quente, que ser´a resfriado pelo fluido mais frio, entra no tubo interno `a uma temperatura Th1 e sai `a uma

temperatura Th2. De maneira equivalente, o fluido mais frio entra pelo tubo externo

(se¸c˜ao tubular) `a uma temperatura Tc1 e sai do sistema a uma temperatura Tc2.

Neste caso particular, os dois fluidos desta geometria escoam na mesma dire¸c˜ao (co-corrente), como mostra a figura 3.1.

`

A partir das premissas feitas na se¸c˜ao 2.4, a primeira lei da termodinˆamica exige que a taxa de calor transferida para o fluido mais frio seja equivalente `a taxa extra´ıda

(27)

do fluido mais quente. Assim, o balan¸co de energia nos fluidos fornece as seguintes rela¸c˜oes [2]: ˙ Qtot = ˙mcCp,c(Tc2 − Tc1) (3.1) ˙ Qtot = ˙mhCp,h(Th2 − Th1) (3.2)

OndeQ˙tot´e a taxa de transferˆencia de calor total, ˙mh´e a vaz˜ao m´assica do fluido

mais quente, ˙mc ´e a vaz˜ao m´assica do fluido mais frio, Cp,h ´e o calor espec´ıfico do

fluido mais quente e Cp,c ´e o calor espec´ıfico do fluido mais frio.

Segundo [2], uma express˜ao an´aloga `a lei de resfriamento de Newton tamb´em pode ser utilizada para calcular a taxa de transferˆencia:

˙

Qtot = U A∆TLM (3.3)

Onde U ´e o coeficiente global m´edio de transferˆencia de calor, A ´e a ´area de troca e ∆TLM ´e a diferen¸ca de temperatura adequada entre os dois fluidos. A ´area

de troca pode ser determinada `a partir das dimens˜oes do equipamento. Contudo, o coeficiente U e a diferen¸ca de temperaturas ∆TLM devem ser calculados.

3.2

Coeficiente global de transferˆ

encia de calor

Num trocador, a energia ´e transferida do fluido quente para a parede por convec¸c˜ao, atrav´es da parede por condu¸c˜ao e da parede para o fluido frio novamente por con-vec¸c˜ao. Os efeitos de radia¸c˜ao normalmente s˜ao desprez´ıveis ou s˜ao inclu´ıdos no coeficiente de transferˆencia por convec¸c˜ao. Portanto, o processo de transmiss˜ao de calor no trocador envolve duas resistˆencias de convec¸c˜ao e uma de condu¸c˜ao [1].

A parede do tubo interno (que separa os fluidos) tem uma resistˆencia t´ermica Rcond. A condu¸c˜ao, que ocorre nesta zona, depende das propriedades do material

do s´olido. Entre a superf´ıcie da parede e os fluidos, existem as resistˆencias Ri e Ro

devido `a convec¸c˜ao. A figura 3.2 mostra uma se¸c˜ao transversal dos tubos. A regi˜ao cinza representa o material s´olido.

(28)

Figura 3.2: Se¸c˜ao transversal do trocador coaxial

Segundo [1], a resistˆencia t´ermica total pode ser escrita da seguinte maneira:

Rtot = Ri+ Rcond+ Ro (3.4) Rtot = 1 hiAi + ln(do/di) 2πkcondL + 1 hoAo (3.5) Onde os subscritos i e o s˜ao referentes `a superf´ıcie interna e externa, respectiva-mente. Ai e Ao s˜ao as ´areas, di e do s˜ao os diˆametros, hi e ho s˜ao os coeficientes de

transferˆencia de calor, kcond´e a condutividade t´ermica da parede e l ´e o comprimento

dos tubos.

Conforme [1], pode-se calcular o coeficiente global de transferˆencia de calor U fazendo uma rela¸c˜ao com as resistˆencias do sistema:

Rtot = 1 U A ∴ U = 1 RtotA (3.6) Ainda, quando a espessura da parede do tubo ´e pequena e a condutividade t´ermica do material ´e alta, como geralmente ´e o caso, a resistˆencia t´ermica Rcond

(29)

3.3

etodo

das

diferen¸

cas

de

temperaturas

edias logar´ıtmicas

A diferen¸ca de temperatura entre os escoamentos varia ao longo do trocador de calor. Por isso, ´e conveniente ter um diferen¸ca apropriada de temperatura para o uso da rela¸c˜ao 3.3. Este parˆametro ´e chamado de diferen¸ca de temperaturas m´edias logar´ıtmicas (LMTD)1. Esta diferen¸ca ´e calculada da seguinte forma [2]:

∆TLM =

∆T1− ∆T2

ln(∆T1/∆T2)

(3.7) Os valores de ∆T1 e ∆T2 dependem da configura¸c˜ao do trocador de calor. Desta

maneira:

• Para trocadores de fluxo paralelo:

∆T1 = Th1− Tc1 ∆T2 = Th2− Tc2 (3.8)

• Para trocadores contra-fluxo:

∆T1 = Th1− Tc2 ∆T2 = Th2− Tc1 (3.9)

(30)

Cap´ıtulo 4

Dinˆ

amica dos fluidos

computacional

4.1

Descri¸

ao geral

A dinˆamica de fluidos computacional (CFD)1 ´e a an´alise de sistemas envolvendo

escoamento de fluidos, termodinˆamica, transferˆencia de calor e outros fenˆomenos associados atrav´es de simula¸c˜ao num´erica.

A CFD ´e amplamente adotada industrialmente, sendo empregada em diversas aplica¸c˜oes. Alguns exemplos destas aplica¸c˜oes s˜ao: aerodinˆamica de aeronaves e ve´ıculos; hidrodinˆamica de navios; motores de combust˜ao interna e turbinas `a g´as; m´aquinas de fluxo; resfriamento de equipamentos em engenharia el´etrica; processos qu´ımicos; previs˜ao do tempo em meteorologia [8].

Figura 4.1: Linhas de trajet´orias em torno de um carro de F´ormula 1 Fonte: Imagem cortesia da empresa ANSYS, Inc [9]

Para sistemas f´ısicos com geometria e condi¸c˜oes iniciais e de contorno simples, as equa¸c˜oes governantes podem ser reduzidas `a formas solucion´aveis analiticamente.

(31)

Entretanto, ´e de conhecimento geral que a maioria dos problemas f´ısicos n˜ao possui geometria ou condi¸c˜oes simples. Nestes casos, ´e necess´ario fazer uso dos m´etodos num´ericos para o estudo do problema [9].

Assim, a dinˆamica dos fluidos computacional surge como uma ”terceira abor-dagem”, em rela¸c˜ao `a teoria e experimenta¸c˜ao. E importante ressaltar que este´ m´etodo n˜ao fornece uma resposta exata, no entanto, se for aplicado de maneira correta, fornece resultados muito pr´oximos `a realidade [10].

Como os problemas de escoamentos s˜ao de natureza n˜ao linear, a CFD adota uma estrat´egia de solu¸c˜ao iterativa. Inicialmente, ocorre a substitui¸c˜ao do dom´ınio cont´ınuo do problema f´ısico `a ser estudado, por um dom´ınio discreto usando uma malha. No dom´ınio cont´ınuo, cada vari´avel do escoamento ´e definida em cada ponto do dom´ınio. No dom´ınio discreto, cada vari´avel do escoamento ´e definida apenas nos pontos fixos da malha [9].

Em seguida, os c´alculos s˜ao feitos de maneira iterativa em cada ponto da malha para resolu¸c˜ao das equa¸c˜oes governantes. Esta itera¸c˜ao ´e feita at´e a convergˆencia dos resultados, que normalmente ´e definida pelo usu´ario. Finalmente, os resultados e sua valida¸c˜ao s˜ao analisados pelo usu´ario.

Os c´odigos comerciais de CFD geralmente possuem uma estrutura similar, base-ada nessa estrat´egia. De acordo com [8], estes c´odigos contˆem trˆes fases principais para a resolu¸c˜ao de um problema CFD: o pr´e-processamento, o processamento e o p´os-processamento.

• O pr´e-processamento consiste na cria¸c˜ao do modelo f´ısico e na entrada de parˆametros do problema. No pr´e-processamento, ´e feita a defini¸c˜ao da geometria que representa o problema `a ser estudado. Em seguida, o dom´ınio computacional ´e definido e sua subdivis˜ao ´e feita, isto ´e, a malha ´e gerada. Finalmente, ocorre a inser¸c˜ao dos parˆametros de entrada do problema. Nesta etapa, ocorrem a sele¸c˜ao do fenˆomeno f´ısico `a ser analisado; a defini¸c˜ao das propriedades dos fluidos, a defini¸c˜ao das condi¸c˜oes iniciais e de contorno, o estabelecimento do crit´erio de convergˆencia e dos m´etodos de discretiza¸c˜ao [8]. • Na fase de processamento, ocorre a solu¸c˜ao do problema `a partir de m´etodos iterativos. Nesta fase, as informa¸c˜oes de entrada inseridas no pr´ e-processamento s˜ao traduzidas na linguagem computacional e as equa¸c˜oes

(32)

governantes s˜ao resolvidas nos volumes de controle. Isto ´e feito `a partir das seguintes tarefas: integra¸c˜ao das equa¸c˜oes governantes; discretiza¸c˜ao das equa¸c˜oes integrais resultantes em um sistema de equa¸c˜oes alg´ebricas; solu¸c˜ao das equa¸c˜oes alg´ebricas [8].

• O p´os-processamento ´e a fase de interpreta¸c˜ao e an´alise dos resultados da simula¸c˜ao, obtidas nos c´alculos da fase de processamento. Nos c´odigos comer-ciais CFD, geralmente ´e fornecida uma ferramenta que apresenta uma interface na qual gr´aficos e curvas das diversas propriedades do sistema podem ser plo-tadas, por exemplo. A interpreta¸c˜ao desses resultados ´e feita pelo usu´ario que deve avaliar se as informa¸c˜oes s˜ao precisas e coesas com a realidade do problema [8].

4.2

Equa¸

oes governantes

A abordagem CFD ´e fundamentada nas equa¸c˜oes governantes da mecˆanica dos flui-dos, que representam matematicamente os princ´ıpios de conserva¸c˜ao da f´ısica. Essas equa¸c˜oes diferenciais parciais, tamb´em conhecidas por equa¸c˜oes de Navier-Stokes, s˜ao necess´arias para descrever o escoamento de um fluido. Elas ser˜ao descritas a seguir, em suas formas diferenciais.

4.2.1

Equa¸

ao de conserva¸

ao de massa

A lei da conserva¸c˜ao de massa, tamb´em conhecida como equa¸c˜ao de continuidade, descreve que a massa de um sistema deve ser constante [9]. Para esta an´alise, consideramos um volume de controle infinitesimal de lados ∂x, ∂y e ∂z como mostra a figura 4.2.

(33)

Figura 4.2: Volume de controle infinitesimal

A conserva¸c˜ao de massa aplicada a um fluido escoando sobre este volume de controle fornece [9]: ∂ρ ∂t + ∂ρu ∂x + ∂ρv ∂y + ∂ρw ∂z = 0 (4.1)

Na qual ρ ´e a massa espec´ıfica do fluido, t ´e o tempo, e u, v e w representam as componentes do vetor−→U de velocidades nas dire¸c˜oes x, y e z, respectivamente.

A equa¸c˜ao 4.1 tamb´em pode ser escrita de uma maneira mais compacta:

∂ρ

∂t + ∇ · (ρ − →

U ) = 0 (4.2)

Para um fluido incompress´ıvel, a massa espec´ıfica ´e constante, n˜ao dependendo nem do tempo nem das coordenadas espaciais. Neste caso, obt´em-se [9]:

∇ · (−→U ) = 0 (4.3)

4.2.2

Equa¸

ao de conserva¸

ao da quantidade de movimento

A conserva¸c˜ao da quantidade de movimento ´e consequˆencia da segunda lei de New-ton, a qual afirma que a taxa de mudan¸ca de momento de um corpo ´e igual `a soma das for¸cas neste corpo [8].

Considerando o vetor gravidade −→g = gxˆi + gyˆj + gzk sendo a ´ˆ unica for¸ca de

corpo atuante e o tensor τij de tens˜oes escrito para um fluido Newtoniano, e gerado

(34)

movimento ´e expressa pelas seguintes equa¸c˜oes nas dire¸c˜oes x, y e z, respectivamente [9]: ρ ∂u ∂t + u ∂u ∂x + v ∂u ∂y + w ∂u ∂z  = ρgx+  ∂τxx ∂x + ∂τxy ∂y + ∂τxz ∂z  (4.4) ρ ∂v ∂t + u ∂v ∂x + v ∂v ∂y + w ∂v ∂z  = ρgy +  ∂τxy ∂x + ∂τyy ∂y + ∂τyz ∂z  (4.5) ρ ∂w ∂t + u ∂w ∂x + v ∂w ∂y + w ∂w ∂z  = ρgz+  ∂τxz ∂x + ∂τyz ∂y + ∂τzz ∂z  (4.6) De acordo com [9], o princ´ıpio da conserva¸c˜ao de quantidade de movimento ´e bas-tante simplificado quando aplicado `a um escoamento incompress´ıvel com viscosidade constante. As equa¸c˜oes podem ser escritas na seguinte forma:

ρ ∂u ∂t + u ∂u ∂x + v ∂u ∂y + w ∂u ∂z  = ρgx− ∂p ∂x + µ  ∂2u ∂x2 + ∂2u ∂y2 + ∂2u ∂z2  (4.7) ρ ∂v ∂t + u ∂v ∂x + v ∂v ∂y + w ∂v ∂z  = ρgy− ∂p ∂y + µ  ∂2v ∂x2 + ∂2v ∂y2 + ∂2v ∂z2  (4.8) ρ ∂w ∂t + u ∂w ∂x + v ∂w ∂y + w ∂w ∂z  = ρgz− ∂p ∂z + µ  ∂2w ∂x2 + ∂2w ∂y2 + ∂2w ∂z2  (4.9)

4.2.3

Equa¸

ao de conserva¸

ao de energia

O princ´ıpio de conserva¸c˜ao de energia ´e afirmado pela primeira lei da termodinˆamica, a qual aplicada ao volume de controle da figura 4.2 torna-se:

δ ˙W + δ ˙Q = ∂E

∂t (4.10)

No qual δ ˙Q representa a taxa de calor l´ıquida atrav´es do volume de controle, δ ˙W representa a taxa de trabalho realizado no corpo devido `as for¸cas em sua superf´ıcie e E representa a energia total dentro do volume. Para escrever a equa¸c˜ao de energia, ´e necess´ario analisar cada vari´avel de 4.10.

(35)

for¸ca de corpo atuando no sistema, a taxa de trabalho pode ser traduzida na rela¸c˜ao 4.11. O ´ultimo termo do lado direto da rela¸c˜ao representa o trabalho devido `a for¸ca de campo enquanto os termos restantes s˜ao ocasionados pelas for¸cas de superf´ıcie.

δ ˙W = ∂uτxx ∂x + ∂uτxy ∂y + ∂uτxz ∂z  + ∂vτxy ∂x + ∂vτyy ∂y + ∂vτyz ∂z  + ∂wτxz ∂x + ∂wτyz ∂y + ∂wτzz ∂z  + ρ−→g ·−→U  dxdydz (4.11)

Ainda segundo [10], a taxa de calor l´ıquida ocorre devido a dois fatores. O primeiro fator s˜ao as fontes volum´etricas de energia, tais como radia¸c˜ao e rea¸c˜oes qu´ımicas, que ser˜ao definidas por ˙qs. O segundo fator ´e a transferˆencia de calor

atrav´es da superf´ıcie devido a gradientes de temperatura, o qual ´e regido pela lei de Fourier. Assim, a taxa de calor l´ıquida fica:

δ ˙Q = [ρ ˙qs+ ∇ · (kcond∇T )] dxdydz (4.12)

Utilizando as duas ´ultimas rela¸c˜oes, pode-se reescrever a primeira lei da termo-dinˆamica para a energia total E:

∂E ∂t =  ∂uτxx ∂x + ∂uτxy ∂y + ∂uτxz ∂z  + ∂vτxy ∂x + ∂vτyy ∂y + ∂vτyz ∂z  + ∂wτxz ∂x + ∂wτyz ∂y + ∂wτzz ∂z  + ρ−→g ·−→U + ρ ˙qs+ ∇ · (kcond∇T ) (4.13)

A energia total E de um fluido em movimento por unidade de massa ´e a soma de sua energia interna e, e de sua energia cin´etica por unidade de massa k

− →

U k2

2 . Consequentemente, a energia total ´e e + k

− →

U k2

2 . Assim, a lei da conserva¸c˜ao de energia pode ser escrita da seguinte maneira [10]:

∂ ∂t " ρ e +k − → U k2 2 !# + ∇ · " ρ e + k − → U k2 2 − → U !# = ρ−→g ·−→U + ρ ˙qs+ ∇ · (kcond∇T ) +  ∂uτxx ∂x + ∂uτxy ∂y + ∂uτxz ∂z  + ∂vτxy ∂x + ∂vτyy ∂y + ∂vτyz ∂z  + ∂wτxz ∂x + ∂wτyz ∂y + ∂wτzz ∂z  (4.14)

(36)

4.3

Modelagem da turbulˆ

encia

A maior parte dos escoamentos encontrados na f´ısica e na natureza s˜ao turbulentos. A turbulˆencia e seu campo de transi¸c˜ao `a partir de um regime laminar, s˜ao um dos assuntos cient´ıficos mais seriamente estudados no ´ultimo s´eculo. Nesses estudos, foi estabelecida a existˆencia de dois regimes fundamentais de escoamentos: laminar e turbulento. Tamb´em foi estabelecida a existˆencia de um parˆametro de controle desta transi¸c˜ao, conhecido como n´umero de Reynolds [11].

O n´umero de Reynolds ´e utilizado para caracterizar o regime do escoamento, representando a rela¸c˜ao entre as for¸cas de in´ercia e as for¸cas viscosas. Quando as for¸cas inerciais s˜ao muito maiores que as viscosas, o fluxo torna-se turbulento. Segundo [9], este parˆametro ´e definido como:

Re = uLc

ν (4.15)

No qual u ´e a velocidade do escoamento, Lc ´e o comprimento caracter´ıstico do

fluido e ν ´e a viscosidade cinem´atica do fluido.

Observa-se que para valores abaixo do n´umero cr´ıtico Rec, o fluxo ´e suave e as

camadas adjacentes do fluido deslizam uma pela outra de maneira ordenada. Este regime ´e chamado de laminar. Em valores acima do Rec, nota-se uma s´erie de eventos

que levam a uma mudan¸ca radical do fluxo. A velocidade e outras propriedades do fluido variam de maneira ca´otica tornando o comportamento do fluido aleat´orio. O movimento se torna intrinsecamente inst´avel e o regime passa a ser turbulento [8].

Figura 4.3: Fenˆomeno da turbulˆencia Fonte: [12]

(37)

Para representar matematicamente o regime turbulento, existe um conjunto de modelos, que s˜ao adicionados `as equa¸c˜oes apresentadas na se¸c˜ao 4.2. Essas aborda-gens podem ser agrupadas nas seguintes categorias:

• DNS2 ´e uma abordagem na qual as equa¸c˜oes s˜ao numericamente resolvidas

sem nenhum modelo de turbulˆencia. Isso requer que todas as escalas espaciais e temporais relevantes sejam resolvidas diretamente. Esta abordagem apresenta resultados precisos por´em demanda altos recursos computacionais [13]. • LES3 resolve a turbulˆencia em fun¸c˜ao do tamanho de suas escalas. ´E um

m´etodo no qual as grandes escalas turbulentas s˜ao calculadas diretamente e os efeitos das escalas menores s˜ao modelados. O esfor¸co computacional requerido ainda ´e elevado, por´em ´e menor em compara¸c˜ao ao DNS [13].

• RANS4, ou equa¸c˜oes de Navier Stokes m´edias de Reynolds, ´e uma abordagem

onde todas as escalas da turbulˆencia s˜ao modeladas. A modelagem ´e feita em fun¸c˜ao da m´edia das vari´aveis no tempo e possibilita a gera¸c˜ao de malhas me-nos refinadas. Assim, esta estrat´egia reproduz resultados com um baixo custo computacional, sendo a abordagem mais empregada em aplica¸c˜oes industriais, atualmente [13].

Atualmente, a grande maioria das simula¸c˜oes de fluxos turbulentos s˜ao baseados nas equa¸c˜oes RANS, que reproduzem resultados confi´aveis `a partir de malhas menos refinadas e com menor recurso computacional. Por isso, neste trabalho, a simula¸c˜ao ser´a feita seguindo a abordagem RANS, que ser´a apresentada a seguir.

4.3.1

Equa¸

oes de Navier Stokes m´

edias de Reynolds

A abordagem RANS, como descrito anteriormente, decomp˜oe as vari´aveis do escoa-mento em fun¸c˜ao do tempo. Ela assume que as vari´aveis podem ser representadas `a partir de uma quantidade m´edia e uma quantidade flutuante no tempo. As equa¸c˜oes de Reynolds s˜ao obtidas `a partir da introdu¸c˜ao dessa decomposi¸c˜ao de vari´aveis em

2A sigla ´e oriunda do termo em inglˆes, Direct Numerical Simulation. 3A sigla ´e oriunda do termo em inglˆes, Large-Eddy Simulation.

(38)

m´edia e flutua¸c˜ao temporal nas equa¸c˜oes originais de conserva¸c˜ao de Navier-Stokes [13].

Figura 4.4: Medi¸c˜ao da velocidade m´edia e sua flutua¸c˜ao no tempo Fonte: [8]

Neste caso, a vari´avel velocidade ui pode ser decomposta em um termo m´edio

ui, e em um termo flutuante ui0, ou seja:

ui = ui+ ui0(t) (4.16)

Generalizando para qualquer vari´avel ϕ:

ϕ = ϕ + ϕ0 (4.17)

No qual a barra sobre a inc´ognita indica o valor m´edio e a aspa no segundo termo indica a componente flutuante instantˆanea. Esta decomposi¸c˜ao ´e obtida `a partir de:

ϕ = 1 ∆t

Z t+∆t t

ϕdt (4.18)

Onde ∆t ´e uma escala do tempo grande em compara¸c˜ao com o per´ıodo de flu-tua¸c˜oes, por´em pequena em rela¸c˜ao `a constante de tempo para quaisquer varia¸c˜oes mais lentas. Por defini¸c˜ao:

ϕ0 = 0 ϕ = ϕ + ϕ0 = ϕ (4.19)

As equa¸c˜oes de Reynolds s˜ao obtidas `a partir da aplica¸c˜ao destas defini¸c˜oes nas equa¸c˜oes de conserva¸c˜ao de Navier-Stokes. Assim, para o regime permanente e

(39)

incompress´ıvel, as equa¸c˜oes de continuidade, conserva¸c˜ao de momento e de energia s˜ao obtidas [13]: ∂ uj ∂xj = 0 (4.20) ∂ (uiuj) ∂xj = −1 ρ ∂ p ∂xi + ∂ ∂xj  ν∂ ui ∂xj − ui0uj0  + gi (4.21) ∂ ρCpT uj  ∂xj = uj ∂ p ∂xj + ∂ ∂xj  kcond ∂ T ∂xi − ρCpT0u0j  (4.22) Onde o subscrito i ´e usado para variar equa¸c˜oes enquanto o subscrito j ´e utilizado para varia¸c˜ao das dire¸c˜oes dentro de uma equa¸c˜ao.

Uma diferen¸ca entre as equa¸c˜oes de Navier-Stokes e as equa¸c˜aoes RANS ´e a presen¸ca dos termos T0u0

j e ui0uj0, conhecidos como fluxo turbulento de calor e tensor

de Reynolds, respectivamente. Esses ´ultimos representam a influˆencia das flutua¸c˜oes causadas pela turbulˆencia no escoamento. Com o aparecimento de novos termos e como n˜ao existe nenhuma equa¸c˜ao adicional ao sistema, ´e necess´ario introduzir modelos adicionais para a resolu¸c˜ao das equa¸c˜oes.

De acordo com [14], a forma mais simples de modelar o fluxo turbulento de calor ´e estabelecendo uma rela¸c˜ao entre o gradiente de temperatura m´edia e o fluxo turbulento de calor. Assim, pode-se escrever:

−T uj = νt P rt ∂ T ∂xj (4.23) Onde P rt representa uma propriedade chamada de n´umero de Prandtl

turbu-lento.

O modelo mais comum e utilizado para o modelo do tensor de Reynolds ´e co-nhecido como hip´otese de Boussinesq. Esta prop˜oe que os tensores de Reynolds s˜ao proporcionais `as taxas m´edias de deforma¸c˜ao. Dessa forma, para um escoamento incompress´ıvel [8]: −uiuj = νt  ∂ui ∂xj +∂uj ∂xi  − 2 3k δij (4.24)

(40)

Aonde δij ´e o operador delta de Kronecker, k ´e a energia cin´etica turbulenta e νt

´e a viscosidade turbulenta. Estes trˆes ´ultimos s˜ao definidos por:

δij      1, i = j 0, i 6= j k = 1 2(−uiui) νef etiva = ν + νt (4.25) Desse modo, a viscosidade turbulenta deve ser modelada para o fechamento do problema. Neste ponto, ´e importante introduzir o conceito de viscosidade dinˆamica:

µt= ρνt (4.26)

Para calcular os fluxos turbulentos com as equa¸c˜oes RANS ´e necess´ario utilizar modelos que predizem o tensor de Reynolds e consequentemente o termo de viscosi-dade turbulenta. Os modelos de turbulˆencia RANS mais comuns s˜ao apresentados na tabela 4.1. Estes est˜ao classificados com base no n´umero de equa¸c˜oes adicionais.

Tabela 4.1: Classifica¸c˜ao dos modelos de turbulˆencia

N´umero de equa¸c˜oes extra Nome do modelo

Zero Modelos alg´ebricos

Uma Modelo Prandtl

Modelo Spart-Allmaras

Duas

Modelo k-ε Modelo k-ω Modelo SST

Sete Modelo de tens˜oes de Reynolds

Da tabela 4.1, todas as abordagens representam modelos de viscosidade turbu-lenta, exceto pela ´ultima abordagem, conhecida como modelo de tens˜oes de Rey-nolds. Dentre os modelos listados, o mais usado para a simula¸c˜ao de regimes tur-bulento ´e o modelo k-ε.

(41)

4.3.2

Modelo de turbulˆ

encia k-ε

Conforme [14], o modelo de comprimento k-ε ´e atualmente o mais usado, sendo ba-seado em uma analogia entre a viscosidade turbulenta, a energia cin´etica turbulenta k e a taxa de dissipa¸c˜ao turbulenta ε. Desta maneira, prop˜oe-se:

µ=ρCµ

k2

ε (4.27)

Al´em disso, as duas equa¸c˜oes diferencias de transporte adicionais propostas s˜ao [8]: ∂ (ρk) ∂t + ∂ (ρujk) ∂xj = ∂ ∂xj  µ + µt σk  ∂k ∂xj  + Pk− ρε + Pkb (4.28) ∂ (ρε) ∂t + ∂ (ρujε) ∂xj = ∂ ∂xj  µ + µt σe  ∂ε ∂k  + ε k (Cε1Pk− Cε2ρε + Cε1Pεb) (4.29) O primeiro termo das equa¸c˜oes 4.28 e 4.29 pode ser interpretado como as taxas de difus˜ao. Pk e ρε podem ser entendidos como a produ¸c˜ao e destrui¸c˜ao de turbulˆencia,

respectivamente. Pkb e Pεb representam a influˆencia das for¸cas de empuxo. Al´em

disso, Cε1, Cε2, σke σε s˜ao constantes adimensionais, cujos valores est˜ao definidos na

tabela 4.2.

Tabela 4.2: Coeficientes do modelo k-ε

Coeficiente σk σε Cε1 Cε2 Cµ

Valor 1,0 1,3 1,44 1,92 0,09

Como descrito precedentemente, Pk´e a produ¸c˜ao de turbulˆencia devido `as for¸cas

viscosas. Para fechar o sistema de equa¸c˜oes e para que o escoamento possa ser tratado, este termo deve ser modelado. Assim, Pk ´e modelado `a partir da seguinte

express˜ao: Pk = µt  ∂ui ∂xj +∂uj ∂xi  ∂ui ∂xj (4.30) Por fim, apesar do modelo k-ε n˜ao ser empregado para geometrias excessiva-mente complexas, apresenta um baixo custo computacional sendo ´util para diversas

(42)

aplica¸c˜oes em engenharia. O presente trabalho tem como objetivo a cria¸c˜ao de uma simula¸c˜ao de um trocador de calor casco e tubo. Desse modo, o modelo k-ε torna-se o mais adequado devido ao seu amplo uso e baixo custo computacional, fornecendo um resultado confi´avel para os fins do trabalho.

4.4

Malha computacional

Uma malha computacional representa a discretiza¸c˜ao de um dom´ınio f´ısico cont´ınuo `

a ser simulado, sendo constitu´ıda por linhas e pontos. Os pontos, tamb´em conhecidos como n´os, s˜ao as interse¸c˜oes das linhas e s˜ao utilizados como referˆencia espacial para a solu¸c˜ao das equa¸c˜oes diferenciais do modelo num´erico.

4.4.1

Classifica¸

ao da malha

As malhas podem ser classificadas `a partir do seu arranjo, sendo divididas em malhas estruturadas ou n˜ao-estruturadas. Malhas estruturadas possuem linhas e pontos regularmente distribu´ıdos atrav´es do dom´ınio. Esta regularidade torna o programa mais eficaz, contudo a sua aplica¸c˜ao est´a restrita `a geometrias pouco complexas. Por outro lado, malhas n˜ao-estruturadas possuem seus elementos conectados de maneira irregular. Este fato torna este tipo de malha vers´atil e adapt´avel `a qualquer geometria [15].

(a) Estruturada (b) N˜ao-estruturada Figura 4.5: Tipos de malha

Al´em da classifica¸c˜ao quanto a estrutura, as malhas podem ser divididas em fun¸c˜ao de seu formato geom´etrico. Os tipos de malha mais comuns s˜ao as hexa´edricas e tetra´edricas, sendo a escolha do tipo de elemento dependendo do recurso computa-cional e complexidade da geometria. Os elementos hexa´edricos tem maior eficiˆencia,

(43)

reduzindo erros num´ericos, contudo n˜ao ´e aplic´avel `a geometrias mais complexas. Os elementos tetra´edricos s˜ao mais vers´ateis, contudo requerem maior recurso com-putacional para gerar uma malha de mesma qualidade de uma malha hexa´edrica. Finalmente, uma malha h´ıbrida comporta os dois tipos de elementos em regi˜oes distintas.

(a) Tetra´edrico (b) Hexa´edrico Figura 4.6: Tipos de elemento

4.4.2

Qualidade da malha

Al´em da boa sele¸c˜ao do tipo de malha, ´e importante avaliar a sua qualidade. Esta avalia¸c˜ao de qualidade ´e feita `a partir de alguns controles. Os principais controles s˜ao: assimetria; ortogonalidade e raz˜ao de aspecto.

A assimetria ´e definida como a diferen¸ca entre a forma da c´elula e a forma de uma c´elula equilateral de volume equivalente. De acordo com [15], uma regra geral ´e que a assimetria m´axima deve ser mantida abaixo de 0,95, com um valor m´edio inferior a 0,33. A ortogonalidade avalia a qualidade ortogonal variando entre 0 e 1, no qual 0 indica o caso n˜ao aceit´avel e 1 o caso perfeito. A raz˜ao de aspecto ´e uma medida do alongamento da c´elula. A m´axima raz˜ao aceita deve ser mantida abaixo de 35.

4.4.3

Independˆ

encia de malha

Para estimar e avaliar os erros associados `a discretiza¸c˜ao do dom´ınio computacional, foi utilizada a metologia proposta pela ASME5. Este m´etodo visa a valida¸c˜ao da

convergˆencia de malha na simula¸c˜ao CFD, em casos onde os dados experimentais

(44)

podem ou n˜ao estar dispon´ıveis para compara¸c˜ao. O m´etodo, feito em cinco etapas, ´e descrito `a seguir, conforme [16]:

1. Define-se um tamanho de malha caracter´ıstico. Para o caso tridimensional:

h = " 1 N N X i=1 ∆Vi # 1 3 (4.31) No qual N ´e o n´umero total de elementos da malha e Vi ´e o volume da i-´esima

c´elula.

2. Selecionam-se trˆes malhas com h1 < h2 < h3, sendo recomendado que a raz˜ao

entre h3 e h1 seja superior a 1, 3.

3. Calcula-se a ordem aparente p:

p = 1 ln (r21) ln φ3− φ2 φ2− φ1 + q(p) (4.32) q(p) = lnr p 21− s rp32− s s = sgn  φ3− φ2 φ2− φ1  (4.33) Onde r21= h2/h1, r32= h3/h2 e φ sendo uma vari´avel de interesse escolhida.

4. Calcula-se a vari´avel extrapolada φ21 ext:

φ21ext= r

p

21φ1− φ2

rp21− 1 (4.34)

5. Finalmente, calculam-se os erros relativos aproximado e21

a e extrapolado e21ext,

e o ´ındice de convergˆencia de malha refinada CGI21 f ine: e21a = φ1− φ2 φ1 e21ext = φ21 ext− φ1 φ21 ext (4.35)

CGIf ine21 = 1, 25e

21 a

rp21− 1 (4.36)

O ´ındice CGI21

f ine corresponde `a estimativa de erro num´erico na solu¸c˜ao

refi-nada para a vari´avel de interesse φ. A partir deste valor, pode-se identificar a independˆencia das malhas utilizadas. Este m´etodo pode ser usado de maneira equi-valente para o c´alculo das incertezas e32

(45)

Cap´ıtulo 5

Simula¸

ao num´

erica

5.1

Implementa¸

ao

A problem´atica proposta envolve o desenvolvimento de um modelo f´ısico para a si-mula¸c˜ao. Para este objetivo, optou-se pelo programa comercial ANSYS Fluent 19.0, desenvolvido pela empresa ANSYS, Inc.. Este programa cont´em amplos recursos de modelagem necess´arios para estudar o escoamento de fluidos, a transferˆencia de calor e outros fenˆomenos associados. Esta ferramenta foi escolhida em raz˜ao do seu amplo uso em aplica¸c˜oes industriais, al´em da sua versatilidade para modelagem de sistemas f´ısicos [15].

O ANSYS Fluent ´e uma ferramenta de c´alculo CFD para solucionar problemas de mecˆanica dos fluidos, aplicando a t´ecnica dos volumes finitos (a zona de interesse ´e dividida em sub-zonas ou volumes de controle). As equa¸c˜oes governantes s˜ao discretizadas e resolvidas em cada volume de controle tridimensionalmente.

A implementa¸c˜ao de uma simula¸c˜ao baseada no ANSYS Fluent segue a sequˆencia de etapas apresentadas na se¸c˜ao 4.1. Esta implementa¸c˜ao ´e feita com o aux´ılio de outras ferramentas, tamb´em desenvolvidos pela mesma empresa.

Na fase de pr´e-processamento, a constru¸c˜ao da geometria, a gera¸c˜ao da malha e a defini¸c˜ao das condi¸c˜oes do modelo devem ser realizadas. Para a constru¸c˜ao do modelo geom´etrico, utilizou-se o Design Modeler, que ´e uma ferramenta de dese-nho assistido por computador (CAD)1. Para a subdivis˜ao do dom´ınio cont´ınuo em discreto e gera¸c˜ao da malha, foi utilizado o ANSYS Meshing.

(46)

Para a fase de processamento, na qual ocorrem o c´alculo dos resultados `a partir de m´etodos iterativos e a an´alise da convergˆencia da simula¸c˜ao, assim como a an´alise da independˆencia de malha, foi utilizado o ANSYS Fluent. Esta ferramenta tamb´em ´e utilizada para a aplica¸c˜ao das condi¸c˜oes de contorno.

Finalmente, para o p´os-processamento, fase na qual os resultados s˜ao analisados, fez-se uso do CFD Post. Um esquema explicativo sobre as etapas e ferramentas necess´arias para simula¸c˜ao pode ser visualizado na figura 5.1.

Figura 5.1: Implementa¸c˜ao da simula¸c˜ao

´

E importante ressaltar que a vers˜ao acadˆemica do ANSYS Fluent foi utilizada para a realiza¸c˜ao deste trabalho. Os limites impostos por esta vers˜ao foram deter-minantes para a realiza¸c˜ao da simula¸c˜ao.

5.2

Defini¸

ao da geometria

A primeira parte do pr´e-processamento consiste na constru¸c˜ao da geometria. O trocador de calor usado para o presente trabalho consiste em um dispositivo de sete tubos, envolto por um casco cil´ındrico. O casco disp˜oe de um bocal de entrada e

(47)

um bocal de sa´ıda. O trocador ainda cont´em quatro chicanas igualmente espa¸cadas entre si. H´a apenas um passe no casco e um passe no tubo.

Figura 5.2: Modelo geom´etrico no ambiente Design Modeler

Neste caso, o fluido mais quente escoa dentro dos tubos enquanto o fluido mais frio escoa pelo lado dos cascos, na regi˜ao externa aos tubos. A figura 5.3 apresenta as entradas e sa´ıdas de ambos os fluidos no trocador.

Figura 5.3: Entradas e sa´ıdas dos fluidos

Na tabela 5.1, os parˆametros mais importantes para a constru¸c˜ao da geometria do trocador de calor foram listados. ´E importante citar que as dimens˜oes utilizadas para este trabalho s˜ao reduzidas em compara¸c˜ao com um trocador real presente nas ind´ustrias e plantas de gera¸c˜ao de energia, por exemplo.

(48)

Tabela 5.1: Parˆametros geom´etricos

Parˆametro geom´etrico Valor (mm)

Comprimento total do casco (L) 600

Diˆametro interno do casco (Di) 100

Diˆametro externo do casco (Do) 108

Diˆametro interno do tubo (di) 16

Diˆametro externo do tubo (do) 20

Diˆametro interno do bocal de entrada do casco (Db1) 22

Diˆametro interno do bocal de sa´ıda do casco (Db2) 22

N´umero de tubos (Nt) 7

N´umero de chicanas (Nc) 4

Espa¸camento entre chicanas (Ec) 116,8

Espessura das chicanas (ec) 4

5.3

Defini¸

ao da malha

A gera¸c˜ao da malha foi feita com o aux´ılio da ferramenta ANSYS Meshing. Para este fim, o trocador foi dividido em cinco dom´ınios diferentes: Fluido quente (lado dos tubos); Fluido frio (lado do casco); Tubos; Chicanas; Paredes externas.

Foi adotada uma malha h´ıbrida para a simula¸c˜ao, ou seja, variando o tipo de elemento dependendo do dom´ınio. Alguns dom´ınios possuem caracter´ısticas geom´etricas semelhantes, logo, foram tratadas de maneira similar na gera¸c˜ao da malha. As escolhas do tipo de elemento est˜ao listadas abaixo:

• Fluido quente e tubos: optou-se pelo uso de elementos hexa´edricos es-truturados. Esta escolha foi feita pois tratam-se de dom´ınios com formatos cil´ındricos. Dessa forma, a redu¸c˜ao do n´umero de elementos e do custo com-putacional pˆode ser feita.

• Chicanas e paredes externas: aplicou-se uma malha hexa´edrica n˜ao estru-turada. Nestas regi˜oes, n˜ao existe grande interesse de estudo das propriedades f´ısicas, visando assim a gera¸c˜ao de uma malha com n´umero reduzido de ele-mentos.

(49)

• Fluido frio: elementos tetra´edricos n˜ao estruturados foram usados devido `

a complexidade imposta e a facilidade da aplica¸c˜ao destes elementos neste dom´ınio.

O controle de estrutura MultiZone Method foi utilizado para gerar elementos hexa´edricos. O controle Inflation foi utilizado para regi˜oes perto da parede no fluido frio devido a complexidade do movimento nessas ´areas. O refinamento da malha foi feito utilizando o controle Sizing para variar o tamanho dos elementos. Este ´ultimo controle ´e importante para analisar a independˆencia da malha.

Conforme [8], o n´umero e o volume de elementos tˆem uma influˆencia nos re-sultados de uma simula¸c˜ao. Portanto, os tamanhos foram especificados de formas distintas para obter malhas com n´umero e volume de elementos diferentes. As ma-lhas geradas est˜ao listadas na tabela 5.2.

Tabela 5.2: Malhas geradas no ANSYS Meshing Malha N´umero de n´os N´umero de elementos

N1 350 856 153 345

N2 275 946 131 775

N3 184 824 99 222

´

E importante citar que a vers˜ao acadˆemica do ANSYS Fluent 19.0 tem um limite de 512 000 para o n´umero de elementos e n´os somados. As malhas foram geradas respeitando este limite.

(50)

5.4

Aplica¸

ao das condi¸

oes de contorno

A defini¸c˜ao das propriedades f´ısicas e a aplica¸c˜ao das condi¸c˜oes de contorno do problema s˜ao feitas com bases nas hip´oteses feitas na se¸c˜ao 2.4.

Segundo [1], o material do tubo ´e escolhido de maneira `a aumentar a transferˆencia de calor. Dessa maneira, o cobre foi selecionado para os tubos devido `a sua alta condutividade t´ermica. Para as chicanas e paredes externas, foi escolhido o alum´ınio. As propriedades dos s´olidos s˜ao consideradas constantes no dom´ınio de temperaturas estudado e foram computadas `a partir das defini¸c˜oes do ANSYS Fluent.

Para ambos os fluidos, a ´agua no estado l´ıquido foi selecionada. Neste estado, a ´agua ´e considerada incompress´ıvel e suas propriedades s˜ao consideradas constan-tes para o estudo [1]. Suas propriedades tamb´em foram computadas `a partir das defini¸c˜oes do ANSYS Fluent.

Tabela 5.3: Propriedades dos materiais definidas no ANSYS Fluent Material ρ (kg/m3) Cp (J/kgK) kcond (W/mK) µ (kg/ms)

´

Agua 998,2 4182 0,6 0,001003

Alum´ınio 2719 871 202,4

-Cobre 8978 381 381,0

-Em seguida, as condi¸c˜oes iniciais e de contorno foram estabelecidas. Como a an´alise de um trocador de calor ´e considerada um problema de regime permanente, as condi¸c˜oes iniciais n˜ao interferem no resultado final do c´alculos. Portanto, somente as condi¸c˜oes de contorno devem ser aplicadas.

(a) Paredes externas (b) Chicanas

(51)

Como o trocador ´e um sistema isolado do meio externo neste estudo, foi imposta a condi¸c˜ao de parede sem deslizamento e com fluxo de calor nulo nas paredes externas. A mesma condi¸c˜ao foi aplicada para as chicanas.

Para os tubos foi imposta apenas a condi¸c˜ao de n˜ao deslizamento para permitir a troca de energia entre os dois fluidos. As condi¸c˜oes na regi˜ao de entrada dos fluidos foram definidas em termos de uma velocidade normal `a se¸c˜ao. Na regi˜ao de sa´ıda, uma press˜ao manom´etrica nula foi aplicada. A vaz˜ao m´assica ˙mc foi calculada `a

partir do diˆametro Db1. A vaz˜ao ˙mh foi calculada `a partir de di e multiplicada pelo

n´umero de tubos Nt. Todas as condi¸c˜oes de contorno est˜ao resumidas na tabela 5.4.

Tabela 5.4: Condi¸c˜oes de contorno

Dom´ınio Condi¸c˜ao de contorno Valor

Fluido quente

Velocidade de entrada Temperatura de entrada Vaz˜ao m´assica resultante Press˜ao de sa´ıda 0,1 m/s 80 ◦C 0,15 kg/s 0 Pa Fluido frio Velocidade de entrada Temperatura de entrada Vaz˜ao m´assica resultante Press˜ao de sa´ıda

0,1 m/s 10 ◦C 0,04 kg/s 0 Pa

Tubos Parede sem deslizamento

-Paredes externas e chicanas Fluxo de calor nulo Parede sem deslizamento

-5.5

Crit´

erios de convergˆ

encia

Ap´os a defini¸c˜ao das entradas da simula¸c˜ao, ocorre a etapa de processamento, isto ´e, os c´alculos CFD no Fluent. Durante o processamento, o sistema de equa¸c˜oes ´e resolvido por meio de um processo iterativo at´e a sua convergˆencia. Para todas as simula¸c˜oes realizadas, utilizou-se um computador com sistema operacional de

(52)

64 bits, processador Intel i5-8250U, frequˆencia de 1,6 GHz at´e 1,8 GHz e 8 Gb de m´emoria RAM.

O residual ´e uma medida fundamental para a convergˆencia de uma solu¸c˜ao itera-tiva. O residual mede a diferen¸ca local de uma vari´avel em cada volume de controle entre duas itera¸c˜oes consecutivas. Portanto, a convergˆencia ocorre quando a varia¸c˜ao dos resultados entre duas intera¸c˜oes consecutivas atende um crit´erio estabelecido. Em uma solu¸c˜ao num´erica, o residual nunca ser´a igual `a zero. No entanto, quanto menor for o seu valor, mais precisa ser´a a solu¸c˜ao.

Neste estudo, foi estabelecido o crit´erio de convergˆencia de erro m´edio quadr´atico, entre res´ıduos de itera¸c˜oes consecutivas, com limite de 10−6 para a equa¸c˜ao de energia e 10−4 para as equa¸c˜oes restantes. A figura 5.6 apresenta o resultado do processamento para simula¸c˜ao utilizando a malha N1.

Figura 5.6: Res´ıduos de convergˆencia da simula¸c˜ao para a malha N1

A simula¸c˜ao foi finalizada ap´os 230 itera¸c˜oes e pode-se observar que os crit´erios residuais foram atingidos. Al´em disso, os residuais das equa¸c˜oes de energia, movi-mento e de turbulˆencia atingiram um limite inferior `a 10−6. Portanto, observa-se que a solu¸c˜ao convergiu e atingiu o regime permanente do sistema, com os crit´erios estabelecidos conforme [16].

(53)

5.6

Estudo de independˆ

encia de malha

O estudo de convergˆencia ou independˆencia de malhas ´e uma etapa importante para verificar se a malha utilizada fornece resultados precisos. O m´etodo para esta an´alise baseia-se na modifica¸c˜ao da densidade da malha, variando o n´umero de elementos e calculando o ´ındice de convergˆencia de malha e seus erros associados [16].

Para este fim, trˆes malhas com resolu¸c˜oes diferentes foram geradas, como men-cionado na se¸c˜ao 5.3: N1, N2 e N3. Ademais, foram selecionadas trˆes vari´aveis de

controle: a temperaturas TP1 medida no ponto P1 (fluido quente), a temperatura

TP2 medida no ponto P2 (fluido frio) e a temperatura TP3 medida no ponto P3 (fluido

frio), como mostra a figura 5.7:

Figura 5.7: Pontos selecionados para an´alise de independˆencia de malha

Para cada vari´avel de controle, aplicou-se o m´etodo descrito na se¸c˜ao 4.4 para estimar as incertezas associadas ao refinamento de malha. A tabela 5.5 apresenta os resultados obtidos.

De acordo a tabela, o ´ındice de convergˆencia associado `as malhas N1 e N2´e igual a

0,1%, 0,1% e 3,1% para o controle das temperaturas TP1, TP2 e TP3, respectivamente.

Simultaneamente, o ´ındice de convergˆencia associado `as malhas N2 e N3 ´e de 0,3%,

1,8% e 7,6%. Apenas o controle de TP3 apresentou um erro maior que 7 %, neste

´

ultimo caso. Os resultados obtidos para as malhas N2 e N3 s˜ao levemente maiores

do que os resultados das malhas N1 e N2, comprovando que o refinamento foi eficaz

para a redu¸c˜ao das incertezas. O resultado tamb´em confirma que o refinamento n˜ao causa varia¸c˜ao significativa na simula¸c˜ao, pois os ´ındices tem pequenas diferen¸cas entre si [16].

(54)

Tabela 5.5: Resultados da an´alise de independˆencia de malha Vari´avel TP1 TP2 TP3 r21 1,094 1,094 1,094 r32 1,128 1,128 1,128 φ1 74,282◦C 26,781 ◦C 21,818 ◦C φ2 74,407◦C 26,473 ◦C 21,428 ◦C φ3 74,799◦C 24,477 ◦C 20,67 ◦C

Vari´avel extrapolada φ21

ext 74,231

C 26,875C 22,357C

Erro relativo aproximado e21

a 0,1 % 0,1 % 0,2 %

Erro relativo extrapolado e21

ext 0,1 % 0,3 % 2,4 %

´Indice de convergˆencia CGI21

f ine 0,1 % 0,1 % 3,1 %

Vari´avel extrapolada φ32ext 74,549◦C 26,806 ◦C 22,136 ◦C Erro relativo aproximado e32a 1,0 % 8,6 % 6,5 % Erro relativo extrapolado e32

ext 1,0 % 8,6 % 6,6 %

´Indice de convergˆencia CGI32

f ine 0,3 % 1,8 % 7,6 %

A malha N1, a mais refinada dentre as trˆes geradas, foi selecionada para an´alise

de qualidade. A tabela 5.6 apresenta os dados obtidos para esta an´alise. Tabela 5.6: Qualidade dos elementos da malha N1

Malha 3 Qualidade Crit´erio

Assimetria 0,57 OK Ideal <0,33 <Aceit´avel <0,95

Ortogonalidade 0,88 OK 0 (N˜ao aceit´avel) <Aceit´avel <1 (Ideal) Raz˜ao de aspecto 26,23 OK Ideal <10 <Aceit´avel <35

`

A partir dos resultados, constata-se que a malha N1 apresenta uma qualidade

admiss´ıvel. A ortogonalidade resultante apresenta uma qualidade elevada, com valor igual `a 0,88. Por outro lado, a assimetria e raz˜ao de aspecto resultantes possuem os valores 0,57 e 26,23, respectivamente. Estas duas m´etricas podem ser melhoradas, entretanto, apresentam valores aceit´aveis considerando os crit´erios estabelecidos em 4.4.1. Dessa maneira, a malha N1 foi selecionada para a simula¸c˜ao.

(55)

Cap´ıtulo 6

Resultados

6.1

An´

alise dos resultados obtidos na simula¸

ao

Para as condi¸c˜oes de contorno definidas anteriormente, os efeitos f´ısicos dentro do trocador foram simulados no ANSYS Fluent. Nesta fase, chamada de processamento, ocorre a solu¸c˜ao do problema `a partir de c´alculos iterativos [8].

Ap´os a valida¸c˜ao dos crit´erios de convergˆencia do processamento, pode-se analisar resultados. Isto ´e feito atrav´es da interface CFD-Post. Em um primeiro instante, os contornos de temperatura no trocador foram plotados.

(56)

Figura 6.2: Contornos de temperatura no plano xz

Observando as figuras 6.1 e 6.2, percebe-se que, de fato, ocorre uma transferˆencia de energia entre os fluidos. O fluido no lado dos tubos ´e resfriado pelo fluido no lado do casco, enquanto este ´ultimo ´e aquecido pelo primeiro.

No lado dos tubos, h´a varia¸c˜ao em torno de 5◦C, e a temperatura de sa´ıda ´e Th2 = 75, 1◦C. O fluido do casco tem uma varia¸c˜ao de 18◦C, saindo do sistema `a

Tc2= 28, 2◦C. Existe maior varia¸c˜ao de temperatura por parte do fluido frio devido

a sua menor vaz˜ao m´assica.

O perfil de temperaturas do fluido quente ao longo dos tubos foi tra¸cado, como mostra a gr´afico `a seguir:

(57)

Figura 6.3: Perfil de temperaturas do fluido no lado dos tubos

Este perfil foi obtido `a partir da medi¸c˜ao da temperatura do ponto central da circunferˆencia de cada tubo. `A partir do gr´afico 6.3, constata-se que a varia¸c˜ao das temperaturas dos tubos entre si ´e m´ınima.

Em um segundo instante, as linhas de corrente desenvolvidas `a partir das se¸c˜oes de entrada foram tra¸cadas. As mesmas podem ser observadas nas imagens 6.4, 6.5, 6.7 e 6.6.

(58)

Figura 6.4: Linhas de corrente do fluido no lado dos tubos

Figura 6.5: Linhas de corrente do fluido no lado do casco

O fluido quente, limitado espacialmente pelos tubos, possui complexidade menor e m´ınima varia¸c˜ao de velocidade ao longo do dom´ınio. Por outro lado, o fluido frio possui maior complexidade em seu movimento, devido a varia¸c˜ao da se¸c˜ao do escoamento ao longo do trocador e a presen¸ca de chicanas.

Referências

Documentos relacionados

Realizar debate (rodas de conversa ou seminário) com a categoria, em todas as subsedes sobre o Modelo Social da Deficiência.1. Ampliação da inserção social da

Portanto, mesmo percebendo a presença da música em diferentes situações no ambiente de educação infantil, percebe-se que as atividades relacionadas ao fazer musical ainda são

Esta ação consistirá em duas etapas. Este grupo deverá ser composto pela gestora, pelo pedagogo e ou coordenador pedagógico e um professor por disciplina

Declaro que fiz a correção linguística de Português da dissertação de Romualdo Portella Neto, intitulada A Percepção dos Gestores sobre a Gestão de Resíduos da Suinocultura:

the human rights legislated at an international level in the Brazilian national legal system and in others. Furthermore, considering the damaging events already

O objetivo do curso foi oportunizar aos participantes, um contato direto com as plantas nativas do Cerrado para identificação de espécies com potencial

Nessa medida, procedeu-se inicialmente à revisão da literatura disponível sobre a resiliência, com especial ênfase na sua relação com a prática desportiva e o suporte social,

Com base nessas informações e convicta da importância da Paleontologia para a compreensão da origem e evolução da vida na Terra, e ainda, considerando a escassez