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Alguns testes de velocidade de germinação em sementes de Carthamus tinctorius L. para a avaliação do efeito do nível de água do substrato

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Academic year: 2021

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Alguns testes de velocidade de germinação em sementes de Carthamus

tinctorius L. para a avaliação do efeito do nível de água do substrato

Guilherme C. Oba1*, André L. D. Goneli2, Cesar P. H. Filho1, Laira R. Ferreira1, Vinicius S. Patricio1, Elton P. Martins1.

1

Universidade Federal da Grande Dourados (PG); 2 Universidade Federal da Grande Dourados (PQ). * Autor de correspondência e apresentador. E-mail: guilherme_oba@hotmail.com

RESUMO

Para maioria das espécies agrícolas, a plena disponibilidade hídrica durante a fase de germinação é de fundamental importância para que esta ocorra de maneira uniforme e em tempo satisfatório. Assim, objetivou-se com o presente trabalho, avaliar o efeito de diferentes níveis de água no substrato sobre a germinação e velocidade do processo de germinação de sementes de cártamo. Para isso, sementes de cártamo, oriundas de dois lotes (A e B), foram semeadas em substratos de papel contendo volumes de água correspondentes a 1,5; 2,0; 2,5 e 3,0 vezes o peso do papel desidratado e avaliadas quanto a porcentagem de germinação (G), tempo médio de germinação (TMG) e coeficiente de velocidade de germinação (CVG). Os níveis de água testados não influenciaram a germinação. O aumento da disponibilidade hídrica do substrato resultou na redução do TMG e aumento do CVG das sementes de cártamo, independentemente do lote avaliado. Nas condições deste experimento, a germinação final das sementes de cártamo não é afetada pelas diferentes disponibilidades hídricas. Entretanto, o tempo requerido para que estas germinem é maior em condições de baixa disponibilidade hídrica.

Palavras-chave: Cártamo, disponibilidade hídrica, tempo de germinação

INTRODUÇÃO

A quantidade de água disponível no substrato às sementes durante a germinação é um dos principais fatores limitantes para que esta ocorra de maneira uniforme e em menor tempo possível. A partir da reidratação de seus tecidos, em consequência da absorção da água, ocorre a intensificação da atividade respiratória e metabólica da semente, resultando no fornecimento de energia e nutrientes essenciais para a síntese de novos tecidos e, consequente, retomada do crescimento do eixo embrionário (CARVALHO e NAKAGAWA, 2012; MARCOS FILHO, 2005).

Tanto a restrição quanto o excesso hídrico podem comprometer a germinação, bem como a velocidade desse processo (AZEREDO et al., 2010; MARCOS FILHO, 2005), sendo que as respostas à tais condições podem variar conforme a espécie. Desse modo, informações referentes ao comportamento germinativo de cada espécie, seja medicinal ou

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não, podem auxiliar na escolha daquela que melhor se adaptaria às condições de cada região.

Neste sentido, insere-se o cártamo (Carthamus tinctorius L.), espécie pertencente à família Compositae ou Asteraceae, apresentando-se como uma cultura adaptada a condições adversas, sendo cultivado em todo o mundo devido suas propriedades medicinais. De acordo com Emongor (2010), na medicina tradicional chinesa, suas pétalas são consideradas como estimulantes da circulação sanguínea, redução de secreções nasais, cura de fraturas, contusões e diversas doenças do sexo feminino, além de outras propriedades medicinais encontradas em seus grãos e folhas.

Acredita-se que para cada espécie exista um nível adequado de umidade disponível para que estas possam germinar de maneira mais rápida e uniforme. Assim, objetivou-se com o presente trabalho avaliar a germinação, bem como sua velocidade, de sementes de cártamo sob diferentes níveis de água no substrato.

MATERIAL E MÉTODOS

O experimento foi conduzido no Laboratório de Propriedades Físicas de Produtos Agrícolas, pertencente à Faculdade de Ciências Agrárias da Universidade Federal da Grande Dourados, Dourados - MS, no primeiro semestre de 2015. Foram utilizados dois lotes de sementes de cártamo. Inicialmente, determinou-se o teor de água das sementes pelo método de estufa a 105 + 3 ºC durante 24 horas, de acordo com as Regras para Análise de Sementes - RAS (BRASIL, 2009), sendo verificados os teores de água de 7,4 e 8,6% para os lotes 1 e 2, respectivamente.

Para a implantação do experimento, as sementes foram dispostas uniformemente em substratos do tipo rolo de papel, compostos por 3 folhas de papel germitest e umedecidos com os volumes de água (ml) correspondentes aos níveis de água de 1,5; 2; 2,5 e 3 vezes o peso do papel sem hidratação (20,7 g). Os tratamentos permaneceram em câmara de germinação do tipo Mangelsdorf a 25º C e luz branca constante até o décimo quarto dia após a semeadura por encerramento do experimento (BRASIL, 2009).

Aos 14 dias após a semeadura avaliou-se a germinação, contabilizando o número de plântulas normais e os resultados expressos em porcentagem (BRASIL, 2009). O tempo médio de germinação, conforme Edmond & Drapala (1958), e o coeficiente de velocidade de germinação, conforme Kotowski apud Furbeck (1993), foram obtidos através da contabilização diária do número de plântulas normais formadas e calculados pelas equações 1 e 2, respectivamente.

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TMG = ((N1G1) + (N2G2) + ... + (GnNn)) / (G1 + G2 + ... + Gn) (1)

CVG = (G1 + G2 + ... + Gn) / ((N1G1) + (N2G2) + ... + (GnNn)) x 100 (2)

Onde:

TMG: tempo médio de germinação;

CVG: coeficiente de velocidade de germinação;

G1, G2, Gn: número de plântulas normais computadas na primeira contagem, na segunda

contagem e na última contagem;

N1, N2, Nn: número de dias da semeadura à primeira, à segunda e à última contagem.

O experimento foi conduzido em delineamento inteiramente casualizado em esquema fatorial 2 x 4 (2 lotes e 4 níveis de água do substrato), com 4 repetições de 50 sementes cada. Os dados foram submetidos à análise de variância e à análise de regressão a 5% de probabilidade, utilizando-se o programa estatístico SISVAR (FERREIRA, 2000).

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Na tabela 1 encontra-se o resumo da análise de variância da germinação (G), do tempo médio de germinação (TMG) e do coeficiente de velocidade de germinação (CVG) das sementes de cártamo em função dos tratamentos realizados.

Tabela 1.- Resumo da análise de variância para a germinação (G), tempo médio de germinação

(TMG) e coeficiente de velocidade de germinação (CVG) de sementes de Carthamus tinctorius (L.). UFGD, Dourados, 2015.

Fontes de Graus de Valores de F calculado

variação liberdade G TMG CVG Lote (A) 1 267,80* 42,9** 53,1** Tratamento (B) 3 0,22 15,4** 17,4** Interação AxB 3 0,39 3,2* 5,8** Resíduo 24 - - - Média geral 62,94 4,70 21,60 Coeficiente de variação (%) 9,03 5,50 5,20

** significante a 1% e * significante a 5% de teste de F.

Observa-se que para o TMG e CVG houve interação significativa entre os fatores lote e níveis de água do substrato. Já para a germinação, apenas o fator lote, quando

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analisado isoladamente, apresentou significância. A maior porcentagem de germinação foi observada no lote B (79%) e a germinação do lote A foi de 47% (Dados não publicados).

A média de germinação do lote B (79%) se mostrou satisfatória e superior àquela obtida por Girardi et al. (2013), também trabalhando com sementes de cártamo (60%). O baixo percentual de germinação obtido pelas sementes do lote A (47%) provavelmente ocorreu por estarem em maior nível de deterioração e apresentarem alta contaminação fúngica, verificada durante o teste de germinação.

De acordo com a figura 1A, verifica-se que o tempo médio de germinação (TMG) das sementes de cártamo reduziu conforme o aumento da disponibilidade hídrica do substrato tanto para as sementes do lote A quanto para aquelas do lote B. Ainda é possível verificar que a formação de plântulas normais dos lotes A e B submetidas ao nível de água de 3 vezes o peso do papel ocorreu com 0,9 e 0,7 dia, respectivamente, de antecedência que aquelas submetidas ao menor nível de água testado (1,5 vezes o peso do papel).

Isto possivelmente ocorreu porque em condições de baixa disponibilidade hídrica, ocorre o prolongamento da fase de II da germinação, resultando no atraso da germinação (GORDIN et al., 2014). Este aumento do tempo requerido para germinação em resposta ao aumento do déficit hídrico também foi verificado em outras espécies como niger (GORDIN et al., 2014) e crambe (TEIXEIRA et al., 2011).

Figura 1. Tempo médio de germinação (A); e coeficiente de velocidade de germinação

(B) de dois lotes de sementes de Carthamus tinctorius L. em função dos diferentes níveis de água no substrato.

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Na figura 1B verifica-se o aumento dos valores do coeficiente de velocidade de germinação (CVG) das sementes dos lotes A e B conforme o aumento da disponibilidade hídrica. Estes resultados indicam que o incremento da disponibilidade hídrica do substrato resultou no aumento da velocidade da germinação das sementes de cártamo, independente do lote avaliado, assim como observado no TMG (Figura 1A).

Vale salientar que para as sementes do lote A, a partir dos níveis de água de 2,73 (TMG = 4,06 dias) e 2,64 (CVG = 24,7) vezes o peso do papel, o TMG e CVG (Figuras 1A e 1B) passaram a ter comportamento ascendente e descendente, respectivamente, indicando possível efeito negativo do excesso de umidade para as sementes deste lote, fatos não observados para as sementes do lote B. Este comportamento também foi verificado por Azeredo et al. (2010) com sementes de repolho. Segundo os autores, níveis de água acima de 2,5 vezes o peso do papel resultaram na redução da velocidade de germinação destas sementes, possivelmente em função da redução da aeração provocada pelo umedecimento excessivo do substrato (TILLMANN et al., 2003).

Estes resultados podem indicar que a tolerância das sementes de cártamo a condições de excesso de umidade durante a germinação esteja relacionada ao seu nível de deterioração. Isto porque as sementes do lote A já apresentavam baixo percentual de germinação (47%), sendo este um considerável indicativo de estado avançado de deterioração.

Considerando os resultados obtidos, nas condições impostas no presente experimento, conclui-se que a germinação final das sementes de cártamo não é afetada pelas diferentes disponibilidades hídricas. Entretanto, o tempo requerido para que estas germinem é maior em condições de baixa disponibilidade hídrica.

AGRADECIMENTOS

Ao CNPq e CAPES pelas bolsas de mestrado e doutorado concedidas.

REFERÊNCIAS

AZEREDO, G. A. de; SILVA, B. M. da S. e; SADER, R.; MATOS, V. P. Umedecimento e substratos para germinação de sementes de repolho. Pesquisa Agropecuária Tropical, v.40, n.1, p.77-82, 2010.

BRASIL. Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. Regras para análise de

sementes. Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. Secretaria de Defesa

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CARVALHO, N. M. de; NAKAGAWA, J. Sementes: ciência, tecnologia e produção. 5. ed. Jaboticabal: FUNEP, 2012. 590 p.

EDMOND, J. B.; DRAPALA, W. J. The effects of temperature, sand and soil, and acetone on germination of okra seeds. Proceedings of the American Society for Horticultural

Science, v.71, p.428-434, 1958.

EMONGOR, V. Safflower (Carthamus tinctorius L.) the underutilized and neglected crop: a review. Asian Journal of Plant Sciences, v.9, n.6, p.299-306, 2010.

FERREIRA, D. F. SISVAR (Sistema para análise de variância). Lavras: Universidade Federal de Lavras (Departamento de Ciências Exatas DEX), 2000. (CD-ROM).

GIRARDI, L. B.; BELLÉ, R. A.; LAZAROTTO, M.; MICHELON, S.; GIRARDI, B. A.; MUNIZ, M. F. B. Qualidade de sementes de cártamo colhidas em diferentes períodos de maturação. Revista Acadêmica: Ciências Agrárias e Ambientais, v.11, suplemento 1, p.67-73, 2013.

GORDIN, C. R. B.; MARQUES, R. F.; MASETTO, T. E.; SCALON, S. de P. Q.; SOUZA, L. C. F. de. Temperaturas e disponibilidades hídricas do substrato na germinação de sementes de niger. Bioscience Journal, v.30, supplement 1, p.112-118, 2014.

KOTOWSKI. In: FURBECK, S. M.; BOURLAND, F. M.; WATSON, C. E. Relationship of seed and germination measurements with resistance to seed weathering cotton. Seed

Science and Technology, v.21, n.3, p.505-512, 1993.

MARCOS FILHO, J. Fisiologia de sementes de plantas cultivadas. Piracicaba: FEALQ, v. 12, 2005. 495 p.

TEIXEIRA, R. N.; TOLEDO, M. Z.; FERREIRA, G.; CAVARIANI, C.; JASPER, S. P. Germinação e vigor de sementes de crambe sob estresse hídrico. Irriga, v.16, n.1, p.42-51, 2011.

TILLMANN, M. A. A.; MELLO, V. D. C. de; ROTA, G. R. M. Análise de sementes. In: PESKE, S. T.; ROSENTHAL, M. D. A.; ROTA, G. R. M. (Eds). Sementes: fundamentos

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