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LUIZ: LIRA Prof. Adjunto do Dep. de Pesca da UFRPE. Bolsista do CNPq.

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CDU 556.542 (813.42 Rio Formoso)

ASPECTOS DA DINÂMICA DO ESTUÁRIO DO R10 FORMOSO, PE.

LUIZ

LIRA

Prof. Adjunto d o Dep. de Pesca da UFRPE.

Bolsista d o CNPq.

MARIA CONSUELO ZAPATA Eng. de Pesca. Pós-Graduanda da universidade de Massachusetts VERÔNICA GOMES DA FONSECA Prof. Colaborador d o Centro de Ciên- cias Biológicas da Universidade Fede- ral de Pernambuco

O estuário do Rio Formoso do ponto de vista geológico é de planície costei- ra, existindo dois padrões de distribuição de salinidade de suas aguas. Na zona estuari- na média e inferior a salinidade é em média 25%, na superior 6,5%. As velocidades de correntes variam também nos diferentes trechos do estuário correspondendo aos valo- res máximos de 63cm/s, 52cmls e 29cmls para o alto, médio e baixo cursos respectiva- mente. Os maiores valores de salinidade e de material em suspensão foram registrados nas preamares. O flushing-time calculado para desrmgn fluvial de 5m3/s é de aproxima- damente 11-12 dhs. Segundo os parámetros de circulação e estratifcação o estuário é

do tipo bem mistumdo. A cobertura sedimentar especialmente no baixo curso, com- põe-se de material terrigeno em mistura com organismos predominantemente mari-

nhos.

INTRODUÇÃO

-

Com aproximadamente 7.000 quil6metros de litoral, o Brasil exibe uma gama de baías, estuários e lagoas costeiras que contribuem para o-input de micro e macro nutrientes, fundamentalmente necessários para a produção primária ria plataforma con- tinental, base do processo trófico dos oceanos. No entanto, C desrespeitoso constatar que esses ambientes transicionais, suporte da produção orgânica das zonas tropicais. são somente utilizados como receptáculos de resíduos industriais e urbanos.

Cad. Ômegn Univ. Fed. Rum/ PE., Recife, 3(1/2) : 133-156, jan. /dez. 1979

CDU 556.542 (813 42 Rio Formoso)

\SPE( TOS DA DINÂMICA DO ESTUÁRIO DO RIO FORMOSO, PE.

LUIZ: LIRA

Prof. Adjunto do Dep. de Pesca da UFRPE.

Bolsista do CNPq.

MARIA CONSUELO Z AP AT A Eng. de Pesca Pós-Graduanda da universidade de Massachusetts VERÔNICA GOMES DA FONSECA Prof. Colaborador do Centro de Ciên- cias Biológicas da Universidade Fede- ral de Pernambuco

O estuário do Rio Formoso do ponto de vista geológico é dt planície costei- ra, existindo dois padrões de distribuirão de salinidade de suas águas. Na zona estuari- na media e inferior a salin idade é em média 25%, na superior 6,5%. As velocidades de correntes variam também nos diferentes trechos do estuário correspondendo aos valo- res máximos de 63cm/s, 52cm/s e 29cm/s para o alto, médio e baixo cursos respectiva- mente. Os maiores valores de salinidade e de material em suspensão foram registrados nas preamares. O flushing-time calculado para dest irga fluvial de ^m^/s e de aproxima- damente 77-72 dias. Stgundo os parâmetros de < irculação e estratificação o estuário é do tipo bem misturado. A cobertura sedimentar especialmente no baixo curso, com- põe-se de material terrigeno em mistura com crgantsmos predominantemente mari-

nhos

INTRODUÇÃO

Com aproximadamente 7 000 quilômetros de litoral, o Brasil exibe uma gama de baias, estuários e lagoas costeiras que contribuem para o input de micro e macro nutrientes, fundamentalmente necessários para a produção primana rià plataforma con- tinental, base do processo trófico dos oceanos, No entanto, é desrespeitoso constatar que esses ambientes transicionais, suporte da produção orgânica das zonas tropicais, são somente utilizados como receptáculos de resíduos industriais e urbanos.

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Do saldo, advém o fracasso ecológico e a morte prematura desses reservatórios que, em conseqüência, encerram o sucesso adaptativo de espécies comerciáveis como peixes, moluscos e crustáceos, alimento de alto teor proteico, obviamente necessários na dieta da população.

Urge a necessidade de uma política de pesquisa, a nível nacional, que objetive o reforço do conhecimento científico a cerca dos ambientes costeiros, sendo imperati- vo que as investigações se verifiquem de forma interrelacionadas, para que o ecossiste- ma venha a ser considerado sob um leque mais amplo de opções.

Dentro desta concepção, a pesquisa realizada no estuário do Rio Formoso, si- tuado a 76 km ao sul do Recife, capital de Pernambuco e a 4 km ao norte & Baía de Tamandaré, enfoca, sob um prisma de integraçáo, aspectos de geologia ambienta1 e das características físicas e químicas de suas águas, fatores estes, cujas relações determinam a harmonia da unidade operacional estabelecida entre os organismos e o ambiente, ten- tando, por outro lado, fornecer parâmetros ecológicos necessários para o incremento de atividades de cultivo de espécies aquáticas de valor comercial.

MATERIAL

E

METODOS

Foram analisadas, mecanicamente, 25 amostras superficiais de sedimento, vi- sando a dominância e a diversidade dos componentes bióticos da fração areia, adotan- do-se a metodologia expressa por DROOGER & RAASCHIETERZ (1958), apud TI- NOCO (1 972).

Para referência da determinação dos principais acidentes morfológicos do lei- to do estuário, realizou-se o estudo batimétrico, considerando a linha d'água zero refe- rente àquela da mais baixa mar6 que ocorreu na Baía de Tamandaré n o ano de 1978. Os registros batimétricos foram obtidos através de ecobatímetro portátil, permitindo a efetuação dos perfis perpendiculares ao eixo do estuário.

A coleta das amostras d'água para as observações das variações de salinidade e temperatura e dosagem do material em suspensão. foram realizadas de 18 a 20 de julho e de 10 a 12 de novembro de 1978, correspondentes aos períodos de chuva e estiagem respectivamente (figura 1 ).

A metodologia empregada na coleta d'água, observações de campo e análises de laboratório encontram-se detalhadas nos trabalhos de LIRAS 6 (1978).

Cad. omega Univ Fed. Rural PE

.

Recife. 3(1/2) 133-1 -í6, jan. /dez 1979 134

Do saldo, advém o fracasso ecologico e a morte prematura desses reservatórios que, em conseqüência, encerram o sucesso adaptativo de espécies comerciáveis como peixes, moluscos e crustáceos alimento de ilto teor proteico, obviamente necessários na dieta da população.

Urge a necessidade de uma política de pesquisa, a nível nacional, que objetive o reforço do conhecimento científico a cerca dos ambientes costeiros, sendo imperati- vo que as investigações se verifiquem de forma interrelacionadas, para que o ecossiste- ma venha a ser considerado sob um leque mais amplo de opções.

Dentro desta concepção, a pesquisa realizada no estuário do Rio Formoso, si- tuado a 76 km ao sul do Recife, capital de Pernambuco e a 4 km ao norte da Baía de Tamandare, enfoca, sob um prisma de integração, aspectos de geologia ambiental e das características físicas e químicas de suas águas, fatures estes, cujas relações determinam a harmonia da unidade operacional estabelecida entre os organismos e o ambiente, ten- tando, pur outro lado, fornecer parâmetros ecologicos necessários para o incremento de atividades de cultivo de especies aquáticas de valor comercial.

MATERIAL E MÉTODOS

Foram analisadas, mecanicamente, 25 amostras superficiais de sedunento, vi- sando a domináncia e a diversidade dos componentes bióticos da fração areia, adotan do se a metodologia expressa poi DROüGER & RAASCHIETER2 (1958), apud TI-

NOC O (1972).

Para referência da determinação dos puncipais acidentes murfologicos do lei- to do estuário, realizou-se o estudo batimétrico, considerando a linha d'água zeroreie- rente aquela da mais baixa maré que ocorreu na Baía de Tamandaré no ano de 1978. Os registros batimétricos foram obtidos através de ecobatímetro portátil, permitindo a efetuação dos perfis perpendiculares ao eixo do estuário.

A coleta das amostras dagua para as observações das variações de salinidade e temperatura e dusagem do material em suspensão, foram realizadas de 18 a 20 de julho e de 10 a 12 de novembro de 1978, correspondentes aos períodoc de chuva e estiagem

respectivamente (figura 1).

A metodologia empregada na coleta d'água, observações de campo e análises de laboratório encontram-se detalhadas nos trabalhos de LIRA5 6 (1978).

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Cad. Ômega Univ. Fed. Rum1 PE.. Recife, 3/1/2) : 133-156, jon. /dez 1 979 m

m

t

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Os fenômenos dinâmicos que têm lugar num estuário, são de primor dia1 im- portância, principalmente nas zonas dos estuários mais próximos d o mar onde é possí- vel associar as ações das correntes de maré e da ondulação (ABECASIS & MATIAS*.

1971).

A penetração da maré, o aporte de água doce e sua renovação dentro d o es- tuário, a variação da salinidade, velocidade de corrente e o comportamento d o material em suspensão. foram os fenômenos estudados para a compreensão da dinâmica do Es-

tuário do Rio Formoso.

Penetração da maré

4 penetrago da maté nos estuários depende de vários fatores: amplitude de mare. declividade do leito do rio, tanto na zona estuarina como na zona à montante adjacente a esta. da morfologia do estuário e da vazão d o rio, OTTMANNlO (1968) apud MOURA ( 1 973).

"Esta penetração de maré encerra dois aspectos fundamentais: as variações do nivel &as águas. isto é. a maré dinâmica, e a penetração das águas salgadas e sua mistura com a igua doce. que é chamada maré de salinidade", OTTMANNIO (1968) apud MOUKA ( 1973,

4 rriare dinamica do estuário do Rio Formoso atingiu, no período estudado, o nivel inaximo de I 73m na sua foz. Em estação no fundo d o estuário a cota máxima observada toi de I 17m para o mesmo período de observações. Os estudos realizados refererite\ a mare dinâmica na boca e n o fundo do estuário revelaram um retardo de cerca de 90-1 20 min para que as oscilaçóes que ocorrem na foz se façam sentir n o

fundo d o estuário.

4s curvas de maré obtidas das observações realizadas em réguas graduadas na desenibocadura do corpo estuarino, revelaram-se simétricas, refletindo seis horas de fluxo e wis de retluxo das águas. Esta simetria da curva sofre alteração quando há um aumento na descarga líquida do Rio Formoso Este fato foi verificado quando a va- zão do rio atingiu 5.10m3/s em julho de 1978. I? neassário citar que as marés da re- gião são de pequenas amplitudes (1.24m em média para a Baía de Tamandaré). As cur- vas de iiiare vão \e tornando assimétricas a medida que o aporte de água doce aumenta Na estaqão do tundo. a curva de maré obtida revelou 4 horas de fluxo das águas contra 8 horas de retluxo no ciclo completo de maré observado.

ABEC 4SIS & MATIASI ( 197 1 ). estudando o estuário do Zambeze (Moçam- bique ) verificaram que a medida que a influência marinha diminui sobre o estuário. as curva\ de mare\ tornam-se cada vez mais assimétricas

í ò d omruo i nii t.csr/ Rural P t Rerife { / I 12) 133-156, / a /dez 1979

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FENÔMENOS DINÂMICOS NO ESTUÁRIO

Os fenômenos dinâmicos que têm lugai num estuário, são de primordial im- portância, principalmente nas zonas dos estuários mais próximos do mar onde é possí- vel associar as ações das correntes de maré e da ondulação (ABECASIS & MAT1AS1,

1971).

A penetração da maré, o aporte de agua doce e sua renovação dentro do es- tuário, a variação da salinidade, velocidade de corrente e o comportamento do material em suspensão, foram os tenõmenos estudados para a compreensão da dinâmica do Es- tuário do Rio Formoso.

Penetração da maré

A penetração da maté nos estuários depende de vários fatores: amplitude de maré. declividade do leito do rio, tanto na zona estuarina como na zona à montante adjacente a esta. da morfologia do estuário e da vazão do rio, OTTVIANN10 (1968)

apud MOURA (I 973).

"Esta penetração de maré encerra dois aspectos fundamentais: as variações do nível das aguas. isto é. a maré dinâmica, e a penetração das águas salgadas e sua mistura com a água doce. que é chamada maré de salinidade", OTTMXNN10 (1968) apud

MOURA ( 1971)

A mare dmamica do estuário do Rio Formoso atingiu, no período estudado, o nível máximo de I 73m na sua foz. Em estação no fundo do estuário a cota máxima observada foi de 1.17m para o mesmo período de observações Os estudos realizados referentes a maré dinâmica na boca e no fundo do estuário revelaram um retardo de cerca de 9U 120 min para que as oscilações que ocorrem na foz se laçam sentir no

fundo do estuário.

As curvas de maré obtidas das observações realizadas em réguas graduadas na desembocadura do corpo estuarino, revelaram-se simétricas, refletindo seis horas de fluxo e seis de relluxo das águas. Esta simetria da curva sofre alteração quando há um aumento na descarga líquida do Rio Formoso Este fato foi verificado quando a va- zão do no atingiu S.lOmVs em julho de 1978, É necessário citar que as ma^es da re- gião são de pequenas amplitudes (1 24m em media para a Baía de Tamandaré). As cur- vas de maré vão se tornando assimétricas a medida que o aporte de água doce aumenta. Na estação do lundo, a curva de maré obtida revelou t horas de fluxo das águas contra 8 horas de retluxo no ciclo completo de maré observado.

ABEC AS1S & MAT1AS' (1971). estudando o estuário do Zambeze (Moçam- bique) verificaram que à medida que a influência marinha diminui sobre o estuário, as curvas de maré-, tornam-se cada vez ma;s assimétricas

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A penetração da maré de salinidade foi esnmada em 10.5 quilômetros Como foi referido, a incursão salina em um estuário depende, entre outros fatores, do aporte de água doce proveniente do rio. Desta maneira para descargas líquidas do Rio Formo so de 5.12m3/s e 4.78m3/s, calculadas em julho e novembro de 1978 respectivamente, foi possível elaborar as seguintes fórmulas matemáticas:

S = 36.28 - 3.23x (1) 8 = 34.17- 3.18x (2)

Onde: S = salinidade em partes por mil x = distância em km da foz do estuário

que permitem calcular o valor da salinidade em função da distância da boca do estuá- rio.

A penetração máxima da maré salina foi determinada nas proximidades da cidade do Rio Formoso, onde verificaram-se valores médios de salinidade de 1.38%<> (novembro) e 0.7'(julho) nos períodos de preamar. Na baixamar quando a influên- cia marinha no Rio Formoso diminui, a zona, próxima à cidade, apresentou quantida- de de sólidos dissolvidos menor que0.5'%ç ou seja, água doce.

Prisma de maré

Considerando-se a média dos níveis de maré no estuário do Rio Formoso de 1.65m para a foz e 1.05m para a zona do fundo do estuário, calculou-se em 24.269.406m3 o volume de agua presente em uma preamar. O volume d'água na baixa-

mar foi estimado em 12.355.000m3. A diferença entre estes dois volumes sugere que,

aproximadamente 11.914.406m3 de água, foram introduzidos no estuário durante um

fluxo de maré. Esta quantidade denominada de prisma de maré, aumenta o volume do estuário de 96.4% aproximadamente.

Variação da salinidade

"A morfologia do estuário, o fluxo de água doce e as oscilações de marés são as variávç(s dominantes na determinação da distribuição da salinidade dentro de um es- tuário" (H ANSEN & RATTRAY4, 1966).

No estuário do Rio Formoso identificaram-se dois padrões de distribuição longitudinal de salinidade No baixo e médio cursos do estuário, os valores médios da salinidade variaram de 21, a 26 40 %e No alto curso, onde a morfologia estuari- na é mais complexa, verificou-se um decréscimo acentuado nos valores médios de sali- nidade de 5 90 %c a 7.26%f A zona do alto curso do estuário sofre importante influ- encia fluvial enquanto as dos médios e ba.xo cursos, alem de existirem condições fa- voráveis à livre penetração da maré salina, não st verifica um fornecimento expressivo

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de água doce pelos cursos d'água que lá desaguam.

E

importante referir que o Rio Arinquindá, o mais importante afluente d o Rio Formoso, é paralelo à linha da praia em grande parte do seu curso, possuindo por isso, gradiente menor que o do Rio For- moso, sendo, provavelmente, pouco significativo como um curso d'água que influi n o processo de mistura ou de diluição das águas.

O gradiente longitudinal da salinidade n o estuário do Rio Formoso é para o mar. Somente na estação 111, localizada fora do "eixo do estuário" é que se observou valores de salinidade maiores d o que em trechos situados à sua jusante. Este fato, deve- se possivelmente, a o represamento de águas nas "gamboas" que facilitam as maiores concentrações de sais dissolvidos na água devido à evaporação. Nestes corpos semi-fe- chados, a circulação da água é deficiente, ocorrendo somente fluxo de água em marés muito baixas. O refluxo de maré consegue trazer de volta águas de salínidade elevada (32%0). Por outro lado, a pouca intensidade dos ventos na região e a intensa vegetação que se desenvolve na periferia das gamboas diminuem a possibilidade de troca de águas facilitando o fenômeno da evaporação e, conseqüentemente, o da elevação da salinida-

de. Contudo, a salinidade média da zona da foz do estuário foi determinada em 27.7%. Deummodogeral, .os valores máximos e mínimos de salinidade a o longo d o estuário, corresponderam aos períodos de preamar e baixamar, respectivamente. Para a zona de alto curso d o estuário, as águas somente atingem seus limites máximos de sali- nidade, depois de uma hora após a maré alta.

A distribuição vertical da salinidade, ao longo do estuário, não revelou dife- renças marcantes. Normalmente, as diferenças nos valores da salinidade entre as águas de superfície e de fundo não ultrapassarama 2%0para as estações dos médios e baixo curso do estuário. Entretanto, n o alto curso, quando a penetração da maré de salinida- de é máxima, verifica-se uma estratificação vertical, sendo registradas diferenças de sa- linidade de 6 %oaté 8.6%o entre as águas de superfície e de fundo. É necessário revelar que esta estratificação salina n o curso superior tem duração de, aproximadamente, 2 horas, desaparecendo, imediatamente, durante a virada da maré, sugerindo que a turbu- lência causada pelo refluxo das águas, em período de baixamar. é suficiente para o fe- nômeno de mistura.

Velocidade de comente

"A morfologia d o estuário, o fluxo de água doce e as marés são as variáveis dominantes na determinação da circulação dentro d o estuário", (HANSEN & RAT- TRAY4. 1966)

No estuário do Rio Formoso foram identificados três padrões de velocidade de corrente relacionados às suas zonas morfologicamente distintas (figura 2).

Cad òmega Univ. Fed. Rural PE.. Recife. .?(I /2/ 133- 156. jan. /dez I Y 79

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de água doce pelos cursos d'água que lâ desaguam. É importante referir que o Rio Arinquindá, o mais importante afluente do Rio Formoso, é paralelo à linha da praia em grande parte do seu curso, possuindo por isso, gradiente menor que o do Rio For- moso, sendo, provavelmente, pouco significativo como um curso d'agua que mflui no processo de mistura ou de diluição das águas.

O gradiente longitudinal da salinidade no estuário do Rio Formoso é para o mar. Somente na estação III, localizada fora do "eixo do estuário" é que se observou valores de salinidade maiores do que em trechos situados à sua jusante Este fato, deve- se possivelmente, ao represamento de aguas nas "gamboas" que facilitam as maiores concentravões de sais dissolvidos na água devido à evaporação. Nestes corpos semi-fe- chados, a circulação da água é deficiente, ocorrendo somente fluxo de água em marés muito baixas. O refluxo de mare consegue trazer de volta aguas de salinidade elevada (32%í!).Por outro lado, a pouca intensidade dos ventos na região e a intensa vegetação que se desenvolve na periferia das gamboas diminuem a possibilidade de troca de aguas facilitando o fenomeno da evaporação e, conseqüentemente, o da elevação da salinida-

de. Contudo, a salinidade- média da zona da foz do estuário foi determinada em 27.7%. Deum modo geral, .os valores máximos e mínimos de salinidade ao longo do estuário, corresponderam aos períodos depreamarebaixamar, respectivamente. Para a zona de alto curso do estuário, as águas somente atingem seus limites máximos de sah nidade, depois de uma hora após a maré alta.

A distribuição vertical da salinidade ao longo do estuário, não revelou dife- renças marcantes. Normalmente, as diferenças nos valores da salinidade entre as águas de superfície e de fundo não ultrapassaram a 2%» para as estações dos médios e baixo curso do estuário. Entretanto, no alto curso, quando a penetração da maré de salinida- de é máxima, verifica-se uma estratificação vertical, sendo registradas diferenças de sa- linidade defi%caté 8.6%centre as águas de superfície e de fundo. É necessário revelar que esta estratificação salina no curso superior tem duração de aproximadamente, 2 horas, desaparecendo, imediatamente, durante a virada da maré, sugerindo que a turbu- lência causada pelo refluxo das águas, em período de baixamar, é suficiente para o fe- nômeno de mistura.

Velocidade de corrente

"A morfologia do estuário, o fluxo de água doce e as marés são as variáveis dominantes na determinação da circulação dentro do estuário", (HANSEN &. RAT- TRAY4, 1966).

No estuário do Rio Formoso foram identificados trés padrões de velocidade de corrente relacionados às suas zonas morfologicamente distintas (figura 2).

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O alto curso do estuário, zona onde este'corpo d'água possui largura da or- dem de 6 0 metros, caracteriza-se pela apresentação de uma ampla variação nas veloci- dades das águas. Registrou-se velocidade de 63cm/s até valores mínimos, onde o cor- rentômetro não conseguia registro. As mais altas velocidades foram sempre registra- das n o refluxo das águas e as mínimas, em período de 'estofa de maré". Nesta zona, os máximos valores de velocidade de preamar estiverem em torno de 23cm/s, valores de IOcm/s foram anotados como mínimos, ainda na preamar.

No médio curso do estuário os valores de velocidade também apresentaram uma ampla variação (52cmls a I cmls), acontecendo os máximos de velocidade no re- fluxo das águas e na preamar. Já na zona de baixo curso do estuário as velocidades mé- dias registradas foram de 29cm/s e o mínimo de 13cmIs de velocidade.

A circulapo e a intensidade das águas em um estuário, associada à distri- buição da salinidade e aos graus de osciiaçáo de temperatura, guardam uma estreita relação com a taxa de, sedimentação, poder de transporte e capacidade de carga suspen- sa no ambiente.

O curso d'água em questão, possui em sua porção superior maior velocidade, estando o seu leito atapetado por areia quartzosa, de distribuição binodal, onde a areia grossa domina sobre os demais componentes. Nas zonas média e inferior, ocorrem areias médias principalmente nos canais, cuja circulação da água é mais evidenciada nos locais mais abrigados pela vegetação do manga], onde normalmente a circulação é me- nor e a salinidade aumenta com a evaporação, podendo-se observar sedimentos lamosos ricos em matéria orgânica.

O comportamento do deslocamento da água de profundidade é consideravel- mente semelhante ao determinado para a água de superfície, em profundidade a veloci- dade da circulação apresenta valores menores em virtude do atrito estabelecido pelo contato direto com as irregularidades do leito.

Renovação da água doce no estuário

"Dentro de muitos ambientes estuarinos existe uma taxa relativamente regu- lar e uniforme de transporte de água, isto é, o volume de água estuarina cedido ao mar na foz do estuário é essencialmente compensado pela quantidade de água doce introdu- zida pelo rio ao sistema na região superior do mesmo", (REID &

WOODl3,

1976). Es- te transporte de água é um processo lento, devido à circulação estuarina e pode levar uma quantidade de água doce proveniente do rio a permanecer no estuário por algum tempo antes de ser lançado a o mar.

O tempo necessário para renovar a quantidade de água doce existente noes- tuário, a uma razão igual a vazão do rio é conhecido como "flushing time" e o mesmo

Cad. Ômega Univ. Fed. Rural PE.. Recife. 3/1/21 : 133-156. jan. ldez. 1979

O alto curso do estuário, zona onde este corpc d'água possui largura da or- dem de 60 metros, caractenza-se pela apresentação de uma ampla variação nas veloci- dades das aguas Rcgistrou-se velocidade de 63cm/s até valores mínimos, onde o cor- rentòmetro não conseguia registro. As mais altas velocidades foram sempre registra- das no refluxo das águas e as mínimas, em período de "estofa de maré". Nesta zona, os máximos valores de velocidade de preamar estiverem em torno de 23cm/s. valores de lOem/s foram anotados como mínimos, ainda na preamar.

No médio curso do estuário os valores de velocidade também apresentaram uma ampla variação (52cm/s a lem/s), acontecendo os máximos de velocidade no re- fluxo das águas e na preamar. Já na zona de baixo curso do estuário as velocidades mé- dias registradas foram de 29cm/s e o mínimo de 13cm/s de velocidade.

A circulação e a intensidade das águas em um estuário, associada à distri- buição da satinidade e aos graus de oscilação de temperatura, guardam uma estreita relação com a taxa de sedimentação, poder de transporte e capacidade de carga suspen- sa no ambiente

O curso d'água em questão, possui em sua porção superior maior velocidade, estando o seu leito atapetado por areia quartzosa de distribuição binodal, onde a areia grossa domina sobre os demais componentes. Nas zonas média e inferior, ocorrem areias médias principalmente nos canais, cuja circulação da agua é mais evidenciada nos locais mais abrigados pela vegetação do mangai onde normalmente a circulacãoé me- nor e a salinidade aumenta com a evaporação, podendo-se observar sedimentos lamocos

ricos em matéria organica.

O comportamento do deslocamento da agua de profundidade é consideravel- mente semelhante ao determinado para a agui de superfície, em profundidade a veloci- dade da circulação apresenta valores menores em virtude do atrito estabelecido pelo contato direto com as irregularidades do leito.

Renovação da agua doce no estuário

"Dentro de muitos ambientes estuarinos existe uma taxa relativamente regu- lar e uniforme de transporte de água, isto é, o volume de agua estuarina cedido ao mar na foz do estuário é essencialmente compensado pela quantidade de agua doce ntrodu- zida pelo rio ao sistema na região superior do mesmo", (RE1D & W)ODl 3, 1976). Es-

te transporte de água é um processo lento, devido à circulação estua. ina e pode levar uma quantidade de água doce proveniente do rio a permanecer no estuário por algum tempo antes de ser lançado ao mar.

O tempo necessário pari renovar a quantidade de agua doce existente no es- tuário, a uma razão igual a vazão do rio é conhecido como "flushing time" e o mesmo

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varia de ns dias, alguns meses e até anos. Matematicamente, ele pode ser expresso por i =

$

onde Q é igual ao volume total de água doce acumulada n o estuário e R L a descarga íquida do rio.

Para a determinação do "flushing time" do estuário d o Rio Formoso,,utilizou- se o método da fração de água doce. Esse, consiste o c ' culo da fração média de água d o a numa secção quaalquer d o estuário, sendo I

=&-$$

, onde Ss é a salinidade da água d o mar e Sn é a salinidade média numa secção d o estuario. O volume total Q é en. contrado por Q

=.$

fi vi

.

sendo fi a fração de água doce na secção i e Vi. o volume

I = 1

de água na porção i do estuário.

O modelo foi aplicado considerando-se vazões de 4.78m31s e 5.1 2m3/s, regis- t r a d a ~ em novembro e julho de 1978. obtendo-se como resultado, em 11 a 1 2 dias, tempo necessário para a renovação da água doce. Este resultado, mesmo que tenha sido efetuado para vazões pontuais, reveste-se de importância prática, uma vez que é possí- vel prever a capacidade de autodepuração d o ambiente n o que se refere à tolerância re- sidual admitida, sem atingir níveis alarmantes de poluição.

CLASSIFICAÇÃO DO ESTUÁRIO SEGUNDO OS PRINC@IOS: ESTRATIFICAÇÃO

E CIRCULAÇÁO

Em relação aos parámetros de velocidade e salinidade, HANSEN & RAT- TRAY4 ((1966) apresentaram um diagrama de classificação de estuários em função da estratificação e circulação, na qual o valor da primeira SS/So é colocado n o eixo das or- denadas, sendo SS a diferença de salinidade entre fundo e superfície; S o a salinidade média na secção sobre o valor da circulação Us/Uf encontrada n o eixo das abcissas, on- de Us é a velocidade na superfície e U f a velocidade média na secção.

De acordo com o modelo proposto sete tipos de estuários foram apresenta- dos.

Os valores de estratificação e circulação determinados para o estuário do Rio Formoso revelam ser este tipo 1, bem misturado, apresentando leve estratificação na zona estuarina superior (figuras 3 e 4 )

MATERIAL EM SUSPENSÃO

A velocidade das correntes e o grau de mistura entre a água doce e salgada são os fatores mais importantes que regulam a distribuição do material em suspensão n o estuário do Rio Formoso.

Cad. Ômega Univ. Fed Rural PE

.

Recife. . { / I / & 133-1.56.]nn /dez 1979

varia de alguns dias, alguns meses e ate anos Matematicamente, ele pode ser expresso por T = , onde Q é igual ao volume total de água doce acumulada no estuário e R é a descargi líquida do rio.

Para a determinação do "flushing time" do estuário do Rio Formoso,.utilizou- se o método da fração de agu» dooe tsse, consiste no c^jculo da fração media de agua doce numa secçao qualquer do estuário, sendo f = --§5" . onde Ss e a salinidade da agua do mar e Sn é a salinidade media numa secção do estuário. 0 volume total Q é en- contrado por Q = Ü ti vi - sendo fi a fração de água doce na secção i e Vi, o volume

i = 1

de agua na porção i do estuário.

0 modelo foi aplicado considerando-se vazões de 4.78m3/s e 5.12m3/s, regis- tradas em novembro e julho de 1978, obtendo-se como resultado, em 11 a 12 dias, tempo necessário para a renovação da água doce. Este resultado, mesmo que tenha sido etetuado para vazões pontuais, reveste-se de importância prática, uma vez que é possi vel prever a capacidade de autodepuração do ambiente no que se refere à tolerância re- sidual admitida, sem atingir níveis alarmantes d*5 poluição.

CLASSIFICAÇÃO DO ESTUÁRIO SEGUNDO OS PRINCÍPIOS ESTRAriFICAÇÃO E CIRCULAÇÃO

Em relação aos parâmetros de velocidade e salinidade, HANSEN &.RAT- TRAY4 (1966) apresentaram um diagrama de classificação de estuários em função da

estratificação e circulação, na qual o valor da primeira SS/So é colocado no eixo das or- denadas. sendo SS a diferença de salinidade entre fundo e superfície; So a salinidade média na secção sobre o valor da circulação Us/Uf encontrada no eixo das abeissas. on- de Us é a velocidade na superfície e Uf a velocidade média na secção.

De acordo com o modelo proposto sete tipos de estuários foram apresenta- dos.

Os valores de estratificação e circulação determinados para o estuário do Rio Formoso revelam ser este tipo 1, bem misturado, apresentando leve estratificação na zona estuarina superior (figuras 3 e 4)

MATERIAL FM SUSPENSÃO

A velocidade das correntes e o grau de mistura entre a água doce e salgada são os fatores mais importantes que regulam a distribuição do material em suspensão no estuário do Rio Formoso.

(10)

/

CUNHA SALINA

(

,

3

PARCIALMENTE

%-

TIPO f i l n ~ n

I

1

9

MISTURADO

I

BEM MISTURADO

U s /

Uf

Rgura 3 - Diagrama de classificação, segundo HANSEN & RATTRAy4 (1966) CUNHA SALINA

, ^ PARCIALMENTE ^ TIPO RJORD i ^ MISTURADO

I

-1 1 L 1 .

/ I 1-5 IO IO2 IO3 IO4

BEM MISTURADO Us/ Uf

(11)

Cad. omega Univ. Fed. Rum1 PE.. Recife. .?(I / 2 ) . 133-156. jan./dez. 1979 \> kj tx. tH SM

(12)

As oscilações da temperatura que intervém na viscosidade da água, influindo na velocidade de sedimentação, das partículas parece somente ter importância relevan- te nos locais pouco movimentados, como é o caso das "gamboas" cujo aumento de temperatura, principalmente entre 10 e 14 horas acelera o processo de sedimentação. Nestes locais como referido, ocorrem bancos areno-lamosos sendo registrados valores altos de temperatura como 34 graus centígrados verificado às 13 horas. c

r

As águas estuarinas na região norte-nordeste-brasileira processam de forma lenta as trocas de calor com a atmosfera. As diferenças de temperatura em relação à

água do mar raramente são maiores do que 4 a 50C e as oscilações de temperatura são de pequenas amplitudes.

MACEDO9 et alli (1 973), ESKJNAZI-LEÇA3 (1 974), verificaram que as va- riações de temperatura das águas d o canal de Santa Cruz normalmente são menores do que 30C. Resultados semelhantes foram obtidos por LIRA6 et alli (1978) estudando o estuário do Mamucaba e por PARANAGUÁ 1 1 et alii (1979) em pesquisa efetuada n o estuário do Rio Igarassu, ambos em Pernambuco.

As maiores concentrações de material e m suspensão d o estuário nas águas su- perficiais ocorreram na sua zona inferior onde os valores mddios variaram de 40.0 mg/l a 43.7mgll para os períodos de estiageme chuva,,respectivamente. Este fato está apa- rentemente relacionado com a presença do Rio Arinquindá, que deságua nas proximi- dades da foz d o Rio Formoso. A concentração da zona média do estuário foi estimada em 25mg/l, ocorrendo ocasionalmente valores acima ou abaixo deste. Em período de maior pluviosidade estudado (julho) as concentrações de material em suspensão au- mentaram chegando quase a duplicar os valores acima referidos. Entretanto registrou- se para o período de estiagem (novembro). valor medi0 de 14.6mg/l a montante do es- tuário.

A distribuição vertical do material em suspensão e sua relação com a velocida- de de corrente pode ser vista na figura 5, correspondente a o comportamento do curso médio do'estuário. A diferença média entre os valores do material próxima a o leito e à

superfície, determinou 14.9mgIl e 9.0mglI para julho e novembro, respectivamente. Fontes de material em suspensão

A concentração de sólidos em suspensão n o estuário do Rio Formoso 6 pro- veniente da zona à montante do estuário, do mar, por ocasião das incursões de maré,

das margens do estuário e da atividade orgânica d o próprio ambiente.

O estudo do comportamento do material em suspensão revelou que o rio transporta menos de 15rngll nos períodos chuvosos, parecendo ser pouco expressivo como fonte de suprimento para o estuário. I? necessário ressaltar que o Rio Formoso. a exemplo de outros cursos d'água, da região, são rios costeiros, possuindo grande par- te d o seu curso sobre a influência marinha.

Cad. Ômega Univ. Fed. Rum1 PE.. Recife. 3/1/21 133-356. jan./dez. 1979 144

As oscuações da temperatura que intervém na viscosidade da agua influindo na velocidade de sedimentação, das partículas parece somente ter importância relevan- te nos locais pouco movimentados, como é o caso das ' gamboas" cujo aumento de temperatura, principalmente entre 10 e 14 horas acelera o processo de seoimentação. Nestes locais como referido, ocorrem bancos areno-lamosos sendo registrados valores altos de temperatura como 34 graus centígrados verificado às 13 horas. c "

As águas estuarinas na região norte-nordeste brasileira processam dt forma lenta as trocas dt calor com a atmosfera. As diferenças de temperatura em relação à água do mar raramente são maiores do que 4 a 5or e as oscilações de temperatura são

de pequenas amplitudes

MACfDO^ et alli (1973), ESKINAZI-LEÇA3 (1974), verificaram que as va- riações de temperatura das aguas do canal de Santa Cruz normalmente são menores do que 30C' Resultados semelhantes foram obtidos por URA^ et alli (1978) estudando o

estuário do Mamucaba e por PARANAGUÁ 11 et alii (1979) em pesquisa efetuada no

estuário do Rio Igarassu, ambos em Pernambuco.

As maiores concentrações dt material em suspensão do estuário nas águas su- perficiais ocorreram na sua zona inferior onde os valores médios variaram de 40.0 mg'l a 43.7mg,j para os períodos de estiageme chuva,.respectivamente Este fato está apa- rentemente relacionado com a presença do Rio Arinquinda, que deságua nas proximi- dades da foz do Rio Formoso. A concentração da zona média do estuário foi estimada em 25mg/'l, ocorrendo ocasionalmente valores acima ou abaixo deste. Em período dt maior pluviosidade estudado (julho) as concentrações dt material em suspensão au- mentaram chegando quase a duplicar os valores acima referidos. Entretanto registrou- se para o período ae estiagem (novembro), valor médio de 14.6mg( l a montante do es-

tuário.

A distribuição vertical do material em suspensão e sua relação com a velocida- de de torrente pode ser vista na figura 5, correspondente ao comportamento do curso médio do'estuário. A diferença media entre os valores do material próxima ao leito e à superfície, determinou 14.9nig,l e 9.0mg/l para julho e novembro, respectivamente. Fontes de material em suspensão

A concentração de sólidos em suspensão no estuário do Rio Formoso é pro- veniente da zona à montante do estuário, do mar, por ocasião das incursões de maré, das margens do estuário e da atividade orgânica do próprio ambiente.

O estudo do comportamento do material em suspensão revelou que o rio transporta menos de 15mg/l nos períodos chuvosos, parecendo ser pouco expressivo como fonte de suprimento para o estuário. É necessário ressaltar que o Rio Formoso, a exemplo de outros cursos d'água da região, são rios costeiros, possuindo giande par- te do seu curso sobre a influência marinha.

(13)

10 \ L / . / ' \ m o t . r m susprnrão o S u p r r f I c l e m a t

.

r m usp.naõo f u n d o

Figura 5 - Material em suspensão e velocidbde. 2/nov./78.

f l u x o

r e f l u x o

f l u x o

r r f l u x o

Cad. Ômego Univ. Fed. Rural PE., Recife. 3(1/2) : 133-156, jan./dez. 1979 iat. em suspensão Super flei e VeU da corrente 7/8 9 K) II 12 13 V4 15 l€ ^ Hof0 / V- IO ^ JO mal am auspantoo

figura 5 Material em suspensão e velocidade 2/nov./78.

(14)

Em relação ao material em suspensão, proveniente do mar, supõe-se que, sua contribuição para o estuário, também não 6 expressiva com base em 3 aspectos: o tipo de cobertura sedirnentar da plataforma adjacente, presença de *beach-rocks nas proximidades da foz do estuário e o comportamento das correntes marinhas cos- teiras da região.

Os sedimentos que recobrem a plataforma interna da região sLo formadas predominantemente por areias e cascalho, sobressaindo-se fragmentos de algoas cal- cáreas dos gêneros Halimeda, Lithotharnnium, Udotea e Penicillus, não existindo por- tando, grandes possibilidades do mar fornecer quantidades expressivas de material para o estuário.

LIRA6 et alii (1978), estudando o estuário do Rio Mamucaba, localizado a 10.8 km do Rio Formoso constataram a presença de Recifes dispostos na sua desem- bocadura, não permitindo que o mar aja como significante supridor do material em suspensão. Comportamento semelhante repete-se no estuário do Rio Formoso dada a presença de beach-rocks situados na foz.

Em virtude da dominância dos ventos SE na região (10 meses ao ano) as correntes marinhas costeiras têm sentido geral para N, sendo as partículas em sus- pensão levadas para longe do estuário. Observa-se ainda que as águas costeiras da re- gião, a Sul do Recife, apresentam menor turbidez quando comparada com as águas ao Norte da capital do Estado.

As margens do estuário do Rio Formoso estão colonizadas em cerca de 80% de mangues, onde predominam sedimentos lamosos de coloraçh escura ricos em ma- téria orgânica, os quais parecem que constituem a fonte mais importante de material em suspensão n o estuário.

O mecanismo de fornecimento está, entre outros fatores, relacionado com a elevação das águas devido As oscilaçóes da mar6 dinâmica que, em suas pulsações mais significativas impõem à água importante quantidade de material fmo sedimentado no manga1 e "trapeado" nas raízes do complexo vegetal existente.

Analisando-se a tendência dos solos em suspensão atravts de um ciclo de ma- r6, verificou-se que os valores máximos foram encontrados na preamar e no início do refluxo e os mínimos no começo do fluxo. Por outro lado, a velocidade das águas C menor na metade do fluxo e na preamar. Na realidade o aumento do material em sus- pensão por ocasião da elevação do nível das águas, que coincide com a menor dinâmi- ca do estuário, reforça a hipótese de ser o mangue a mais importante fonte de supri- mento de finos para o estuário.

Uma vez que não foi possível realizar um estudo mais aprofundado das ati- vidades biológicas dos organismos, omite-se quaisquer especulações sobre participa- ção dos mesmos como fonte de material orgânico para o ambiente.

Cad. Ômega Univ. Fed. Rum1 PE., Recife. 3(1/2) : 133-156, jan. /dez. 1979 146

Em relação ao material em suspensão, proveniente do mar, supõe-se que, sua contribuição para o estuário, também não e expressiva com base em 3 aspectos; o tipo de cobertura sedimentar da plataforma adjacente, presença de heach-rocks nas proximidades da foz do estuário e o comportamento das correntes marinhas cos- teiras da região.

Os sedimentos que recobrem a plalatorma interna da região são formadas predominantemente por areias e cascalho, sobressaindo-se fragmentos de algoar cal- cáreas dos gêneros Halimeda, Lithothamnium, Udotea e Penícillus. não existindo por tando, grandes possibilidades do mar fornecer quantidades expressivas de material para o estuário.

LIRA6 et alii (1978), estudando o estuário do Rio Mamucaba, localizado a

10.8 km do Rio Formoso constataram a presença de Recifes dispostos na sua desem- bocadura, não permitindo que o mar aja como sigmficante supridor do material em suspensão. Comportamento semelhante repete-se no estuário do Rio Formoso dada a presença de heai h-rocks situados na foz.

Em virtude da dommáncia dos ventos SE na região (10 meses ao ano) as correntes marinhas costeiras tem sentido geral para N sendo as partículas em sus- pensão levada? para longe do estuário. Observa-se ainda que as aguas costeiras da re- gião, a Sul do Recife, apresentam menor turbide? quando comparada com as águas ao Norte da capital do Estado.

As margens do estuário do Rio Formoso estão colonizadas em cerca de 80% de mangues onde predominam sedimentos lamosos de coloração escura ricos em ma- téria organica, os quais parecem que constituem a fonte mais importante de material em suspensão no estuário.

O mecanismo de fornecimento está, entre outros fatores, relacionado com a elevação das águas devido às oscilações da maré dinâmica que, em suas pulsações mais sigmficativas impõem à água importante quantidade de material fino sedimentado no mangai e "trapeado" nas raízes do complexo vegetal existente.

Analisando-se a tendência dos solos em suspensão através de um ciclo de ma- ré. verificou-se que os valores máximos foram encontrados na preamar e no início do refluxo e os mínimos no começo do fluxo. Por outro lado, a velocidade das aguas é menor na metade do fluxo e na preamar. Na realidade o aumento do marerial em sus- pensão por ocasião da elevação do nível das águas, que coincide com a menor dinami ca do estuário, reforça a hipótese de ser o mangue a mais importante fonte de supri-

mento de fino? para o estuário.

Uma vez que não foi possivel realizar um estudo mais aprofundado das ati- vidades biológicas dos organismos, omite-se quaisquer especulações sobre participa-

ção dos mesmos como fonte de material orgânico para o ambiente.

(15)

MORFOLOGIA

DO

ESTUARIO

Como o estuário do Rio Formoso comporta-se em relação ao parâmetro estratificaçãc e circulação como bem misturado os processos sedimentogenéticos que nele ocorrgm estão condicionados, primordialmente, à sua morfologia.

As zonas preferenciais de sedimentação não estão condicionadas pelas pulsa- ções da maré salina por serem diminutos os efeitos do gradiente de densidade no gra- diente vertical de salinidade. isto favorece à morfologia, maior influência na sedimen- tação. As ilhotas, gamboas e as secções transversais mais largas queprovocam perturba- ções nos regimes de escoamento são diretamente responsáveis pela sedimentação.

O estuário do Rio Formoso (figura 6) pode ser dividido em três zonas distin- tas:

a) zona estuarina superior

Corresponde à zona situada à montante da maior iiha existente no estuário até o limite máximo de penetração da maré salina, ou seja, até as proximida- des da cidade de Rio Formoso. A existência de bancos areno-lamosos recober- tos pela vegetação manga1 com predomínio de Rhizophorae mangie sobre os outros vegetais é assim como, a presença de um único canal com profundida- de nunca superior a 2 metros são os aspectos mais característicos. É interes- sante a presença de bancos areno-lamosos com superfícies aplainadas que su- portam grande estoque de moluscos bivalves, de importância comercial como Mytelia spp. Estes organismos parecem estar condicionados no estuário a bai- xa salinidade e os locais de menos turbidez;

b) zona estuarina média

O elemento morfológico mais expressivo está representado por um canal de profundidade média de 7.05m que é o eixo de refluxo das águas. Este canal está praticamente ancorado na margem direita do estuário. Esta zona situada entre a desembocadura do Rio Ariquidá forma a ilha maior existente no es- tuário;

c) zona estuarina inferior

Compreende ao trecho entre a Ponta de Guadalupe e a desembocadura do Rio Arinquindá. A característica mais importante em relação às suas margens é a ausência de mangues. É o trecho mais largo do estuário onde destaca-se a pre- sença de 2 canais, um de fluxo e outro de refluxo, situados próximos As mar- gens e divididas por um pequeno banco arenoso. O canal da margem esquerda tem 5 metros e o da direita 3m de profundidade. (figura 7).

Cad. Ómega Univ. Fed. Rum1 PE., Recife, 3/1/21 : 133-1 56, jan. /dez. 1979 MORFOLOGIa DO £STLIARI0

Como o estuário do Rio Formoso comporta-se em relação ao parâmetro estratiticação e circulação como bem misturado os processos sedunentogenéticos que nele ocorrem estão condicionados, primordialmente, à sua mortologia.

As zonas preferenciais de sedimentação não estão condicionadas pelas pulsa- ções da maré salina por serem diminutos os efeitos do gradiente de densidade no gra- diente vertical de salinidaae. Isto favorece à morfologia, maior influência na sedimen- tação. As ilhotas, gamboas e as secções transversais mais largas que provocam perturba- ções nos regimes de escoamento são diretamente responsáveis pela sedimentação.

O estuário do Rio Formoso (figura 6) pode ser dividido em três zonas distin- tas;

a) zona estuanna superior

Corresponde à zona situada à montante da maior ilha existente no estuário até o limite máximo de penetração da maré salina, ou seja, até as proximida- des da cidade de Rio Formoso. A existência de bancos areno-lamosos recober- tos pela vegetação mangai com predomínio de Rhizophorae mangje sobre os outros vegetais é assim como, a presença de um único canal com profundida- de nunca superior a 2 metros são os aspectos mais característicos F interes- sante a presença de bancos areno-lamosos com superfícies aplainadas que su- portam giande estoque de moluscos bivalves, de importância comercial como Mytella spp. Estes organismos parecem estar concLcionados no estuário a bai- xa salinidade e os locais de menos turbidez;

b) zona estuarina média

O elemento morfologico mais expressivo está representado por um canal de profundidade media de 7.05m que é o eixo de refluxo das águas. Este canal está praticamente ancorado na margem direita do estuário. Esta zona situada entre a desembocadura do Rio Anquidá forma a ilha maior existente no es- tuário;

c) zona estuarina inferior

Compreende ao trecho entre a Ponta de Guadalupe e a desembocadura do Rio Annquindá. A característica mais importante em relação às suas margens é a ausência de mangues. Ê o trecho mais largo do estuário onde destaca-se a pre- sença de 2 canais, um de fluxo e outro de refluxo, situados próximos às mar- gens e divididas por um pequeno banco arenoso. O canal da margem esquerda tem 5 metros e o da direita 3m de profundidade, (figuia 7).

(16)

M o r f o l o p i a muito complexo Margens colonizodas por monguesais P r o f u n d i d a d e inferior O 2 m e t r o s P ~ e s e n g a de bancbí a r m o - l a m o r o s no boixamar

' F o r m a de V com ober?uro paro o

mar P r e s e n ~ a de seiíimentos Iamosos na morgem esqubrda contra acumula- soes arenosos na margem direito Pro- fundidade m i d l a de 5 m e l r o s Canal p r i n c l p o l ancorado no marpemdire;to Z o n a E s t u a r i n a I n f e r i o r P r e s e n ( a de conol ds t l u x o e de r e f l u x o

Aparecimento de um banco na margem esquerda par ocasião da balaamor A u s i n c i a de mangues

P r o f u n d l d a d e em torno de 3 m b t r o s

1000 o I 0 0 0

1 m e t r o s

Figura 6 Esquema das zonas estuarinos

Cad. Ômego Univ. Fed. Rural PE.. Recife. 311 12) 133-156. ian Idez 1979

Cidade Morfologia muito complexa. Margens colonizadas por manguesai-s

—Nv Rio Formoso Profundidade inferior a 2 metros

^§j

Presença de boncos areno-1 amosos na baixamat /Gy // Zona V^/j Estuarina S u pe r ior -fr lV a\o^0,^L

60 . \ Zona ■ Fofftro de U com obcrfura pO^a o mar Presença de sedimentos lamosos

/ vO0/ ) Estuarina

t, x - <*/ f Medro

no margem esquerda contra acumula- ções arenosas na margem direita Pro RI o ^_y t/ \ V fundidode me'dla de 5" metros Canal A r Í q u) nt^SK A . , principal ancorado na margem direito

/ /

/ j Zona PoritoV—\ Estuorlno de G ir a dal upeN.

N 1 n f e r i o r

Presença de canal de fluxo e de

•x. \ r e f 1 u * o

é/'tl *«

Oceano Atlântico

Aparecimento de um banco na margem esquerda por ocasião da balxamac Ausência de mangues

Profundidade em torno de 3 metros

)0 0 1000

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Cod. Ômego Univ. Fed. RuroI PE., Recife, 3/1/2) : 133-156, jan. /dez. I979 Cad ômega Univ. Fed. Rural PE., Recife 3(1 j2): 133 156. I<m 'dez. 1979

(18)

150

CLASSIFICAÇÃO DO ESTUÁRIO DO PONTO DE VISTa GEOLÓGICO

Geologicamente, os estuários podem ser classificados em 3 tipos, estuário de planície costeu.; ou de vale de um rio afogado, estuário formado por barreira e estuário do tipo fjord (PRITCHARD12,1967).

O estuário do rio Formoso é do tipo de planície costeira, em vista aos segum- .es aspectos: presença de um canal central com seções transversais,, evidenciando calha ligeiramente triangular profundidade máxima menor do que 15 metros; a razáo entre (argura e profundidaade é maior que Im. Aliado a estes fatores, o estuário conta com uma pequena planície costeira constituída por sedimentos quaternários.

Cobertura sedimentar

Os sedimentos que recobrem a calha do Rio Formoso sáo, predominantemen- te, quartzosos. Dominam áreas médias nas zonas média e inferior. Na zona estuarina su- perior, em virtude de sua morfologia e maior dinâmica das águas, predominam areias grossas, especialmente, preenchendo o canal principal. Os histogramas da composição granulométrica revelaram uma distribuição bimodal e mal classificada

MARTINS8 et alii (1972), estudando várias praias do litoral de Santa Catarina

citam que "as areias ativadas por índices elevados de energia são unimodais e bem sele- cionados. Níveis pouco expressivos de energia revelam areias mal selecionadas, por sua vez bimodais e apresentando elevado número de classes texturais".

A proteção dos recifes na desembocadura do estuário, a baixa amplitude de maré e descarga líquida fluvial de pequeno porte; imprime ao ambiente energia mode- rada, evidenciada também pela distribuição granulométrica dos sedimentos.

A presença de carbonato de cálcio nos sedimentos do estuário do Rio formo- so e devido, principalmente, a sedimentação carbonática de clorófitas calcáreas do gêne- ro Halimeda. Moluscos bivalves e gastrópodas, principalmente, os pertencentes à famí- lia Caecidae, Briozoános e Foraminíferos bentônicos completam a assembléia carboná- tica

O gradiente de CaCOj aumenta no sentido do mar. Na zona entre os recifes e a desembocadura do estuário propriamente dita, a porcentagem de CaCOj é maior do que 10%, constatando-se valores de até 14%.Nesta área há maior freqüência de areias finas, sobre as outras classes na escala de Wentworth. Ao longo do estuário do- minam percentagem de CaCo3 menor que 5%, encoqtrando-se com freqüências valo- res mínimos /lestaca-se, principalmente nas zonas média e inferior, manchas isoladas com valor entre 5 a 10% de CaCOa- (figura 8).

Não existe fonte de CaCOs para o estuário proveniente das terras circun dan- tes, uma vez que a área está representada por rochas cristalinas graníticas alguns re-

(19)

rnanescentes do vdcanismo mesozóico que ocorre na região do Cabo e sedimentos do grupo Barreiras.

.

A distribuigo das algas do gênero Halimeda nos sedimentos mostra-se compa- tível com a distribuição do Carbonato de Cálcio, já que estas algas constituem a maior fonte de Caco3 para o estuário. (figura 9).

Flgum 8 - Estubrio do Rio Fonnoso. Distrfbuiçúo GaCo3 no wdmento tottal;

Gad.

dCg

ünlv. Fed. Rural PE.* Recife, 3 ( l / 2 ) : 133-1 56. /m./dez. 1979

niancscemes do vulcanismo mesozôico que ocorre na região do Cabo e sedimentos do grupo Barreiras.

A distribuição das algas do genero Halimeda nos sedimentos mostra-se compa tive' com a distribuição do Carbonato de Cálcio, já que estas algas constituem a maior fonte de CaCOs para o estuário, (figura 9).

; Jf 1

2 ' -o o A ~ V

Figura 8 - Estuário do Rio Formoso. Distribuição CaCoo no sedimento tottal

(20)

G d . ômegn Univ. Fed. Rum1 PE., Recife. 3(1/2) : 133-156, jualdez. 1979 m

i

I

(21)

Do ponto de vista geológico,,^ estuário do Rio Formoso é de planície costei- ra. revelando três zonas morfológicas distintas, destacandose. no curso inferior, dois canais. um de fluxo e outro de refluxo das águas.

A cobertura sedimentar está composta especialmente por material terrigeno. dominando areias quartzosas grossas na zona de maior influência fluvial, contra sedi- mentos areno-lamosos com teores de carbonato de cálcio de 16% no máximo, relacio- nados a presença de organismos marinhos.

A proteção dos recifes na desembocadura do estuário, a baixa amplitude das marés na região e a pequena descarga líquida fluvial, imprimem a o ambiente energia moderada. evidenciada também pela distribuição granulométrica dos sedimentos.

As curvas de mar6s na foz são em geral simktricas, podendo-se verificar seis horas de fluxo e seis de refluxo das águas. Entretanto, esta simetria altera-se em fun- ção da vazão a montante do estuário e a medida que a influência marinha diminui s o bre o estuário. Na região superior do estuário a curva de maré. evidenciou 4 horas de fluxo contra 8 horas de refluxo.

A configuração do curso do estuário perpendicular a linha de praia 6 respon- sável. entre outros fatores, pela penetração da mar6 de salinidade de 10.5 quilômetros para o continente, superando as intrusões salinas em outros estuários de Pernambuco de curso paralelo à linha da costa.

Existem dois padrões de distribuição longitudinal da salinidade, correspon- dendo as zonas do baixo e médio curso, com águas polialinas e a do alto curso com águas mesoalinas, segundo o Sistema Veneza de Classificação. (REID & WOODl3.

1976)

O estuário não apresenta estratificação marcante de salinidade. Quando as correntes de enchente atuam, ocorre uma incipiente estratificação de águas, com dife-

renças

w

imas de 9%, que desaparece no início da maré vasante. Este fenômeno foi observa apenas na região superior do estuário.

As velocidades das águas guardam uma estreita relação com a morfologia do estuário. evidenciando padrões de velocidade para cada zona. Os máximos de veloci- dade acontecem na baixamar. onde as correntes de derrame chegam a 63cm/s.

Em relação aos parâmetros de velocidade e salinidade o estuário é do tipo bem misturado.

O tempo necessário para a renovação da água doce no estuário é de aproxi- madamente 1 1-1 2 dias. correspondendo a descarga líquida fluvial de 5m3/s.

G d . Ômega Univ. Fed. Rum1 PE.. Recife, 3/1/2) : 133-1 56. &n./dez, 1979 CONCLUSÕES

Do nonio de vista geologico,.o estuário do Rio Formoso e de planície costei ra, rc elando três zonas morfológicas distintas, destacando-se no curso inferior, dois canais um de fluxo e outro de refluxo das águas.

A cobertura sedimentar está composta especialmente por material terrígeno, dominando areias quartzosas grossas na zona de maior influencia fluvial, contra sedi- mentos areno-lamosos com teores de carbonato de cálcio de 16% no máximo, relacio- nados a presença de organismos marinhos.

A proteça'o dos recifes na desembocadura do estuário, a baixa amplitude das mares na regiáo e a pequena descarga líquida fluvial, imprimem ao ambiente energia moderada, evdenciada também pela distribuição granulométrica dos sedimentos.

As curvas de marés na foz são em geral simétricas, podendo-se verificar seis horas de fluxo e seis de refluxo das águas. Entretanto esta simetria altera-se em fun- ção da vazão a montante do estuário e a medida que a .nfluência marinha diminui so- bre o estuário. Na região superior do estuário a curva de maré, ev.denciou 4 horas de fluxo contra 8 horas de refluxo.

A configuração do curso do estuário perpendicular à linha de praia é respon- sável, entre outros fatores pela penetração da maré de salinidade de 10.5 quilômetros para o continente, superando as intrusões salinas em outros estuários de Pernambuco de curso paralelo a linha da costa.

Existem dois padrões de distribuição longitudinal da salinidade, correspon- dendo às zonas do baixo e médio curso, com águas pul.alinas e a do alto curso com águas mesoalinas, segundo o Sistema Veneza de Classificação. (REID & WOOD13.

1976).

O estuário não apresenta estratificação marcante de salinidade. Quando as correntes de enchente atuam, ocorre uma incipiente estratificação de águas, com dife- renças máximas de 9%, que desaparece no início da maré vasante. Este fenômeno foi observafl apenas na região superior do estuário.

As velocidades das águas guardam uma estreita relação com a morfologia do estuário, evidenciando padrões de velocidade para cada zona Os máximos de veloci- dade acontecem na baixamar, onde as correntes de derrame chegam a 63cm/s.

Em relação aos parâmetros de velocidade e salinidade o estuário é do tipo bem misturado.

O tempo necessário paia a renovação da água doce no estuário é de aproxi- madamente 11-12 dias, correspondendo a descarga líquida fluvial de 5m3/s.

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As maiores concentrações de material em suspensão foram determinados na zona estuarina inferior e a mais importante fonte de suprimento parece ser os mangues que liberam para o estuário, na preamar, boa parte de finos "trapeados" nas raízes da vegetação do mangal.

From the geological point of view, the Rio Formoso estuary is a plain coastal environment. Two pattem of salinity distribution were determined: one, concemning the middle and lower zones (25%o)'and the other t o the higher zone (6,5%. Current velocities showed maximum values of 63cm/s (higner course), 52cmls (middle course) and 29cmls at the lower course. N o only suspended. Matter given mainly by the shores, but aEo salonity maximum values are determined during the high tide. Twelve days are the "flushing-time" cakulated for the river discharge. According t o the circu- htion and stratifcation diagram suggested by Hanser and Rattray ( 1 966) the estuary is classified as well m h e d . The sedimentary cover of the botion is composed by sand material m h e d with organisms scraps, predominantely of marine origen mainly in the lower course.

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Cad. Ômegu Univ. Fed. Rural PE., Redfe, 311 12) : 133-156, jan./dez. 1979

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As maiores concentrações de material em suspensão foram determinados na zona estuarina inferior e a mais importante fonte de suprimento parece ser os mangues que liberam para o estuário, na preamar, boa parte de finos "trapeados" nas raízes da vegetação do mangai.

ABSTRACT

From the geologu al point of view, the Rio Formoso estuary is a plain coastal environment. Two pattem of salinity distribution were ãetermineã: one, concemning the middle and lower zones (25%b) and the other to the higher zone (6,5%). Current velocities showed maximum values of 63cmls (higner course), 52cmls (middle course) and 29cm/s at the lower course. No only suspende d. Matter given mah.ly by the shores, but also salonity maximum values are determined during the high tide, Twthe days are the "flushing-time" calculated for the river dischurge. According to the circu- lation and stratification diagram suggested by Hanser and Rattray (1966) the estuary is classífied as wcll mixed The sedimentary rover of the botton is composed by sand material mixed with orqanisms scraps, predominantely of marine origen mainly in the lower course

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