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O Registro da Situação da Partilha na Sentença de Divorcio Como

Instrumento de Economia Processual E Eficiência do Poder Judiciário.

Luciano Machado de Souza

RESUMO:

A Lei nº 6.015/73 (LRP) não acompanhou a evolução legislativa da área de Família, deixando de contemplar o registro de situações jurídicas de fundamental importância ao interesse de nubentes, como de todos os interessados, em decorrência do princípio da publicidade. A imposição de regime de separação legal de bens aos divorciados que não comprovarem a solução da partilha dos bens do casamento dissolvido é causa suspensiva que não impede a alteração do regime de bens do casamento, desde que atendidos os requisitos da espécie. O registro da situação da partilha na sentença de divórcio é medida que privilegia a economia processual e a eficiência dos serviços judiciários, desonerando os nubentes da comprovação da condição suspensiva por outros meios mais onerosos e evitando processos de alteração de regime por limitação da convenção do casal.

EXPOSIÇÃO:

A Lei nº 6.015/73 (LRP) estabeleceu:

“Art. 100. No livro de casamento, será feita averbação da sentença de nulidade e anulação de casamento, bem como do desquite, declarando-se a

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data em que o Juiz a proferiu, a sua conclusão, os nomes das partes e o trânsito em julgado.”

Visava dar publicidade às alterações de estado das pessoas casadas, para fins de proteção dos interesses das partes, como de terceiros.

Apesar da evolução legislativa significativa nessa área, e principalmente a constitucionalização da igualdade de direitos e deveres de homens e mulheres na sociedade conjugal (art. 226, par. 3º, CF), o sistema legislativo registral não recebeu atualizações.

Visando suprir as lacunas, a Corregedoria-Geral da Justiça estabeleceu em seu Código de Normas:

“15.10.2 – Na averbação da sentença de separação judicial ou divórcio indicar-se-á o juízo e o nome do juiz que a proferiu, a data e o trânsito em julgado, a parte conclusiva e o nome que a mulher passou a adotar e, sendo o caso, o livro, folha, número do termo e serventia onde foi inscrita a sentença.”

Nesse sentido, as observações de WALTER CENEVIVA:

“227. Disposições peculiares à averbação em assento de casamento – A averbação inclui, desde a Lei nº 6.515/77, a sentença declaratória do divórcio e a da separação judicial, sendo feita à margem do assento de casamento. Seus requisitos compreendem: vara e nome do juiz sentenciante, parte conclusiva da sentença, sua data e a de seu trânsito em julgado. Referirá, ainda, o que se resolveu quanto ao nome da mulher. O oficial do registro civil oficiará ao juiz, dando-lhe ciência de que lançou a averbação, ou solicitará complementação dos dados faltantes. Ocorrendo o casamento em uma comarca e a separação e divórcio em outra, nesta será expedido mandado para o oficial do primeiro serviço registrário inscrever a

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sentença no livro “E”, sem prejuízo da averbação que, por ofício, será feita junto ao assento matrimonial.1”

Contudo, verifica-se que há situações fáticas a reclamar maiores informações do sistema registral, principalmente para exercício pleno dos direitos de interessados nesses dados.

Com efeito, a hipótese mais emblemática é a imposição do regime de separação de bens (art. 1.641, I, CC) para os divorciados que não comprovam a resolução da partilha de bens do casamento dissolvido (art. 1523, III, CC), e que decorre da possibilidade de concessão do divórcio sem prévia partilha de bens (art. 1581, CC).

Nesse caso, independentemente da comunhão dos aqüestos, possibilitada pela Súmula nº 377, do Supremo Tribunal Federal2, não se pode negar que os nubentes ficam impossibilitados de pactuar o regime livremente, contudo podendo alterá-lo posteriormente, quando cessada a causa suspensiva motivadora.

Nesse sentido, a moderna interpretação do Superior Tribunal de Justiça, relatada pela Ministra NANCY ANDRIGHI, em decisão de Recurso Especial manejado pelo Ministério Público do Paraná contra decisão do Tribunal de Justiça, que deu provimento ao apelo de casal interessado em alterar o regime de bens imposto porque eram incapazes quando casaram:

“O Tribunal Estadual analisou, na hipótese sob julgamento, os requisitos autorizadores da alteração do regime de bens e concluiu pela sua viabilidade, porque os recorridos invocaram como razões da mudança a cessação da incapacidade civil interligada à causa suspensiva da celebração do casamento a exigir a adoção do regime de separação obrigatória, além da estabilidade do relacionamento entre eles mantido. Da mesma forma, ressalvaram-se os eventuais direitos de terceiros.

1

CENEVIVA, Walter. Lei dos Registros Públicos Comentada. 12ª ed. São Paulo: Saraiva, 1997, p. 188.

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A peculiaridade aqui reside unicamente na obrigatoriedade, por ocasião da celebração do casamento, da adoção do regime da separação de bens, na dicção do art. 258, parágrafo único, inc. I, do CC/16.

Nesse particular, a doutrina também já se manifestou no sentido de que, por elementar questão de razoabilidade e justiça, o desaparecimento da causa suspensiva durante o casamento e a ausência de qualquer prejuízo ao cônjuge ou a terceiro, permite a alteração do regime de bens, antes obrigatório, para o eleito pelo casal, notadamente porque cessada a causa que exigia regime específico (Luiz Felipe Santos, in Autonomia da vontade e os regimes matrimoniais de bens, texto publicado em: Chaves, Adalgisa Wiedemann et al. Direitos Fundamentais do Direito de Família. Coordenadores: Pedro Welter, Rolf Hanssen Madaleno. Porto Alegre: Livraria do Advogado, 2004, p.218).3”

Logo, admitida a hipótese de alterabilidade do regime de bens daqueles que casaram sob imposição legal do regime da separação, verifica-se que o registro acerca da solução da partilha no divórcio é medida que trará economia processual.

Atualmente, a inexigência de que no mandado de averbação da sentença de divórcio conste acerca da solução da partilha, contemplando a inexistência ou divisão dos bens partilháveis, ou ainda a pendência (que só ocorrerá se houver bens partilháveis), obriga que os nubentes divorciados movimentem a escrivania pela tramitou o processo de divórcio para obtenção da comprovação da partilha, o que é oneroso, de todas as formas.

Não providenciada oportunamente a prova da solução da partilha, impõe-se o regime da separação legal, que pode ser alterado com a comprovação da cessação da causa suspensiva. Logo, possibilidade de outro processo, também oneroso, de todas as formas.

Para o problema concreto, vislumbra-se que o registro da solução da partilha seja tão importante na atualidade, frente às inovações legislativas mencionadas, quanto o nome do Juiz que proferiu a decisão.

3

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Disso decorre a importância da Corregedoria-Geral da Justiça orientar que o mandado de registro da sentença de divórcio mencione acerca da solução ou pendência da partilha.

Independentemente disso, enquanto inacolhida, ou mesmo rejeitada a sugestão, o agente ministerial com atribuições junto aos Juízos de Família pode pedir que, nos casos concretos, o dispositivo da sentença contemple a situação da partilha, visando unicamente à economia processual, em sentido lato, e o aprimoramento dos serviços judiciários, em consonância com o princípio da eficiência administrativa (art. 37, CF).

Essa atuação também pode ser recomendada pela Corregedoria-Geral do Ministério Público (art. 36, IV, LC/PR nº 85).

CONCLUSÕES:

1ª) Encaminhamento de pedido à Corregedoria-Geral da Justiça para que acrescente ao item 15.10.2 a necessidade de registro da situação da partilha nas sentenças de divórcio, sugerindo-se a seguinte redação: “Na averbação da sentença de separação judicial ou divórcio indicar-se-á o juízo e o nome do juiz que a proferiu, a data e o trânsito em julgado, a parte conclusiva, a situação da partilha dos bens e o nome que a mulher passou a adotar e, sendo o caso, o livro, folha, número do termo e serventia onde foi inscrita a sentença”.

2ª) Encaminhamento de pedido à Corregedoria-Geral do Ministério Público para que recomende aos Promotores de Justiça que zelem pela inclusão das informações acerca da situação da partilha de bens no dispositivo das sentenças de divórcio.

3ª) Independentemente do acolhimentos dos pedidos, a intervenção dos Promotores de Justiça requerendo o registro da situação da partilha de bens na sentença de divórcio é medida que contribui para o aprimoramento da distribuição da Justiça, em proveito da economia processual e da eficiência do Poder Judiciário.

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Disponível em: http://www.mp.pr.gov.br/eventos/tsluciano2.doc Acesso em: 6 de junho de 2007

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