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Responsabilidade Socioambiental no Setor Financeiro: Análise da Gestão de Resíduos Sólidos de uma Instituição Bancária

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Resíduos Sólidos de uma Instituição Bancária

Mônica Maria Bezerra Farias (FIC) - monicafarias@uol.com.br

Claudiano Ferreira Lima (FIC) - claudiano.lima@yahoo.com.br Adhemar Nunes Freire Filho (FIC) - adhemarnff@yahoo.com.br Resumo:

Este trabalho apresenta as iniciativas de uma empresa do setor bancário na gestão de resíduos sólidos. Traçou-se como objetivo geral: analisar a gestão ambiental de resíduos sólidos produzidos por uma instituição do setor bancário, quanto à redução de custos e ganhos financeiros e sociais obtidos. Para atingi-lo definiram os objetivos específicos: apresentar os conceitos e principais características da gestão ambiental e de resíduos sólidos; descrever o setor financeiro e sua atuação na gestão ambiental; pesquisar as ações que compõem o planejamento da gestão de resíduos sólidos aplicadas pela instituição bancária pesquisada; enumerar os ganhos financeiros e sociais obtidos por meio da gestão de resíduos sólidos na instituição estudada. Trata-se de uma pesquisa exploratória descritiva, com um estudo de caso, utilizando uma abordagem qualitativa. Realizou-se uma entrevista estruturada como instrumento de coleta de dados. O universo da pesquisa foi o Ambiente de Responsabilidade Socioambiental de uma instituição bancária. Constataram-se os resultados das ações ambientais desenvolvidas pela instituição, voltadas para o gerenciamento de resíduos sólidos, por meio da implantação de Sistema de Gestão Ambiental (SGA) e do cumprimento de normas legais. Com isso, concluiu-se que a implantação do SGA, através do Programa de gestão e coleta seletiva de resíduos sólidos tem reduzido custos, além de gerar benefícios financeiros e sociais para os seus stakeholders. Porém não há uma mensuração total dos custos, pelo fato do programa estudado encontrar-se em fase de implantação, porém existe a necessidade de maior comunicação das ações, aperfeiçoamento e a disseminação do modelo, adotado pela empresa.

Palavras-chave: Meio ambiente. Resíduos Sólidos. Gestão Ambiental. Área temática: Gestão de Custos Ambientais e Responsabilidade Social

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Responsabilidade socioambiental no setor financeiro: análise

da gestão de resíduos sólidos de uma instituição bancária

Este trabalho apresenta as iniciativas de uma empresa do setor bancário na gestão de resíduos sólidos. Traçou-se como objetivo geral: analisar a gestão ambiental de resíduos sólidos produzidos por uma instituição do setor bancário, quanto à redução de custos e ganhos financeiros e sociais obtidos. Para atingi-lo definiram os objetivos específicos: apresentar os conceitos e principais características da gestão ambiental e de resíduos sólidos; descrever o setor financeiro e sua atuação na gestão ambiental; pesquisar as ações que compõem o planejamento da gestão de resíduos sólidos aplicadas pela instituição bancária pesquisada; enumerar os ganhos financeiros e sociais obtidos por meio da gestão de resíduos sólidos na instituição estudada. Trata-se de uma pesquisa exploratória descritiva, com um estudo de caso, utilizando uma abordagem qualitativa. Realizou-se uma entrevista estruturada como instrumento de coleta de dados. O universo da pesquisa foi o Ambiente de Responsabilidade Socioambiental de uma instituição bancária. Constataram-se os resultados das ações ambientais desenvolvidas pela instituição, voltadas para o gerenciamento de resíduos sólidos, por meio da implantação de Sistema de Gestão Ambiental (SGA) e do cumprimento de normas legais. Com isso, concluiu-se que a implantação do SGA, através do Programa de gestão e coleta seletiva de resíduos sólidos tem reduzido custos, além de gerar benefícios financeiros e sociais para os seus stakeholders. Porém não há uma mensuração total dos custos, pelo programa estudado encontrar-se em fase de implantação, havendo necessidade de maior comunicação das ações, aperfeiçoamento e a disseminação do modelo, adotado na sede da empresa, para as outras unidades.

Palavras-chave: Meio ambiente. Resíduos Sólidos. Gestão Ambiental. Área Temática: Gestão de Custos Ambientais e Responsabilidade Social

1 Introdução

A crescente preocupação empresarial com a preservação ambiental vem provocando inúmeras mudanças na gestão dos negócios. A valorização socioambiental tornou-se presente nas estratégias organizacionais, passando a ser sinônimo de sobrevivência para o mercado e para a sociedade. Desse modo, as empresas passarem exercer um importante papel no processo socioambiental adotando práticas responsáveis e disseminando suas ações para o mercado e para a comunidade.

Por meio de uma gestão comprometida com a ética e o resgate da cidadania, as organizações estão contribuindo para o desenvolvimento da sociedade e maior valorização de suas marcas diante dos consumidores. Nesse contexto, estão inseridos nesse processo os públicos interno e externos, influenciando o desenvolvimento socioeconômico.

Desde a década de 1990, várias empresas, sensibilizadas com o tema, conduzem os seus negócios, combinando-os à prática responsável. Para atingir este objetivo, os empresários vêm difundindo esta visão entre os colaboradores.

Essa visão de gestão ecológica surgiu quando as empresas se sentiram ameaçadas pela possibilidade de escassez de matérias-primas e pelo comprometimento da sobrevivência humana, exigindo um posicionamento empresarial comprometido com a gestão dos recursos naturais dentro e fora da organização.

Essa a mudança de postura empresarial foi fortalecida em função da economia globalizada, da pressão da sociedade e das legislações nacionais e internacionais, que impõem um novo modelo de gestão nas organizações voltadas para o compromisso com o meio ambiente, fazendo com que estas se tornem os principais agentes articuladores da demanda

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social, agindo em parceria com o governo e a sociedade, incentivando e desenvolvendo práticas focadas na sustentabilidade.

Nesse contexto, muitas empresas que atuam no território nacional estão cada vez mais envolvidas na busca pela preservação ambiental, dentre elas, as empresas do setor financeiro que prestam serviços bancários. Embora as atividades desenvolvidas por esse setor não provoquem tanto danos diretos ao meio ambiente, mas ao financiarem projetos produtivos, tornam-se co-responsáveis de possíveis danos causados pelo empreendimento ao meio ambiente. Em função disso, muitas dessas instituições estão dispensando especial atenção ao uso racional dos recursos naturais, seja por meio de projetos relacionados ao consumo responsável, seja em relação ao processo de intermediação financeira.

No entanto, quanto à realização de suas atividades, as empresas prestadoras de serviços bancários consomem um alto volume de produtos industrializados, gerando com isso um volume elevado de materiais descartados. A gestão adequada desses materiais, desde a compra até a destinação após o uso, pode garantir uma economia considerável para as empresas, além de contribuir para preservação dos recursos naturais.

Assim, torna-se essencial conhecer como as empresas do setor bancário, dentro dos critérios de responsabilidade socioambiental, relacionam- se com o meio. E quais os impactos dessas ações desenvolvidas, para o público interno e para a comunidade onde atuam.

Por meio de um estudo de caso, buscou-se responder à seguinte questão: Qual a redução de custos e ganhos financeiros e sociais obtidos por meio da gestão ambiental dos resíduos sólidos produzidos por uma instituição do setor bancário, no contexto da Responsabilidade Socioambiental?

Dessa forma, este estudo considerou como objetivo geral, analisar a gestão ambiental de resíduos sólidos produzidos por uma instituição do setor bancário, quanto à redução de custos e ganhos financeiros e sociais obtidos.

E considerou também como objetivos específicos: apresentar os conceitos e principais características da gestão ambiental e de resíduos sólidos; descrever o setor financeiro e sua atuação na gestão ambiental; pesquisar as ações que compõem o planejamento da Gestão de resíduos sólidos aplicadas pela instituição bancária pesquisada; enumerar os ganhos financeiros e sociais obtidos por meio da gestão de resíduos sólidos na instituição financeira pesquisada.

Este trabalho foi desenvolvido por meio de uma investigação bibliográfica e descritiva sobre o tema gestão de resíduos sólidos. Foi realizada uma abordagem exploratória, e de estudo de campo através de dados coletados em uma empresa do setor bancário.

2 Responsabilidade socioambiental empresarial

A responsabilidade socioambiental é a expressão de uma nova postura empresarial, vislumbrando uma gestão comprometida com a ética e o resgate da cidadania. Nesse contexto a organização assume um papel social ainda maior na busca pelo bem-estar público e de seus colaboradores, contribuindo para o desenvolvimento socioeconômico.

Segundo Alencar et al (2009, p.268 apud BRASIL, 2001), socioambiental “é uma expressão que enfatiza a articulação entre as dimensões social e ambiental e aponta para a impossibilidade de separação na abordagem entre ambas”. Essa relação simbiótica é reconhecida, atualmente, como um caminho para o segmento empresarial, tendo em vista que cada vez mais a sociedade adere a esta idéia.

Para Ashley et al (2002, p.11), “independente do porte da empresa, nota-se que a responsabilidade social é considerada cada vez mais como uma das principais estratégias para propulsionar o crescimento”.

De acordo com o Instituto Ethos (2009, on-line), adotar uma gestão socialmente responsável como estratégia de negócios atende a uma parcela cada vez mais significativa de

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consumidores brasileiros. Isto foi visualizado por meio da pesquisa (2006 e 2007) realizada por este Instituto (2007, on-line), onde se constatou que 51% do público em geral atribuíram um papel para as empresas que vai além do meramente econômico. Esta pesquisa também mostrou que duas em cada três pessoas têm alta expectativa de que as empresas tenham responsabilidades “cidadãs” voltadas para o mundo fora da empresa. As informações sobre as ações de responsabilidade social e ambiental desenvolvidas pelas empresas tornam-se fatores de decisão de compra, de investimento e de opção de trabalho.

Segundo Melo Neto (2001), essa mudança de comportamento empresarial reflete a busca de uma nova racionalidade econômica, caracterizada, principalmente, pelo aumento da influência das empresas nas ações sociais e ambientais. Nessa nova racionalidade o desenvolvimento da comunidade parte das ações empresariais; assim, a empresa é vista como o grande investidor social, e não o Estado ou a sociedade.

Com isso, as empresas passam a alterar a maneira de trabalhar, mudando a forma como se vêem os objetivos, as estratégias de investimentos e de marketing. Todas essas alterações visam a aprimorar os produtos/serviços, adaptando-os à nova realidade do mercado global e ecologicamente correto.

No entanto, o Instituto Ethos (2009, on-line) considera que as empresas socialmente responsáveis apresentam um papel extremamente relevante, pois, por meio de práticas empresariais sustentáveis, provocam mudanças de valores e de orientação nos sistemas operacionais, buscando trabalhar de acordo com a idéia de desenvolvimento sustentável e preservação do meio ambiente.

Nesse contexto, Ashley et al (2002, p.6) expõe que “toda a ação da empresa que possa afetar a comunidade de forma positiva é considerada responsabilidade social”.

Dessa forma, tal responsabilidade leva a um comprometimento ainda maior da empresa em relação à comunidade, para o efetivo cumprimento e manutenção. As empresas que desenvolvem responsabilidade social buscam relacionamentos específicos com os clientes e os demais públicos, que possuem interesses no êxito das atividades. Com isso, a responsabilidade social corporativa abrange tanto o público interno como o externo com os quais a empresa se relaciona, ou seja, os stakeholders..

No que se refere à stakeholders, Orchis, Yung e Morales (2002) conceituam como: “os grupos que se relacionam, afetam e são afetados por uma organização ou suas atividades”. Estes devem compartilhar essa responsabilidade com as empresas, que, por sua vez, devem exigir deles o compromisso com a sociedade e com o meio ambiente, ampliando o alcance dos resultados através do envolvimento de toda a cadeia.

Outro conceito relevante para esse assunto é o de desenvolvimento sustentável, definido por Almeida (2002, p.56 apud COMISSÃO MUNDIAL SOBRE MEIO AMBIENTE E DESENVOLVIMENTO, 1992), como “aquele que satisfaça as necessidades do presente sem comprometer a capacidade das gerações futuras satisfazerem as próprias necessidades”.

Nesse sentido, a responsabilidade socioambiental é materializada na gestão ambiental das empresas por meio de ações voltadas ao desenvolvimento sustentável.

Para Barbiere (2004), as atitudes das empresas de respeitar o meio ambiente e contribuir para a preservação dos recursos naturais dificilmente surge espontaneamente, em geral, são influenciadas por três grandes conjuntos de forças, a saber, governo, sociedade e mercado, que interagem reciprocamente.

Ainda de acordo com Barbiere (2004, p.19), gestão ambiental significa “administrar os recursos utilizados pela empresa, respeitando o meio ambiente e investindo na redução dos impactos causados pelo homem à natureza”.

Já Alencar et al (2009, p.155 apud SÃO PAULO, 2008) define Gestão Ambiental como sendo “a tarefa de administrar o uso produtivo de um recurso renovável sem reduzir a

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produtividade e a qualidade ambiental, normalmente em conjunto com o desenvolvimento de uma atividade”.

Para Grippi (2006), as empresas que possuem sistemas de gestão ambiental podem ser facilmente reconhecidas, devido ao comprometimento destas com os seguintes itens: políticas ambientais; planos e metas de melhoria contínua do meio ambiente; normatização interna sobre gerenciamento ambiental; definição de indicadores de desempenho; comunicação e relacionamento com comunidade e governo; investimento na eliminação da poluição e na racionalização do uso dos recursos naturais.

Além desses assuntos, a ecoeficiência empresarial é outro que está diretamente relacionado à gestão ambiental. Segundo Barbiere (2004), para que uma empresa se torne ecoeficiente, esta deve desenvolver práticas voltadas para minimizar a intensidade de materiais nos produtos e serviços; a intensidade de energia nos produtos e serviços; a dispersão de qualquer tipo de lixo tóxico pela empresa; aumentar a reciclabilidade e os materiais; a durabilidade dos produtos da empresa; a intensidade dos benefícios nos produtos e serviços e maximizar o uso sustentável dos recursos renováveis.

Segundo Grippi (2006, p.61), “a materialização da ecoeficiência nas empresas é evidenciada a partir do momento em que elas introduzem nos processos um sistema de gestão ambiental”.

Com base nessa realidade, o setor financeiro também é solicitado por seus stakeholders a trabalhar a responsabilidade ambiental.

3 Setor Financeiro Nacional e Responsabilidade Ambiental

O Sistema Financeiro Nacional (SFN) é formado pelas instituições que regulam e operacionalizam todas as demandas financeiras.

Segundo Fortuna (2000, p. 17), SFN “é um conjunto de instituições que se dedicam, de alguma forma, ao trabalho de propiciar condições satisfatórias para a manutenção de um fluxo de recursos entre poupadores e investidores”.

Assaf Neto (2003, p.75) conceitua Sistema Financeiro como sendo o “conjunto de instituições financeiras e instrumentos financeiros que objetivam, em última análise, transferir recursos dos agentes econômicos (pessoas, empresas e governo), superavitários para os deficitários”.

Para Bodie e Merton (2002, p.51) esse sistema engloba os mercados, os intermediários, as empresas de serviços e outras instituições usadas para possibilitar decisões financeiras para famílias (indivíduos), empresas e governos.

O SFN é dividido em dois subsistemas, o normativo e o intermediário. O primeiro é responsável pela regulação e fiscalização das atividades do mercado financeiro, enquanto que o segundo é composto por várias instituições responsáveis pelas operações de intermediação financeira. O subsistema normativo é composto pelo Conselho Monetário Nacional - CMN, um órgão deliberativo constituído pelo Ministro do Estado da Fazenda (Presidente), Ministro de Estado do Planejamento e Orçamento e pelo Presidente do Banco Central do Brasil - BACEN. Segundo o BRASIL (Ministério da Fazenda, 2009, on-line) esse órgão possui as seguintes competências: estabelecer as diretrizes gerais das políticas monetária, cambial e creditícia; regular as condições de constituição, funcionamento e fiscalização das instituições financeiras; disciplinar os instrumentos de política monetária e cambial.

Outra entidade componente do sistema normativo é a Comissão de Valores Mobiliários (CVM), que é vinculada ao Ministério da Fazenda e possui como finalidade disciplinar, fiscalizar e desenvolver o mercado de valores mobiliários. Esse mercado negocia um universo amplo de títulos, mas predominantemente ações, debêntures e cotas de fundos de investimentos.

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Os agentes especiais são componentes, tanto do sistema normativo como do sistema intermediário. Conforme Fortuna (2000), essas entidades apresentam um caráter especial de atuação, assumindo certas responsabilidades próprias e interagindo com outros segmentos do mercado financeiro.

O sistema intermediário é composto por bancos e outras instituições responsáveis pela operacionalização do mercado financeiro.

Para Mellagi Filho e Ishikawa (1998), uma definição de bancos, na sua forma mais simples, seria de uma entidade que capta depósitos em dinheiro do público para manter em segurança e disponível para saques do depositante.

Conforme Karkotli (2006, p.123), os bancos fazem parte da sociedade e possuem como produto o “dinheiro e seu valor”, operacionalizando as relações entre aplicadores e tomadores de recursos.

A Federação Brasileira dos Bancos (2008, on-line) revela, segundo pesquisa realizada pelo BACEN, entre os anos de 2003 a 2007, que existe um processo de concentração dos bancos brasileiros. Esta pesquisa apresenta os dados sobre a quantidade dos bancos que atuam no território nacional e mostra que em 2003 existiam 165 bancos, número 5,77% maior que em 2007. É possível perceber, ainda, uma diminuição média de 1,4% ao ano. Segundo a FEBRABAN esse número reflete uma tendência mundial de concentração.

Segundo esta pesquisa os bancos que sofreram a maior concentração ao longo desse período foram os bancos estrangeiros e os nacionais sob controle estrangeiro, ocorrendo uma redução de 10,71%, se comparado o ano de 2007 com o ano de 2004.

Os bancos estrangeiros representam apenas 4,49% do total, podendo-se constatar, ainda, que a maior parte é exclusivamente de banco nacionais, representando 57,69% do total (incluindo os bancos públicos).

Para Karkotli (2006, p.123) ,“os bancos são, por sua natureza, frutos de um sistema que projeta lucros e rentabilidade para as suas atividades”, porém existe um movimento de aproximação, compartilhamento entre os bancos e as comunidades onde estão inseridos.

As instituições bancárias possuem um papel muito importante na sociedade, pois além de operacionalizarem as questões financeiras, possuem o poder de influenciar várias outras instituições de outros setores através de ofertas de crédito e ações intermediárias.

No tocante à questão ambiental, conforme Andrade et al (2002, p.73), “as organizações do setor financeiro produzem baixos impactos ambientais, sendo que estratégias ecológicas aplicadas a esse setor possuem moderada importância”.

Os últimos anos foram marcados pela inserção da questão ambiental no setor financeiro, sendo realizadas várias iniciativas visando à incorporação da sustentabilidade e a adoção de boas práticas socioambientais em toda a cadeia produtiva deste setor.

Dentre elas, destaca-se, o Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA), em 1992, com a intenção de promover a integração de todas as recomendações sobre os aspectos ambientais para as operações e serviços do setor financeiro criou uma iniciativa para as instituições financeiras, que passou a ser conhecida por UNEP-FI (TOSINI, 2006, p.22).

Nesse mesmo ano, o PNUMA e mais cinco bancos (NatWest Bank, Deutsche Bank, Royal Bank of Canadá, Hong Kong e Shanghai Banking Corporation e Westpac Banking Corporation) prepararam a “Declaração Internacional dos Bancos para o Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável”. Segundo Tosini (2006), em 2004, 163 instituições financeiras de todo o mundo já eram signatárias desse documento.

Em 1994, o PNUMA realizou a primeira mesa-redonda internacional de bancos comerciais, tendo como objetivo discutir questões sobre o meio ambiente e facilitar a troca de perspectivas e experiências para o gerenciamento ambiental.

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Conforme o Banco do Brasil (2008, on-line), em 1995 foi lançado o Protocolo Verde, uma carta de princípios para o desenvolvimento sustentável firmada por bancos oficiais. Nesse documento os Bancos se propuseram a empreender políticas e práticas que não comprometam as necessidades das gerações futuras. O Protocolo Verde tinha como finalidade básica a implementação da vertente ambiental no crédito financiado pelos Bancos Federais.

Ainda em 1995, segundo Tosini (2006, p.22), o UNEP e Salomon Brothers divulgaram os resultados de um levantamento global sobre práticas ambientais no setor financeiro, envolvendo 90 bancos comerciais e de investimentos.

Após quatro anos (1999), a Bolsa de Nova York lançou o Dow Jones Sustainability

Index (DJSI), sendo considerado o primeiro indicador de desempenho financeiro das

empresas líderes em sustentabilidade em nível global. Para o Conselho Empresarial e o Desenvolvimento Sustentável, em Portugal, a inclusão de uma empresa no DJSI proporciona benefícios, tangíveis e intangíveis.

Em 2003, dez dos maiores bancos no financiamento internacional de projetos lançaram as regras dos Princípios do Equador na sua política de concessão de crédito. Estes princípios são critérios mínimos para a concessão de crédito, assegurando que os projetos financiados sejam desenvolvidos de forma socialmente e ambientalmente responsáveis.

No entanto, em 2008, um novo Protocolo Verde foi assinado entre os cinco bancos que assinaram a primeira versão do documento (Banco do Brasil, Banco do Nordeste, Banco da Amazônia, BNDES e Caixa Econômica Federal) e o Ministério do Meio Ambiente. Nesse novo documento, os Bancos signatários se comprometem em trabalhar baseados em cinco princípios norteadores: Financiar o desenvolvimento com sustentabilidade, por meio de linhas de crédito e programas que promovam a qualidade de vida da população, o uso sustentável dos recursos naturais e a proteção ambiental; Considerar os impactos e custos socioambientais na gestão de ativos e nas análises de risco de clientes e de projetos de investimento, tendo por base a Política Nacional de Meio Ambiente; Promover o consumo sustentável de recursos naturais, e de materiais derivados, nos processos internos; Informar, sensibilizar e engajar continuamente as partes interessadas nas políticas e práticas de sustentabilidade da instituição; Promover a harmonização de procedimentos, cooperação e integração entre as organizações signatárias desses princípios.

Em 2009 a Federação Brasileira dos Bancos - FEBRABAN lançou o Protocolo Verde para os bancos privados, com adesão inicial dos bancos Bradesco, Cacique, Citibank, HSBC, Itaú Unibanco, Safra, Santander Brasil – Real e Banco Central do Brasil.

Ainda em 2009 o Banco Real, instituição que integra o Grupo Santander Brasil, recebeu a certificação ambiental (ISO 14001) na agência de Fernando de Noronha, em Pernambuco, sendo a primeira agência bancária do Brasil a conseguir esta certificação. Para a conquista dessa certificação, as organizações que a pleiteiam necessitam gerenciar seus resíduos.

4 Resíduos Sólidos no Brasil

Uma das grandes questões mundiais é a poluição, principalmente, a causada por meio de resíduos sólidos, ocasionando problemas sanitários, ambientais e econômicos. Diariamente são produzidos grandes volumes de lixo o que requer um grande esforço para manter ruas, ambientes residenciais e de trabalho livres de quaisquer problemas relacionados a essa questão, tornando-se um grande problema o descarte adequado dos mesmos.

Na maior parte do Brasil, os resíduos sólidos são destinados a aterros, sem tratamento prévio.

Segundo Philippi Júnior (2005, p.268), o lixo coletado nas áreas urbanas é apenas afastado das pessoas que o produzem, criando a sensação de que os resíduos, após coletados, não causaram problemas. Ressalta,ainda, que esta forma de gerenciamento fez com que a

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sociedade levasse muito tempo para perceber as graves tendências relacionadas à quantidade, qualidade e às soluções para esse problema.

Para Felizardo (2005), o mundo industrializado sofisticou os canais de distribuição para matérias primas e produtos acabados, mas deu pouca importância à geração de resíduos, por isso essa questão se tornou uma das principais preocupações ambientais.

Segundo Camargo (2000, p.10), “os homens geram lixo desde a idade da pedra (mais ou menos cem mil anos atrás)”. O lixo gerado nesta época era, em sua maioria, originado da alimentação e das ferramentas (instrumentos rudimentares, feitos de pedras, ossos e madeira). A quantidade de resíduos era muito pouca, por isso não causavam tanto problema aos humanos daquela época. Com o surgimento das cidades e, por conseguinte, grandes aglomerações urbanas, houve um aumento da população, do comércio e da indústria, e com isso os resíduos gerados pelos seres humanos passaram a ser um grande problema.

Segundo Philippi Júnior (2005), os problemas causados pelos resíduos sólidos produzidos pelo homem, tendem a ficar cada vez mais evidentes, devido ao modelo social que se vive e a má gestão desses materiais.

O autor ainda destaca que, não se pode imaginar um modo de vida que não gere resíduos sólidos e que a produção de resíduos faz parte do cotidiano do ser humano. Por isso, é muito importante o envolvimento de toda sociedade, para o correto funcionamento do gerenciamento dos resíduos.

Para BRASIL (Ministério do Meio Ambiente, 2009, on-line) “a economia brasileira caracteriza-se pelo elevado nível de desperdício dos recursos energéticos e naturais”. Desta forma, o atual padrão de produção e consumo fez surgir uma cultura do desperdício, atingindo todas as camadas da sociedade.

O presente estudo, por se tratar de uma pesquisa realizada em uma instituição prestadora de serviço bancário, destaca a produção de lixo comercial. Esse tipo de resíduo possui características semelhantes aos resíduos domésticos, diferenciando-se principalmente pelas quantidades.

Philippi Júnior (2005, p.303) afirma que,

As grandes quantidades de papel e papelão presentes nesses resíduos os tornam bastante interessantes para a reciclagem, e não é difícil encontrar nas cidades catadores ou sucateiros interessados nesses materiais provenientes do comércio.

O elevado número de resíduos gerados dentro das empresas demonstra a importância do envolvimento destas instituições, na correta gestão dos resíduos sólidos, para a obtenção de resultados mais satisfatórios, com relação à redução dos impactos gerados pelo lixo urbano.

Uma das formas mais conhecidas e divulgadas para a destinação dos resíduos sólidos é a reciclagem, apesar disso, ainda existem poucas iniciativas para atender a demanda nacional. Para Philippi Júnior (2005, p.284 apud Calderoni, 1998), reciclagem de resíduos constitui o reprocessamento de materiais, permitindo novamente sua utilização.

Grande parte dos resíduos descartados pode ser reciclada, e assim, ser reintroduzida como matéria-prima ao processo produtivo. Esse processo, geralmente realizado em uma instalação industrial, na maioria das vezes, traz benefícios ambientais, poupando recursos naturais e trazendo de volta ao ciclo produtivo o que foi desperdiçado, porém existem eventuais desvantagens envolvidas nesse processo, principalmente relacionadas ao uso de energia e a utilização de produtos químicos.

Um dos grandes entraves para a realização da reciclagem são os altos custos, de transporte, armazenamento e processamento desses materiais, necessitando de investimentos em tecnologias mais baratas.

Esse pensamento é reforçado por Ballou (1993, p.384) que diz: “é geralmente mais barato usar matéria-prima virgem do que material reciclado, em parte pelo pouco

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desenvolvimento de canais e retorno, que ainda são menos eficientes do que os canais de distribuição”.

Segundo Philippi Júnior (2005, p.284), outra questão que dificulta a realização da reciclagem é a aceitação do mercado consumidor, que muitas vezes vê esses materiais com ecoeficiência de produtos inferiores.

Os resíduos orgânicos descartados também podem ser reciclados e transformados em compostagem, que segundo Naumoff; Peres (2000) é um processo biológico de decomposição controlada formado por restos de animais e vegetais, gerando um composto que contribui para o melhoramento do solo e é fertilizante.

Outra maneira de reciclar os resíduos sólidos é através de atividades artesanais que podem alcançar alto valor comercial, pelo caráter artístico e origem social.

5 Metodologia

Com base nos objetivos, este estudo trata-se de uma pesquisa exploratória e descritiva. Conforme Gil (2002, p.41), a pesquisa exploratória “objetiva proporcionar maior familiaridade com o problema, com vistas a torná-lo mais explícito”, estando adequado aos objetivos deste estudo, que busca estudar uma empresa do setor financeiro, um setor não muito analisando quanto à questão ambiental, em especial, gestão de resíduos sólidos.

A pesquisa descritiva, segundo Vergara (2006, p.47), “expõe características de determinada população ou determinado fenômeno. Podendo também estabelecer correlações variáveis e definir sua natureza”.

Quanto aos meios, este trabalho enquadrou-se como uma pesquisa bibliográfica secundária, de acordo com classificação definida por Gil (2002), pois o estudo foi desenvolvido com base em livros, redes eletrônicas, revistas, jornais e documentos organizacionais. Já para Barbosa (2001, p.262) “A pesquisa bibliográfica procura explicar um problema a partir de referências teóricas publicadas em documentos”.

Além da pesquisa bibliográfica foi realizada uma pesquisa de campo, que Vergara (2006, p.47) conceitua como uma “investigação empírica realizada no local onde ocorre ou ocorreu um fenômeno ou que dispõe de elementos para explicá-lo”.

Este estudo enquadrou-se também como um estudo de caso, que segundo Cervo e Bervian (2002, p.57) é uma “pesquisa sobre um determinado indivíduo, família, grupo ou comunidade que seja representativo do seu universo, para examinar aspectos variados de sua vida”.

Dessa forma, pela natureza do estudo, fez-se necessário uma pesquisa qualitativa, conforme Demo (2000, p.152) “pesquisas qualitativas definem-se como metodologias alternativas, porque buscam salvaguardar o que a metodologia dura joga fora, por não caber no método, sendo isso por vezes o mais importante na realidade”.

Para Andrade (2007) pesquisas qualitativas são mais utilizadas em ciências humanas e pesquisas quantitativas, nas ciências exatas e experimentais, porém, ambas seguem as mesmas etapas.

Com relação à coletada das informações, no período de 18 a 22 de maio de 2009, foram realizadas visitas a empresa e realizadas entrevistas estruturadas com funcionários do Ambiente de Responsabilidade Socioambiental da Instituição Bancária pesquisada, área responsável pela gestão dos resíduos da empresa.

Entrevista estruturada, para Martins (2000, p.54), é a entrevista “orientada por um questionário (roteiro de entrevista) previamente definido”.

Além da coleta de dados junto ao Ambiente de Responsabilidade Socioambiental, outras áreas da empresa foram visitadas, a fim de obter informações adicionais ao trabalho.

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6 Estudo De Caso

A empresa estudada, doravante denominada BANCO, é a maior instituição da América do Sul voltada para o desenvolvimento regional, sendo um dos principais financiadores das atividades produtivas da região Nordeste. Trata-se de uma instituição financeira múltipla, criada em 1952, e organizada sob a forma de sociedade de economia mista, de capital aberto, tendo mais de 90% do capital sob o controle do Governo Federal. Com sede na cidade de Fortaleza (CE) atua em cerca de dois mil municípios, abrangendo onze Estados brasileiros.

Os clientes do BANCO são em sua maioria empresas (micro, pequena, média e grande empresa), associações e cooperativas, entidades governamentais (federal, estadual e municipal) e produtores rurais (agricultor familiar, mini, pequeno, médio e grande produtor) e empreendedores informais.

Através de financiamento de projetos de desenvolvimento científico e tecnológico, a empresa vem apoiando a realização de pesquisas tecnológicas e a difusão de resultados, fomentando o desenvolvimento tecnológico para o incremento dos setores econômicos. Destacam-se, dentre outros, projetos os relacionados às energias renováveis, agricultura orgânica, reuso e racionalização do uso da água, conservação ambiental e recuperação e aproveitamento de áreas degradadas.

Em 1996, o BANCO passou a financiar o desenvolvimento de atividades produtivas que tenham ênfase na conservação ambiental, beneficiando produtores rurais e empresas rurais, industriais, agroindustriais, comerciais e de prestação de serviços, cooperativas e associações legalmente constituídas.

Por ocasião da implementação da vertente ambiental do crédito, necessitou-se de capacitar os funcionários, o que levou a empresa a elaborar do Plano de Capacitação para a Área Ambiental.

A empresa também difundiu importantes publicações na área ambiental, entre elas destacam-se: manuais e guias de práticas ambientais para diversos setores econômicos. Também participa de comitês e fóruns relacionados ao meio ambiente, dentre eles Comitês de Combate a Desertificação, Comitê Estadual da Biosfera da Caatinga e a Comissão de Educação Ambiental.

O BANCO apresenta um Sistema de Gestão Ambiental (SGA), implantado a partir dezembro de 2006, com a proposta de estabelecer procedimentos e ações visando à gestão ecoeficiente por meio do envolvimento do corpo dos servidores e adoção de programas de educação ambiental. Este Sistema foi baseado na Agenda Ambiental na Administração Pública (A3P) do Ministério do Meio Ambiente, que visa implementar a gestão socioambiental sustentável das atividades administrativas.

O SGA do BANCO abrange cinco linhas e ação, distribuídas nos seguintes Programas: Gestão e Coleta Seletiva de Resíduos Sólidos; Gestão e Conservação de Energia; Gestão e Conservação de Água; Otimização do Uso de Recursos e Combate ao Desperdício; Inserção de Critérios Socioambientais no Processo de Compra de Produtos e Contratação de Serviços. O programa de gestão de coleta seletiva de resíduos sólidos busca atender ao Decreto nº 5.940 de 25 de outubro de 2006, que estabelece a separação dos resíduos recicláveis descartados pelos órgãos e entidades da administração pública federal direta e indireta, na fonte geradora, e a sua destinação às associações e cooperativas dos catadores de materiais recicláveis, e dá outras providências.

Como norteadores de ações de responsabilidade socioambientais o BANCO utiliza os Indicadores Ethos de Responsabilidade Social Empresarial, sendo um instrumento para o planejamento e autodiagnóstico, que auxilia as empresas a gerenciarem os impactos sociais e ambientais decorrentes de suas atividades. São eles: Valores e Transparência; Público Interno; Meio Ambiente; Fornecedores; Consumidores e Clientes; Comunidade; Governo e Sociedade.

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A efetividade das ações voltadas para a temática ambiental desenvolvidas pelo

BANCO foi concretizada por ocasião da publicação do seu Balanço Social 2006, em que esta

Instituição alcançou índice 7,91 no indicador meio ambiente do Instituto Ethos. A média do setor financeiro, no mesmo ano, foi de 6,18. Os resultados dessas ações desenvolvidas no âmbito da responsabilidade socioambiental são publicados, anualmente, em seu Balanço Social.

No tocante às questões socioambientais, em especial, ao seu Sistema de Gestão Ambiental, orçado, inicialmente, em R$ 70 mil, em função de já haver desenvolvidas algumas ações isoladas. Para este estudo, definiu-se como principal objeto, o Programa de gestão e coleta seletiva de resíduos sólidos, que, inicialmente, está acontecendo na sede geral do

BANCO, localizada em Fortaleza, sendo expandida para as superintendências estaduais e

agências, posteriormente. O custo deste programa representa 30% do custo total do SGA do Banco e apresenta como objetivos: promover o aproveitamento dos resíduos gerados pelas unidades do Banco por meio do reuso e da reciclagem e outras práticas que visem ao desenvolvimento sustentável; contribuir com a mudança comportamental dos colaboradores por meio da introdução de práticas conservacionistas; adequar o Banco ao disposto no Decreto Federal nº 5.940/2006, que dispõe sobre a separação dos resíduos recicláveis pelos órgãos e entidades da administração pública direta e indireta.

Para elaborar o referido Programa foi realizada uma pesquisa em todas as suas unidades, a fim de identificar os diferentes tipos de resíduos gerados. Baseada neste levantamento a empresa elaborou uma lista, classificando os resíduos gerados dentro da instituição em reciclável e não reciclável, por tipo de material (papel, plástico, metais, vidros, resíduos perigosos e outros). A seguir serão citados exemplos de produtos recicláveis por material: Papel (papéis e papelões em geral, revistas, jornais, envelopes, cartazes, listas telefônicas, aparas e papéis fragmentados); Plásticos (plásticos em geral, garrafas (PET), embalagens em geral, copos descartáveis, sacos e sacolas, baldes, bacias e utensílios inutilizados); Metais (tampas de refrigerante, ferragens, latas em geral, tampinhas de garrafa, alumínio, fios elétricos e telefônicos, peças metálicas em geral e chapas); Vidros (garrafas, copos, frascos, cacos de vidro e lâmpadas incandescentes), Produtos Diversos (embalagem de creme dental, filtros de ar condicionado, tapetes diversos, canetas e lapiseira diversas, vassouras e rodos quebrados). Foram identificados como produtos não recicláveis: Papel (etiquetas adesivas, papel carbono e vegetal, papéis plastificados e de fax (parafinado), fita gomada, papel higiênico, papel toalha e guardanapos usados); Plásticos (isopor, acrílicos, espumas, embalagens metalizadas de biscoito, salgadinhos, sachês e bombons); Vidros (espelhos, cerâmicas e porcelanas, cristais, vidros planos, aramados e temperados); Metais (clipes, grampos, esponja de aço, tachinhas, latas de tinta, verniz e solventes químicos); Produtos Diversos (folhagem, grama e galhos finos, pilhas comuns, cartuchos de impressora, pó de café e saquinho de chá, resto de refeições); Produtos Perigosos (lâmpadas fluorescentes, baterias e embalagens de produtos tóxicos). Porém a relação dos materiais recicláveis pode variar, dependendo da capacidade de reciclagem do mercado local. Assim, se não existir recicladores na área de abrangência da instituição os resíduos são considerados não recicláveis.

O papel é um dos materiais mais consumido dentro da empresa, tendo como consumo médio mensal superior a vinte e uma toneladas de papel branco utilizado para impressões de documentos. Caso sejam incluídos os jornais impresss, os papéis reciclados, além de revistas e outras publicações esse número ainda é maior. Complementando esta informação, a empresa recebe mensalmente, na sede, cerca de três mil jornais impressos, além de outras publicações de circulação interna, como jornais sindicais e informes da própria empresa.

Outro material muito consumido pela empresa é o plástico, em especial os copos descartáveis para água e café. Em março de 2009 a empresa apresentou uma redução no

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consumo de copos descartáveis, de 79% em relação ao mês de dezembro de 2008. A compra de copos de plásticos não descartáveis para todos os colaboradores do Banco foi o principal motivo desta redução. Também esta redução pode ser vista nos custos de compra desses produtos. No período de dezembro/2008 a março de 2009, a instituição apresentou uma redução considerável, chegando a obter, em março de 2009, uma diminuição de 69% em relação ao mês de dezembro de 2008. Essa ação também reduziu custos da distribuição e da coleta dos resíduos.

Quanto aos outros materiais, metais, vidros, produtos diversos e resíduos perigosos, o volume produzido é muito baixo.

Outra medida adotada foi a assinatura do Termo de Compromisso com a Rede de Catadores de Resíduos Sólidos Recicláveis do Estado do Ceará e sistematização da doação de resíduos recicláveis gerados nas unidades do Banco em Fortaleza e Maracanaú, em atendimento ao Decreto n° 5.940/2006. Com isso foi iniciado, em caráter provisório, de coleta de resíduos recicláveis, nas áreas internas das agências, localizadas nas cidades de Fortaleza e Maracanaú e nas unidades da sede da empresa.

A Gestão de Resíduos Sólidos da empresa pesquisada pode ser mais bem visualizada a partir da FIGURA 1, construído com base no modelo apresentado por Philippi Júnior (2005):

FIGURA 2 Fluxo de gestão Integrada de resíduos sólidos da instituição financeira pesquisada. Fonte: Elaborado pelo autor, 2009.

A empresa apenas separa o lixo em reciclável e não reciclável, a separação detalhada dos materiais é feita pela cooperativa. Os materiais que não doados são encaminhados para o aterro sanitário, não havendo um controle destes dos resíduos. Já o material doado as cooperativas é acompanhado por meio de relatório enviado pelas cooperativas, informando o peso de cada material e valores obtidos, em reais, com a venda dos resíduos. Também é acompanhado, por meio de relatórios, o material doado às associações catadoras de lixo. Nesses relatórios são informadas as quantidades de materiais reciclados, o valor arrecadado com a venda desses resíduos e a quantidades de pessoas beneficiadas com esse processo.

Em 2008, segundo relatório enviado pelas cooperativas de catadores, foram recicladas duzentas toneladas de resíduos sólidos, gerando uma renda de quarenta mil reais.

No ano de 2008, duzentos e setenta catadores foram beneficiados com as doações de

materiais recicláveis, feita pela empresa, participando desse processo quatorze associações. Já no primeiro semestre de 2009, o BANCO, por meio de suas unidades localizadas em

Fortaleza e Maracanaú (CE), doou 95 toneladas de resíduos sólidos, volume que possibilitou uma renda cerca de R$ 11.500,00 para as 14 associações de catadores vinculados à Rede.

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No entanto, deve se ressaltar que a Coleta Seletiva Solidária passou a ser implantada em toda a rede do BANCO, desde o início do primeiro semestre de 2009, tendo como resultado a efetivação de parcerias com 26 entidades localizadas em 10(dez) estados da área de atuação da Instituição.

Além dos caminhos seguidos pelos resíduos gerados na instituição financeira, vale salientar, que as cooperativas de catadores, parceiras do BANCO, também confeccionam peças artesanais, utilizando o material coletado na empresa. Porém, apesar da empresa trabalhar diretamente com públicos rurais, não há nenhum programa voltado para aproveitar os materiais orgânicos produzidos, por meio de compostagem.

Conforme as informações fornecidas pela área responsável, a Instituição, no período de janeiro a maio de 2009, investiu em torno de R$ 411 mil no SGA.

7 Considerações Finais

Por meio deste estudo pode-se tomar conhecimento da importância das empresas trabalharem a questão ambiental em sua gestão. Tomando-se como base a produção de resíduos sólidos gerados pela instituição financeira estudada, enquadrada em um setor que aparentemente não gera tantos resíduos, possibilita dimensionar a quantidade de resíduos as empresas podem gerar para o meio ambiente. Com este trabalho, tomou-se conhecimento dos diversos tipos de resíduos gerados por uma instituição bancária, confirmando a importância da gestão ambiental no planejamento estratégico da empresa, não somente como uma questão de responsabilidade socioambiental, mas como uma oportunidade de redução de custos e possibilidade de ganhos futuros.

Embora a organização estudada tenha sido uma instituição financeira e suas atividades bancárias aparentemente não provoquem e impactos substanciais diretos ao meio ambiente, concluiu-se que a empresa vem dispensando especial atenção à questão ambiental. No decorrer do trabalho foram observadas ações práticas desenvolvidas para buscar a racionalização dos recursos utilizados, bem como o trabalho em ressaltar a importância da temática ambiental para os colaboradores, clientes e parceiros, inclusive nas suas intermediações financeiras.

O BANCO, por meio das ações de seu Sistema de Gestão Ambiental (SGA), implantou o Programa de Gestão e Coleta Seletiva de seus resíduos sólidos, implementando não somente a coleta seletiva, mas realizando ações mitigadoras que contribuíram para redução da geração desses resíduos.

Por meio da implantação da coleta seletiva, a Instituição permitiu o reaproveitamento dos resíduos gerados nas unidades, beneficiando organizações de catadores e trazendo importante contribuição para a conservação ambiental, gerando benefícios sociais. Em termos de custos a empresa já investiu muito mais que estava orçado por ocasião do inicio do Programa, no entanto, deve-se observar que alguns custos são mais elevados por se referirem a ações de investimento de longa prazo e de grande amplitude, como a troca de uso de copos descartáveis para todos os funcionários e colaboradores (bolsistas, terceirizados, jovens aprendizes) do BANCO (sede, superintendências estaduais e agências), além de licitação para aquisição de coletores para toda Instituição e material voltado para campanha de comunicação interna.

No que tange ao atingimento dos objetivos definidos, concluiu-se que a empresa conseguiu obter vários resultados, por meio da gestão de resíduos sólidos, dentre eles, redução no consumo de alguns materiais, maior eficiência na coleta e destinação dos materiais e redução dos custos, no entanto, a contabilização geral da redução destes custos do Programa como todo, ainda não se pode obter em função do projeto se encontrar em fase introdutória. Em 2008, duzentos e setenta catadores participantes de quatorze associações foram beneficiados com as doações de 200 toneladas de materiais recicláveis, gerando a receita de

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quarenta mil reais. No primeiro semestre de 2009, foi doado o volume de 95 toneladas pelas unidades do BANCO em Fortaleza e Maracanaú-CE, possibilitando a esse público uma renda de R$ 11.500,00. Contudo deve-se ressaltar que o preço desses produtos são irrisórios, uma vez que se analisado o volume de resíduos.

No entanto, outro resultado apresentado foi a redução significativa do custo com aquisição de copos descartáveis, chegando ao índice de redução no custo de 70% comparando os meses dezembro de 2008 e março/2009.

De acordo com os objetivos do Programa de gestão e coleta seletiva dos resíduos sólidos criado pelo BANCO, concluiu-se que estão sendo atendidos, parcialmente, uma vez, que a implementação do Programa não está totalmente concluída. Contudo, observou-se que o objetivo que visa ao aproveitamento dos resíduos gerados nas unidades, onde foi implantado foi atingido, com exceção dos resíduos orgânicos, ainda não trabalhados pela Instituição. Já o objetivo relacionado ao disposto no Decreto Federal nº 5.940/2006, que dispõe a separação dos resíduos sólidos pelos órgãos públicos, encontra-se em fase de implantação, tendo havido a licitação para aquisição dos coletores para serem distribuídos com todas as unidades da empresa. Enquanto o objetivo de contribuir com a mudança comportamental dos colaboradores por meio de introdução de práticas conservacionistas, o uso das canecas não descartáveis por todos que compõem o BANCO, vem gerando uma mudança comportamental. Nesse sentido, ressalta-se que as mudanças de comportamento são lentas e por isso necessitam de maior tempo para serem avaliadas.

No disposto aos resultados sociais, o Programa está proporcionando maior facilidade para o processo produtivo, uma vez que as cooperativas recebem uma grande quantidade de resíduos em uma única fonte, maior oportunidade para os recicladores e desenvolvimento de novas atividades por parte dos catadores, como trabalhos artesanais com material reciclado.

No entanto, conclui-se que muitas ações ainda precisam ser aprimoradas, com a finalidade de se tornarem constantes e realizadas de forma espontânea pelos funcionários, fornecedores e clientes. A exemplo disso, foi constatado um numero elevado de impressos e informes, que são distribuídos dentro da empresa e são publicados nos sites do BANCO (Iternet e Intranet) gerando um uso desnecessário de materiais.

Nesse sentido, constatou-se uma maior necessidade de capacitação por parte dos seus

stakeholders, bem como adotar a política dos 3 Rs em toda organização, minimizando não

somente os problemas causados pelos resíduos após o uso, como também, reduzindo o número de lixo gerado.

O esforço do BANCO para o fortalecimento da Coleta Seletiva Solidária, ainda está em fase inicial. Este programa deve se estender aos colaboradores, uma vez que a eficiência de uma sistemática de coleta seletiva depende da ação direta de cada um.

Finalmente, sugere-se que o BANCO deve popularizar mais as ações ambientais, comunicando-as de forma mais efetiva para os parceiros, clientes e funcionários, visando maior colaboração de todos, podendo servir de modelos para seus clientes e muitas instituições na área onde atua.

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