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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL FACULDADE DE FARMÁCIA DISCIPLINA DE TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO DE FARMÁCIA.

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL

FACULDADE DE FARMÁCIA

DISCIPLINA DE TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO DE

FARMÁCIA

Perfil clínico e epidemiológico de pacientes investigados

para a Doença de Chagas atendidos no Laboratório Central do

Estado do Rio Grande do Sul, entre os anos de 2002 a 2009.

Conrado Longhi

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL

FACULDADE DE FARMÁCIA

DISCIPLINA DE TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO DE

FARMÁCIA

Perfil clínico e epidemiológico de pacientes investigados

para a Doença de Chagas atendidos no Laboratório Central do

Estado do Rio Grande do Sul, entre os anos de 2002 a 2009.

Conrado Longhi

Profa. Dra. Silvia Maria Spalding Orientadora

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Perfil clínico e epidemiológico de pacientes investigados para a

Doença de Chagas atendidos no Laboratório Central do Estado do Rio

Grande do Sul, entre os anos de 2002 a 2009.

Longhi C, Fernandes CD, Spalding SM

E-mail para correspondência: conrado.longhi@hotmail.com

Departamento de Análises Clínicas, Faculdade de Farmácia, Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Brasil.

Resumo

A doença de Chagas atinge a América Latina com relatos de casos em áreas não endêmicas. Cerca de oito milhões de pessoas estão infectadas e 25 milhões em áreas de risco. No Brasil, cerca de 60 a 70% dos pacientes infectados encontram-se na forma crônica indeterminada. A vigilância epidemiológica deve identificar as áreas com maior risco de infecção vetorial, muitas vezes causada por mudanças ambientais, sociais e econômicas. Este trabalho teve como objetivo avaliar o perfil clínico e epidemiológico de pacientes com sorologia positiva para doença de Chagas atendidos no Laboratório Central do Estado do RS (IPB-LACEN/RS) nos anos de 2002 a 2009. Foram analisadas 1.665 entrevistas realizadas. Observou-se que o maior número de pessoas tem naturalidade nas macrorregiões sul e dos Vales do RS, porém a maioria dos portadores da doença reside na macrorregião metropolitana de saúde. O conhecimento sobre o vetor da doença não aumentou entre os anos de 2002 e 2009. A faixa etária entre 31 e 60 anos de idade concentrou 77,29% dos pacientes entrevistados, 0,88% dos portadores tem entre zero e dez anos de idade. Na amostra populacional avaliada: 56,32% é do gênero masculino; 18,92%, 4,79% e 11,77% apresenta sintomas cardíacos, esofágicos e

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4 intestinais, respectivamente; 20,76% efetuaram tratamento com benzonidazol; 77,71% realizaram doação de sangue e 15,12% receberam transfusão sanguínea. O estudo propiciou traçar um perfil da Doença de Chagas no RS na população atendida pelo Laboratório de referência do Estado.

Descritores: Doença de Chagas, Perfil clínico e epidemiológico, Laboratório Central,

Rio Grande do Sul.

Clinical and epidemiological profile of patients investigated for

Chagas disease treated at the Central Laboratory of the State of Rio

Grande do

Sul, between the years 2002-2009.

Abstract

Chagas Disease affects Latin America with reports of cases in non-endemic areas. About eight million people are infected and 25 million are living in risk areas worldwide. In Brazil, about 60-70 % of infected patients are in the chronic indeterminate state. Surveillance should identify areas at risk of vector infection, often associated to environmental changes, social and economic. This study aimed to evaluate the clinical and epidemiological profile of patients with positive serology for Chagas Disease diagnosed the Central Laboratory of the State of RS (IPB-LACEN/RS) in the years 2002-2009. We have analysed 1.665 interviews. It was observed that the greatest number of people were born in South and in the Vales macroregions of the RS, but the majority of the patients are living in the metropolitan macroregion of health. Knowledge about the disease vector did not increase between the years 2002 and 2009. The age group between 31 and 60 years old concentrated 77.29 % of patients, moreover 0.88 % of patients are between zero and ten years old. In the population sample: 56.32 % is male, 18.92 %, 4.79 % and 11.77 % have cardiac, esophageal and intestinal symptoms,

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5 respectively, 20.76 % received treatment with benzonidazole; 77.71 % underwent blood donation and 15,12% received blood transfusion. The study drew a profile of Chagas Disease between the population from the reference laboratory of the RS.

Key words: Chagas Disease, Clinical and epidemiological profile, Central Laboratory,

Rio Grande do Sul.

Introdução

A tripanossomíase americana ou doença de Chagas foi descoberta por Carlos Chagas, em 1909, e atinge principalmente a região da América Latina, entretanto são registrados casos em áreas não endêmicas. Seu agente etimológico é um protozoário denominado Trypanosoma cruzi, que é um parasita heteroxênico. Suas principais formas de transmissão são a vetorial, transmitida por hematófagos triatomíneos, e através da transfusão sanguínea. Outras formas de transmissão são relatadas como a vertical (congênita), transmissão oral (ingestão de alimentos) e transplante de órgãos [Vinhaes e Dias, 2000].

Em relação à patogenia, a doença de Chagas apresenta duas fases: a aguda, inicialmente assintomática, e a crônica. Os sintomas podem aparecer a partir do oitavo dia de infecção como febre, mal-estar, anorexia, hepatoesplenomegalia e linfadenopatia e edemas subcutâneos. Quando a transmissão é vetorial pode ocorrer o chagoma no local da inoculação, e se ocorrer contaminação na mucosa ocular o sinal de Romaña [Souza et al, 2013]. Raramente ocorre comprometimento cardíaco ou neurológico. A fase crônica da doença geralmente começa a se estabelecer de 45 dias a quatro meses após a fase aguda [Fernandes, 2008] os pacientes podem ficar assintomáticos, porém cerca de 20 a 30% desenvolvem sintomas cardíacos ou digestivos como

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6 megaesôfago chagásico e megacólon. Podem ser necessários exames como eletrocardiograma e exames radiológicos do tórax, esôfago e colón [Nunes et al, 2013].

No mundo, segundo a Organização Mundial de Saúde, há uma estimativa que cerca de oito milhões de pessoas estão infectadas com a doença de Chagas e 25 milhões estão em áreas de risco [WHO, 2010]. A maior prevalência da doença de Chagas é relatada na Bolívia (6,8%), Argentina (4,1%), El Salvador (3,4%), Honduras (3,1%) e no Paraguai (2,5%) [Rassi et al, 2010]. Estima-se que ocorram entre 10.000 e 14.000 mortes por ano. Esse número tende diminuir dependendo das campanhas de prevenção, educação e saúde realizadas pelo governo de cada país [Rassi et al, 2012].

Nos Estados Unidos a incidência de doença de Chagas tem diminuído significativamente durante os anos, sendo grande parte dos casos relatados de imigrantes vindos do México. A imigração é a principal forma de disseminação da doença para áreas não endêmicas, por este motivo os sistemas de saúde desenvolvem programas de controle de doação e transfusão de sangue de pessoas provenientes de zonas endêmicas [Kirchhoff et al, 2011].

No Brasil, cerca de 60 a 70% dos pacientes infectados encontram-se na forma crônica indeterminada [Fernandes, 2008]. Já em relação à doença de Chagas aguda (DCA) foram registrados, entre 2000 e 2011, 1.252 novos casos, destacando-se a região da Amazônia Legal (Amazonas, Maranhão, Mato Grosso, Amapá, Pará, Tocantins), onde a transmissão oral tem sido registrada com maior frequência. Em 2008, foram diagnosticados 94 casos de DCA no Estado do Pará, dos quais 57 (65%) estavam envolvidos em transmissão oral; 20, no estado do Amapá, todos por provável transmissão oral; e sete, no estado do Tocantins, quatro por transmissão oral (80%) e um vetorial [GVE, 2013]. Em 2005, a Secretaria de Vigilância em Saúde do Ministério da Saúde do Brasil investigou 159 casos suspeitos de DCA, relacionados à ingestão de

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7 caldo de cana em Santa Catarina. As investigações indicaram a possibilidade da contaminação da bebida por fezes de triatomíneos ou até mesmo de alguns destes terem sido macerados com a cana [Ministério da Saúde, 2005].

A partir de 1975 iniciou-se o inquérito de soroprevalência da infecção na população humana e o inquérito entomológico da doença de Chagas no Brasil a fim de delimitar as zonas endêmicas, chegando-se à conclusão que 36% do território nacional apresentava áreas de risco de transmissão vetorial. Minas Gerais e Rio Grande do Sul apresentavam o maior índice de infecção na população rural, estados onde a dispersão e infestação por Triatoma infestans eram mais significativas [Vinhaes e Dias, 2000]. Em 2011, foi divulgado um novo inquérito relacionado aos anos de 2001 a 2008 e constatou-se que a principal forma de infecção, através do vetor estritamente domiciliado T. infestans, foi interrompida e a espécie está presente apenas em focos residuais. Destacou também a transmissão congênita da doença de Chagas no Rio Grande do Sul onde, dos 20 casos de positividade entre mãe e filho no Brasil, 12 haviam ocorrido no RS. Essa incidência pode estar relacionada à existência, no estado de uma linhagem diferente de T. cruzi em relação ao restante do Brasil. Estas linhagens são habitualmente responsáveis pelas infecções por T. cruzi no Uruguai, Argentina, Chile, Paraguai e Bolívia, onde se observam taxas relativamente elevadas de transmissão congênita [Ostermayer et al, 2011].

Devido ao fato da doença geralmente ser assintomática é difícil um diagnóstico precoce. Por isso é necessário ficar atento quando o paciente se concentra em áreas endêmicas, apresenta mãe com sorologia positiva, sintomas que possam ser associados à doença de Chagas, assim como pacientes que receberam transfusão de sangue, além da ingestão de alimentos que possam causar uma infecção por via oral.

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8 Os medicamentos disponíveis para tratamento da DC nifurtimox (Lampit®) e o benzonidazol (Rochagan®) têm sido utilizados há mais de 40 anos com acompanhamento criterioso, devido aos sérios efeitos colaterais comumente observados. Apesar de ser considerado a primeira escolha no tratamento, ainda há dificuldade de acesso e distribuição em muitos países da América Latina. No Brasil, o benzonidazol é a única droga disponível atualmente para o tratamento [Wesphalen et al, 2012].

A vigilância epidemiológica tem como objetivo identificar as regiões com maior risco de infecção vetorial, muitas vezes causada por mudanças ambientais, sociais e econômicas. Além da alta migração da população de áreas rurais para urbanas, onde os seres humanos podem agir como reservatórios. Nos países endêmicos, percebe-se a associação da doença de Chagas com aspectos socioeconômicos, atingindo indivíduos sem instrução em áreas com baixa qualidade de vida, e a negligência governamental, o que é revelado pela inoperância de programas de saúde [Vinhaes & Dias, 2000].

Como resultado de programas de saúde pública, muitas espécies de vetores do T.

cruzi foram erradicadas em alguns dos países que possuem áreas endêmicas. Porém,

devido às milhares de pessoas contaminadas em zonas urbanas e a intensas migrações da zona rural à zona urbana e a países não endêmicos, é necessário uma eficiente e constante fiscalização sobre novos casos da doença e a sua notificação ao sistema público de saúde [Moncayo e Silveira, 2009].

Este estudo tem por objetivo avaliar o perfil clínico e epidemiológico de pacientes com sorologia positiva para doença de Chagas no Rio Grande do Sul atendidos no Laboratório Central do Estado do RS.

Materiais e Métodos

Este trabalho constituiu um estudo retrospectivo, foram analisadas 1.665 entrevistas, de pacientes com sorologia positiva para Doença de Chagas, realizadas

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9 entre os anos de 2002 e 2009 no Instituto de Pesquisas Biológicas - Laboratório Central do Estado do Rio Grande do Sul (IPB-LACEN/RS). Todos os pacientes foram submetidos a perguntas que permitissem traçar o perfil clínico e epidemiológico da doença. A entrevista e a divulgação dos resultados foram previamente aprovados pelo Comitê de Ética.

O questionário foi estruturado considerando o levantamento dos seguintes dados: naturalidade, moradia, sintomas apresentados, idade, gênero, conhecimento sobre o vetor, tratamento prévio, doação ou transfusão de sangue, acompanhamento da evolução da doençapela demonstração radiológica e eletrocardiográfica de normalidade ou alteração dos aparelhos digestivo e circulatório. Foi feito um cruzamento destas informações podendo assim caracterizar a presença da Doença de Chagas no Estado do Rio Grande do Sul, tanto do ponto de vista da região de maior ocorrência como da população atingida.

O IPB-LACEN é referência para este diagnóstico no Estado, é o laboratório central de saúde pública, portanto, migram para ele todos os casos notificados e investigados da infecção. A portaria nº 104, de 25 de janeiro de 2011, do Ministério da Saúde orienta que sejam notificados somente os casos agudos, a fim de tratar o paciente e evitar a sintomatologia e transmissão do protozoário.

Todo paciente encaminhado para realização de exames imunológicos e/ou parasitológicos, quer seja como forma de diagnóstico, de acompanhamento do tratamento ou de avaliação da cura, recebe a aplicação prévia de um questionário estruturado para identificar e caracterizar o perfil clínico e epidemiológico.

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Resultados e Discussão

De todos os municípios do RS, 125 foram citados nas entrevistas relacionados à naturalidade, destes, 33 (26,4%) estão entre os de maior ocorrência de nascimentos e que apresentaram a Doença de Chagas (Tabela 1). O maior número de pessoas diagnosticadas é proveniente das macrorregiões sul e dos vales do Estado (Figura 1), região com grande concentração de moradores na área rural, destacando-se os municípios de Santana da Boa Vista com 14 casos, representando 0,41% de ocorrência na população, Encruzilhada do Sul com 92 casos (0,38%), Independência com 15 casos (0,23%), e mais onze municípios que apresentam uma ocorrência acima da média que é de 0,12%. Outra macrorregião que merece destaque é a das Missões que também apresenta condições ambientais favoráveis ao triatomíneo.

Somando-se a população das regiões citadas como naturalidade, nos 33 municípios de maior ocorrência e que apresentaram 938 registros de casos (71,8%) observou-se que pelo menos 10% da população estadual se encontra em área de risco.

Em relação à moradia atual das pessoas diagnosticadas foram citados 164 municípios, porém destacam-se 23 (14,02%) com uma evidente migração dos entrevistados para região metropolitana do Estado: Porto Alegre, Canoas, Alvorada e Sapucaia do Sul representam a moradia atual de 62,82% dos pacientes. Comparando às citações de naturalidade, dos municípios com maior ocorrência de relato de Doença de Chagas, nenhum deles aparece com destaque na moradia atual (Tabela 2). Porto Alegre aparece com o maior número de casos 514 (36,82%) e Minas do Leão com a maior ocorrência da doença na população 0,32% (n=24), seis vezes maior que a média dos outros munícipios citados.

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11 Tabela 1 – Casos de Doença de Chagas distribuídos pelo município de naturalidade do Estado do RS. Município Total de Casos % ocorrência População do município % ocorrência frente à população do município Alegrete 25 2,69 77.653 0,03 Butiá 18 1,94 20.406 0,19 Caçapava do Sul 64 6,88 33.690 0,19 Cachoeira do Sul 98 10,54 83.827 0,12 Camaquã 19 2,04 62.764 0,03 Campo Novo 10 1,08 5.459 0,18 Canguçu 9 0,97 53.259 0,02 Cruz Alta 10 1,08 62.821 0,02 Dom Feliciano 14 1,51 14.380 0,10 Encruzilhada do Sul 92 9,89 24.534 0,38 Ijuí 16 1,72 78.915 0,02 Independência 15 1,61 6.618 0,23 Julio de Castilhos 9 0,97 19.579 0,05 Piratini 9 0,97 19.841 0,05 Porto Xavier 15 1,61 10.558 0,14 Rio Pardo 40 4,30 37.591 0,11 Rosário do Sul 25 2,69 39.707 0,06 Santa Maria 17 1,83 68.587 0,01 Santa Rosa 34 3,66 82.464 0,03 Santana da Boa Vista 14 1,51 8.242 0,41 Santana do Livramento 32 3,44 49.071 0,07 Santiago 10 1,08 13.968 0,07 Santo Ângelo 50 5,38 76.275 0,07 Santo Augusto 37 3,98 60.425 0,06 São Gabriel 46 4,95 22.134 0,21 São Jeronimo 46 4,95 22.134 0,21 São Luiz Gonzaga 49 5,27 34.556 0,14 São Pedro do Sul 20 2,15 16.368 0,12 São Sepé 35 3,76 23.798 0,15 São Vicente do Sul 16 1,72 8.440 0,19 Sobradinho 21 2,26 14.283 0,15 Sto. Antônio das

Missões

12 1,29 11.210 0,11 Tupanciretã 11 1,18 22.281 0,05

% média * 3,06 ** 0,12

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12 Tabela 2- Casos de Doença de Chagas distribuídos pelo município de moradia do Estado do RS. Município Total de Casos % ocorrência População do município % ocorrência frente à população do município Alvorada 98 7,02 195.673 0,05 Cachoeirinha 48 3,44 118.278 0,04 Campo Bom 10 0,72 60.074 0,02 Canoas 105 7,52 323.827 0,03 Caxias do Sul 22 1,58 435.564 0,01 Dom Feliciano 10 0,72 14.380 0,07 Eldorado do Sul 10 0,72 34.343 0,03 Erechim 11 0,79 96.087 0,01 Estância Velha 17 1,22 42.574 0,04 Esteio 70 5,01 80.755 0,09 Gravataí 83 5,95 255.660 0,03 Guaíba 50 3,58 95.204 0,06 Minas do Leão 24 1,72 7.631 0,32 Montenegro 10 0,72 59.415 0,02 Novo Hamburgo 22 1,58 238.940 0,01 Porto Alegre 514 36,82 1.409.351 0,04 Rio Pardo 10 0,72 37.591 0,03 Santa Cruz do Sul 13 0,93 118.374 0,01 São Leopoldo 25 1,79 214.087 0,01 Sapiranga 15 1,07 74.985 0,02 Sapucaia do Sul 160 11,46 130.957 0,12 Três Coroas 10 0,72 23.848 0,04 Viamão 59 4,23 239.384 0,03 % média * 4,35 ** 0,05

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13 Figura 1 – Macrorregiões de Saúde do Rio Grande do Sul [CSMA-RS, 2011]

Quanto ao gênero, o masculino apresentou a ocorrência de 56,32% e os sintomas são identificados e relatados em maior concentração na faixa etária entre 31 e 60 anos de idade, representando 77,29% dos pacientes entrevistados (n=1.222).

Outro fator importante é a ocorrência de Chagas em pacientes de 0 a 10 anos de idade, que pode ser observado em 14 (0,88%) dos entrevistados. Em dez deles há sorologia positiva nas mães dos pacientes, sendo dois recém-nascidos, o que nos leva a possibilidade da transmissão congênita da doença. Este diagnóstico precoce permite a intervenção e o controle da doença a fim de evitar ou diminuir sintomatologias futuras.

Na entrevista efetuada, 52 pacientes relataram a presença de Doença de Chagas em suas mães, o que pode representar a necessidade de realização dos exames em toda a

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14 família de um paciente diagnosticado positivamente, a fim da descoberta precoce da infecção.

Dos pacientes entrevistados, 18,92% (n=229) apresentaram algum sintoma cardíaco, sendo relatados problemas de deglutição relacionados ao aumento do esôfago em 4,79% (n=60) e problemas relacionados à evacuação foram relatados por 11,77% (n=147). Esses sintomas são comuns em uma série de patologias, por isso a necessidade de realização de exames específicos e sensíveis de hemocultura, pesquisa de IgG anti-T.

cruzi pela metodologia de imunofluorescência indireta e ELISA, realizados em

concomitância para confirmar o diagnóstico de Doença de Chagas. Foi identificado que 89,75% (n=980) dos entrevistados realizaram eletrocardiograma e 85,65% (n=806) raio-X para o acompanhamento. Os principais sintomas relatados foram: taquicardia, cardiomegalia, bloqueio do ramo direito ou esquerdo do coração, pontadas no peito, hérnia de esôfago, megaesôfago chagásico, megacólon, dias a semanas sem evacuar, muitos tiveram intervenção cirúrgica prévia à entrevista.

Quando os indivíduos doam sangue é efetuado o teste de ELISA, como triagem, para identificar a presença de anticorpos específicos contra T. cruzi, desta forma muitos dos entrevistados descobriram a infecção, a realização deste exame é necessária visto que uma das principais formas de transmissão doença é através da transfusão sanguínea. Dos pacientes entrevistados, 77,71% (n=1.081) efetuaram doação de sangue e 15,12% (n=213) receberam transfusão sanguínea, 15 apresentavam co-infecção do vírus HIV e a doença de Chagas e 26 co-infecção com hepatite, estas estão entre as principais doenças infecciosas controladas pela medicina transfusional e intimamente relacionadas com a reativação da Doença de Chagas [GVE, 2013]. Técnicas de prevenção se mostram necessárias como anamnese e questionários aos doadores, sendo que há uma tendência de encontrar mais doadores infectados entre aqueles com maior idade, doando

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15 pela primeira vez, ou que tenham passado um período de vida em áreas endêmicas, além de testes sorológicos nos doadores [Wendel, 2010]. A transfusão sanguínea é a principal forma de transmissão da infecção em regiões não endêmicas e se deve ao grande número de migrações e negligência no controle da doação de sangue [Nunes et al, 2013] Analisando a questão da naturalidade e escolaridade se observou que a Doença de Chagas está mais presente na população menos favorecida economicamente e que vive em áreas rurais. Devido às condições de moradia, menor acesso à saúde e educação, a população fica mais exposta à transmissão do parasito.

Cerca de 80% dos entrevistados, são analfabetos ou apresentam o ensino fundamental (incompleto ou completo) comprovando o menor acesso a educação e menor capacidade econômica da população.

Quanto ao conhecimento do vetor, o triatomíneo (barbeiro), percebe-se que não há um aumento entre os anos de 2002 e 2009 (Figura 2), portanto não pode ser evidenciado uma melhoria na informação sobre o risco deste vetor para a população avaliada, além de formas de prevenção, desde locais a serem evitados até formas de transmissão da doença.

Foi realizada, no ano de 2012, uma campanha incentivando a população a levar o inseto ainda vivo, para um Posto de Informação de Triatomíneo (PIT) ou para a Secretaria Municipal de Saúde, de onde são encaminhados a laboratórios de Entomologia para identificação e exame de infecção. Ações de promoção e educação em saúde para o saneamento do ambiente domiciliar, pesquisa entomológica e controle químico são fundamentais para evitar a exposição da população a vetores [SES, 2012].

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16 Figura 2 – Percentual relativo ao conhecimento do inseto durante o período de 2002 - 2009.

O tratamento foi feito em 20,76% (n=293) dos entrevistados. O medicamento de escolha foi o benzonidazol (Rochagan®) com o objetivo de eliminar o parasita nas pessoas infectadas, diminuindo a probabilidade do desenvolvimento da patologia cardíaca ou digestiva e interrompendo a cadeia de transmissão do T. cruzi, contribuindo assim, para o controle da incidência de casos congênitos, transfusionais e durante o transplante de órgãos [WHO/TDR, 2007]. Em função do tratamento, nove entrevistados apresentaram hipersensibilidade e tiveram que suspender a utilização do medicamento. Além da hipersensibilidade, outros efeitos adversos estão relacionados ao benzonidazol como dores abdominais, de cabeça e alterações sanguíneas. Uma possível solução é a substituição do benzonidazol pelo Nifurtimox, o qual não está disponível no sistema público de saúde no Brasil, porém é utilizado em outros países. Estudos sugerem que utilização de Nifurtimox como terapia de segunda linha em doentes que interromperam o benzonidazol, especificamente devido à hipersensibilidade, parece ser seguro e não estar associada a uma maior incidência de reações adversas. [Perez-Molina et al., 2013]

0% 10% 20% 30% 40% 50% 60% 70% 80% 90% 100% 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 Não conhecem Conhecem

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Conclusão

Este estudo traçou o perfil clínico, social e epidemiológico da Doença de Chagas em pacientes encaminhados para diagnóstico laboratorial no IPB-LACEN no Estado do Rio Grande do Sul entre os anos de 2002 a 2009, tanto áreas de maior ocorrência. Com esses dados é possível efetuar o planejamento de programas de saúde para auxiliar a prevenção da infecção.

Em 2006, o Brasil recebeu uma certificação da Organização Mundial da Saúde (OMS) pela eliminação da transmissão da doença de Chagas pelo principal vetor regional, o Triatoma infestans [Fernandes, 2008]. Como a doença é crônica, ainda existem pessoas que apresentam sorologia reagente para Chagas, por terem sido infectadas no passado ou em consequência de outros tipos de transmissão (congênita, transfusional ou oral). Deve-se realizar o monitoramento desses pacientes mediante avaliação e acompanhamento médico [CEVS-RS, 2013].

Observou-se, mediante os dados coletados, que as macrorregiões de saúde dos Vales e do Sul apresentam os municípios com as maiores ocorrências e, portanto, poderiam ser realizadas campanhas de educação, de saneamento e de controle periódico. Concluindo, a realização de mapeamento de áreas endêmicas, a identificação e o monitoramento dos pacientes com sorologia reagente para T. cruzi permite a realização de ações de prevenção, de profilaxia e de tratamento, as quais são fundamentais para o controle da infecção humana.

Agradecimentos

Os autores agradecem a colaboração da Fundação Estadual de Produção e Pesquisa em Saúde (FEPPS) e o Departamento IPB-LACEN/RS, a Faculdade de Farmácia da Universidade do Rio Grande do Sul e a Secretaria Estadual de Saúde do Rio Grande do Sul e o CEVS.

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Referências Bibliográficas

1- Censo demográfico do Brasil do ano de 2010. Disponível em: censo2010.ibge.gov.br/sinopse/index.php?uf=43&dados=0. Acesso em: 09/09/2013.

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http://portal.saude.gov.br/portal/arquivos/pdf/gve_7ed_web_atual_doenca_de_c hagas.pdf Acesso em: 10/10/2013.

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Referências

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