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JORNALISMO OPINATIVO: UMA PROPOSTA DE ENSINO DA LÍNGUA POR MEIO DOS GÊNEROS TEXTUAIS

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Academic year: 2021

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JORNALISMO OPINATIVO: UMA PROPOSTA DE ENSINO DA LÍNGUA POR MEIO DOS GÊNEROS TEXTUAIS

Rithielle Aparecida Castellani (PIBIC/Fundação Araucária), Eliana Merlin Deganutti de Barros (Orientadora), e-mail: rithielle1995@hotmail.com

Universidade Estadual do Norte do Paraná/Campus de Cornélio Procópio Linguística, Letras e Artes; Linguística; Linguística Aplicada

Palavras-chave: modelo teórico, sequência didática, artigo de opinião. Resumo

Este trabalho é resultado de pesquisas realizadas para a concretização do Projeto de Iniciação Científica “Jornalismo opinativo: uma proposta de ensino da língua por meio de gênero textuais” financiado pela Fundação Araucária, e vinculado ao projeto de pesquisa “Gêneros da mídia jornalística como objetos de transposição didática externa” (UENP/CP), coordenado pela Profa. Dra. Eliana Merlin Deganutti de Barros. Como fundamentação teórica o projeto pauta-se nos estudos do Interacionismo Sociodiscursivo (ISD), especialmente os voltados para a transposição didática dos gêneros textuais. O objetivo desta pesquisa é analisar o processo de didatização do gênero artigo de opinião, a partir da produção de seu modelo teórico e de uma sequência didática (SDG).A produção dessa SDG aconteceu de forma colaborativa durante participação no subprojeto PIBID/UENP- português, o qual dedica-se metodologicamente à produção de materiais didáticos, visando à construção de um jornal escolar. Espera-se com esta pesquisa trazer à tona uma problemática relacionada à formação docente: a necessidade de o professor conhecer as características do gênero como objeto social, para que possa transpô-lo para o universo didático. Introdução

Os diferentes documentos oficiais da educação (BRASIL, 1998; PARANÁ, 2008; BRASIL, 2006) que servem de parâmetro para o ensino de Língua Portuguesa propõem que os professores tomem como seus objetos de ensino as diferentes práticas de linguagem, essas sempre configuradas em gêneros textuais presentes na sociedade. Entretanto, ainda há certa carência e dúvidas por parte de muitos educadores no momento de trabalhar didaticamente nessa perspectiva. Acreditamos que isso aconteça, pois muitos ainda não dispõem de ferramentas metodológicas para guiar o ensino voltada para essas práticas. Pensando nessa necessidade, desenvolvemos esse artigo, que traz resultados de uma pesquisa de iniciação científica que toma como objeto ações do subprojeto PIBID – Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à docência (PIBID-CAPES) – “Letramentos na escola: práticas de leitura e produção textual” (eixo: Gêneros do jornal), as quais baseiam-se em um trabalho colaborativo fundamentado na metodologia das sequências didáticas de gêneros (SDG).

Nessa perspectiva, há a articulação entre dois projetos: o projeto de Iniciação Científica (IC- FUNDAÇÃO ARÁUCARIA) “Jornalismo opinativo: uma proposta de ensino da língua por meio dos gêneros textuais” (vinculado ao projeto de pesquisa “Os gêneros da mídia gêneros da mídia jornalística como objetos de transposição didática externa”) e o subprojeto PIBID; ambos coordenado pela Profa. Dra. Eliana Merlin Deganutti de Barros e desenvolvidos na Universidade Estadual do Norte do Paraná (UENP). Em sua fundamentação teórica, os projetos pautam-se nos

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estudos do Interacionismo sociodiscurso (ISD – BRONCKART, 2003; SCHNEUWLY, DOLZ, 2004), principalmente nas pesquisas voltadas para a transposição didática dos gêneros textuais.

Neste texto trazemos uma engenharia didática voltada à transposição didática externa do gênero Artigo de Opinião, a partir de ferramentas criadas pelo ISD e adaptadas por pesquisadores como Barros (2012).

Material e métodos

Como nosso objetivo era elaborar o modelo teórico do gênero artigo de opinião, visando sua didatização para um determinado contexto de ensino, o primeiro procedimento metodológico foi selecionar um corpus de análise para a produção desse modelo. Para tanto, foram selecionados os seguintes artigos de opinião, “Mistério ao final da copa das copas”, publicado no Jornal Folha de Londrina no dia 25/05/2014, escrito por Eduardo Nascimento; “Heróis e vilões na Copa do Mundo”, publicado no Jornal Folha de Londrina no dia 11/06/2014 e escrito por Gerson Leite de Moraes; “O Brasil e a Copa”, Publicado no Jornal Folha de São Paulo, no dia 11/05/2014, escrito por Abílio Diniz; “Não maltratem a educação”, publicado no Blog ZH, no dia 13/12/2013, escrito por Ricardo Russowsky.

Após a seleção do corpus, a elaboração do modelo teórico comportou as seguintes etapas:1) pesquisa bibliográfica do gênero artigo de opinião (vozes de especialistas); 2) análise docorpus com base no dispositivo didático elaborado para a modelização do gênero (BARROS, 2012). Em seguida, foi feita, de forma colaborativa com o grupo PIBID, a sinopse da SDG (sequenciação dos objetos e das atividades da SDG).

Na primeira etapa nos atemos às pesquisas realizadas sobre o gênero “artigo de opinião”, a fim de termos uma base teórica para a didatização do gênero. Tendo o corpus selecionado, e feita a pesquisa bibliográfica do gênero, a segunda etapa centrou-se na modelização desse objeto. Para isso, utilizamos como orientação um dispositivo didático elaborado por Barros (2012), o qual aborda as três capacidades de linguagem,capacidade de ação, capacidade discursiva, capacidade linguístico-discursiva. E assim, na terceira etapa, foi o momento de didatizarmos esse objeto para um contexto de ensino específico, etapa da produção da sinopse da SDG, a qual explicitou o título e número de cada oficina/módulo da SDG, os objetivos esperados, os objetos/conteúdos abordados e as atividades a serem desenvolvidas em cada oficina. A análise apresentada orienta-se pela construção do modelo teórico do artigo de opinião e a planificação final da sinopse da SDG, tendo como base as três capacidades de linguagem: de ação, discursiva e linguístico-discursiva.

Resultados e Discussão

O gênero textual “artigo de opinião” é um gênero opinativo, característico da esfera jornalística, que permite ao seu autor explicitar e defender sua opinião sobre um determinado assunto polêmico de ordem social. Ele é um gênero que busca sempre convencer o seu leitor, tendo como eixo condutor uma tese sobre a polêmica. Por isso, o autor do artigo deve apresentar argumentos consistentes para que consiga defender seu ponto de vista e persuadir seu público leitor. Dessa forma, o artigo de opinião permite ao autor se posicionar contra ou a favor de uma questão polêmica, de maneira implícita ou explicita em seu texto, e, assim, defender sua “tese”, ou seja, aquilo que ele acredita, a partir de argumentos convincentes para que convença o seu leitor.

Tendo as principais características do gênero levantadas, iniciamos o processo de modelização, no qual analisamos as capacidades de linguagem presentes no gênero artigo de opinião:

Quadro 1 – Síntese do modelo teórico do gênero artigo de opinião

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• O artigo de opinião é um gênero característico da esfera jornalística.

• É um texto predominantemente opinativo, crítico e que surge sempre de uma questão polêmica • Possui a intenção de persuadir o leitor.

• Aborda temáticas de relevância social.

CAPACIDADE DISCURSIVA

• O artigo de opinião é um gênero do expor-interativo, produzido normalmente em 1ª pessoa do singular ou 1ª pessoa do plural, estruturado pela sequência argumentativa.

• É sempre um texto assinado e datado.

• Esse gênero vem acompanhado de um título, que em alguns casos pode ser a própria questão polêmica do artigo, ou então uma frase que retrate a polêmica que será abordada de uma forma geral.

• Esse gênero apresenta, discursivamente, argumentos e contra-argumentos, os quais são característicos da sua formação, pois é a partir deles que o autor defende seu ponto de vista.

CAPACIDADE LINGUISTICO-DISCURSIVA • No artigo de opinião é presente o uso da retomada textual

• Nesse gênero a coesão ocorre, principalmente, por meio dos conectivos lógicos (mas, porém, portanto, afinal) e organizadores textuais, os quais são muito utilizados no artigo de opinião.

• A voz mais presente é a do autor, porém ele pode introduzir uma voz social exterior ou de um personagem, como de algum especialista na polêmica sobre a qual está discorrendo. As vozes sociais podem aparecer de forma explícita ou implícita.

• Esse gênero é estruturado predominantemente no tempo verbal presente, pois o autor situa sua fala no aqui e agora.

• No artigo de opinião são bem recorrentes os pontos de exclamação, interrogação e dois pontos.

• A voz mais presente é a do autor, porém ele pode introduzir uma voz social exterior ou de um personagem.

• Esse gênero, ao buscar o apoio de vozes externas, utiliza-se, normalmente, do discurso indireto.

Após a construção desse modelo teórico, iniciamos o processo de didatização do gênero, o qual ocorreu a partir da análise do modelo teórico do gênero, da observação do contexto de intervenção e da definição da situacionalidade de produção do jornal PIBID.

Para este texto, apresentamos um recorte da sinopse, apenas com o título dos módulos e os seus objetos, conforme apresentamos a seguir.

Quadro 2 – Síntese da SD do gênero “artigo de opinião”

Oficinas Conteúdos/objetos

1º oficina: Reconhecendo o contexto do jornal: a opinião nos textos jornalísticos.

Contexto de produção do jornal, em específico o Folha de Londrina, e da seção Opinião.

2º oficina: A importância da opinião A importância de formarmos nossa opinião e defendê-la.

3º oficina: O gênero “artigo de opinião” Contexto de produção e análise do gênero artigo de opinião

4º oficina: Opinião x Informação Análise de textos informativos e argumentativos: notícia x artigo de opinião.

5º oficina: Primeira Produção Produção do gênero artigo de opinião 6º oficina: A questão polêmica no artigo de

opinião

A questão polêmica: funcionalidade

7º oficina: A argumentação A importância dos argumentos no artigo de opinião 8º oficina: A contra argumentação O valor do contra-argumento

9º oficina: Os organizadores textuais no artigo de opinião

A organização do artigo de opinião: questões linguísticos-discursivas.

10º oficina: Produção final do gênero Produção de um artigo de opinião levando em conta todas as atividades realizadas.

11º oficina: Reescrita do gênero Reescrita do gênero artigo de opinião: foco no roteiro para correção

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Assim, a partir de uma análise dessas duas ferramentas produzidas é possível refletir sobre a didatização do artigo de opinião. Nessa perspectiva de análise, a finalidade é mostrar o percurso da transposição didática externa do objeto de referência social “artigo de opinião”, que, ao final, torna-se objeto de ensino. Essa análise é feita com base na tripartição das capacidades de linguagem: ação, discursiva e linguístico- discursiva.

Capacidade de ação

Com base na análise do modelo teórico, os objetos da capacidade de ação selecionados para serem abordados na sinopse foram: 1) O produtor emissor e enunciador do gênero artigo de opinião, 2) A esfera de produção e circulação. 3) Os leitores (receptores) do artigo de opinião. 4) Os veículos de circulação.

O primeiro objeto, produtor emissor e enunciador, foi trabalhado logo na primeira oficina, quando iniciamos a análise do contexto de produção do jornal – tomando por base o jornal Folha de Londrina e sua seção Opinião, a qual veicula o gênero artigo de opinião. Na terceira oficinao produtor emissor também foi trabalhado, pois nela o foco foi a análise do gênero “artigo de opinião”. Por se tratar de uma oficina voltada para o artigo de opinião, também foram abordados os objetos esfera de circulação, receptores (leitores) e os veículos de circulação, que eram trabalhado no momento da análise do artigo, em discussões orais e também a partir de atividades impressas. Todos os quatro objetos também foram trabalhados na quarta oficina. Nela analisamos as diferenças entre os gêneros “notícia” e “artigo de opinião”. De forma bem geral e simplificada todos objetos dessa capacidade foram retomados novamente na quinta oficina, a da produção inicial. Nessa oficina realizamos uma “revisão” das atividades e discussões feitas nas oficinas anteriores. Capacidade discursiva

Os objetos que foram selecionados nessa capacidade tiveram, na maioria, uma oficina específica, e foram trabalhados mais detalhadamente. Sendo eles: 1) título; 2) questão polêmica; 3) Ponto de vista (tese); 4) argumentos 5) contra-argumentos (exemplos, pesquisas, dados).

O primeiro objeto dessa capacidade, o título, a priori, tinha uma oficina específica em nossa sinopse, entretanto, por questão de tempo e de grau de importância precisamos eliminá-la. O segundo objeto, a questão polêmica, foi abordado de forma geral na terceira oficina, pois por ser uma oficina voltada para o artigo de opinião era possível que fizéssemos essa relação, mostrando que o artigo nasce de uma polêmica que inquieta o articulista. Já na oficina seis, voltada especificamente para a questão polêmica, esse objeto foi analisado de forma mais ampla. O terceiro objeto, ponto de vista (ou tese), não foi abordado em um módulo especifico, mas foi trabalhado desde a terceira oficina, a do artigo de opinião. A sétima oficina teve como foco o quarto objeto, os argumentos. Nessa oficina frisamos a importância de termos bons argumentos para defender nosso ponto de vista. A oitava oficina, do objeto contra-argumento, foi de certa forma mais complexa, pois queríamos que os alunos pensassem no seu ponto de vista, e no do outro, a pessoa para quem eles iriam escrever. Essa oficina teve três atividades, todas em torno da produção e identificação de contra-argumentos.

Capacidade linguístico-discursiva

A capacidade linguístico-discursiva foi, de certa forma, uma das menos abordadas na SDG do artigo de opinião. Isso aconteceu pois, por se tratar de um gênero opinativo, nosso objetivo maior era que os alunos conseguissem produzir um texto que mostrasse bem sua opinião, que contemplasse os diferentes objetos discursivos do gênero, ou seja, o nosso foco, de certa forma, recaiu sobre a capacidade discursiva, pois queríamos, principalmente, que o projeto de dizer desse aluno se concretizasse no texto de forma coerente. Assim, os objetos que foram contemplados em nossa SDG, referentesà capacidade linguístico-discursiva foram: 1) Retomada textual; 2) Organizadores textuais; 3) Norma culta da língua.

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Esses três objetos foram abordados na nona oficina e retomados na oficina 11, momento da reescrita do artigo de opinião. Para essa oficina fizemos um roteiro de correção, baseado nas dificuldades mais apresentadas nos textos dos alunos.

Conclusões

Como o ensino de língua portuguesa tem se voltado cada vez mais para o trabalho com os gêneros textuais, entre eles os que são contemplados na esfera jornalística, achamos pertinente que os professores possam ter cada vez mais contato com materiais e pesquisas em torno desses gêneros. Dessa forma, o objetivo deste texto foi mostrar os resultados de uma engenharia didática proposta a partir do gênero “artigo de opinião”, tendo como aporte as ferramentas criadas pelo ISD.

Portanto, esperamos que essa pesquisa contribua no trabalho de muitos professores com os gêneros jornalísticos, mostrando a esses educadores a necessidade e a importância de se conhecer as características do gênero como objeto social, para que depois possa transpô-lo para o universo didático.

Agradecimentos

Agradecemos, em especial, à Fundação Araucária, pelo apoio financeiro dado à realização dessa pesquisa.

Referências

BARROS, Eliana Merlin Deganutti. Gestos de ensinar e de aprender gêneros textuais: a sequência didática como instrumento de mediação. 2012, 366f. Tese (Doutorado em Estudos da Linguagem) – Universidade Estadual de Londrina, Londrina, 2012ª.

BRASIL, Ministério da Educação. Parâmetros Curriculares Nacionais: terceiro e quarto ciclos do Ensino Fundamental – Língua Portuguesa. Brasília: MEC/SEB, 1998. Linguagens, códigos e suas tecnologias.

BRASIL. Ministério da educação. Orientações curriculares para o ensino médio: linguagens, códigos e suas tecnologias. Brasília: MEC/SEB, 2006.

DOLZ, Joaquim; NOVERRAZ, Michlèle; SCHNEUWLY, Bernard;. Sequências didáticas para o oral e a escrita: apresentação de um procedimento. In: SCHNEUWLY, Bernard; DOLZ, Joaquim (Org.). Gêneros orais e escritos na escolar. Campinas: Mercado das Letras, 2004. p. 95-128. PARANÁ. Secretaria de Estado da Educação Básica. Diretrizes Curriculares da Educação Básica– Língua Portuguesa. Paraná: SEED, 2008.

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