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Poder Judiciário JUSTIÇA FEDERAL Seção Judiciária do Paraná 13ª Vara Federal de Curitiba

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Academic year: 2021

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Poder Judiciário

JUSTIÇA FEDERAL

Seção Judiciária do Paraná

13ª Vara Federal de Curitiba

Av. Anita Garibaldi, 888, 2º andar - Bairro: Ahu - CEP: 80540-180 - Fone: (41)3210-1681 - www.jfpr.jus.br - Email: prctb13dir@jfpr.jus.br

AÇÃO PENAL Nº 5023121-47.2015.4.04.7000/PR

AUTOR: MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL RÉU: RICARDO HOFFMANN

RÉU: MILTON VARGAS ILARIO RÉU: LEON DENIS VARGAS ILARIO RÉU: ANDRE LUIZ VARGAS ILARIO

DESPACHO/DECISÃO

1. Trata-se de denúncia (evento 1) oferecida pelo MPF contra: 1) André Luis Vargas Ilário;

2) Leon Denis Vargas Ilário; 3) Milton Vargas Ilário; e 4) Ricardo Hoffmann.

A denúncia tem por base o inquérito 5049557-14.2013.404.7000 e processos conexos, especialmente os processos 5009972-81.2015.404.7000, 5014497-09.2015.4.04.7000 e 5010767-87.2015.4.04.7000.

Os crimes que constituem objeto da presente ação penal foram descobertos fortuitamente durante a investigação da assim denominada Operação Lavajato.

Em síntese, segundo a denúncia, o acusado Ricardo Hoffman, dirigente da agência de publicidade Borghierh Lowe Propaganda e Marketing Ltda., teria oferecido vantagem indevida ao então Deputado Federal André Vargas para que interviesse para que a referida empresa fosse contratada para agenciar serviços de publicidade para a Caixa Econômica Federal e o Mínistério da Saúde.

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Como contrapartida, a agência de publicidade orientou empresas contratadas para a efetivação dos serviços às entidades federais a realizar depósitos de comissões nas contas das empresas LSI Solução em Serviços Empresariais Ltda., com sede em São Paulo, e a Limiar Consultoria e Assessoria em Comunicação Ltda., com sede em Curitiba, controladas por André Varas e seus irmãos, Leon Vargas e Milton Vargas.

Nos termos da denúncia, teriam sido pagos R$ 1.103.950,12 como vantagem indevida entre 2010 a 2014.

Para justificar os recebimentos, teria sido simulada a prestação de serviços pelas empresas LSI e Limiar.

Os fatos caracterizariam corrupção e lavagem de dinheiro.

Além desses fatos, imputa o MPF o crime de pertinência à organização criminosa aos acusados.

Essa a síntese da peça.

Não cabe nessa fase processual exame aprofundado da denúncia, o que deve ser reservado ao julgamento, após contraditório e instrução.

Basta apenas, em cognição sumária, verificar adequação formal e se há justa causa para a denúncia.

Relativamente à adequação formal, reputo razoável a iniciativa do MPF de promover o oferecimento separado de denúncias dos crimes descobertos na assim denominada Operação Lavajato.

Apesar da existência de um contexto geral de fatos, a formulação de uma única denúncia, com centenas de fatos delitivos e acusados, dificultaria a tramitação e julgamento, violando o direito da sociedade e dos acusados à razoável duração do processo.

Mesmo quanto aos demais crimes supostamente praticados por André Vargas (v.g.: envolvendo a IT7, Labogen e lavagem de dinheiro em aquisição em imóvel, conforme explanado na decisão de 02/04/2015 do processo 5014497-09.2015.4.04.7000), é possível o oferecimento, oportuno, de, se for o caso, denúncias em separado.

Apesar da separação da persecução, oportuna para evitar o agigantamento da ação penal com centenas de crimes e acusados, remanesce o Juízo como competente para todos, nos termos dos arts. 80 e 82 do CPP.

Ainda sobre questões de validade, justifiquei, provisoriamente, a competência da Justiça Federal e a territorial deste Juízo na decisão de 02/04/2015 do processo 5014497-09.2015.4.04.7000 (evento 13).

(3)

De todo modo, eventuais questionamentos da competência deste Juízo poderão ser, querendo, veiculados pelas partes através do veículo próprio no processo penal, a exceção de incompetência, quando, então, serão, após oitiva do MPF, decididos segundo o devido processo.

No que se refere à justa causa para a denúncia, entendo que os fundamentos já exarados por este Juízo na decisão de 02/04/2015 do processo 5014497-09.2015.4.04.7000 (evento 13), quando, a pedido da autoridade policial e do MPF, decretei a prisão preventiva do acusado André Luis Vargas Ilário, são suficientes, nessa fase, para o recebimento da denúncia.

Há, em síntese, prova material dos depósitos, declarações da empresas depositantes de que a LSI e a Limiar não prestaram qualquer serviço e que os depósitos foram feitos por solicitação da Borghi Lowe, prova dos contratos da Borghi Lowe com a Caixa Econômica e com o Ministério da Saúde, cópia de mensagens eletrônicas corroborando os fatos, etc.

Agregue-se que a prova oral colhida no inquérito apenas reforçou o conjunto probatório. Entre ela, destaco o depoimento de Mônica Cunha, da agência Borghe Lowe, confirmando a realização dos depósitos na LSI e Limiar a pedido do chefe Ricardo Hoffman, e os depoimentos de três empregados da LSI, informando que realizaram atividades estranhas a qualquer serviço de publicidade (um deles foi contratado para cuidar de cachorros abandonados), corroborando a conclusão da denúncia de que as empresas eram de fachada e que os depósitos não tinham cauxa econômica lícita.

Também destaque-se o depoimento do próprio Ricardo Hoffman, admitindo que os depósitos na LSI e na Limiar seriam destinados a André Vargas, mas alegando, como álibi, de que tratar-se-iam de contrapartida pela angariação pelo ex-Deputado de clientes privados, embora ele nunca tivesse de fato conseguido qualquer um. O álibi, evidentemente, deve ser examinado durante a instrução, mas, prima facie, causa estranheza que a mera promessa de angariar clientes privados para a Borghi Lowe justificassem pagamentos reiterados ao ex-parlamentar por período tão prolongado (2010 a 2014).

Relativamente à configuração jurídica dos fatos, se há corrupção e lavagem ou apenas corrupção, bem como quanto à existência ou não de vínculo associativo entre os acusados, entendo que a avaliação deve ser reservada ao julgamento, após contraditório.

Presentes indícios suficientes de autoria e materialidade, recebo a denúncia contra os acusados acima nominados.

Considerando que dois acusados estão presos preventivamente e o direito dos acusados a um julgamento rápido nessas circunstâncias, agende a Secretaria desde logo videonconferências com a Justiça Federal de Londrina, de São Paulo e de Brasília para oitiva das testemunhas de acusação. Expeçam-se precatórias para a oitiva das demais testemunhas, solicitando a sua realização, quando possível por videoconferência em datas posteriores a 24/05/2015 ou nesta mesma data, após a oitiva abaixo.

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Designo, desde logo, a data de 24/05/2015, as 14:00, para oitiva da testemunha Alberto Youssef perante este Juízo em Curitiba. Requisite-se a apresentação.

Evidentemente, se, em virtude das respostas à denúncia, houver absolvição sumária de qualquer dos acusados, reverei a designação das audiências.

Citem-se e intimem-se os acusados, com urgência, para apresentação de resposta no prazo de 10 dias, bem como da data de audiência.

Anotações e comunicações necessárias.

Certifiquem-se e solicitem-se os antecedentes dos acusados. 2. Decido sobre os requerimentos do MPF na cota.

Defiro o desmembramento do inquérito 5009972-81.2015.404.7000 para a continuidade das investigações a fim de elucidar a natureza e origem dos demais depósitos realizados nas empresas LSI e Limiar, bem como para identificar a possível participação nos fatos de agentes públicos da Caixa Econômica Federal e do Ministério da Saúde. Reputo mais apropriado que a continuidade se dê em novo inquérito.

3. Ciência ao MPF desta decisão. Deverá o MPF, em três dias:

a) esclarecer o endereço da testemunha Luiz Portella Júnior; e

b) esclarecer seu posicionamento em relação aos demais fatos apurados no inquérito e que não foram denunciados.

Cadastrem-se e intimem-se igualmente os defensores já conhecidos das partes.

Intime-se também desta decisão a autoridade policial responsável pelo caso para o desmembramento e continuidade do inquérito em relação aos fatos acima apontados.

Curitiba, 18 de maio de 2015.

Documento eletrônico assinado por SÉRGIO FERNANDO MORO, Juiz Federal, na forma do artigo 1º, inciso III, da Lei 11.419, de 19 de dezembro de 2006 e Resolução TRF 4ª Região nº 17, de 26 de março de 2010. A conferência da autenticidade do documento está disponível no endereço eletrônico http://www.trf4.jus.br/trf4/processos/verifica.php, mediante o preenchimento do código verificador 700000707627v8 e do código CRC ced6396c.

Informações adicionais da assinatura: Signatário (a): SÉRGIO FERNANDO MORO Data e Hora: 18/05/2015 11:13:07

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