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A cooperação académica internacional: o caso da Universidade do Mindelo

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UNIVERSIDADE DO MINDELO

DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS ECONÓMICAS E EMPRESARIAIS

Mindelo, 2015

CURSO DE MESTRADO EM

GESTÃO DO DESENVOLVIMENTO E COOPERAÇÃO INTERNACIONAL

DISSERTAÇÃO DE MESTRADO

Ano letivo

2014/2015

(2)

CELESTE DIAS SOUSA DA PAZ

A COOPERAÇÃO INTERNACIONAL ACADÉMICA NO

ENSINO SUPERIOR: O CASO DA UNIVERSIDADE DO

MINDELO

UNIVERSIDADE DO MINDELO

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CELESTE DIAS SOUSA DA PAZ

A COOPERAÇÃO INTERNACIONAL ACADÉMICA NO

ENSINO SUPERIOR: O CASO DA UNIVERSIDADE DO

MINDELO

UNIVERSIDADE DO MINDELO

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Autora: Celeste Dias Sousa da Paz

A COOPERAÇÃO INTERNACIONAL ACADÉMICA NO

ENSINO SUPERIOR: O CASO DA UNIVERSIDADE DO

MINDELO

Dissertação apresentada à Universidade do Mindelo como parte dos requisitos para obtenção do Grau de Mestre em Gestão de Desenvolvimento e Cooperação Internacional, realizada sob a orientação científica do prof. Doutor João Dias.

(6)

Declaro que esta Dissertação é o resultado da minha investigação pessoal e independente. O seu conteúdo é original e todas as fontes consultadas estão devidamente mencionadas no texto, nas notas e nas referências bibliográficas.

A Candidata,

_____________________________________ Celeste Dias Sousa da Paz

O Orientador,

_____________________________________ Prof. Doutor João Dias

(7)

VII

RESUMO

A Cooperação Internacional Académica é uma forma de cooperar, que pressupõe o estabelecimento de relações entre universidades e/ou instituições de ensino superior estrangeiras ou entre universidades e outras entidades estrangeiras em que os atores determinantes nestas relações são, geralmente, as universidades. A Cooperação Internacional Académica pode assumir varias formas: geminações, protocolos/acordos de colaboração/cooperação e redes universitárias.

Com este estudo pretende-se fazer uma discussão preliminar sobre a importância da cooperação internacional académica e analisar a situação atual da cooperação académica internacional na Universidade do Mindelo.

Ao final desta dissertação é apresentado um estudo de caso da cooperação acadêmica internacional na Universidade do Mindelo, quando nasceu, como, com quais países possuí convênios, com quem efetivamente faz, a evolução e as novas perspetivas.

De uma forma resumida, pode-se dizer que, este trabalho está dividido em cinco capítulos sendo os quais: Introdução, Fundamentação teórica onde foi feito uma abordagem sobre o tema e para isso, realizou-se um levantamento bibliográfico, Procedimentos metodológicos, Apresentação e análise de dados onde se faz uma análise da universidade em estudo e por último conclusões e considerações finais.

Para realizar o estudo, optou-se como percurso metodológico a pesquisa qualitativa contemplando a modalidade estudo de caso. No processo de recolha de dados, utilizou-se a entrevista, a observação indireta e análise de documentos, artigos, publicações e dissertações sobre a temática. Recolha de dados sobre a universidade em estudo desenvolveu-se tendo como sujeitos algumas individualidades e docentes afetos a universidade.

PALAVRAS-CHAVE: Educação, Universidade, Ensino Superior, Cooperação Académica Internacional.

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VIII

ABSTRACT

The International Academic Cooperation is a form of cooperation, which presupposes the establishment of relations between universities and/or foreign higher education institutions or between universities and other foreign entities in which the actors determinants in these relations are, generally, the universities. The International Academic Cooperation can take several forms: twinning, protocols/agreements of collaboration/cooperation and university networks.

This study aims to make a preliminary discussion of the importance of international academic cooperation and analyze the current situation of international academic cooperation in the University of Mindelo.

At the end of this dissertation is presented a case study of international academic cooperation in the University of Mindelo, when It was born, how, with which countries possess arrangements with who actually makes, the evolution and the new prospects.

In summary form, it can be said that, this work is divided into five chapters including: Introduction, theoretical Foundation which was done a approach on the subject and for this, we conducted a literature review, methodological procedures, Presentation and analysis of data where there is an analysis of the university in study and finally conclusions and final remarks.

To perform the study, was chosen as methodology qualitative research contemplating the modality case study. In the process of data collection, interviews were used, the indirect observation and analysis of documents, articles, publications and dissertations on the subject. Collection of data on the university in study was developed having as subject some individualities and teachers affects the university.

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IX

DEDICATÓRIA

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X

AGRADECIMENTOS

À todos os que de alguma forma ajudaram-me encorajando-me durante esta investigação, os meus reconhecidos agradecimentos.

Ao meu marido, António da Paz, pelo incentivo, pela compreensão demonstrada, durante todo o tempo que o trabalho me ocupou e pelo apoio afetivo que sempre me dispensou.

Às minhas filhas, Sila Camila e Regina Filipa, pelo tempo que lhes era devido e que o presente trabalho absorveu, em prol de uma melhor qualificação.

Ao Professor e orientador Doutor João Dias por ter me inspirado a fazer o mestrado, pela paciência, atenção e troca de ideias, contribuindo para o meu amadurecimento académico. À todos aqueles que contribuíram de boa vontade fornecendo subsídios para a realização deste trabalho, especialmente os Docentes e funcionários da UM, nomeadamente a Mestre Risanda Soares, Doutora Dominika Sousa, Filipe Mandall e o Mestre Graciano Nascimento.

(11)

XI

LISTA DE ACRÓNIMOS

AULP - Associação de Universidade de Língua Portuguesa

CAPES - Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior CEDEAO - Comunidade Económica dos Estados de Africa Ocidental CPLP – Comunidade de Países de Língua Portuguesa

EIA - Escola Internacional de Artes ES - Educação Superior

ESEL - Escola Superior de Enfermagem de Lisboa FDUL Faculdade de Direito de Lisboa

IAU - International Association of Universities

IES - Instituição de Ensino Superior

IESIG - Instituto de Estudos Superiores Isidoro da Graça IP - Instituto Pedagógico

IUE - Instituto Universitário de Ensino

MESCI - Ministério do Ensino Superior Ciências e Inovação PAC - Planos Anuais de Cooperação

PIC - Programas Indicativos de Cooperação

PPGA - Programa de Pós-Graduação em Administração RUMOS – Revista Científica da Universidade do Mindelo UBI – Universidade de Beira Interior - Portugal

UCV - Universidade de Cabo Verde

UFSC - Universidade Federal de Santa Catarina UM - Universidade do Mindelo

UNICA - Universidade Internacional de Cabo Verde

UNESCO - Organização da Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura UNISUL - Universidade do Sul de Santa Catarina

(12)

XII

ÍNDICE

RESUMO ... VII ABSTRACT ... VIII DEDICATÓRIA ...IX AGRADECIMENTOS ...X LISTA DE ACRÓNIMOS ...XI ÍNDICE ...XII

CAPITULO I – INTRODUÇÃO ... 15

1.1.INTRODUÇÃO ... 15

1.2.CONTEXTUALIZAÇÃO DO TEMA ... 15

1.3.IDENTIFICAÇÃO DO PROBLEMA DE PESQUISA ... 16

1.4.OBJETIVOS DO ESTUDO ... 16

1.4.1. Objetivo Geral: ... 16

1.4.2. Objetivos específicos: ... 16

1.5.JUSTIFICATIVA ... 17

1.6.LIMITAÇÕES ... 17

CAPITULO II - FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA ... 18

2.1. INTRODUÇÃO ... 18

2.2. CONTEXTUALIZAÇÃO ... 21

2.2.1. Globalização ... 23

2.2.2. O Ensino Superior de Hoje ... 24

2.3. INTERNACIONALIZAÇÃO DO ENSINO SUPERIOR ... 26

2.4. A COOPERAÇÃO INTERNACIONAL ACADÉMICA ... 27

2.4.1. A Mobilidade Académica Internacional ... 30

2.4.2. Universidade versus Redes Universitárias ... 31

CAPITULO III – PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS ... 32

3.1. INTRODUÇÃO ... 32

3.2. DESCRIÇÃO DO ESTUDO ... 32

3.3. CARACTERIZAÇÃO DO CONTEXTO ONDE DECORRE A PESQUISA BEM COMO OS SUJEITOS ... 33

3.4. SELEÇÃO DOS INSTRUMENTOS DE RECOLHA DE DADOS ... 34

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XIII

CAPITULO IV- APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS DADOS ... 38

4.1. CONTRIBUIÇÕES DO PROCESSO DE INTERNACIONALIZAÇÃO ACADÉMICA NO ENSINO SUPERIOR EM CABO VERDE.... 38

4.1.1. O Ensino Superior em Cabo Verde ... 38

4.1.2. Políticas adotadas e compromissos com o ensino superior em Cabo Verde ... 42

4.1.3. Contribuições do processo de internacionalização Académica no ensino superior em Cabo Verde. ... 44

4.1.4. Principais Atuações da Cooperação Internacional Académica no Ensino Superior em Cabo Verde. ... 45

4.2. A COOPERAÇÃO INTERNACIONAL ACADÉMICA NO ENSINO SUPERIOR: O CASO DA UNIVERSIDADE DO MINDELO ... 49

4.2.1. A Universidade do Mindelo – Breve Historial e Evolução ... 49

4.2.2. A Universidade do Mindelo – Situação Atual ... 52

4.2.3. Atividades de Cooperação Internacional Académica da Universidade do Mindelo ... 57

4.2.4. Estratégias de Internacionalização Académica da Uni-Mindelo ... 70

4.2.5. Novos Projetos de Internacionalização da UM ... 74

4.2.6. O Retorno da Cooperação Académica Internacional ... 76

4.2.7. O Contributo da Cooperação Internacional Académica no Desenvolvimento do Ensino na Universidade do Mindelo. ... 78

CAPITULO V - CONCLUSÕES E CONSIDERAÇÕES FINAIS ... 79

5.1. INTRODUÇÃO ... 79

5.2. CONCLUSÕES ... 79

5.3. RECOMENDAÇÕES ... 81

5.3.1. À Universidade do Mindelo ... 81

5.3.2. Ao país ... 83

5.4. SUGESTÕES PARA FUTURAS INVESTIGAÇÕES ... 84

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ... 85

APÊNDICES ... 88

Apêndice A - Roteiro da Entrevista 1 realizada 04/06/2015 ... 88

Apêndice B - Transcrição da Entrevista 1 ... 90

Apêndice C - Roteiro da Entrevista 2 realizada 11/07/2015 ... 98

Apêndice D - Transcrição da Entrevista 2 ... 99

ANEXOS... 102

(14)

XIV LISTA DE TABELAS

Tabela 1: Alunos matriculados por ano de estudos e sexo segundo as instituições de formação

2011-2012 ... 41

Tabela 2: Número de estudantes por grau de estudos e sexo - 2011-12 ... 47

Tabela 3: Oferta de cursos de Licenciatura no IESIG de 2002 a 2010 ... 51

Tabela 4: Oferta de cursos de Mestrado no IESIG de 2002 a 2010 ... 51

Tabela 5: Oferta de cursos de Doutoramento no IESIG de 2002 a 2010 ... 51

Tabela 6: Crescimento da oferta de cursos de Licenciatura na UM até a 2015 ... 55

Tabela 7: Número total de estudantes Inscritos nos cursos de licenciaturas, no presente ano letivo ... 55

Tabela 8: Oferta de cursos de Mestrado na UM até a 2015 ... 56

Tabela 9: Oferta de cursos de Doutoramento na UM até a 2015 ... 57

Tabela 10: Relação de países que possuem Universidades parceiras da UM ... 59

Tabela 11: Relação dos acordos celebrados pela UM com as diferentes Instituições de cada país ... 59

Tabela 12: Mobilidade Docente na UM de 2010 à Julho de 2015 ... 63

Tabela 13: Docente Estrangeiros na UM de 2010 à Julho de 2015... 64

Tabela 14: Mobilidade Discente na UM de 2010 à Julho de 2015. ... 66

LISTA DE GRÁFICOS Gráfico 1: Contagem de Instituição Estrangeira por País ... 60

Gráfico 2: Mobilidade Docente na UM ... 63

Gráfico 3: Mobilidade Docente na UM ... 64

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CAPITULO I – INTRODUÇÃO

1.1. Introdução

Este capítulo tem como objetivo principal contextualizar o estudo realizado tendo em conta a contribuição da Cooperação Internacional Académica no desenvolvimento do ensino superior, realçando o seu papel na qualidade do ensino na Universidade do Mindelo. Assim, o presente estudo divide-se em seis secções: contextualização geral da investigação; identificação do problema; objetivos do estudo; importância do estudo; limitações do estudo; e estrutura geral da dissertação. A contextualização geral do estudo é a parte destinada a identificação do tema sobre o qual versará o estudo. Nela se faz referência à importância da cooperação académica internacional. Após esta abordagem identificou-se o problema e definiram-se os objetivos a atingir na tentativa de se obter resposta a algumas questões da investigação. Por fim, serão ainda apresentados os aspetos que se consideraram como limitações à investigação e de uma forma resumida o conteúdo de cada um dos cinco capítulos que constituem a dissertação.

1.2. Contextualização do tema

O tema “A Cooperação Internacional Académica” justifica-se pelo facto de que hoje, mais do que nunca é universalmente reconhecido o valor acrescido que o Ensino Superior assume na sociedade pós-moderna, marcada pelas profundas e sucessivas mudanças. Pois, a aposta na valorização dos recursos humanos, faz com que a sociedade Cabo-verdiana se sinta envolvida no processo de desenvolvimento do país.

A cooperação Internacional constitui uma força importante de financiamento de projetos e programas em instituições de ensino superior (IES), especialmente nos países em desenvolvimento.

Algumas organizações financiam diretamente projetos de ensino e pesquisa, enquanto outras financiam instituições ou programas, patrocinam estudantes ou

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programas de intercâmbio académico, ou publicam estudos e relatórios especializados sobre a Educação Superior (ES). Outros participam na construção de diferentes redes entre académicos e os decisores. Esses são apenas alguns dos exemplos de atividades de cooperação internacional em nível de ES.

O trabalho terá um impacto científico, na medida em que a sua estrutura baseia- se num corpo teórico de carácter transversal, permitindo compreender de uma forma geral todo processo de desenvolvimento do ensino superior na Universidade do Mindelo tendo em conta a intervenção da Cooperação Internacional Académica.

1.3. Identificação do problema de pesquisa

Tendo em conta do objeto de estudo, será então possível criar um quadro de pressupostos de partida (problemática), que irá orientar todo este processo de investigação.

Como a Cooperação Académica Internacional tem contribuído no desenvolvimento do Ensino na Universidade do Mindelo?

1.4.Objetivos do estudo

1.4.1. Objetivo Geral:

Analisar a situação atual da Cooperação Académica Internacional e o contributo no desenvolvimento do Ensino Superior na Universidade do Mindelo.

1.4.2. Objetivos específicos:

1. Apresentar os principais Programas de Cooperação Académica Internacional da Universidade do Mindelo (o que faz?);

2. Verificar de que forma a universidade vem fazendo a cooperação académica internacional e indicar os principais países parceiros (como faz?);

3. Identificar o retorno da cooperação académica internacional para a comunidade universitária.

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desenvolvimento do Ensino na universidade do Mindelo.

1.5. Justificativa

A cooperação académica internacional constitui um importante instrumento para fortalecer o ensino e a pesquisa dos centros de ensino superior. Por meio dos programas e projetos de cooperação são socializados e transferidos conhecimentos, experiências e tecnologia que enriquecem a ação universitária e imprimem, muitas vezes, um importante diferencial na formação profissional dos académicos, professores e funcionários que integram a comunidade universitária. Os esforços da cooperação internacional são desenvolvidos na perspectiva de promover um salto qualitativo, dentro das instituições participantes, bem como impactos significativos na população beneficiária.

O serviço de cooperação académica internacional deve ser administrado de forma eficaz e dinâmica, para explorar e otimizar seus benefícios, em função de toda a comunidade académica.

1.6. Limitações

O estudo completo será realizado na Universidade do Mindelo.

A escolha da UM deve-se ao fato de ser a universidade privada mais recente e que deu um salto bastante qualitativo nos seus poucos anos de existência;

O presente estudo, pela sua inovação, apresenta algumas limitações inerentes à pouca informação que ainda existe sobre o referido tema. Para além das dificuldades que surgiram, logo no início da investigação, outras situações foram surgindo durante o desenvolvimento da investigação mas nenhuma delas foi obstáculo para validar os resultados do estudo efetuado e as conclusões da análise dos mesmos.

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CAPITULO II - FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

2.1. Introdução

No âmbito do desenvolvimento científico, uma análise a ser feita nesse trabalho é a diferença da cooperação para o intercâmbio e a colaboração internacional académica no ensino superior em Cabo Verde e particularmente na universidade do Mindelo.

Cumpre, todavia, explicitar inicialmente o conceito de intercâmbio internacional, pelo qual se entende toda e qualquer atividade relacionada a interação ou simples troca de conhecimento, experiências de indivíduos ou comunidades de dois ou mais países e de alcance limitado, sem que haja necessariamente uma organização prévia para a sua implementação e o seu desenvolvimento.

A cooperação internacional apresenta diversas origens, tendo em vista a ampla gama de organizações (de cunho religioso, não governamental, governamental, etc.) atuando no campo da cooperação. A respeito da origem da cooperação internacional para o “desenvolvimento”, particularmente, suas primeiras iniciativas de vulto teriam ocorrido posteriormente à Segunda Guerra Mundial, havendo como elemento condicionante uma conjuntura geopolítica pautada pela divisão bipolar do mundo: de um lado, os países liderados pelos Estados Unidos (defensor político-ideológico do capitalismo) e, de outro lado, os países liderados pela então União Soviética (defensora político-ideológica do socialismo) (Ayllón, 2007).

De maneira geral, a literatura aponta três perspetivas principais sobre a motivação dos países para praticar cooperação internacional para o “desenvolvimento”: a realista, a liberal e a idealista. A visão realista “pressupõe a ajuda externa como um instrumento na conquista ou manutenção de um status quo sobre um determinado país ou região”. Já a visão liberal “pressupõe a ajuda externa atrelada a interesses mercantilistas”. Por fim, a visão idealista “reconhece a ajuda externa como um instrumento crucial em intervenções humanitárias” (Campos, 2007, p. 347).

As razões recém- referenciadas revelam um modo fragmentado de atuação dos países. No entanto, existiria uma racionalidade múltipla ou razões múltiplas por meio das

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quais os países praticariam cooperação entre si. Em geral, não haveria uma única lógica de ação de longo prazo perseguida pelos países neste sentido, mas sim uma lógica de impacto imediato, dependente da conjuntura associada às relações internacionais em determinado momento. Além disso, considerando-se o elemento político nas negociações de cooperação, a transferência de recursos ou serviços entre países tenderia a implicar um compromisso futuro sempre associado a algum tipo de troca de favores (Campos, 2007). As estratégias de internacionalização expressam a forma como as IES definem e integrem esta dimensão no seu sistema, para se transformarem, dar respostas pertinentes às necessidades e demandas próprias de um contexto plural e contribuir de forma clara para a mudança social. Nelas devem estar vinculadas a vontade, a capacidade e a identidade da instituição, manifestando em que medida a instituição se compromete com o seu próprio desenvolvimento e com o seu meio envolvente, considerando as próprias realidades e as tendências mundiais (Graça, 2012, p 91).

Nessa perspetiva, Graça (2012) realça que através de acordos de colaboração e da cooperação internacional com instituições universitárias, com experiencia e qualidade reconhecidas internacionalmente, poderão ser reformuladas todas as funções de pertinência e impacto da gestão dos serviços e promovida a melhoria continua no sistema universitário, de modo a permitir uma prática universitária em conformidade com

standards mundiais de qualidade e excelência, as quais contribuirão para o

desenvolvimento institucional a todos os níveis, nos espaços locais e regionais.

Teichler (2004) diz que todas as universidades devem ser internacionais. A educação internacional já não é um tema marginal, mas sim faz parte da administração e da tomada de decisão das instituições, ou seja, não é um tema apenas para os especialistas em internacionalização e toca todas as áreas de estudo e pesquisa até certo ponto. Para o autor, a mobilidade é uma das principais formas de internacionalização.

No que diz respeito ao aprendizado de estudantes, (Teichler, 2004, p. 10-11) defende que aprender e pesquisar em outros países é uma das formas mais eficientes de se adquirir conhecimento, ter perspetivas mais complexas, pensar comparativamente, expandir horizontes, refletir melhor sobre os temas estudados, e causa avanços de formas inesperadas: quando se pesquisa no país de origem, há grande previsibilidade de fatos, já pesquisar em terras forâneas pode provocar surpresas (mesmo que estas sejam limitadas).

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Nesse sentido, pesquisar fora de seu país de origem é simultaneamente positivo e negativo.

Houaiss e Villar (2009) definem a palavra académica como algo “relativo a estabelecimentos de ensino superior ou a seus alunos” (p. 21). Já a palavra mobilidade, refere-se a “possibilidade de ser movido” (p. 1302). No que tange ao conceito de intercâmbio, este pode ser conceituado como “reciprocidade de relações [...] entre nações”. Dessa forma, pode-se entender que a mobilidade académica, constitui-se da possibilidade de alunos de uma instituição de ensino superior realizarem seus estudos fora da instituição a qual pertencem, enquanto o intercâmbio académico traz consigo a ideia de um relacionamento internacionalizado, sendo um caso particular de mobilidade académica.

A Cooperação Internacional em Cabo Verde desempenhou e desempenha um papel importante no desenvolvimento do país. Pois, apesar das mudanças políticas após a Independência, com a instauração da democracia, Cabo Verde obteve maior apoio da Comunidade Internacional1, no sentido do seu desenvolvimento.

Muito ainda há por fazer, contudo, a aposta na valorização dos recursos humanos, faz com que a sociedade Cabo-verdiana se sinta envolvida neste processo de consolidação da democracia e de desenvolvimento do país, tendo consciência que este processo é longo.

Para suportar essa tese buscou-se referência no Programa Indicativo de Cooperação 2012-2015, onde Neves (2010) faz a seguinte afirmação: A imagem do futuro de Cabo Verde desejado no horizonte de 20 anos resume-se do seguinte modo: “um país aberto ao mundo, com um sistema produtivo forte e dinâmico, assente na valorização do seu capital humano, capacitação tecnológica e na sua cultura. Uma sociedade solidária, de paz e justiça social, democrática, aberta e tolerante. Um país dotado de um desenvolvimento humano durável, com um desenvolvimento regional equilibrado, sentido estético e ambiental, baseado numa consciência ecológica desenvolvida” (Neves, 2010.)

1Fernando Campos - Docente da Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias. Responsável da Linha de Investigação em

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Segundo Neves (2010)2, Hoje as universidades estão consagradas na paisagem social cabo-verdiana como instituições incontornáveis e que ousando e inovando, deixou agora de ser um desafio o haver universidade em cabo verde, mas sim, ter boas universidades em cabo verde, e que, se quisermos atingir a ambição de desenvolvimento avançado e competir no mercado global, temos de continuar a investir no Conhecimento e, por conseguinte, no ensino superior, na ciência, na tecnologia e na inovação. Temos de continuar a investir num novo modelo académico, mais competitivo e mais eficiente, bem como mais sintonizado com os processos de transformação do país. E temos de continuar a propor às universidades cabo-verdianas uma parceria estratégica em prol da qualidade e da competitividade.

2.2. Contextualização

A temática da Cooperação Internacional Académica pode ser incorporada nos planos de aprimoramento da qualidade do ensino superior, pois hoje estende-se em escala global.

O processo atual de internacionalização do ensino superior, fortalecido por iniciativas originadas no continente europeu, apresenta alguns marcos históricos:

 Convenção de Lisboa (1997) – revisão do modelo europeu de reconhecimento de diplomas.

 Declaração de Sorbonne (1998) – firmada por França, Inglaterra, Alemanha e Itália, reafirmando a necessidade de criação de reconhecimento mútuo dos diplomas europeus do ensino superior para fins profissionais.

 Declaração de Bolonha (1999) – definição de um núcleo central de objetivos, constituídos pela unificação dos graus académicos, introdução do conceito de empregabilidade e a valorização da aprendizagem ao longo da vida.

2 Discurso de sua excelência, o Primeiro-Ministro de cabo Verde, na cerimónia de posse da Reitoria eleita da Universidade de Cabo

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Na esfera internacional, destaca-se a atuação da International Association of Universities (IAU), organização filiada à UNESCO, como fórum global para discussões sobre conceitos e práticas de interesse comum a instituições de ensino superior, com o propósito de atingir objetivos compartilhados por meio da cooperação. Dentro do escopo da IAU está o desenvolvimento de políticas, diretrizes, prospeção e acompanhamento de atividades e melhores práticas de internacionalização em universidades de todos os continentes.

A questão da internacionalização está presente também no cenário ibero-americano, onde, ao lado das iniciativas individuais, pode-se identificar a atuação de redes de cooperação entre as quais podemos destacar:

 Grupo Montevideo – criado em 1991, tem entre os seus objetivos, ações conjuntas de internacionalização e integração de 21 universidades sul-americanas.

 Grupo Tordesilhas – criado em 2000, reúne universidades brasileiras, espanholas e portuguesas, com o objetivo de promover atividades de mobilidade na graduação, pós-graduação e extensão.

 Rede Magalhães – atuante desde 2005, é formada por instituições tecnológicas da América Latina, Europa e Caribe com vistas ao intercâmbio estudantil nas áreas de Ciência, Engenharia e Arquitetura.

Segundo a UNESCO (2004), o processo de internacionalização das universidades insere-se dentro do contexto mundial de globalização, com implicações económicas, sociais, políticas e culturais para o ensino superior, de tal forma que os dois conceitos se complementam. A nova dinâmica imposta pela globalização levou as universidades a definirem novas políticas e estratégias para posicionamento frente a novas demandas da sociedade e do mercado em geral.

Atualmente, o contexto mundial do ensino superior pode ser caracterizado por alguns pontos e tendências, conforme descrito por Souza (2008):

 Crescimento do papel do conhecimento e das instituições de ensino superior (IES);

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 Adoção de práticas de educação transnacional por novos provedores de ensino superior;

 Novas formas de relacionamento entre o ensino superior, o Estado, o mercado e a comunidade em geral com vistas à promoção do acesso mais amplo, eficiente e de qualidade às IES, resultando na formação de mão-de-obra qualificada;

 Liberalização do comércio de serviços de ensino superior e a necessidade de estabelecimento de políticas de regulação e acreditação dos serviços oferecidos.

2.2.1. Globalização

A globalização é um dos processos de aprofundamento internacional e de integração económica, social, cultural, política, ou seja, um processo de interação e integração entre as pessoas, empresas e governos de diferentes nações. Processo esse impulsionado pelo comércio e investimento internacionais, com o auxílio da tecnologia de informação e do conhecimento, e que consequentemente tornou o mundo interligado, uma Aldeia Global.

A globalização já é considerada um fenómeno irreversível e é nesse pano de fundo que a sociedade hoje opera. Esse processo de globalização de problemas (p. ex. ambientais) mas também de soluções (p. ex. tecnologias de informação e comunicação e de conhecimento), modificou a textura socioeconómica, exigindo alterações na sociedade e nas suas instituições, nomeadamente a Universidade. Mas a universidade é também um agente de mudança, quer na divulgação do conhecimento, quer na formação do ser na sociedade do conhecimento.

Por quê falar da globalização nesse capítulo?

Porque o trabalhador do conhecimento imerge na sociedade atual como grupo profissional dominante, com níveis elevados de habilitações académicas, autonomia e desenvolvimento profissional contínuo. Este novo operário surge no culminar de um processo de desenvolvimento do capitalismo que corresponde a transição para uma fase porventura terminal, o capitalismo do mercado global.

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No entanto, a inserção de Cabo Verde nesta dinâmica, na atual era da globalização e da interdependência, poderá ser uma resposta às necessidades emergentes em matéria de Ensino Superior e uma estratégia para a criação de sinergias com o Espaço Africano, Europeu e uma maior abertura ao resto do mundo. Pois a globalização exige que as organizações (Universidades) saiam do âmbito nacional para se unirem em redes de cooperação sob pena de serem ultrapassadas, de tenderem para o isolamento ou até sob risco de desaparecimento.

O mundo está globalizado, logo o ensino e o conhecimento também estão globalizados, portanto promover o suporte e dar possibilidades ao aluno de apreender mais do mundo são ações que devem ser consolidadas cada dia mais nas Universidades. O que se propõe é uma escola em que o aluno se veja participante de uma Comunidade, em que ele perceba sua futura profissão como instrumento de presença no mundo.

Globalização versus Internacionalização

Teichler, em 2004, define internacionalização e globalização. A

Internacionalização, crescentes atividades além-fronteira entre os sistemas nacionais de

educação superior, está perdendo espaço para a globalização, atividades ambíguas, além-fronteiras, que é empregada com frequência para caracterizar as tendências mundiais e a crescente competição global.

Altbach e Knight (2007) fazem uma distinção entre globalização e internacionalização da educação superior. Para os autores, a globalização relaciona-se com o contexto de tendências económicas e académicas do século XXI; já a internacionalização é o conjunto de políticas e práticas empreendidas por sistemas académicos, instituições e indivíduos para lidar com o ambiente académico global.

Apesar de algumas divergências entre os autores, entende-se que a globalização é um fenómeno que diz respeito não somente à educação, mas à economia e cultura, ao passo que a internacionalização aqui tratada representa a crescente atividade transfronteiriça e é discutida em termos de mobilidade física, cooperação académica e transferência de conhecimento académico.

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O seculo XXI caracterizar-se-á por ser a era da sociedade do conhecimento e todos somos testemunhas do seu impacto que, mesmo assim, hoje ainda apenas se vislumbram. O conhecimento constituirá o valor intrínseco e agregado em todos os processos de produção de bens e serviços de um país, fazendo com que o domínio do saber seja o principal fator do seu desenvolvimento autossustentado (Graça, 2012, p.54). O ensino superior, educação superior ou ensino terciário é o nível mais elevado dos sistemas educativos, referindo-se normalmente a uma educação realizada em universidades, escolas superiores ou instituições que conferem graus académicos ou diplomas profissionais.

O ensino superior inclui normalmente estudos, investigação, trabalhos práticos e, ocasionalmente, actividades sociais realizadas no âmbito da instituição de ensino superior. No âmbito dos estudos, os mesmos incluem tanto os de nível de graduação (referido ocasionalmente como "ensino terciário") como os de nível de pós-graduação. Este último nível normalmente é realizado apenas por alunos com qualificações muito altas que pretendem aprofundar os seus estudos e a sua proeficiência para lá do que seria necessário para o simples exercício profissional. Em alguns sistemas educativos - particularmente nos de modelo anglo-saxónico - a nomenclatura utilizada é diferente, sendo o nível de graduação referido como de "subgraduação" (undergraduate) e o de pós-graduação referido como de "pós-graduação" (graduate).

Afirma-se aqui, que hoje, o ensino superior deve ser gerida a base de partilha. Pode-se suportar essa afirmação com base na tese de Graça (2012) que diz “Ao compartilhar conhecimentos, experiencias e recursos a partir de processos de internacionalização, as universidades encontram oportunidades para ampliar a sua visão e capacidades, redefinir a sua identidade, afirmar a sua autenticidade, a atuar a partir de critérios de pertinência, igualdade e qualidade, com impacto mundial. Uma transformação sustentável no âmbito da internacionalização, pressupõe que a mesma se constitua em parte essencial dos processos de desenvolvimento institucional universitário, que redimensione e adeque o projecto universitário conforme as necessidades de uma sociedade global, plural e cambiante.”

Conclui-se que as Universidades e as IES são os lugares onde, normalmente, os conhecimentos são produzidos para serem, posteriormente, socializados. Atualmente, observa-se um rápido e significativo crescimento da educação superior em todo o mundo,

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contribuindo para a melhoria do nível educativo, económico, social e humano. Porém, é preciso adequar os cursos, os programas para que estes possam corresponder ao aumento do número de estudantes e o incremento das demandas e expectativas em relação a educação superior de modo que alunos também possam adequar as suas capacidades por forma a contribuir para o desenvolvimento sustentável do país.

2.3. Internacionalização do Ensino Superior

Várias são as abordagens teóricas sobre o conceito de internacionalização do ensino superior. Segundo Knight (2004), a internacionalização, em nível nacional, sectorial e institucional é definida como o processo no qual se integra uma dimensão internacional, intercultural ou global nos propósitos, funções e ofertas de educação pós secundária.

A partir desta conceção, considera-se que a internacionalização, em termos mais amplos, pode ser entendida como o processo que integra diferentes atividades tais como todas as formas de mobilidade académica, colaboração em pesquisa, projetos internacionais de desenvolvimento em educação superior, aspetos curriculares referentes ao escopo ou mudanças de programas e cursos gerais ou de disciplinas específicas.

Entende-se que o conceito de internacionalização do ensino superior deve estar integrado na cultura organizacional da IES, reafirmando sua natureza internacional decorrente da universalidade intrínseca ao processo de geração e difusão do conhecimento.

Pode-se dizer que a cooperação internacional entre as IES trata, especialmente, da transferência e da utilização do conhecimento como método capaz de criar novos conhecimentos. É um processo dinâmico que muda substancialmente o potencial das Universidades e da IES de uma maneira geral.

As exigências atuais das sociedades atribuem um papel determinante à cooperação internacional no domínio do ensino superior3 e da investigação científica. Reconhece-se que a coerência dos fluxos que dão corpo à internacionalização é explicada

3

Relatório do grupo de trabalho MADR/MEC - uma estratégia para a internacionalização do ensino superior Português, Maio de 2014

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por diversas vias, designadamente através de assumidas estratégias nacionais, de iniciativas institucionais isoladas, de redes de base empresarial, de dinâmicas familiares, de opções individuais ou ainda de aproximações que resultam de afinidades culturais.

Ao nível das instituições de ensino superior, as principais razões que impulsionam a respetiva internacionalização podem ser sintetizadas em cinco níveis (Hénard et al, 2012):

 À melhor preparação dos estudantes;

 Internacionalização dos currículos das formações;

 Afirmação do perfil internacional da instituição;

 Reforço da investigação e da produção de conhecimento;

 Incorporação de diversidade nos corpos docente e administrativo.

Normalmente as principais modalidades que concorrem para a internacionalização dos sistemas de ensino superior dizem respeito a:

i. Mobilidade de estudantes, de investigadores, docentes e pessoal não docente;

ii. Organização de projetos internacional, na área da formação e da transferência de tecnologia.

Pensa-se que o equilíbrio alcançado nestas duas modalidades pelas instituições de ensino superior é importante para fomentar a respetiva internacionalização. Pois, quando exclusivamente centrada na mobilidade de estudantes, a internacionalização fica reduzida apenas a aspetos quantitativos, valoriza em excesso a competição entre as instituições (quem consegue atrair mais estudantes!) e pode descurar a cooperação em ciência e tecnologia que deveria ser um dos aspetos centrais da internacionalização.

2.4. A Cooperação Internacional Académica

Para falar de cooperação internacional académica como parte da missão das instituições de ensino superior, torna-se necessário, em primeiro lugar, entendermos alguns conceitos de cooperação.

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A ideia de cooperação tem sido utilizada em diferentes épocas da vida da humanidade, tem evoluído, utilizando diferentes vocábulos, e causado discordâncias entre os cientistas políticos que nem sempre estão afinados com o significado exato de cooperação.

Desde a época dos filósofos gregos, a ideia de cooperação tem sido empregada, valendo-se do termo "aliança", porém com uma conotação diferente da que é utilizada na contemporaneidade. A ideia estabelecia o significado de cooperação com o objetivo de evitar a guerra, pois supunha a realidade de que todos os estados estavam envolvidos em situações de conflito contra os outros estados, clamando a ação da luta constante pelas sobrevivência e pela manutenção da integridade de seus povos. Implícita ou explicitamente, o termo implicava cooperar para evitar a guerra.

A expressão "cooperação" ou "colaboração" evoluiu, desde a Segunda Guerra Mundial, e passou a substituir a palavra "aliança", mais usada para descrever as formas de parcerias estabelecidas inicialmente.

Como a própria palavra diz, cooperação significa "co-operar", ou seja, operar em conjunto, ou ainda, a ação de trabalhar conjuntamente com outros.

A cooperação académica internacional, como âmbito específico da cooperação internacional, foi definida por Sebastian (2004), como:

… conjunto de atividades realizadas entre instituições universitárias que, através de múltiplas modalidades, implica uma associação e colaboração em temas de política e gestão institucional; a formação, a pesquisa, a extensão e a vinculação para o mútuo fortalecimento e a projeção institucional; a melhoria da qualidade da docência; o aumento e a transferência do conhecimento científico-tecnológico; e a contribuição à cooperação para o desenvolvimento.

No âmbito das relações internacionais, o conceito de cooperação tem como um dos seus primeiros pressupostos a ideia de alteridade, isto é, o respeito de um estado pela existência de outros estados, cujos objetivos podem e devem ser traçados por eles próprios, conforme observa Amorim4em sua reflexão sobre as perspetivas da cooperação

internacional.

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Entende-se, então, que a ação internacional pressupõe a inter-relação entre nações e, consequentemente, pressupõe o conhecimento ou pelo menos a aceitação da existência do outro, intensificando a consciência de diversidade dos indivíduos e a sua visibilidade.

Diante disso, a cooperação internacional interinstitucional vista sob a ótica atual na sua essência, implica em algumas condições fundamentais:

 Primeiramente, reconhece a existência de atores, protagonistas da cooperação;  Em segundo lugar, os participantes devem estar envolvidos e comprometidos

com as formas de cooperação, levando em conta a disponibilidade de seus recursos humanos e financeiros;

 Os objetivos da cooperação devem estar claramente definidos e coerentes com as estratégias de execução;

 Os projetos devem estar inseridos nos planos estratégicos de desenvolvimento das entidades ou das instituições, otimizando os benefícios e aprimorando os níveis de desenvolvimento dos parceiros;

 O programa de atividades deve ser concretamente estabelecido, respeitando cronogramas e orçamentos previamente definidos;

 E, por último, o estabelecimento de mecanismos deve estar direcionado para o desenvolvimento e para a avaliação das ações de cooperação.

Levando essas condições em consideração, uma efetiva cooperação entre parceiros poderá ser vislumbrada, através da qual haverá benefícios mútuos para ambas as partes.

Obviamente existem diferentes formas de cooperação: cooperação científica, cooperação tecnológica, cooperação académica, entre outras. Pelos motivos já apresentados na introdução, o foco dessa análise recairá especialmente na cooperação internacional académica, a qual ocorre no âmbito interinstitucional, ou seja, entre universidades congéneres, que buscam o desenvolvimento das instituições de ensino superior e consequentemente, de seus países e de suas populações.

Nesse âmbito, a cooperação deve ser concebida como parte integrante das missões institucionais das entidades e dos sistemas de ensino superior.

(30)

30 2.4.1. A Mobilidade Académica Internacional

A Mobilidade Académica se refere a um processo de mudanças organizacionais, de inovação curricular, de desenvolvimento profissional do corpo académico, com a finalidade de buscar a excelência na docência, na pesquisa e em outras atividades que são parte da função das universidades (Rudzki, 1998).

Alinhando-se na ideia de Kudzki, pode-se dizer que a mobilidade académica se refere a um processo de intercâmbio entre as instituições parceiras e que acarreta:

 Uma grande oportunidade para o académico que busca ampliar e aprofundar seus conhecimentos através de novas experiências em outras Instituições de Ensino Superior no exterior com as quais a Universidade mantém acordo de cooperação.

 Para a Universidade, inovação curricular, desenvolvimento profissional do corpo académico, com a finalidade de buscar a excelência na docência, na pesquisa e em outras atividades que são parte da função das universidades.

 Para o académico, a existência de condições apropriadas, que contribuem com a formação e o aperfeiçoamento dos quadros docente e discente, objetivando a aquisição de novas experiências e a interação com outras culturas.

Pensa-se que o Programa de Mobilidade Académica deve ser realizado de acordo com o Calendário Escolar Universitário, permitindo que os académicos, participantes do programa, estejam sujeitos às normas regimentais e estatutárias da IES.

Constata-se que, a mobilidade académica internacional não apresenta apenas vantagens para o académico mas pode também trazer alguns constrangimentos. Essa constatação é baseada na ideia de Teichler (2004) que diz “pesquisar fora de seu país de origem é simultaneamente positivo e negativo”. Ainda reforça-se essa constatação a luz do mesmo autor quando diz que “Um problema que acontece com relação à mobilidade, é o reconhecimento e validação dos créditos cursados em instituições fora do país de origem. Um dos motivos para isso ser um problema é que os Estados nacionais controlam e supervisionam os mecanismos de avaliação, aceitação, certificação e aprovação das

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questões relativas ao ensino. O problema das aprovações e certificações é que nem os governos nem as instituições de ensino são neutros nos processos de avaliação, ou seja, eles tendem a “desmerecer” os feitos de alunos em outras localidades se estes não são compatíveis com os realizados na instituição requerida”.

2.4.2. Universidade versus Redes Universitárias

Uma universidade é uma instituição pluridisciplinar de formação dos quadros de profissionais de nível superior, de pesquisa, de extensão e de domínio e cultivo do saber humano.

As universidades oferecem atividades de ensino, de pesquisa e de extensão, que são serviços de atendimento à comunidade, nas diversas áreas do saber. Uma universidade deverá desenvolver programas de pós-graduação, mestrado e doutorado com boa qualidade.

Uma rede universitária5 é portanto, antes de tudo, uma rede de conhecimentos: nódulos ou focos de produção de conhecimento, ou sua revalorização por acréscimo de valor por meio da atualização, da recontextualização e ou da inovação, e conexões para o seu transporte, usando como veículo meios humanos e meios físicos, eletrónicos ou não. A produção de conhecimentos é feita por recursos humanos ou por seu comando; o armazenamento é feito através dos recursos humanos e através de meios físicos analógicos e digitais; o consumo do conhecimento é feito através da sua aplicação, ou da sua utilização como matéria-prima para novos conhecimentos, através do acréscimo de valor.

5O conceito de rede na gestão das IES dos Países e Regiões de Língua Portuguesa, Paulino Lima Fortes - Universidade de Cabo

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CAPITULO III – PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

3.1. Introdução

O problema enunciado no Capítulo I remeteu-se para a conceção de um trabalho de investigação que permitisse procurar respostas para questões relacionadas com a contribuição da cooperação académica internacional no desenvolvimento do ensino superior tendo como estudo de caso a Universidade do Mindelo.

Desta forma, o presente capítulo engloba, numa primeira fase, a descrição de um estudo piloto, com base na pesquisa bibliográfica. O mesmo estudo inclui, também, uma entrevista com os dirigentes da referida universidade selecionada para o estudo.

Assim, para tornar este capítulo mais funcional, subdividiu-se em quatro secções que incluem, respetivamente: descrição do estudo piloto e do estudo principal (3.2); caracterização do contexto onde decorre a pesquisa bem como os sujeitos do estudo (3.3); seleção dos instrumentos de recolha de dados (3.4); finalmente, apresentação e justificação dos processos de análise e interpretação de dados (3.5).

3.2. Descrição do estudo

O presente estudo realizou-se em duas fases distintas, uma correspondente ao estudo piloto e a outra ao estudo principal. No sentido de compor o enquadramento teórico para o desenvolvimento deste tema, o estudo piloto partiu-se de um levantamento bibliográfico sobre o tema dando maior importância s fontes primárias através da consulta dos arquivos históricos e diplomáticos, leis, decreto leis, livros e o auxílio da literatura crítica cientificamente fundamentada (estudos, dissertações, teses, artigos). Nas literaturas críticas recorre-se a uma pesquisa bibliográfica. Ainda é de realçar que muitas informações para essa pesquisa foram colhidas via fontes documentais e eletrónicas e estas serão referenciadas na parte de referências bibliográficas.

O estudo principal consistiu na realização de entrevistas aos dirigentes da universidade ligados a problemática.

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Após a recolha de toda a bibliografia e o estado da arte, ou seja de tudo o que se tem produzido cientificamente em relação ao assunto, deu-se inicio a construção da moldura conceitual sobre o tema a ser pesquisado, através de um quadro teórico sintetizando os principais conceitos revisitados na revisão de literatura realizada, que serão utilizados para fundamentar teoricamente a pesquisa.

Para complementar este estudo, recorreu-se à entrevista, por permitir a obtenção de dados considerados importantes para a análise e interpretação de certas questões, junto dos responsáveis ou dirigentes da instituição de ensino superior procedendo assim, a uma análise qualitativa, cujos resultados serão considerados complementares na análise dos resultados do estudo principal, permitindo captar, em toda a sua globalidade e riqueza de contornos o contributo da cooperação académica internacional na referida instituição.

As entrevistas têm, portanto, como função principal revelar determinados aspetos do fenómeno estudado em que o investigador não teria espontaneamente pensado por si mesmo e desta forma completar as pistas de trabalho sugeridas pelas leituras efetuadas ou pelas observações realizadas. Assim, elaborou-se um guião de entrevista, cujas questões foram estruturadas de modo a que focassem, fundamentalmente, as ações de cooperação entre a universidade do Mindelo e as instituições parceiras, a política de cooperação adotada pela universidade, os retornos dessa cooperação académica internacional para a comunidade universitária, entre outras questões que foram contempladas na entrevista aos dirigentes como sujeitos ativos. Com a análise e interpretação destes dados, pretende-se verificar e mostrar até que ponto a cooperação académica internacional pode ser uma mais-valia para o desenvolvimento do ensino superior, basicamente, o caso da universidade do Mindelo.

3.3. Caracterização do contexto onde decorre a pesquisa bem como os sujeitos

A investigação teve como estudo de caso a Universidade do Mindelo, localizada em São Vicente, cidade do Mindelo, justificando-se a escolha por ser uma universidade recente, com apenas 12 anos de existência, apresentando-se como marco de referência para o ensino superior em Cabo Verde.

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Assim sendo passa-se a descrever sucintamente, nesse espaço, a trajetória da instituição em estudo a partir da sua criação mediante o relatório de auto-avaliação, ano de 2014.

A Universidade do Mindelo surgiu em 2010 com a elevação do então Instituto de Estudos Superiores Isidoro da Graça (IESIG), fundado em 2002, ao estatuto de Universidade. Com efeito, fruto do desenvolvimento conseguido, a Universidade do Mindelo adotou novos desafios e atribuições mais exigentes e mais ambiciosas, em consonância com a sua missão e visão.

A Universidade do Mindelo funciona em espaço próprio, construído de raiz para albergar o projeto. Conta com dois Blocos, A e B, e um terceiro (Bloco C) em fase avançada de construção, na rua Patrice Lumumba, em pleno centro histórico da Cidade do Mindelo, ilha de São Vicente.

A Universidade apresenta-se como objetivo primordial: preparar os seus estudantes para os desafios da sociedade global, transmitindo-lhes conhecimento científico, competência técnica e uma formação transversal que os transforme em cidadãos do mundo, criativos e independentes, responsáveis e profissionais.

Para isso, a universidade oferece diferentes cursos de graduação e pós graduação (mestrado e doutoramento).

Os sujeitos da pesquisa totalizam 2 (dois) dos dirigentes da UM.

Apoiando-se em Minayo (2003) ao pontuar que a pesquisa qualitativa não leva em consideração o critério numérico para assegurar a sua representatividade, pois em igual razão, a amostragem de qualidade é aquela que possibilita abranger todo o problema investigado em suas múltiplas dimensões.

3.4. Seleção dos instrumentos de recolha de dados

A metodologia de qualquer estudo de investigação deve ser definida com base nas questões que se pretendem investigar, na medida em que são estas que determinam o quadro conceptual e a metodologia a seguir. Desta forma, a investigação pode adquirir, um cariz quantitativo, qualitativo ou ainda a conjugação de ambos.

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O presente estudo se enquadra no paradigma da investigação qualitativa utilizados num contexto meramente exploratório que visa proporcionar maior familiaridade com o problema, para torna-lo mais explícito, podendo envolver levantamento bibliográfico, em que o trabalho do pesquisador está voltado para os registros escritos existentes sobre o universo em questão, e entrevistas com pessoas experiente no problema a ser pesquisado. Normalmente, a pesquisa exploratória assume a forma de pesquisa bibliográfica ou de caso de estudo em que este último é muitas vezes denominado de exploratório, pois reconhecida a flexibilidade da técnica, pode-se trabalhar com o desdobramento das informações obtidas, sem perder de vista a relevância das informações para o conhecimento do objeto central da pesquisa.

Atendendo ao âmbito da presente investigação, aos seus objetivos e às suas questões de investigação, os instrumentos utilizados para a recolha de dados foram: análise de documentos e entrevista.

Uso de entrevistas semiestruturadas

Entende-se ser a entrevista, técnica eficiente que segundo Haguete (1990), parte de certos questionamentos básicos, referentes aos objetivos e pressupostos que interessam ao estudo, e oferecem oportunidades de surgimento de novos questionamentos, a partir das respostas dos sujeitos investigados. Esse tipo de entrevista pode ser orientado por um conjunto de questões que forma uma espécie de roteiro.

Conforme (Triviños,1987, p. 146) É uma técnica que valoriza a presença do investigador e oferece todas as perspetivas possíveis para que o informante alcance a liberdade e a espontaneidade necessárias, enriquecendo a investigação.

Assim, essa estratégia de recolher dados junto aos dirigentes da universidade (Apêndice A e C), mediante entrevista semiestruturada, exigiu muita atenção e esforço especial no sentido de compreender/interpretar as respostas apresentadas, com o fim de obter elementos que permitissem alcançar os objetivos de estudo.

A ordem das questões permitia, com flexibilidade, explorar as informações e com intervenções cuidadosas no sentido de estimular respostas mais centradas em questões do interesse da pesquisa.

As entrevistas tiveram a duração de aproximadamente quarenta e cinco minutos e foram gravadas para transcrição e posterior análise. Na imediata transcrição das entrevistas foram aproveitados os comentários extras (ditos antes e depois) para que

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pudessem, ao lado da transcrição das respostas, contribuir para a formação da opinião da pesquisadora, que atentou, ao descrever os dados, para a fidedignidade das informações obtidas e também surgiram novas questões.

Foi solicitado previamente a gravação das entrevistas, autorização para a utilização de um gravador e, posteriormente, transcritas na íntegra, para captar com exatidão a totalidade do discurso e nenhum dos entrevistados se opuseram quanto a isso.

3.5. Apresentação e justificação dos processos de análise e interpretação de dados.

Analisar e interpretar dados significa trabalhar com todas as informações obtidas durante o processo da pesquisa. No caso deste estudo em particular, trabalhar com as transcrições das entrevistas, com os documentos e com todos os dados disponíveis.

A seleção deste instrumento de recolha de dados, justifica-se pelo facto do mesmo garantir a recolha de informação sobre os pontos mais relevantes da investigação, tornar mais específicos os objetivos da investigação e motivar o entrevistado de modo a que pudesse partilhar aspetos importantes para a investigação.

Com o volume de informações obtido procurou-se desenvolver um formato de análise que ajudasse a compreender o problema investigado permitindo estabelecer relações entre o referencial teórico e o material empírico coligido, de maneira a interpretá-lo com mais consistência.

Na especificidade deste caso procura-se compreender as significações explícitas ou implícitas, as opções e a intencionalidade existentes nos discursos dos entrevistados. Para isso foi elaborado um plano de análise seguindo três fases: a pré-análise, a exploração do material e a análise ou interpretação dos dados. A fase inicial, que é a de organização do material a ser examinado, permitiu estabelecer contacto com a temática, fazendo uma leitura geral das entrevistas e textos de tal forma que, uma leitura flutuante aos poucos, tornou-se mais objetiva e precisa.

Na segunda fase, procedeu-se a uma leitura mais atenta, perpassada às vezes, de nova escuta, em se tratando das entrevistas, ocasião em que se assinalava os trechos que despertaram interesse pela relação com os objetivos da pesquisa.

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Por fim, o tratamento dos dados, utilizando como métodos de análise de dados a interpretação. Desta forma, os dados recolhidos através das respostas dos entrevistados foram analisadas e interpretadas.

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CAPITULO IV- APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS DADOS

Neste capítulo, será apresentado e analisado os resultados da investigação efetuada atendendo aos objetivos definidos no Capítulo I. Assim, tendo em conta os resultados obtidos, dividiu-se o Capítulo em dois subcapítulos, de acordo com os instrumentos utilizados, nomeadamente, pesquisa documental e a entrevista aplicada a dirigentes da universidade em estudo.

4.1. Contribuições do processo de internacionalização Académica no Ensino Superior em Cabo Verde.

Como forma de contextualizar o estudo de caso, não se podia iniciar este ponto sem antes fazer referência ao ensino superior cabo-verdiano bem como as políticas adotadas e ainda referenciar o papel da cooperação internacional no ensino superior em cabo verde.

4.1.1. O Ensino Superior em Cabo Verde

O Ensino Superior em Cabo Verde compreende6 o ensino universitário e o ensino politécnico e visa assegurar uma preparação científica, cultura e técnica, de nível superior que habilite para o exercício de atividades profissionais e culturais e fomente o desenvolvimento das capacidades de conceção de inovação e de análise crítica.

Esse subsistema da educação é da tutela do Ministério do Ensino Superior Ciências e Inovação (MESCI), cuja visão é: i. Desenvolver e coordenar políticas para capacitar os cabo-verdianos com formação de nível superior; ii. Conceber, implementar e fomentar políticas de desenvolvimento da ciência e tecnologia; iii. Promover a aplicação da ciência e da tecnologia enquanto fonte de inovação nos processos produtivos, educativos, administrativos e outros.

O Ensino Superior em Cabo Verde é realizado em estabelecimentos

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genericamente conhecidos como "IES", que podem incluir instituições universitárias - como as universidades, instituições de ensino superior técnico e vocacional - como as escolas superiores . A realização de cada um dos ciclos do ensino superior confere geralmente um certificado, ou um grau académico.

Antecedentes

Após a independência nacional, a grande maioria dos formandos cabo-verdianos, frequentava cursos superiores no exterior, resumindo-se as ações de formação locais, de curta duração, à organização de atividades esporádicas para responder a necessidades conjunturais.

No início da década de noventa assiste-se à universalização do ensino básico e à posterior expansão do ensino secundário obrigando, já em meados da década, a uma forte explosão do número de candidatos ao ensino superior.Com o aumento do número de estudantes que procura no exterior do país uma formação de nível superior foi criados, em 1995 o ISE (Instituto Superior de Educação), em 1996 o ISECMAR (Instituto Superior de Engenharia e Ciências do Mar) e em 1998 o ISCEE (Instituto Superior de Ciências Económicas e Empresariais), instituições estas dotadas de autonomia pedagógica, científica, administrativa, financeira e patrimonial.

Evolução

No início do novo século a iniciativa privada ganha visibilidade com o aparecimento de novas instituições de ensino superior. Na Cidade da Praia é criada, em 2000, a Universidade Jean Piaget e no Mindelo começa a funcionar em 2002 o IESIG (Instituto de Estudos Superiores Isidoro da Graça).

Em 2004, o governo decidiu implementar o roteiro definido no Decreto-Lei 33/2000 que criou a Universidade de Cabo Verde (UNICV)7. Uma Comissão Nacional foi nomeada para criar a primeira universidade pública do país ao longo de um período de dois anos. O papel da Comissão era o de planear e implementar todas as atividades necessárias para o funcionamento da Universidade de Cabo Verde.

Em 2006, pelo Decreto-Lei nº 53/ 2006 de 20 de Novembro é criada a Uni-CV (Universidade de Cabo Verde), concebida como uma instituição de ensino superior

7Cf. Decreto-Lei n.º 31/2004.

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público cuja missão é capacitar a nação cabo-verdiana, de modo a vencer os grandes desafios de modernização e desenvolvimento do país.

Ainda foram implementados na ilha de Santiago o ISCJS- Instituto Superior de Ciências Jurídicas e Sociais em 2006, a EIA - Escola Internacional de Artes em 2007 e a UNICA - Universidade Internacional de Cabo Verde em 2008.

Em 2007 foi estabelecida, na cidade do Mindelo, a Universidade Lusófona de Cabo Verde do Grupo Lusófona.

A US - Universidade de Santiago foi criada em Novembro de 2008, está sedeada na cidade de Assomada, na ilha se Santiago.

Em 2010 o IESIG transitou-se a universidade passando a denominar-se de UM - Universidade do Mindelo.

IP - Instituto Pedagógico do Mindelo que é um organismo com funções de formação de ensino básico de nível médio passando atualmente a denominar-se de Instituto Universitário de Ensino (IUE)8.

Os indicadores socioeconómicos de Cabo Verde têm demonstrado que o país tem tido ganhos importantes no desenvolvimento do seu capital humano e que está na linha do cumprimento dos Objetivos de Desenvolvimento do Milénio.

O país já alcançou praticamente a escolarização básica universal, com uma taxa de conclusão de cerca de 95 por cento. Com a introdução do novo sistema educativo no ensino básico seguida de uma campanha bem-sucedida de Educação para todos, fez aumentar o número das matrículas que consequentemente também aumentou no ensino secundário. Isso tudo faz com que a cada ano aumente o número de estudantes procurando o acesso ao ensino superior. Aproveitando dessa vantagem comparativa, as instituições de Ensino Superior foram implementadas muito rapidamente verificando uma evolução crescente nos últimos quinze anos.

Relativamente ao número de alunos, pode-se dizer que, a maioria dos estudantes cabo-verdianos prosseguia o Ensino Superior em Portugal, Brasil e em outros países estrangeiros.

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Segundo o Instituto de Estatística da UNESCO9, em 2002/2003, cerca de 3.000

alunos estavam inscritos em instituições do ensino superior no país comparado com cerca de 4.000 no exterior. A rápida expansão de estabelecimentos de ensino superior no país nos últimos dez anos fez com que o acesso ao ensino superior aumentasse, tendo o país passado de 717 estudantes, em 2000/01, a 11 769, em 2010/1110.

Comparando as duas datas, verifica-se um crescimento da ordem de 1541%, ocorrido num ritmo médio anual de 32,3%. Estes dados fazem do subsistema de Ensino Superior aquele que mais cresceu durante a primeira década do século XXI.

Estado Atual

Em princípio, o modelo de Universidade adotado em Cabo Verde não é diferente do da maioria dos países. De acordo com a legislação recente, "o objetivo do ensino universitário é garantir, através da promoção da investigação e da criação de conhecimento, uma sólida preparação científica, técnica e cultural dos indivíduos, permitindo-lhes desenvolver as suas competências para a conceção, análise crítica e inovação em suas atividades profissionais, socioeconómicas e culturais". A legislação também aborda o ensino politécnico, que "procura, através da promoção de pesquisa aplicada e desenvolvimento, fornecer aos indivíduos conhecimento científico teórico e prático, desenvolvendo suas competências para a inovação e análise crítica, para a compreensão e solução de problemas concretos, em suas atividades profissionais".

Tabela 1: Alunos matriculados por ano de estudos e sexo segundo as instituições de formação 2011-2012

Fonte: Anuário Estatístico 2011-201

9Como citado em Aubinet al. 2010, p. 6.

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O quadro mostra a evolução do acesso ao ensino superior em Cabo Verde até o ano letivo 2011-2012. Mostra que no ano letivo 2007-2008, 242 alunos estavam inscritos em instituições de ensino superior no país tendo aumentado no ano letivo 2011-2012 para 3789 inscritos. Pensamos que esse aumento tem a ver com a rápida expansão de estabelecimentos de Ensino Superior no país que fez com que o acesso ao ensino superior aumentasse durante esse período. Pois, até o ano 2000 havia um défice de instituições de ensino superior em Cabo Verde motivo pelo qual a maioria dos estudantes tinha de se deslocar para o exterior para iniciar o Ensino Superior.

A nível do ensino superior nota-se que cabo verde, tem tido um progresso notável na implementação e expansão desse sistema. Na última década tem-se notado um ganho de percurso na qualificação de pessoas, isto é, há um investimento na qualificação docente, fruto das políticas do Governo através de uma forte aposta na pós-graduação.

O Governo cabo-verdiano assume o ensino superior como um instrumento de desenvolvimento duradouro do país e motor da sua inserção competitiva no mercado mundial, propondo-se concretizar um conjunto de medidas no sentido da implantação e desenvolvimento deste subsistema de ensino, que visem, nomeadamente a promoção de um ensino superior de qualidade em áreas nucleares para o desenvolvimento socioeconómico do país.

4.1.2. Políticas adotadas e compromissos com o ensino superior em Cabo Verde

Tendo em conta a opção política de Cabo Verde por um ensino de qualidade e o entendimento do ensino superior como instrumento de desenvolvimento duradouro do país e motor de sua inserção competitiva no mercado mundial, propõem-se as seguintes medidas de desenvolvimento deste subsistema para os próximos até 2016:

i. Promoção de um ensino superior de qualidade, através de mecanismos jurídicos e institucionais apropriados, que se enquadre no projeto global de desenvolvimento do país e realize as legítimas expectativas dos estudantes, empresários, poderes locais, organismos não-governamentais e da sociedade em geral;

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