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Qualidade de vida relacionada à saúde dos idosos do Estudo SABE

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UNICAMP

KEILA CRISTIANNE TRINDADE DA CRUZ

QUALIDADE DE VIDA RELACIONADA À

SAÚDE DOS IDOSOS DO ESTUDO SABE

Campinas

2012

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UNICAMP

UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS

FACULDADE DE CIÊNCIAS MÉDICAS

KEILA CRISTIANNE TRINDADE DA CRUZ

QUALIDADE DE VIDA RELACIONADA À SAÚDE DOS IDOSOS DO

ESTUDO SABE

Orientadora: Profa. Dra. Maria José D’Elboux

Tese de Doutorado apresentada ao Programa de Pós-graduação da Faculdade de Enfermagem da Universidade Estadual de Campinas - UNICAMP, para obtenção do título de Doutor em Enfermagem.

ESTE EXEMPLAR CORRESPONDE À VERSÃO FINAL DA TESE DEFENDIDA PELA ALUNA KEILA CRISTIANNE TRINDADE DA CRUZ E ORIENTADA PELA PROFA. DRA. MARIA JOSÉ D’ELBOUX.

__________________________________ Assinatura da Orientadora

Campinas

2012

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Dedico este trabalho...

ao amado e estimado Claudio Marcelo, meu companheiro e fiel escudeiro,

às nossas filhas, Ana Luiza e Laura, razões do meu viver,

à todos os idosos com quem convivi, que serviram de exemplo, inspiração, motivo,

incentivo e muito contribuíram para a realização dessa pesquisa, que ora são

representados pela sempre presente Dinda Luiza e pela saudosa lembrança de

meu sogro, Francisco Manoel Raposo de Almeida, exemplos de idosos que

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AGRADECIMENTOS

Nesse momento, quando finalizo uma grande etapa da minha vida não há como não olhar para trás e recordar a trajetória, os detalhes da caminhada, os acertos, os erros, o aprendizado e o amadurecimento que os últimos quatro anos e meio me trouxeram. Para iniciar e concluir o doutorado, contei com muitas pessoas especiais, que estiveram ao meu lado e a quem tenho muito, muito a agradecer...

A todos os idosos com quem convivi pessoal, científica, particular e profissionalmente, que direta ou indiretamente contribuíram na realização dessa pesquisa. Vocês são a principal razão desse trabalho.

A minhas filhas, Ana Luiza e Laura, minhas maiores motivadoras, a quem agradeço de corpo e alma por todos os sorrisos e por todos os chamados - “mamãe” - especialmente naquelas horas cruciais, em que eu tinha que decidir sobre o que era mais importante, e meu coração se acalmava com a melhor escolha de todas, estar com vocês. Que as gotas da chuva e as estrelas do céu possam ser testemunhas eternas de nossa cumplicidade e do nosso amor...

Ao Claudio Marcelo, meu amor, com quem compartilho nossas vidas. Quando sonhamos juntos, sonhos se transformam em realidade... Sem você, não estaríamos comemorando essa vitória. Obrigada pela paciência, tolerância e por se “desdobrar em muitos”, para que juntos pudéssemos avançar nas diferentes fases desta pesquisa. Nós sabemos o que isso significou e significa.

A meus pais, Antonio Carlos e Clenir, importantes incentivadores, pelo amparo e disponibilidade, sempre presentes em minha vida. Pais muito jovens, desejo que tenham um envelhecimento cheio de vida e de saúde, digno e com qualidade. Amo vocês!

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À Sra. Ana Maria Luiza de Barros, a “Dinda”, por compartilhar sua vida e a experiência adquirida com o passar dos anos, por sua dedicação constante, plenamente incondicional e por mostrar uma nobre, digna e exemplar maneira de envelhecer. Por tudo, Muito Obrigada!

A minha mestre e dedicada amiga, sempre presente, Profª. Dra. Rachel Noronha,

obrigada por seu exemplo, pelo convívio constante e especialmente pela atenção, carinho, dedicação, paciência e incentivo, além dos inúmeros telefonemas que me acalentaram e confortaram minha alma.

À Profa. Dra. Maria José D’Elboux, meu exemplo de dedicação e de superação...

Tive o privilégio de ser sua aluna em momentos e contextos diferentes de nossas vidas e tenho muito orgulho disso. Agradeço pela confiança, por me possibilitar descobrir os meus limites e por respeitá-los sempre, pelos ensinamentos que me fizeram olhar o idoso com outros olhos e me fazem redescobrir a cada dia novas possibilidades. Se tivesse oportunidade de voltar no tempo, certamente escolheria caminhar ao seu lado outra vez. Muito obrigada!!!!

A minha amiga de tantos anos, Elisângela Bernardino Sena, por realizar a formatação e os ajustes finais desta tese, por sua grande ajuda, empenho e dedicação, seu exemplo de ternura e amizade, que tenho o privilégio de desfrutar desde os tempos em que eu era estudante de graduação. Ninguém melhor do que você acompanha, conhece e entende meus passos.

À Sra. Fatme Abou Adile, ou simplesmente minha querida Dona Fátima, pelo exemplo de coragem, força e disposição, pelo delicado e amoroso cuidado que sempre dispensou à mim e a minha família. Sempre pronta para nos auxiliar e nos socorrer, sua presença e seu convívio foram, e sempre serão, muito valiosos.

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À Profª. Dra. Maria Lúcia Lebrão, por me conceder o privilégio de trabalhar com os

dados do estudo SABE.

À Profª. Dra. Yeda Aparecida de Oliveira Duarte, que esteve presente em várias

fases dessa pesquisa e com contribuições importantes, muito obrigada!

Ao Prof. Dr. Jair Lício Ferreira Santos, pelas análises estatísticas e pelas orientações recebidas. Sua humildade, sua atenção, dedicação e carinho, nas nossas trocas de “e-mails”, suas respostas delicadas às minhas dúvidas tão ingênuas e até mesmo imaturas, fazem com que eu o admire e o respeite sem mesmo poder dar aquele “super beijo” tantas vezes escritos e desejados...

Ao meu grande mestre e amigo Prof. Dr. José Luis Tatagiba Lamas, pelo carinho e pela atenção sempre presentes em minha vida.

À Profª. Dra. Roberta Cunha Matheus Rodrigues, pelas contribuições no

desenvolvimento desta pesquisa, por sua presença constante em minha vida, por suas palavras incentivadoras, seu ombro amigo e seu sorriso doce, tão importante para mim...

À Profª. Dra. Marilisa Berti de Azevedo Barros e Profª. Dra. Rosalina Partezani pelas

contribuições na fase final desta pesquisa.

A minha irmã e amiga, Karine Trindade da Cruz e sua filha, Amanda Trindade da Cruz Moura, que me ajudaram em muitos momentos, obrigada pelo carinho, apoio e dedicação.

A minha cunhada, Nyssia Barros Raposo de Almeida, grande amiga, por sua atenção, dedicação, auxílio, apoio, carinho e presença em tantos momentos.

As minhas amigas Ana Raquel Medeiros Beck, Cândida Márcia de Brito, Cleuza Vedovato, Déborah Cristina de Oliveira, Elenice Valentim Carmona, Juliana Bastoni, Maria Cristina Gomes de Oliveira, Maria Gorete Bernardelli, Maria Helena de Melo Lima e

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Marisa Dibbern Lopes Correia. Conviver com vocês durante anos é mais do que especial... Obrigada pelo apoio em todos os momentos, especialmente nos mais difíceis...

Ao Departamento de Enfermagem-FCM/UNICAMP, local em que tive a oportunidade, a honra e o orgulho de tornar-me enfermeira, descobrir-me professora e ainda, de ganhar “asas para voar”... E, claro, a todos os colegas e amigos do Departamento de Enfermagem-FCM/UNICAMP, pelos anos de estudo, companheirismo e colaboração.

Ao Departamento de Enfermagem da Faculdade de Ciências da Saúde da Universidade de Brasília, representado pelas Profa. Dra. Leides Barroso de Azevedo

Moura e Profa. Dra. Luciana Neves da Silva Bampi, em razão do incentivo e do apoio

recebidos na fase final desta tese.

Às colegas de trabalho, Profª. Dra. Aline Cristina Martins Gratão, Profª. Andréa

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“Não sei se a vida é curta ou longa para nós, mas sei que

nada do que vivemos tem sentido, se não tocarmos o

coração das pessoas.

Muitas vezes basta ser: colo que acolhe, braço que envolve,

palavra que conforta, silêncio que respeita, alegria que

contagia, lágrima que corre, olhar que acaricia, desejo que

sacia, amor que promove.

E isso não é coisa de outro mundo, é o que dá sentido à

vida. É o que faz com que ela não seja nem curta, nem

longa demais, mas que seja intensa, verdadeira, pura

enquanto durar. Feliz aquele que transfere o que sabe e

aprende o que ensina.”

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RESUMO

A qualidade de vida relacionada à saúde (QVRS) é uma forma utilizada para avaliar a saúde das pessoas bem como detalhes subjetivos de suas vidas. Esta pesquisa teve por objetivo avaliar a QVRS dos idoso do Estudo SABE por meio do SF-12 e de variáveis que contemplem as características peculiares dessa faixa etária. O presente estudo foi realizado a partir dos dados do Estudo Longitudinal Saúde, Bem-estar e Envelhecimento (SABE) coletados em 2006, com uma amostra representativa de 1031 idosos residentes no município de São Paulo, sem sintomas depressivos que responderam o “The Medical Outcomes Study 12-item Short-Form Health Survey” (SF-12). Os escores do SF-12 são resumidos em dois grandes componentes, o escore do componente físico (ECF) e o escore do componente mental (ECM). Foi realizada uma busca na literatura sobre os significados atribuídos por idosos brasileiros sobre QV e agrupados em quatro categorias de informações contidas no questionário do Estudo SABE 2006: a categoria sociodemográfica, relacionada à saúde, de relacionamento/apoio e de bem-estar subjetivo. Os ECF e ECM do SF-12 foram categorizados em tercis sendo o primeiro constituído pelos escores mais baixos dos componentes e os demais pelos escores intermediários e mais altos, respectivamente. Foi realizada a Regressão Logística Multinomial para modelar a chance de um idoso pertencer a um dos tercis de cada componente de QVRS. Os componentes físico e mental apresentaram médias e amplitudes de variação maiores para os homens, com exceção do ECF cuja variação foi maior para as mulheres. No ECF, o maior número de idosos apresentaram piores valores desse componente. Houve associação significativa entre o componente físico e sexo, faixa etária, ter casa própria, escolaridade, morbidades, número de medicamentos, dificuldade para ABVDs e AIVDs, paz/tranquilidade e religião. Em relação ao componente

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mental, houve associação significativa com ter dinheiro suficiente, escolaridade, morbidade, número de medicamentos, sentir-se nutrido, sentir-se amado pela família, APGAR de Família, paz/tranquilidade e satisfação com a vida. No componente físico houve influência das categorias sociodemográfica e relacionadas à saúde e no componente mental, de variáveis pertencentes às categorias dados sociodemográficos, relacionados à saúde e bem estar subjetivo. Espera-se com esse trabalho subsidiar o planejamento e implantação de intervenções que visem favorecer a QV do idoso.

Palavras-chave: idoso, qualidade de vida, envelhecimento. Linha de pesquisa: Processo de cuidar em saúde e enfermagem

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ABSTRACT

The Health related quality of life (HRQoL) is a kind of health assessment as well as an evaluation of subjective details of people lives. This research aimed to evaluate HRQOL of no depressed elderly people, that were subjects of a Longitudinal Study on Health, Wellbeing and Aging (SABE Study), using "The Medical Outcomes Study 12-item Short-Form Health Survey "(SF-12) and variables that cover specific characteristics of this age group. The present study have used SABE Study data that were collected in 2006 on a sample of 1031 older adults that were living in São Paulo, without depressive symptoms, those who responded SF-12. The scores of SF-12 are summarized into two major components: the physical component score (PCS) and the mental component score (MCS). It were done a literature review on the meanings attributed by Brazilian elderly on Quality of Life(QOL) and these meanings were grouped into four categories of information in the survey of SABE Study: sociodemographic category, health-related category, relationship / support and subjective well-being. The PCS, MCS and the SF-12 were categorized as terciles. The first of these have consisted of the lowest scores of the components. The others have presented intermediate and highest scores, respectively. It were performed a Multinomial Logistic Regression to investigate the chance of an elderly to belong to one of terciles of each component of HRQOL. The physical and mental components showed averages and amplitudes of variation greater for men, except for PCS which variation was greater for women. In the PCS, largest number of elderly have the worst scores of this component. There was a significant association between physical component and some variables as: sex, age group, homeownership,

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education, comorbidities, number of medications in use, difficulty for Basic Activities of Daily Living (BADL) and Instrumental Activities of Daily Living (IADL), peace / tranquility and religion. Regarding the mental component, there was significant association with having enough money, education, comorbidity, number of medications in use, to feel nurtured, feeling of being loved by family, Family APGAR, peace / tranquility and life satisfaction. The physical component were influenced by sociodemographic and health-related categories. The mental component received influence by variables of the following categories: sociodemographic, health-related and subjective well-being. It is expected that this work supports the planning and implementation of interventions designed to improve the QOL of the elderly.

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LISTA DE TABELAS

TABELA 1 - Distribuição do número e da proporção de idosos segundo o status. Município de São Paulo (SP), 2000-2006. São Paulo, 2006. ... 70 TABELA 2 - Questões do questionário SABE 2006, selecionadas para representar os atributos da categoria 1- Dados sociodemográficos. São Paulo, 2006. ... 86 TABELA 3 - Questões do questionário SABE 2006, selecionadas para representar os atributos da categoria 2- Dados relacionados à saúde. São Paulo, 2006. ... 87 TABELA 4 - Questões do questionário SABE 2006, selecionadas para representar os atributos da categoria 3 – Relacionamento e apoio. São Paulo, 2006. ... 88 TABELA 5 - Questões do questionário SABE 2006, selecionadas para representar os atributos da categoria 4 – Bem estar subjetivo. São Paulo, 2006. ... 88 TABELA 6 - Distribuição dos idosos segundo os dados da categoria sociodemográficos. São

Paulo, 2006. ... 96 TABELA 7 - Distribuição dos idosos segundo as categorias dados relacionados à saúde,

relacionamento/apoio e bem estar subjetivo. São Paulo, 2006. ... 97 TABELA 8 - Apresentação das médias, erro padrão (EP) e valores mínimos e máximos dos

ECF e ECM do SF-12, segundo o sexo. São Paulo, 2006. ... 99 TABELA 9 - Distribuição absoluta e relativa, médias, erro padrão (EP), medianas e intervalos

de confiança (IC) dos idosos, segundo os tercis dos ECF e ECM. São Paulo, 2006. ... 100 TABELA 10 - Análise bivariada dos tercis dos componentes físico e mental do SF-12, segundo as variáveis da categoria “dados sociodemográficos”. São Paulo, 2006. ... 101 TABELA 11 - Análise bivariada dos tercis dos componentes físico e mental do SF-12, segundo

as variáveis das categorias “dados relacionadas à saúde” e

“relacionamento/apoio”. São Paulo, 2006... 102 TABELA 12 - Análise bivariada dos tercis dos componentes físico e mental do SF-12, segundo as variáveis da categoria “bem estar subjetivo”. São Paulo, 2006. ... 103 TABELA 13 - Regressão logística multinomial do ECF do SF-12 e das variáveis “dados

sóciodemográficos”, “dados relacionados à saúde”, “relacionamento/apoio” e “bem estar subjetivo”, segundo o sexo dos idosos do estudo SABE. São Paulo, 2006. ... 105 TABELA 14 - Regressão logística multinomial do ECM do SF-12 e das variáveis

sóciodemográficas, relacionadas à saúde, ao relacionamento/apoio e ao bem estar subjetivo, segundo o sexo dos idosos do estudo SABE. São Paulo, 2006. ... 107

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LISTA DE QUADROS

QUADRO 1 - Correspondência das alternativas de respostas entre o SF-12 e as questões do estudo SABE. São Paulo, 2006. ... 79 QUADRO 2 - Itens de maior impacto clinico na QV de idosos, em ordem decrescente,

segundo Paschoal, 2004. ... 81 QUADRO 3 - Classificação e situação dos atributos segundo as definições das dimensões do SF-12. ... 83 QUADRO 4 - Distribuição dos atributos segundo as categorias criadas a partir do

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LISTA DE FIGURAS

FIGURA 1 - Fluxograma da amostra do estudo SABE 2000-2006, conforme critérios de exclusão da presente pesquisa. São Paulo, 2006. ... 75 FIGURA 2 - Divisão das dimensões do SF-12 em dois componentes segundo Ciconelli

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LISTA DE ABREVIATURAS

AAVDs Atividades Avançadas da Vida Diária

ABVDs Atividades Básicas da Vida Diária

AIVDs Atividades Instrumentais da Vida Diária

APGAR Adaptação (Adaptation), Participação (Partnership),

Crescimento (Growth), Afeição (Affection) e Resolução (Resolve) (APGAR de família)

AE Aspectos Emocionais

AF Aspectos Físicos

AS Aspectos Sociais

CF Capacidade Funcional

D Dor

ECF Escore do Componente Físico

ECM Escore do Componente Mental

EGS Estado Geral de Saúde

FAPESP Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo

GDS Escala de Depressão Geriátrica

IC Intervalo de Confiança

MCS “Mental Component Score”

OMS Organização Mundial da saúde

ONU Organização das Nações Unidas

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PNAD Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio

QV Qualidade de Vida

QVRS Qualidade de Vida Relacionada à Saúde

RRR Razão de Risco Relativo

SABE Sáude, Bem-estar e Envelhecimento

SF-36 “The Medical Outcomens Study 36-item Short-Form Health Survey”

SF-12 “The Medical Outcomens Study 12-item Short-Form Health Survey”

SF-6D “The Medical Outcomens Study 6 Dimensions Short-Form Health Survey”

SM Saúde Mental

SMI Salário Mínimo

STATA “Data Analysis and Statistical Software STATA”

TCLE Termo de Consentimento Livre e Esclarecido

WHOQOL “World Health Organization Quality of Life Assessment” WHOQOL100 “World Health Organization Quality of Life assessment

instrument” (com 100 questões)

WHOQOL-Breve

− “World Health Organization Quality of Life assessment instrument” abreviado

WHOQOL-Old “World Health Organization Quality of Life assessment instrument” idosos

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SUMÁRIO

RESUMO... xviii ABSTRACT ... xxi LISTA DE TABELAS ... xxv LISTA DE QUADROS ... xxvii LISTA DE FIGURAS ... xxix 1. INTRODUÇÃO ... 37 1.1 Apresentação do tema ... 39 1.2 Contextualização do tema ... 42 1.2.1 - Aspectos históricos e evolução do conceito Qualidade de Vida ... 42 1.2.2 - Qualidade de Vida Relacionada à Saúde (QVRS) ... 46 1.2.3 - Instrumentos para avaliação da QVRS ... 48 1.2.4 - Qualidade de vida na velhice ... 52 1.2.5 - O que o idoso brasileiro considera importante para a sua QV? ... 57 2. OBJETIVOS ... 61 2.1 - Objetivo Geral ... 63 2.2 – Objetivos específicos ... 63 3. MATERIAIS E MÉTODOS... 65

3.1 Estudo SABE - Saúde, Bem-estar e Envelhecimento ... 67 3.1.1- Sujeitos do estudo SABE ... 68 3.1.2- Procedimento de coleta de dados ... 69 3.1.3- Instrumento utilizado no estudo SABE ... 70 3.2 Descrição do presente estudo ... 74 3.2.1- Sujeitos do estudo ... 74 3.2.2- Instrumentos de coleta de dados ... 75 3.2.3- Definição e operacionalização das variáveis ... 89 3.2.4- Análise estatística ... 90 3.2.5- Aspectos éticos ... 93 4. RESULTADOS ... 95 4.1 Caracterização sociodemográfica dos idosos do estudo ... 96 5. DISCUSSÃO ... 110 6. CONCLUSÕES ... 129 7. CONSIDERAÇÕES FINAIS ... 133 8. REFERÊNCIAS ... 138 ANEXOS ... 160 APÊNDICES ... 172

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Introdução 38

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Introdução 39

1.1 Apresentação do tema

A Qualidade de Vida (QV) tem sido reconhecida como um construto importante no meio científico. Trata-se de uma medida subjetiva, que considera a opinião dos indivíduos aos quais são aplicados instrumentos genéricos e específicos, cujos resultados têm possibilitado tomada de decisão em programas e tratamentos na área da saúde, dentre outros. Assim, passa a ser possível identificar situações das vidas das pessoas que podem ser melhoradas ou reforçadas no sentido de melhorar a sua QV.

Pesquisadores definem a QV como: “... uma noção eminentemente humana, que tem sido aproximada ao grau de satisfação encontrado na vida familiar, amorosa, social e ambiental e à própria estética existencial.” Acrescentam que o termo possui muitos significados que estão relacionados a conhecimentos, experiências e valores dos indivíduos(1).

No Brasil, pesquisas tem sido realizadas nessa área do conhecimento com diversos grupos de pessoas, de diferentes faixas etárias, afecções e tratamentos que, de

acordo com suas respectivas avaliações, passaram a ter a QV como medida de saúde(2,3).

Acompanhando o processo demográfico do Brasil, o envelhecimento ganha destaque com o aumento da expectativa de vida, bem como com os ganhos e perdas decorrentes desse aumento. A expectativa de vida aumentou para 73,5 anos no censo demográfico de 2010, 11,5 anos a mais do que em 1980, o que representa um aumento no número de anos vividos, anos esses que merecem atenção e respeito em todas as

áreas do conhecimento, para que sejam vividos com dignidade e qualidade(4).

Atualmente, na área da saúde, muitos indicadores são utilizados para avaliar como os idosos tem vivido, como se sentem em relação a sua vida, às afecções, aos

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Introdução 40

tratamentos. A Qualidade de Vida Relacionada à Saúde (QVRS) surge nesse contexto como um indicador importante da avaliação subjetiva da QV do idoso, identificando possibilidades de intervenções que possam proporcionar condições para melhorar o seu modo de viver e, consequentemente, sua QV.

Existem inúmeros instrumentos genéricos e específicos para a avaliação da QV e QVRS, porém, a maioria deles originalmente foi elaborada para mensuração desse constructo em uma população adulta jovem. Poucos são os instrumentos genéricos destinados à medida da QVRS no idoso. A faixa etária com idade igual ou superior a 60 anos possui muitas peculiaridades que devem ser consideradas nesse tipo de avaliação.

Esses instrumentos de medidas são multidimensionais e tendem a ser extensos, porém, versões mais simplificadas deles têm surgido na literatura com validade e confiabilidade satisfatórias.

O 12, instrumento de avaliação da QVRS, consiste na versão abreviada do SF-36, um instrumento muito utilizado no meio científico nacional e internacional, em diferentes situações e populações. O SF-12 manteve as dimensões e as medidas psicométricas do instrumento original e tem sido recomendado para avaliação da QVRS em estudos populacionais por ser mais curto e de rápida aplicação.

Por se tratar de um instrumento de QVRS genérico, as dimensões são abordadas de forma geral para diferentes faixas etárias. Os idosos possuem peculiaridades em relação às outras faixas etárias, o que está associado ao processo de senescência e senilidade, fatores que devem ser considerados em medidas subjetivas, como a avaliação da QVRS.

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Introdução 41

Dentre os estudos populacionais envolvendo idosos no Brasil, o estudo Saúde Bem Estar e Envelhecimento (SABE) destaca-se por sua representatividade populacional em um importante centro urbano. Nos últimos 10 anos tem sido a base para importantes investigações na área de geriatria e gerontologia.

No ano de 2006, no estudo SABE foi utilizado o SF-12 para mensurar a QVRS de idosos arrolados.

No Brasil, em 2000, Paschoal iniciou a construção de um instrumento de avaliação da QV específico para idosos, considerando a opinião dessa faixa etária(5). Dentre

dezenas de itens levantados, foram selecionados aqueles atributos com maior impacto clínico na vida dos idosos.(6).

A escolha desse estudo se deu por ser mais abrangente em relação a outras investigações na área, por considerar a opinião do idoso, além do que, tratar-se de uma pesquisa cujos sujeitos eram idosos da cidade de São Paulo, local em que foi realizado o estudo SABE(6).

Portanto, levando-se em consideração o SF-12 e os atributos considerados importantes para a QV do idoso pelo próprio idoso, a presente pesquisa tem como finalidade avaliar a QVRS dos idosos do estudo SABE, considerando-se as características peculiares dessa faixa etária. Espera-se que esses resultados ofereçam subsídios para estratégias de intervenção nos âmbitos da saúde, contexto social e familiar e outros que visem à melhoria da sua QV e do seu bem estar.

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Introdução 42

1.2 Contextualização do tema

As grandes mudanças epidemiológicas, econômicas e sociais do mundo contemporâneo resultam em consequências positivas e negativas para a população. No intuito de identificar essas alterações e desenvolver intervenções necessárias, a avaliação da QV passa a ser uma estratégia fundamental para o reconhecimento dos resultados dessas transformações no contexto de vida da população idosa.

Qualidade de vida é um termo subjetivo que pode ser definido por distintas áreas do conhecimento e possuir significados diferentes para cada uma delas. Nas últimas décadas, o construto QV tem recebido destaque como um fator importante em pesquisas clínicas e na avaliação do impacto de políticas de saúde na população, uma vez que nestas situações as respostas podem ser heterogêneas em diferentes grupos de pessoas e intervenções terapêuticas(5).

Em relação ao constructo QV, pesquisadores enfatizam uma visão biológica e funcional, como saúde funcional e incapacidade/deficiência; outros enfatizam fatores sociais e psicológicos como, por exemplo, bem-estar, satisfação e felicidade(7).

Para um melhor entendimento sobre o uso do termo QV no meio científico, torna-se necessária uma abordagem dos aspectos históricos relacionados a estorna-se conceito.

1.2.1 - Aspectos históricos e evolução do conceito Qualidade de Vida

A Segunda Grande Guerra Mundial constitui um marco importante para o mundo em geral. Após as repercussões desse importante fato, o conceito de “boa vida”, que inicialmente esteve relacionado aos bens materiais adquiridos (casa própria, carro, eletrodomésticos, aplicações financeiras, uma boa aposentadoria, viagens, entre outros)

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Introdução 43

começa a ser explorado. Nessa ótica, a QV é avaliada por indicadores econômicos como renda percapita, produto interno bruto (PIB), taxa de desemprego, dentre outros. Nesse sentido, os países que possuem melhores indicadores econômicos, deveriam ter suas

populações com uma melhor QV(8,9).

Com o decorrer dos anos, o conceito evoluiu com a inclusão do critério relacionado ao desenvolvimento social, ou seja, educação, moradia, transporte, lazer, trabalho e crescimento individual. Houve ampliação dos indicadores, acrescentando-se a mortalidade infantil, a esperança de vida, a taxa de evasão escolar, o nível de escolaridade, a taxa de violência, o saneamento básico, o nível de poluição, as condições de moradia e trabalho, a qualidade do transporte e lazer. Alguns países avançaram com políticas de bem-estar social(8,9).

Assim, indicadores econômicos e sociais, na década de 1960, deixaram de ser exclusivos na avaliação da QV dos indivíduos. A opinião das pessoas sobre a sua própria vida ganhou importância e destaque nessa avaliação, surgindo então as nomenclaturas “qualidade de vida subjetiva” ou “qualidade de vida percebida pelas pessoas”. (5,8,10,11).

A partir da década de 1960, os estudos sobre QV passaram a considerar a avaliação da própria pessoa, surgindo então uma preocupação com os métodos e instrumentos para a avaliação da QV(12).

Assim, o conceito de QV passou a ser descrito por vários grupos de estudiosos sobre o tema, em diferentes momentos da história do mundo. Nas pesquisas da área da saúde, a QV tem sido utilizada como um conceito amplo, que inclui aspectos sociológicos e não está diretamente relacionada a disfunções e agravos. Portanto, na avaliação de QV, as amostras populacionais são formadas por populações saudáveis e/ou doentes, ou em tratamentos específicos. A definição atualmente mais aceita para este constructo foi

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Introdução 44

estruturada por um grupo de especialistas da Organização Mundial da Saúde (OMS)(10) e

consiste na ”... percepção do indivíduo acerca de sua posição na vida, de acordo com o contexto cultural, o sistema de valor com os quais convive e em relação a seus objetivos, expectativas, padrões e preocupações”.

Embora a importância da avaliação da QV seja um fato, ainda não há um consenso entre os estudiosos quanto a sua definição. O que existe é a concordância entre os pesquisadores sobre alguns aspectos fundamentais desse construto, como a subjetividade e a multidimensionalidade(10).

Subjetividade relaciona-se à percepção da pessoa sobre todas as dimensões que envolvem a sua QV, ou seja, à existência de condições externas às pessoas, presentes no meio e nas condições de vida e trabalho, influenciam a avaliação que elas fazem de sua QV(10,12,13).

A multidimensionalidade está vinculada ao reconhecimento de que o construto QV é composto por muitos domínios ou dimensões, considerando dimensões “um conjunto de questões agrupadas que se referem a uma determinada área do comportamento ou da condição humana” (p. 129). É consenso entre os pesquisadores que a QV inclui pelo menos três dimensões: a física, a psicológica e a social, ou seja, um instrumento de avaliação de QV deve contemplar no mínimo questões relacionadas a esses três elementos, por exemplo(10,11,13).

A bipolaridade, outra característica do construto QV, é justificada pela existência

de dimensões positivas e negativas no construto(10). O desempenho dos papéis sociais e

a autonomia são exemplos de elementos positivos, enquanto dor e dependência, exemplos de elementos negativos(14).

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Introdução 45

No Brasil, em 2000, foi iniciado um trabalho para a elaboração de um instrumento de avaliação da QV de idosos considerando a sua opinião e, após um grande aprofundamento do assunto, foi acrescentada mutabilidade às características do construto QV, sendo que seu autor justifica essa inclusão referindo que a avaliação da QV muda com o tempo, pessoa, lugar e contexto cultural; em uma pessoa, a mudança ocorre conforme seu estado de espírito ou de humor, característica que pode aumentar a dificuldade de aferição da QV. Nessa mesma pesquisa, o autor também aborda a complexidade do tema QV, por se tratar de um assunto de difícil conceituação, com múltiplas definições, instrumentos de avaliação e técnicas de aferições(5).

Com o avanço dos estudos, a QV ganhou destaque e se consolidou como um importante indicador, tanto na prática clínica, quanto em pesquisas científicas na área da saúde, sendo utilizada para avaliar e estimar desfechos de pesquisas, efeitos de intervenções(12,15,16), além do impacto no bem-estar físico, psicológico e social do

indivíduo(5).

Atualmente, sabe-se que a avaliação da QV possibilita maior acurácia das avaliações individuais e coletivas dos estados de saúde. As medidas de QV tem sido utilizadas em triagem e monitoramento de problemas psicossociais, estudos populacionais sobre percepção dos estados de saúde, auditoria médica, medidas de resultados em serviços de saúde, ensaios clínicos e análises econômicas, de forma a garantir uma melhor QV às pessoas(11).

O conceito QV tem sido utilizado como uma definição genérica, geralmente utilizada em estudos com indivíduos saudáveis e não se restringe às afecções. A QV pode ainda ser encontrada e empregada como sinônimo de estado de saúde, bem-estar subjetivo, satisfação com a vida, felicidade, dentre outros(12).

(46)

Introdução 46

A QV pode refletir o impacto físico e psicossocial que enfermidades ou incapacidades podem desencadear nas pessoas. Assim, há a possibilidade de conhecer melhor o paciente e sua adaptação à condição atual. Portanto a QV passa a ser incorporada aos serviços de saúde, influenciando decisões e condutas terapêuticas(12,17,18).

O conceito QV é considerado amplo e aborda inúmeras dimensões relacionadas à vida do indivíduo. Outro conceito utilizado nessa área do conhecimento é QVRS, que tem sido utilizada de forma semelhante à QV, entretanto, sobretudo em pesquisas que

abordam com maior precisão a intervenção em saúde ou nas afecções(12).

1.2.2 - Qualidade de Vida Relacionada à Saúde (QVRS)

O desenvolvimento tecnológico e o consequente progresso das ciências da saúde estão prolongando a expectativa de vida das pessoas. Atualmente, afecções que eram letais passaram a ser controladas ou até mesmo curáveis. Hoje, o indivíduo vive mais tempo e convive com uma forma mais leve e/ou assintomática de uma ou mais afecções. Mensurar a qualidade dos anos a mais vividos passou a ganhar importância. Assim, o conceito de QV, passa a ser utilizado como medida de desfecho de saúde, aspecto de grande valor, especialmente para a parcela da população definida como idosa(13).

Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS)(19), a saúde é definida como: “...

o estado de completo bem-estar físico, psíquico e social e não meramente ausência de doença ou enfermidade”. Essa é uma definição abrangente, que incorpora diferentes aspectos da vida do indivíduo, assim, a partir desse conceito, para medir a saúde é necessário considerar que saúde é, então, muito mais do que a mera “ausência de doença”, mas sim, um estado de bem-estar que está associado à QV.

(47)

Introdução 47

A avaliação da QV na área da saúde, bem como, nos desfechos dessa área, é conhecida como QVRS. A QVRS é definida, de forma geral, como o funcionamento físico, incluindo os domínios emocional e social do indivíduo(18,19).

Os instrumentos genéricos de avaliação de QVRS têm como vantagens a possibilidade de avaliação de vários domínios ao mesmo tempo, a possibilidade de serem usados em qualquer população e o fato de permitirem comparações entre pacientes com diferentes patologias. A grande desvantagem é o fato de que podem não demonstrar alterações em aspectos específicos. Existem basicamente dois tipos: os perfis de saúde, como o Short-Form Health Survey (SF-36), o Nottingham Health Survey (NHP), o Sickness Impact Profile (SIP), o McMaster Health Index Questionnaire (MHQ), e os índices de saúde ou medidas de utilidade, que estão associados à preferência dos

pacientes por um determinado estado de saúde ou por um determinado tratamento(11).

A avaliação da QVRS tem sido utilizada em diferentes contextos. Exemplos disso são: a medida da auto-percepção da saúde em estudos de base populacional(11), a

avaliação de serviços de saúde(20) e de tratamentos de diferentes afecções(21,22), a

predição de hospitalização e mortalidade(23), os estudos com intervenção(24,25), a avaliação

de custos em serviços de saúde(26), dentre outros, todos com a finalidade de identificar

situações que possam contribuir para a melhora da QVRS..

Especialmente nos idosos, sujeitos que estão convivendo com doenças crônicas há muito mais tempo, o impacto da doença na QVRS deve ser avaliado e monitorizado, com ênfase na avaliação da capacidade funcional e do bem-estar(27).

(48)

Introdução 48

1.2.3- Instrumentos para avaliação da QVRS

A utilização de instrumentos específicos e genéricos para a mensuração da QV e QVRS, já testados e validados em diferentes países e culturas, seguros e precisos nas pesquisas científicas. Os instrumentos específicos avaliam efeitos particulares sobre a QVRS num grupo em determinada situação e são mais sensíveis para detectar alterações após uma intervenção. Os instrumentos genéricos foram desenvolvidos, dentre outras coisas, para o estudo da QV e QVRS de indivíduos e da população geral, que pode demonstrar o impacto de uma situação sobre a vida de pessoas em diferentes populações(28).

Existem muitos instrumentos específicos e genéricos para avaliar a QV, e dentre aqueles já traduzidos e validados no Brasil, destacam-se como específicos: o WHOQOL-Old para avaliação da QV em idosos. Dentre os genéricos destacam-se o World Health Organization Quality of Life (WHOQOL-100 e WHOQOL-breve) para avaliação da QV, o The Medical Outcomens Study 36-item Short-Form Health Survey (SF-36) e o The Medical Outcomens Study 12-item Short-Form Health Survey (SF-12), muito utilizados na avaliação de QVRS de diferentes grupos de pessoas.

Embora genéricos, a maioria desses instrumentos foi elaborada para ser aplicada em população de adultos, desconsiderando as diferentes faixas etárias e suas peculiaridades. Pesquisadores sugerem adaptações de instrumentos e validação desses em grupos específicos da população(29,30).

O WHOQOL é um instrumento genérico para avaliação de QV. Elaborado pela OMS e com a colaboração de 15 centros internacionais, resultou no desenvolvimento do

(49)

Introdução 49

WHOQOL-100 e, posteriormente, da versão resumida, o WHOQOL-breve, ambos já traduzidos e validados no Brasil(31,32).

Outro instrumento muito utilizado em pesquisas internacionais e nacionais é o SF-36. Trata-se de um questionário genérico de avaliação da QVRS, mas que apresenta grandes vantagens, dentre as quais destaca-se sua versatilidade, por ser utilizado como índice discriminativo, avaliativo e preditivo que pode ser aplicado como entrevista e como instrumento auto-administrável(33).

Atualmente, existe a preocupação de não sobrecarregar a população com a aplicação de instrumentos muito extensos, gerando uma busca por instrumentos semelhantes, porém mais curtos, de fácil e rápida aplicação. Nesse sentido, o Medical Outcomens Study 12-item Short-Form Health Survey (SF-12) é uma alternativa à substituição do SF-36(34-36).

O SF-12 é considerado uma boa opção para a avaliação da QVRS em estudos populacionais, é frequentemente utilizado para comparar o estado de saúde entre grupos de pacientes, para rastrear problemas de saúde e identificar preditores do estado de saúde. Desde sua elaboração, em 1994, o SF-12 se mostra um instrumento de rápida aplicação e apresenta satisfatoriamente as medidas psicométricas, a exemplo daqueles obtidos com o SF-36, ao manter uma acurácia de 90%. Dessa forma, seus resultados

podem ser comparáveis aos do SF-36, quando aplicado em grandes populações(34-39).

Em 2000(40), autores apresentaram uma nova versão do SF-12, mas com

alterações substanciais. Dentre elas destacam-se: a melhora das instruções do questionário, a adequação de palavras tornando-as mais familiares e menos ambíguas, a melhora do formato do questionário, facilitando a leitura e a compreensão, além da

(50)

Introdução 50

redução de “missing” e das adequações no número de respostas às questões relacionadas às dimensões Saúde Mental e Vitalidade(38).

O SF-12 foi validado nos EUA(41), na Austrália(42), em Israel(30), na Noruega(22), na

Suíça(43), para diferentes populações e utilizado nas mais diversas áreas do

conhecimento. No Brasil, poucos estudos foram publicados utilizando o SF-12, destacando-se a validação para indivíduos com esclerose sistêmica progressiva e com

Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica(44,45). Porém, o SF-12 pode ser considerado

traduzido e validado nos países em que já foi realizada a tradução e a validação do

SF-36, uma vez que os itens que compõem o SF-12 tem origem do SF-36(33).

Durante a aplicação do SF-12 em 46 pacientes com esclerose sistêmica progressiva, foi identificada boa reprodutibilidade do instrumento nesses sujeitos, contudo, os autores sugerem adequado delinear a amostra populacional e recomendam o uso do SF-12 apenas em pesquisa clínica, e não na aplicação individual, em consultas médicas(44).

O SF-12 foi utilizado numa amostra de 30 pessoas do Projeto Platino, com Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica. Após a tradução e todas as análises psicométricas, foi considerado validado no Brasil para indivíduos com Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica(45).

Ainda no Brasil, uma pesquisa de base populacional avaliou a compreensão da linguagem oral em idosos de uma comunidade de baixa renda, em que o SF-12 mostrou-se um instrumento capaz de verificar fatores relacionados à saúde mental, esmostrou-senciais na habilidade de compreensão oral do idoso(46).

(51)

Introdução 51

O cálculo da pontuação total do SF12 é realizado por meio de sistemas de calibração, com o uso de algoritmos para o cálculo final, visando minimizar a perda do poder discriminatório em situações específicas(37).

A análise dos resultados do SF-12 é efetuada mediante a atribuição de escores resumidos em dois grandes componentes, físico ou “physical component score” (PCS) e mental ou “mental component score” (MCS). A padronização desses escores possibilita o uso dos dois componentes com média de 50 e desvio padrão de 10, derivadas das análises estatísticas usadas na população geral dos Estados Unidos da América (EUA)

entre 1990 e 1998(35,38). Para cada questão os valores são transformados em uma escala

de 0 (zero) a 100, em que o zero equivale a uma pior QVRS e 100 a uma melhor QVRS(35,45).

É importante ressaltar que o uso do SF-12 em artigos científicos, expõe algumas limitações relatadas na literatura: escore muito resumido que não considera informações importantes sobre a QV na velhice(43), uso restrito apenas a estudos clínicos(44) e

populacionais(11), especialmente quando aplicados em idosos com dificuldade visual e de

compreensão para completar o instrumento(47).

Além disso, um estudo considerou os idosos que não responderam a todas as perguntas do questionário SF-12, ao associar a ausência de respostas à idade avançada, dentre outras características como: sexo feminino, baixa escolaridade, necessidade de auxílio para atividades da vida diária(47). Nesse sentido, há recomendações para que, em

idosos, o SF-12 seja aplicado sob forma de entrevista, com o objetivo de garantir o completo preenchimento do instrumento(41,47).

Estudos de intervenção ainda são escassos, o que aponta para uma possível dificuldade dos estudiosos e pesquisadores em realizar pesquisas dessa natureza.

(52)

Introdução 52

O SF-12, quando comparado ao WHOQOL-Breve, mostrou-se um instrumento de avaliação da QVRS limitado, pois não possibilitou avaliar associação com outras

dimensões da QV(47), porém, pesquisadores referem que, quando cada resposta é

avaliada individualmente, é possível obter melhores informações do que com os escores dos componentes do SF-12 e assim, podem fazer diferença nas pesquisas sobre QVRS na velhice(43).

Na versão israelense(30), os autores chamaram a atenção para possíveis ajustes

estatísticos para a os escores do componente físico e do escore do componente mental,

exclusivamente para idosos com idade mais avançada(41).

1.2.4 - Qualidade de vida na velhice

O envelhecimento biológico é marcado pelo declínio progressivo das funções orgânicas do indivíduo e é um processo individual, ou seja, cada pessoa tem o seu próprio processo de envelhecimento, de acordo com sua história de vida e o meio em que vive.

O envelhecimento é um processo do ciclo vital ainda pouco esclarecido pela ciência. Teorias sobre o envelhecimento permeiam as diferentes justificativas sobre os limites do processo de envelhecimento. Seja a idade cronológica, a idade biológica, idade social, o processo de envelhecimento ocorre e deve ser visto considerando todas as peculiaridades desse processo vital(49). O envelhecimento pode ser conceituado como

“...um processo dinâmico e progressivo, no qual há modificações morfológicas, funcionais, bioquímicas e psicológicas, que determinam perda da capacidade de adaptação do indivíduo ao meio ambiente, ocasionando maior vulnerabilidade e maior incidência de processos patológicos que terminam por levá-lo à morte” (49).

(53)

Introdução 53

O processo de envelhecimento é um processo natural e ocorre de forma diferente em cada pessoa, embora existam ainda muitos questionamentos sobre o conceito de normalidade, ou seja, o que seria considerado um envelhecimento normal. Pode ser considerado usual ou comum e bem sucedido ou saudável. No envelhecimento usual os fatores extrínsecos (tipo de dieta, sedentarismo, causas psicossociais, dentre outros) intensificam os efeitos adversos que ocorrem com o passar dos anos. Já no envelhecimento bem-sucedido, esses fatores, quando presentes, são de pouca importância, assim, as condições que podem estar associadas à velhice bem-sucedida seriam: baixo risco de afecções e de incapacidades funcionais relacionados às afecções; funcionamento mental e físico excelentes e, envolvimento ativo com a vida. A velhice é a fase da vida experimentada pelo velho ou idoso(49,50).

A OMS (1984) considera idosas, as pessoas com idade igual ou maior que 65 anos em países desenvolvidos, e igual ou maior que 60 anos em países em desenvolvimento(19). No Brasil, a Política Nacional do Idoso em vigência no país desde

1998, considera o idoso a pessoa com idade igual ou maior que 60 anos(51,52).

A partir da implantação dessa política, estabelecidos seus pressupostos e parâmetros, uma nova sensibilidade social para a velhice tem surgido e tem sido apontada como um desafio para o indivíduo e para a sociedade brasileira. Essa sensibilidade tem origem no aumento da consciência do envelhecimento populacional, mas também, nas mudanças sociais, na maneira como as pessoas vivem a velhice. Sabe-se que os idosos brasileiros, hoje em dia, são mais saudáveis, vivem mais tempo e são mais produtivos em relação aos idosos do passado. Além disso, o desejo de envelhecer mantendo a juventude, passa a ser uma possibilidade diante dos diversos segmentos profissionais e institucionais, por meio do melhor acesso às informações(53).

(54)

Introdução 54

Velhice é uma das fases da vida repleta de particularidades e limitações. Nas últimas décadas, inúmeros estudos têm sido realizados mundialmente, de forma a proporcionar melhorias nas vidas de pessoas que ultrapassam os 60 anos.

Atualmente, o crescente aumento da expectativa de vida nacional e internacional, é uma realidade. As pessoas estão vivendo por mais tempo e uma das preocupações mundiais, em todas as áreas do conhecimento, é a busca incessante por maneiras de fazer com que todos esses anos conquistados sejam vividos de forma saudável, de forma cada vez mais digna.

Nesse sentido, a avaliação da QV torna-se fundamental na avaliação dos idosos por possibilitar, de forma subjetiva, avaliar o que o indivíduo considera importante e o que não considera importante para a sua vida, tornando possível identificar caminhos que possam promover uma melhor QV, especificamente na velhice.

Qualidade de vida na velhice foi definida por Lawton(53) como: “...avaliação

multidimensional referenciada a critérios socionormativos e intrapessoais, a respeito das relações atuais, passadas e prospectivas entre o indivíduo maduro ou idoso e o seu ambiente”.

O construto de QV proposto por Lawton(53,54), um importante pesquisador de QV na

velhice, compreende quatro dimensões sobrepostas e inter-relacionadas: condições ambientais, competência comportamental, QV percebida e bem-estar psicológico, descritas a seguir.

A dimensão condições ambientais diz respeito ao ambiente objetivo e subjetivo, sendo objetivo tudo aquilo que circunda externamente o indivíduo e subjetivo, a percepção do ambiente pelo indivíduo, o que tem relação direta com o seu bem-estar

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Introdução 55

percebido, envolvendo o meio em que cada um vive, ou o que nos cerca, além do ambiente pessoal, social, familiar, ou melhor, as pessoas envolvidas e presentes nesse contexto(54-57).

A competência comportamental traduz a avaliação dos padrões sócio-normativos necessários para a adaptação do indivíduo ao mundo externo (saúde, funcionalidade física, cognição, comportamento social, utilização do tempo). Essa competência trata das reações do indivíduo frente às diferentes situações de sua vida e, portanto, depende das experiências e das condições de vida de cada um(54-57).

A qualidade de vida percebida depende da percepção do indivíduo sobre sua funcionalidade física, social, psicológica e sobre a sua competência comportamental, além do grau de satisfação do indivíduo com a própria vida, relacionado ao casamento, à vida familiar, à rede de amigos, ao trabalho, às atividades desempenhadas no tempo livre e à satisfação com a sua saúde(54-57).

A quarta e última dimensão, o bem-estar subjetivo, reflete a avaliação pessoal do conjunto e das relações com as demais dimensões. É um construto que inclui uma parte cognitiva relacionada à avaliação da pessoa sobre sua vida como um todo, ou de suas diversas dimensões, com o acréscimo de uma parte emocional, afetiva, relacionadas aos valores positivos (prazer) e negativos (desprazer), da vida e ao equilíbrio entre eles(55-58).

Embora o modelo de Lawton(54) se destaque por sua relevância na área de

geriatria e gerontologia, ele é bastante abrangente e possibilita, de um lado, uma abordagem multidimensional da QV na velhice e, de outro, dificulta sua operacionalização em pesquisas com o uso de todas as dimensões, uma vez que o instrumento proposto pelo autor é demasiadamente extenso.

(56)

Introdução 56

O envelhecimento mundial, associado às melhorias da QV desses sujeitos, evidencia que os idosos constituem uma população peculiar, que necessita de uma avaliação específica. É necessário que haja uma abordagem diferenciada no que se refere à definição conceitual de QV e aos instrumentos de pesquisa a serem aplicados, visto que, a maioria deles não considera especificamente essa faixa etária(60).

No Brasil, três estudos merecem destaque, pois consideraram a opinião do idoso sobre o que é importante para sua QV na elaboração de instrumentos específicos de avaliação da QV em idosos (5,6,60).

Paschoal(5) iniciou a construção de um instrumento para avaliação da QV do idoso

considerando a sua opinião. Para isso, foi elaborada uma lista de itens que, dentre eles, haviam sido sugeridos por um grupo de idosos. Posteriormente, em 2004, tendo como ponto de partida essa lista de itens, foi aplicado o método de impacto clínico que considera a importância atribuída a cada item e a frequência dos entrevistados. Como resultado dessa pesquisa, foram selecionados os 46 itens de maior impacto clínico e construído um instrumento multidimensional para a avaliação da QV, específico para idoso (6).

Outro instrumento de avaliação da QV específico para idosos, também validado no Brasil, é o WHOQOL-Old (Fleck et al., 2006) elaborado pelo Grupo WHOQOL, com base em uma metodologia transcultural simultânea, com a participação de vários países, inclusive o Brasil, com um protocolo para condução dos grupos focais com a população idosa(61).

A busca pela avaliação do próprio idoso sobre o que é importante para sua vida faz toda a diferença. O que é melhor ou pior para a sua QV, o que é mais importante e o

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Introdução 57

que não é importante, resulta de uma história de vida, de sua capacidade de enfrentamento, diante das diversas situações da vida.

1.2.5 - O que o idoso brasileiro considera importante para a sua QV?

Numa pesquisa com grupos focais, realizada com idosos brasileiros do Rio Grande do Sul, tanto doentes quanto saudáveis, foi possível identificar que para os idosos doentes, entre 60 e 80 anos, em relação à QV o mais importante era a saúde, a oferta de um suporte social, enquanto para os maiores de 80 anos era a saúde, a motivação, os filhos e netos, além do comer bem e o dinheiro; já para os saudáveis, entre 60 e 80 anos o que mais importava era participar de atividades voluntárias, além da religião, da saúde, do bom relacionamento com a família e, para os maiores de 80 anos, o importante era participar de uma organização social e sentir-se feliz(60).

Outro estudo que abordou o significado de “boa qualidade de vida” para idosos, concluiu que ter uma boa QV está relacionado a: ter amizades, viver sem dor importante, cuidar de si mesmo, ter casa própria, viver bem com a família, frequentar clubes, associações, igrejas e grupos, ter saúde, amar, gostar de si mesmo e ter motivo para viver(5).

Ao avaliar a QV entre idosos jovens e muito idosos, a pesquisa mostrou que a oportunidade de amar e sentir-se amado, estar satisfeito com as suas realizações, objetivos alcançados e projetos durante a vida, tem influência sobre a QV do idoso, independente da faixa etária. Para os idosos jovens, a participação em atividades do cotidiano na comunidade e a capacidade de tomar decisões tiveram maior impacto na QV, já para os mais idosos o temor sobre a morte e o morrer teve maior impacto na QV(62).

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Introdução 58

Durante o estudo que verificou os fatores associados à QV de idosos brasileiros, foi possível identificar a associação da QV com a percepção do estado de saúde, condições médicas, educação, atividades físicas e dependência para realizar Atividades da Vida Diária(3).

A maioria desses idosos se considera satisfeita com a vida. Estão satisfeitos com o conforto domiciliar, valorizam o lazer como QV, acordam sentindo-se bem pela manhã, fazem três ou mais refeições por dia, não sentem solidão, mesmo desacompanhados e, não são diabéticos. Essas foram as condições associadas à satisfação com a vida de um grupo de idosos. Esse estudo concluiu que a saúde e a independência foram as principais determinantes da felicidade. Outras condições associadas à QV foram: sistema de apoio, ser aceito pela comunidade, afetividade, descrição positiva do casamento e condições familiares que reforçam a percepção do convívio social e familiar(63).

Pesquisadores, por meio da pergunta ao idoso, “O que é qualidade de vida para o Sr (Sra)?”, obtiveram como resultado, respostas como: preservar relacionamentos interpessoais, manter uma boa saúde, manter o equilíbrio emocional, acumular bens materiais, ter lazer, trabalhar com prazer, vivenciar a espiritualidade que, naquela oportunidade, foram as principais categorias (de respostas) encontradas num grupo de idosos(64).

Ao realizar a análise do contexto social e sua relação com o bem estar subjetivo, felicidade e saúde, os autores concluíram que manter bons níveis de relações familiares, casamento e engajamento social, estão diretamente relacionados à felicidade e à satisfação, com consequente impacto na saúde das pessoas(65).

Considerando que o envelhecimento é um processo do ciclo vital, cheio de particularidades e especificidades, que a QVRS é uma forma de avaliar a saúde desses

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Introdução 59

sujeitos, bem como, um detalhe subjetivo de suas vidas, espera-se com esse trabalho identificar fatores associados à QVRS de idosos da comunidade, identificar por meio dessa avaliação dimensões que necessitam de intervenções, tanto para melhorar sua QVRS, quanto para a promoção de sua saúde.

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Introdução 60

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Objetivos - 62 -

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Objetivos - 63 -

2.1 - Objetivo Geral

Avaliar a QVRS de idosos por meio do SF-12 e de variáveis que contemplam as características peculiares dessa faixa etária.

2.2 – Objetivos específicos

- Avaliar a QVRS dos idosos do estudo SABE a partir dos componentes físico e mental do SF-12;

- Analisar a associação entre as variáveis em estudo (dados sociodemográficos, dados relacionados à saúde, relacionamento/apoio e bem-estar subjetivo) e os escores dos componentes físico e mental do SF-12.

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Objetivos - 64 -

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Materiais e Métodos - 66 -

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Materiais e Métodos - 67 -

A presente pesquisa baseia-se em dados do estudo SABE – Saúde, Bem estar e Envelhecimento – e é caracterizada como transversal, exploratória, descritiva e com abordagem quantitativa.

3.1 Estudo SABE - Saúde, Bem-estar e Envelhecimento

Estudo SABE – Saúde, Bem-estar e Envelhecimento(65-68)

O estudo SABE teve início após dados epidemiológicos mostrarem um envelhecimento rápido e precoce na América Latina, com sérias consequências relacionadas à desigualdade socioeconômica e às demandas de saúde para essa população. O estudo SABE foi financiado e inicialmente coordenado pela Organização Pan Americana da Saúde (OPAS/OMS), tendo como objetivo identificar o perfil das condições de vida e saúde de idosos residentes em áreas urbanas de sete cidades da América Latina e Caribe(68-70).

A primeira fase da pesquisa teve um delineamento transversal e foi realizada em Bridgestown (Barbados); Buenos Aires (Argentina); São Paulo (Brasil); Santiago (Chile); Havana (Cuba); Cidade do México (México) e Montevidéu (Uruguai), no período de

outubro de 1999 a dezembro de 2000(69). A segunda fase, em 2006, foi restrita ao Brasil,

país em que a pesquisa passou a ser longitudinal, com seguimento da coorte dos idosos entrevistados em 2000 e o financiamento de Instituições locais.

(68)

Materiais e Métodos - 68 -

3.1.1- Sujeitos do estudo SABE

A população do estudo SABE foi composta por indivíduos de 60 anos ou mais, residentes na comunidade - no ano de 2000 - na área urbana do município de São Paulo e, teve como base para o cálculo do tamanho amostral, a contagem populacional do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) de 1996. Essa amostra populacional foi obtida em duas etapas: a primeira, realizada por sorteio, correspondeu à amostra probabilística formada por 1568 entrevistas. A segunda etapa correspondeu a uma amostra intencional, formada por 575 indivíduos residentes nos distritos em que foram realizadas as entrevistas anteriores, correspondendo ao acréscimo para compensar a mortalidade da população de maiores de 75 anos e completar o número necessário de entrevistas nessa faixa etária.

Para sorteio dos domicílios, utilizou-se o método de amostragem por conglomerados em dois estágios. O primeiro, sob o critério de partilha proporcional ao tamanho, foi utilizado o cadastro permanente de 72 setores censitários, do total de 263 cadastrados na Faculdade de Saúde Pública da Universidade de São Paulo para a realização da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio (PNAD). No segundo estágio, o número mínimo de domicílios sorteados foi de aproximadamente 90 em cada setor sencitário. A complementação da amostra de 75 anos e mais, foi realizada por meio da localização de moradias próximas aos setores selecionados ou dentro dos limites dos distritos aos quais pertenciam os setores sorteados(70,71).

Os dados encontrados foram ponderados de acordo com o setor censitário do qual faziam parte (peso=1/f). Para o preenchimento dos questionários aplicados aos idosos dos domicílios selecionados e que não haviam sido sorteados (faixa etária de 75 anos e mais), o cálculo do peso foi realizado de acordo com a relação da população de idosos de

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Materiais e Métodos - 69 -

ambos os sexos, desses grupos etários, residentes no município de São Paulo em 1998 e, o número de idosos nessas mesmas faixas etárias, encontradas na amostra final do estudo(70,71).

3.1.2- Procedimento de coleta de dados

Em 2006 (A06), na segunda fase do estudo SABE, os idosos foram reentrevistados em suas moradias, no município de São Paulo. As entrevistas foram realizadas com o próprio idoso e na impossibilidade do idoso responder às, em razão de problemas físicos e/ou cognitivos, houve a participação de um informante auxiliar (proxi-respondente). Em 2000, a coleta de dados da coorte ocorreu em duas etapas. Na primeira, foram respondidas questões das seções A a J, e na segunda, que ocorreu de um a seis meses após a primeira, as seções K e L. Essa divisão foi necessária porque além do questionário ser extenso, as seções K e L necessitavam da realização de alguns testes que exigiam equipe e material específicos. Em 2006 houve inversão, ou seja, primeiramente foram realizadas as seções que necessitavam de equipe e de material específico para, depois serem realizadas as entrevistas. Também foram acrescentadas duas novas seções ao questionário, seções M e N.

Nessa segunda etapa, em 2006, após extensa busca, foram localizados, reentrevistados e reavaliados 1115 idosos dos 2143 indivíduos que fizeram parte da coorte de 2000. Nesse momento, foram realizadas 1115 entrevistas daquelas 2000 anteriores, com idosos maiores de 65 anos de idade. A diferença no número de entrevistas se deu pelos motivos descritos na Tabela 1.

(70)

Materiais e Métodos - 70 -

TABELA 1 - Distribuição do número e da proporção de idosos segundo o status. Município de São Paulo (SP), 2000-2006. São Paulo, 2006.

Status do idoso N %

Entrevistados 1115 56,8

Óbitos 649 22,9

Recusas 177 9,6

Não localizados 139 7,8

Mudança para outros municípios 51 2,5

Institucionalizações 11 0,4

Total 2143 100

Fonte: Estudo SABE, 2000-2006.

Em 2006, foi introduzida uma nova coorte (B06), uma nova amostragem probabilística da população idosa do município de São Paulo, com idade entre 60 e 65 anos (64 anos, 11 meses e 29 dias) e entrevistados 298 idosos. Para que essa amostra fosse acrescentada à de 2000, com base na análise dos novos dados colhidos, foi considerado um ajuste estatístico para que a população fosse representativa da população idosa de 2006. Portanto, em 2006 foi entrevistado um total de 1413 idosos.

3.1.3- Instrumento utilizado no estudo SABE

Em 2000, os dados obtidos pelo estudo SABE tiveram origem em um questionário específico (ANEXO 1) e padronizado, composto por 13 seções que abrangem vários aspectos da vida do idoso, resumidos e descritos a seguir:

(71)

Materiais e Métodos - 71 -

Seção A – Dados pessoais

Dia, mês, ano e país de nascimento; local de residência durante os primeiros 15 anos de vida; local de residência durante os últimos cinco anos de vida e, quando necessário, os motivos para mudança de residência; história e estado marital; número de filhos; sobrevivência dos pais ou idade em que faleceram; escolaridade.

Seção B – Avaliação cognitiva

Autoavaliação da memória; avaliação da memória pelo teste do mini exame do estado mental (MEEM), modificado e validado no Chile para a realização do estudo. Para os que tivessem escore igual ou inferior a 12 pontos, uma escala de desempenho funcional foi administrada a um proxi-respondente (informante substituto), com base na questão “ é capaz de...”.

Seção C – Estado de Saúde

Auto-avaliação da saúde atual e da saúde comparativa ao ano anterior; saúde da infância; afecções referidas, considerando nove das condições crônicas mais prevalentes na população idosa e seu tratamento; hábitos, condições sensoriais; saúde reprodutiva; saúde bucal; ocorrência de quedas; escala de avaliação de depressão geriátrica e mini screening nutricional.

Seção D – Estado funcional

Avaliação do desempenho funcional e da ajuda recebida (quando necessário) nas atividades básicas e identificação dos cuidadores principais.

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