DISCUTINDO SOBRE OS ESPAÇOS DE TRABALHO DOS PEDAGOGOS
(2010)
1ALVES, Bruna Pereira
2; RIBEIRO, Eliziane Tainá Lunardi³; SIQUEIRA, Gabriely
Muniz
4; MANCKEL, Maria Cecília Martins
5; FOLLMANN, Natiele
6; FERREIRA,
Liliana Soares
71Trabalho de Pesquisa _UFSM financiado por PIBIC/ CNPq, PROBIC/ FAPERGS, FIPE/UFSM.
2Curso de Mestrado em Educação da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), Santa Maria,
RS, Brasil.
3Curso de Educação Especial Licenciatura Plena da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM),
Santa Maria, RS, Brasil.
4Curso de Pedagogia Licenciatura Plena da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), Santa
Maria, RS, Brasil.
5 Curso de Pedagogia Licenciatura Plena da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), Santa
Maria, RS, Brasil.
6 Curso de Pedagogia Licenciatura Plena da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), Santa
Maria, RS, Brasil.
7Doutora em Educação; professora do Programa de Pós-Graduação da Universidade Federal de
Santa Maria (UFSM), Santa Maria, RS, Brasil.
E-mail: brualves_22@yahoo.com.br; elizianetaina@yahoo.com.br; gabriely_ms@hotmail.com;
fazerhistoria@yahoo.com.br; nattyfollmann11@hotmail.com; anaililferreira@yahoo.com.br.
RESUMO
Esta pesquisa busca identificar os espaços de Trabalho e Emprego dos pedagogos que concluíram o curso de Pedagogia na UFSM de 1997 a maio de 2009. Pretende-se, dialeticamente, entender as condições/relações de emprego/não-emprego no contexto contemporâneo, especialmente as relativas ao trabalho do pedagogo, tendo a escola como potencial ambiente de trabalho desses profissionais. A metodologia da pesquisa fundamenta-se em pressupostos científicos, tendo como abordagem a pesquisa de cunho quanti-qualitativo e, como procedimento, um amplo Estudo de Caso. A técnica de coleta utilizada nesta investigação é pesquisa survey, em que foram enviados, por e-mail, questionários aos pedagogos. No momento está acontecendo a análise
das respostas desses questionários em relação às categorias Trabalho, Emprego e Pedagogia.
Palavras-chave: Emprego; Trabalho; Pedagogia. 1. INTRODUÇÃO
O estudo aqui apresentado é parte do projeto “Multifaces do Trabalho” desenvolvido pelo grupo Kairós – Grupo de Estudos e Pesquisa sobre Trabalho, Políticas Públicas e Educação. O foco do trabalho apresentado é a Pedagogia, o trabalho e emprego dos pedagogos em distintos contextos.
Tem-se percebido que, embora muitos acadêmicos concluam o Curso de Pedagogia, não há número significativo de pedagogos nas escolas. Portanto, propôs-se desenvolver
este estudo a fim de identificar os espaços que os pedagogos ocupam no mundo do trabalho através de interlocuções com egressos do Curso de Pedagogia desde 1997 até maio de 2009. Esta proposta visa a entender se os pedagogos estão empregados, desempregados ou abdicaram da prática da Pedagogia. Que sentidos os egressos de Pedagogia atribuem à relação trabalho e emprego/não-emprego? Os que ainda não estão trabalhando e desejam atuar como pedagogos, o que pensam acerca da relação entre ser portador de um diploma de Pedagogia e não estar trabalhando ou estar empregado? Quais as possibilidades de emprego e trabalho para o pedagogo?
No decorrer desse trabalho apresenta-se algumas características em relação ao desenvolvimento da pesquisa, suas categorias, seus sujeitos e seus resultados.
2. METODOLOGIA
Para o desenvolvimento metodológico da investigação, utilizou-se uma abordagem de cunho quanti-qualitativo, acreditando que esta, responde melhor ao que se propõe desenvolver. Como procedimento realizar-se-á um amplo Estudo de Caso. Chizzotti (2006), afirma que o Estudo de Caso tem como objetivo, “[...] apresentar os múltiplos aspectos que envolvem um problema, mostrar sua relevância, situá-lo no contexto em que acontecem e indicar as possibilidades de ação para modificá-lo” (CHIZZOTTI, 2006, p. 103).
Neste estudo, a técnica de coleta de dados utilizada é pesquisa survey, entendida como um método de coleta rápida de dados (por meio tecnológicos), possibilitando análise quantitativa e qualitativa. Utilizando esta técnica, o grupo enviou aos egressos do Curso de Pedagogia, por e-mail, um questionário composto por quatro questões relacionadas ao ambiente de trabalho no qual o pedagogo egresso está ou não inserido.
A pesquisa survey foi escolhida como técnica de coleta pelo fato de haver um número elevado de egressos, o que impossibilitaria a realização de entrevistas presenciais individuais.
Para a análise dos questionários baseia-se na Análise de Conteúdo de Bardin (2006), entendida como “[...] um conjunto de técnicas de análises das comunicações. Não se trata de um instrumento, mas de um leque de apetrechos; ou, com maior rigor, será um único instrumento, mas marcado por uma grande disparidade de formas e adaptável [...]” (BARDIN, 2006, p. 27). Através desta técnica de análise buscou-se um olhar mais aprofundado dos dados, realizando a categorização de questões freqüentes e importantes acerca das respostas dos questionários.
Após a análise dos questionários serão realizados grupos de interlocução, entendidos como “[...] um encaminhamento da pesquisa capaz de torná-la atividade que
congrega os sujeitos envolvidos, tendo a linguagem como ambiente da produção coletiva dos sentidos e do continuo redimensionamento da ação, visando a encontrar respostas ao problema” (FERREIRA, 2006, p. 38). Neste grupo reunir-se-á as entrevistadas para discutir sobre as categorias Trabalho, Emprego e Pedagogia, problematizando sobre o sentido com que estas categorias apareceram nas respostas.
Nesta etapa da investigação estão sendo analisados os questionários a partir das categorias Trabalho, Emprego e Pedagogia.
3. RESULTADOS E DISCUSSÕES
Considerando a primeira etapa do projeto, em que foram enviados e-mails aos Pedagogos que concluíram o Curso de Pedagogia do ano de 1997 a maio de 2009, explicando-lhes o projeto e questionando seu interesse em participar da pesquisa, iniciou-se a próxima etapa. Foram enviados questionários que compreendiam a temática da investigação.
Este questionário foi composto por quatro questões em relação à função profissional que é ocupada atualmente: trabalhando na área da educação? Estudando? Trabalhando em outra área? Desempregado? Quais os desafios e perspectivas em relação à profissão de Pedagogo?
A partir das respostas dos egressos iniciou-se o processo de análise dos questionários. Até o momento, percebeu-se que muitos pedagogos encontram-se trabalhando em áreas distintas da Pedagogia por, segundo eles, falta de oportunidade, insatisfação em relação ao salário, opção pessoal, por estarem cursando pós-graduação.
Tem-se observado que alguns pedagogos acreditavam que teriam uma vantagem em relação a outros por terem um diploma de nível superior, porém, perceberam que a obtenção deste não foi suficiente para garantir-lhes um emprego na área da Pedagogia.
Alguns pedagogos concluem o Curso de Pedagogia sem querer trabalhar como pedagogos. Muitos querem apenas um diploma de nível superior, não importando de que curso seja. Outros, alegam que a experiência exigida nas escolas privadas dificulta a entrada do Pedagogo que quer trabalhar como professor, considerando que o estágio curricular, desenvolvido durante a graduação, não é aceito como experiência. Quanto a escola pública, os egressos atribuem como dificuldade a necessidade de aprovação em um concurso. Estes dois fatores contribuem para que haja um grande número de pedagogos fora da área de Educação.
Na análise das respostas constatou-se que a maioria dos pedagogos considera como possibilidades de trabalho:
a) recursos humanos em empresas; b) ONGs,
c) gestão; d) hospitais;
e) asilos, lar assistencial; f) conselho tutelar.
Apesar disso, constatou-se que a maioria dos egressos, que afirmam estar trabalhando na área da educação, estão inseridos nas escolas como professores, acreditando que esta é uma das maiores possibilidades de emprego para o Pedagogo.
Estes são apenas alguns pontos analisados pelo grupo de pesquisadores, já que as análises dos questionários continuam a ser realizadas.
4. CONCLUSÕES
O trabalho aqui apresentado objetivou caracterizar, com base nos discursos dos egressos dos cursos de Pedagogia, desde 1997, quais os contextos, faces, perspectivas e desafios quanto ao trabalho/não-trabalho e emprego/não-emprego desses profissionais.
No decorrer das análises tem-se percebido que muitos pedagogos não estão trabalhando na área da educação por estarem estudando em cursos de pós-graduação, por falta de oportunidade, por insatisfação em relação ao salário, por opção pessoal, ou pela dificuldade encontrada na inserção nas escolas, já que as escolas privadas exigem experiência profissional além do estágio e, as escolas públicas, exigem aprovação em concurso.
Outro ponto importante a ser destacado sobre as análises é o fato dos pedagogos que já estão trabalhando na área da educação terem uma visão mais ampla do que seja o seu trabalho, saindo da sala de aula para os hospitais, empresas, gestão, ONGs, tutorias e aperfeiçoamento/estudos. Talvez essa relação esteja diretamente liga ao trabalho, por estarem nesse ambiente. Outra justificativa é o fato de a escola ser também um espaço para pensar a profissão e o trabalho dos pedagogos, talvez o melhor espaço para isso.
A investigação apresentada ainda está em andamento, já que os questionários ainda estão sendo analisados. Até o momento, percebeu-se que o Pedagogo não está sendo pensado como profissional no âmbito do trabalho/emprego, enfrentando dificuldades quando se refere a trabalhar na área da Educação.
REFERÊNCIAS
CHIZZOTTI, A. Pesquisa em ciências humanas e sociais. 8ª ed. São Paulo: Cortez, 2006.
FERREIRA, L. S. Trabalho, profissionalidade e escola no discurso das professoras dos anos iniciais do ensino fundamental. Tese de Doutoramento em Educação. Porto Alegre: UFRGS, 2006.