• Nenhum resultado encontrado

AULA DE CAMPO COMO ESPAÇO DE CONSTRUÇÃO DO SABER GEOGRÁFICO

N/A
N/A
Protected

Academic year: 2021

Share "AULA DE CAMPO COMO ESPAÇO DE CONSTRUÇÃO DO SABER GEOGRÁFICO"

Copied!
8
0
0

Texto

(1)

5ª. EDIÇÃO REVISTA ELETRÔNICA PRO-DOCÊNCIA/UEL. Edição Nº. 5, Vol. 1, jul-dez. 2013. ISSN 2318-0013- DISPONÍVEL EM: http://www.uel.br/revistas/prodocenciafope AULA DE CAMPO COMO ESPAÇO DE CONSTRUÇÃO DO SABER GEOGRÁFICO

Romilda Castelar Citon1 Wilson Aparecido Paschoal 2 Diego Pianovski3 Patrícia Fernandes Paula Shinobu4 Jeani Delgado Paschoal Moura 5

RESUMO: Este relato de experiência apresenta os resultados de práticas de trabalho de campo vivenciadas em um colégio estadual de Londrina com o apoio do Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência (PIBID). O referencial se pauta em pesquisadores que defendem o trabalho de campo como metodologia capaz de articular a teoria com a prática consolidando uma aprendizagem significativa e contextualizada ao cotidiano vivido. A metodologia desenvolvida se pautou em aulas teóricas associadas à saída a campo como meio para consolidação das teorias estudadas, com apoio em técnicas de entrevistas, observação e percepção sistemática da realidade, registros fotográficos entre outros instrumentos. Os resultados comprovaram a importância do trabalho de campo na ligação entre a teoria e a prática, na medida em que proporciona uma nova visão de mundo, permitindo-lhe assimilar os conteúdos teóricos e contextualizá-los ao cotidiano vivenciado.

PALAVRAS-CHAVE: Trabalho de Campo; Educação Ambiental; Formação Docente.

1Professora Especialista em Geografia, docente do Colégio Estadual “Olympia Moraes Tormenta” e supervisora do Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência (PIBID). E-mail: romildacastelar@hotmail.com

2

Graduando em Geografia pela UEL e Bolsista do Programa de Bolsas de Iniciação à Docência (PIBID), do Curso de Geografia/UEL/CAPES. E-mail: wilsonpaschoal@pop.com.br

3

Licenciado em Geografia pela Universidade Estadual de Londrina (UEL); Aluno da Especialização em Ensino de Geografia na mesma instituição. Colaborador do Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência (PIBID), financiado pela Capes. E-mail: diego_trb@hotmail.com

4

Doutoranda pela Universidade Estadual de Maringá/UEM. Colaborador do projeto PIBID de Geografia da UEL. Docente do Departamento de Geociências da UEL. E-mail: patyfernandes@hotmail.com

5

Doutora em Ensino de Geografia pela UNESP/Presidente Prudente; Professora Adjunta do Departamento de Geociências; Coordenadora do PIBID/Geografia e colaboradora do Prodocência/UEL. E-mail: jeanimoura@uol.com.br

(2)

5ª. EDIÇÃO REVISTA ELETRÔNICA PRO-DOCÊNCIA/UEL. Edição Nº. 5, Vol. 1, jul-dez. 2013. ISSN 2318-0013- DISPONÍVEL EM: http://www.uel.br/revistas/prodocenciafope INTRODUÇÃO

Este trabalho se trata de um relato de experiência acerca dos resultados das ações desenvolvidas na disciplina de Geografia junto aos alunos Ensino Fundamental e Médio do Colégio Estadual “Olympia Moraes Tormenta” em atendimento às atividades previstas pelo Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência (PIBID), em parceria com a Universidade Estadual de Londrina. Trata-se de um programa que visa inserir os alunos de cursos de licenciaturas na realidade de sala de aula da rede pública estadual, tendo em vista a necessidade de proporcionar oportunidades de criação e participação em experiências metodológicas, tecnológicas e práticas docentes de caráter inovador e interdisciplinar que busquem a superação de problemas identificados no processo de ensino-aprendizagem. Da mesma forma, propõe-se a desenvolver nos professores que atuam nas escolas públicas de educação básica, ações de mobilização como co-formadores dos futuros docentes, contribuindo para o processo de formação inicial para o magistério. Busca-se, sobretudo, possibilitar uma reflexão sobre as potencialidades de implementação de ações didático-pedagógicas voltadas para a consolidação de experiências significativas de aprendizagem por meio do relato de trabalhos de campo realizados do desenvolvimento deste projeto.

TRABALHO DE CAMPO NO ENSINO DE GEOGRAFIA: PONTOS A CONSIDERAR

A realização das atividades descritas vincula-se às necessidades de construção de um ambiente educativo escolar dinâmico e em transformação, demandando a adoção de posturas diferenciadas que possam atender a característica de desenvolvimento global dos alunos e da própria sociedade.

Nestas condições, cabe reafirmar a importância da utilização de mecanismos que gerem aprendizagem significativa, sobretudo, no que diz respeito ao ensino de Geografia, dada a necessária articulação entre a aprendizagem significativa e a produção de novos conhecimentos, tendo em vista a complexidade dos conhecimentos que envolvem a disciplina.

(3)

5ª. EDIÇÃO REVISTA ELETRÔNICA PRO-DOCÊNCIA/UEL. Edição Nº. 5, Vol. 1, jul-dez. 2013. ISSN 2318-0013- DISPONÍVEL EM: http://www.uel.br/revistas/prodocenciafope

A Geografia assume, especialmente, um caráter dinâmico, posto que o conhecimento geográfico mostra-se em constante transformação, demandando novas formas de ver, sentir e agir sobre o mundo. Nesta nova forma de conceber o ensino da Geografia, o modelo de formação pautado somente na ideia de acúmulo de conhecimentos teóricos para posterior aplicação ao domínio da prática, não se mostra eficaz para atender a diversidade de alunos e de situações-problemas que emergem na sala de aula. Assim, busca-se respaldo em Pérez Gómes (1992) quando este afirma que é importante que os professores na sociedade contemporânea possibilitem a compreensão da aplicação da teoria à prática e das técnicas ao mundo real de sala de aula.

Reforça-se a importância do trabalho de campo como ferramenta pedagógica de incentivo à pesquisa e acompanhamento das transformações que demarcam o espaço em que a escola se encontra inserida, a partir das quais os alunos podem tirar suas conclusões, estabelecendo ligações entre as aulas teóricas e a realidade. Deve-se salientar que a condução das atividades da disciplina de Geografia pauta-se na concepção apresentada por Serpa (2006, p. 17), quando se postula que “O espaço é o todo verdadeiro para a Geografia e para o trabalho de campo necessário à produção do conhecimento geográfico”. Nesta mesma linha de pensamento, Lacoste (2006) enfatiza que a aprendizagem a partir do trabalho de campo começa a se tornar uma das reivindicações principais dos estudantes de Geografia.

Para De Marcos, enquanto um recurso didático o trabalho de campo é;

[...] o momento em que podemos visualizar tudo o que foi discutido em sala de aula, em que a teoria se torna realidade, se “materializa” diante dos olhos estarrecidos dos estudantes, daí a importância de planejá-lo o máximo possível, de modo a que ele não se transforme numa “excursão recreativa” sobre o território, e possa ser um momento a mais no processo ensino/aprendizagem/produção do conhecimento (DE MARCOS, 2006, p. 106).

Também Urquiza e Asari (2007, p. 285) corroboram a ideia de que o trabalho de campo apresenta-se como uma estratégia “[...] que esclarece de forma significativa os fundamentos teóricos aplicados dentro da sala de aula, além de transcender os objetivos

(4)

5ª. EDIÇÃO REVISTA ELETRÔNICA PRO-DOCÊNCIA/UEL. Edição Nº. 5, Vol. 1, jul-dez. 2013. ISSN 2318-0013- DISPONÍVEL EM: http://www.uel.br/revistas/prodocenciafope

almejados pelo professor”. Neste sentido, foram realizados dois trabalhos de campo no mês de dezembro de 2012, cujos resultados apresentam-se descritos na sequência.

Na primeira atividade, os alunos participaram de aula de campo que constou de visita ao Marco Zero. Trata-se de local que vem sendo revitalizado pelo Poder Público Municipal e cuja mata encontra-se preservada em muitas áreas, contando com árvores nativas e extensa área verde que propicia a observação das categorias geográficas de paisagem e lugar. Nesse campo, os alunos entraram em contato com o senhor Pedro da Mata, morador da mata e que atua há 40 anos na sua conservação e cuidados. Neste momento de interação, houve um diálogo com os alunos por cerca de uma hora e desenvolveu em sua explanação importantes tópicos de preservação ambiental (Figura 1). Nesta fase do trabalho, os alunos participaram ativamente, tirando dúvidas e demonstrando bastante interesse pelas ações relatadas pelo senhor Pedro da Mata.

Figura 1: Entrevista com Pedro da Mata, no Marco Zero de Londrina Foto dos autores (Dezembro de 2012)

Saindo deste local, os alunos foram para o Parque Arthur Thomas (Figura 2), que foi recentemente reinaugurado, tendo sido acrescido um mirante, do qual puderam apreciar o lago, alguns animais e o ribeirão Cambezinho. Foi feita uma caminhada pelas

(5)

5ª. EDIÇÃO REVISTA ELETRÔNICA PRO-DOCÊNCIA/UEL. Edição Nº. 5, Vol. 1, jul-dez. 2013. ISSN 2318-0013- DISPONÍVEL EM: http://www.uel.br/revistas/prodocenciafope

trilhas, intercalada com observações das paisagens sobre pequenos mirantes existentes no decorrer do caminho, possibilitando aos alunos visualizarem cachoeiras e as instalações da primeira usina hidrelétrica de Londrina ali erigida e que se encontra desativada.

Figura 2: Parque Municipal Arthur Thomas Foto dos autores (Dezembro de 2012)

De volta à escola, em momento posterior os alunos participaram de grupo de discussão acerca dos resultados das observações realizadas durante o trabalho de campo e puderam refletir sobre a questão ambiental e a importância de um posicionamento adequado frente à preservação como maneira de repensar o espaço e a manutenção de atitudes positivas de respeito e conservação do meio.

Diante dos resultados obtidos durante o trabalho de campo, é importante atentar para a ação do professor, que deve despertar o interesse dos alunos, discutindo e fazendo perguntas que agucem a curiosidade de tal forma que eles sintam a importância e a necessidade da atividade em complementação à aula teórica (TOMITA, 1999).

Na segunda atividade, foi proposta uma aula de campo que constou de caminhada pelos arredores da escola (Figura 3), com vistas a observar as construções e arquiteturas presentes nos bairros que circundam a instituição. Trata-se de região bastante povoada

(6)

5ª. EDIÇÃO REVISTA ELETRÔNICA PRO-DOCÊNCIA/UEL. Edição Nº. 5, Vol. 1, jul-dez. 2013. ISSN 2318-0013- DISPONÍVEL EM: http://www.uel.br/revistas/prodocenciafope

no município que vem sofrendo inúmeras transformações em sua dinâmica e que demanda novos olhares sob a perspectiva geográfica, sobretudo quando se analisa a questão de ocupação do território.

Figura 3: Caminhada no entorno da escola Foto dos autores (Dezembro de 2012)

Os alunos puderam analisar as mudanças verificadas no loteamento em meio às residências dos conjuntos habitacionais que existem nas proximidades da Quadra Norte. Da mesma forma, ao caminharem pela Avenida Saul Elkind – importante via de acesso da região – foi possível constatar a diversidade de atividades desenvolvidas pela população, registrando as distintas atividades econômicas dos bairros. Uma vez que a maioria dos alunos reside nos bairros visitados, foram obtidas muitas informações e houve uma aproximação entre os conteúdos trabalhados em sala de aula, porém com a inserção na realidade vivenciada pelos mesmos.

A experiência tornou possível contribuir para a ampliação do conhecimento sobre atuação docente e os recursos disponíveis para tornar mais sólida a construção dos conhecimentos científicos necessários à inserção dos sujeitos de aprendizagem em um universo mais ampliado, por meio da pesquisa em ação.

(7)

5ª. EDIÇÃO REVISTA ELETRÔNICA PRO-DOCÊNCIA/UEL. Edição Nº. 5, Vol. 1, jul-dez. 2013. ISSN 2318-0013- DISPONÍVEL EM: http://www.uel.br/revistas/prodocenciafope CONSIDERAÇÕES FINAIS

A partir da experiência vivenciada em atendimento às atividades previstas pelo PIBID, tornou-se possível constatar a efetividade do programa na medida em que promoveu a inserção dos alunos de cursos de licenciatura na realidade de sala de aula durante a realização de trabalhos de campo na disciplina de Geografia.

Foi possível constatar que a participação em experiências metodológicas diferenciadas fortalece a prática docente buscando a superação de problemas identificados no processo de ensino-aprendizagem. Desta forma, os resultados das ações realizadas conduzem à percepção de que a aprendizagem não se restringe aos limites da sala de aula, sobretudo quando se trata da Geografia, que requer uma aproximação mais direta, tendo em vista as especificidades da disciplina.

Da mesma forma, ao enfocar a importância do trabalho de campo, comprova-se sua eficácia no intuito de despertar novos interesses, tornando as aulas mais dinâmicas e concretas. Assim, a prática registrada comprovou a importância da ligação entre a teoria e a prática como fundamento para a proposição de um trabalho de campo, na medida em que pode proporcionar ao aluno uma nova visão de mundo, permitindo-lhe assimilar os conteúdos presentes no livro didático, os quais, muitas vezes, parecem distanciados da realidade vivida, dificultando a compreensão e subsequente consciência crítica necessária à construção efetiva do conhecimento.

Cabe ainda pontuar, nos moldes assinalados pelos autores consultados, que a formação do professor é um componente determinante para a efetividade das atividades voltadas ao trabalho de campo. Assim, a participação de alunos bolsistas torna-se ainda mais importante, uma vez que as pesquisas devem ser incentivadas no intuito de que os estudantes possam conhecer seus resultados e avaliar a necessidade – ou não – de sua utilização na prática docente.

REFERÊNCIAS

DE MARCOS, V. Trabalho de campo em geografia: reflexões sobre uma experiência de pesquisa participante. Boletim Paulista de Geografia n. 84. São Paulo, jul. 2006, p. 105-136.

(8)

5ª. EDIÇÃO REVISTA ELETRÔNICA PRO-DOCÊNCIA/UEL. Edição Nº. 5, Vol. 1, jul-dez. 2013. ISSN 2318-0013- DISPONÍVEL EM: http://www.uel.br/revistas/prodocenciafope

LACOSTE, Y. A pesquisa e o trabalho de campo: um problema político para os pesquisadores, estudantes e cidadãos. Boletim Paulista de Geografia n. 84. São Paulo, jul. 2006, p. 77-92.

PÉREZ-GOMES, A. O Pensamento prático do professor: a formação do profissional reflexivo. In: NÓVOA, A. (org.) Os professores e sua formação. Lisboa: Dom Quixote, 1992. p.103-114.

SERPA, Â. O trabalho de campo em geografia: uma abordagem teórico-metodológica. Boletim Paulista de Geografia n. 84. São Paulo, jul. 2006, p. 7-24.

TOMITA, L. M. S. Trabalho de campo como instrumento de ensino em Geografia. Geografia. V. 8, N. 1, Jan-Jun, Londrina, 1999, p. 13-15.

URQUIZA, M. e ASARI, A. Y. Trabalho de campo: fonte motivadora do ensino de Geografia. In: CALVENTE, Maria del Carmen M. H. et al. Múltiplas Geografias: ensino- pesquisa- reflexão. V. 4, Londrina: Edições Humanidades, 2007, p. 280- 301.

Referências

Documentos relacionados

Ao mesmo tempo ameaçando e reforçando a solidariedade social, a “exclusão” que é de ordem cultural e moral (mais do que material) põe em risco os laços que conectam

No Estado do Pará as seguintes potencialidades são observadas a partir do processo de descentralização da gestão florestal: i desenvolvimento da política florestal estadual; ii

A presente dissertação é desenvolvida no âmbito do Mestrado Profissional em Gestão e Avaliação da Educação (PPGP) do Centro de Políticas Públicas e Avaliação

de professores, contudo, os resultados encontrados dão conta de que este aspecto constitui-se em preocupação para gestores de escola e da sede da SEduc/AM, em

Na apropriação do PROEB em três anos consecutivos na Escola Estadual JF, foi possível notar que o trabalho ora realizado naquele local foi mais voltado à

O Programa de Avaliação da Rede Pública de Educação Básica (Proeb), criado em 2000, em Minas Gerais, foi o primeiro programa a fornecer os subsídios necessários para que

Este questionário tem o objetivo de conhecer sua opinião sobre o processo de codificação no preenchimento do RP1. Nossa intenção é conhecer a sua visão sobre as dificuldades e

escola particular.. Ainda segundo os dados 7 fornecidos pela escola pública relativos à regulamentação das atividades dos docentes participantes das entrevistas, suas atribuições