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RELAÇÕES CONCEITUAIS PARA INSTRUMENTOS DE PADRONIZAÇÃO TERMINOLÓGICA: um novo modelo para o uso em Ontologias

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VIII ENANCIB – Encontro Nacional de Pesquisa em Ciência da Informação

28 a 31 de outubro de 2007 Salvador Bahia Brasil GT 2 – Organização e Representação do Conhecimento

Comunicação oral

RELAÇÕES CONCEITUAIS PARA INSTRUMENTOS DE

PADRONIZAÇÃO TERMINOLÓGICA:

um novo modelo para o uso em Ontologias

Luana Farias Sales (CNEN/IEN – luanafsales@gmail.com)

Resumo: A padronização de linguagens para tratamento de informação é uma prática não muito recente no

âmbito da Ciência da Informação, porém novas tecnologias requerem novos instrumentos que possam permitir a comunicação não apenas entre homem e máquina, mas também entre máquina e máquina. Um bom exemplo são as ontologias que vêm tomando o lugar das terminologias tradicionais quando o assunto é tratamento, recuperação e interoperação de dados. A mudança dos objetivos nesses novos instrumentos também leva à necessidade de mudança de alguns de seus componentes: é o caso das relações conceituais que, agora, precisam ser estabelecidas de uma forma diferente. O presente trabalho vem apresentar, a partir das bases teóricas da Ciência da Informação, da Terminologia e da Ciência da Computação, um modelo de relações conceituais para o uso em Ontologias.

Palavras-chave: Relações Conceituais. Terminologia. Ontologia. Organização do Conhecimento.

Abstract: The language standardization is not a recent practice in Information environment, but new technolo-gies require new instruments. These require communication not only between machine and man, but between machine and other machine too. Ontologies are one of these new instruments that are replacing traditional ter-minologies when one deals with treatment, retrieval and interoperation of information. Changes in the objec-tives of this new instrument lead also to changes in some of its components such as, for example, conceptual re-lationships, which now, needs to be established by a different form. From theoretical bases of Information Sci-ence, Terminology and Computation Science this paper presents a conceptual relationships model for use in On-tologies.

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1 CONSIDERAÇÕES INICIAIS

Para melhoria do nível de precisão das informações revocadas em um sistema de Recuperação (SRI) instrumentos de padronização terminológica do tipo Vocabulário Controlado, Tesauros, entre outros, vêm sendo utilizados. Mais recentemente tem-se falado, também, em Ontologias, que são, assim como os Tesauros e os Vocabulários Controlados, instrumentos de padronização terminológica que visam tornar mais precisos os resultados obtidos através dos sistemas de busca. Porém as Ontologias se diferenciam dos demais instrumentos por que estas, além da característica já citada, visam também a interoperação entre sistemas e para isso elas se utilizam de uma linguagem própria para compreensão da máquina: a linguagem formal.

Estes instrumentos de padronização terminológica são formados por termos, definições e relações. Os mais eficientes possuem também uma estrutura classificatória embutida em sua estrutura, de onde derivam as relações entre os conceitosi de forma mais precisa.

A aplicação de um Método Relacionalii em linguagens controladas, do tipo Tesauro,

foi justificada no trabalho de Motta (1987), intitulado“Método relacional como nova abordagem para construção de tesauros”. Segundo Motta (1987, p.61) “este método possibilita estabelecer as relações entre os termos de um sistema de forma objetiva” e consistente. Isso acontece porque o estabelecimento de relações parte da análise de conceitos e da estruturação das características que formam o mesmo. Sendo assim, o método pode ser útil também a elaboração de Ontologias.

Outros autores como Kietz, Maedache e Volz, (2000) afirmam que a determinação de relações conceituais consistentes é útil à elaboração de ontologias, na medida em que estas relações garantem a consistência na “adoção de algoritmos baseados em regras de associação” Já Uschold e King (1995); Fernandez, Gomez-Pérez e Juristo (1997) relacionam a importância do uso relações conceituais bem estabelecidas à consistência na estrutura terminológica e à elaboração da taxionomia que deve compor a estrutura da Ontologia (GUARINO, 1995; SURE; STAAB; STUDER, 2002).

O modelo de relações que aparece em Vocabulários Controlados e Tesauros é um modelo diádico que revela apenas as categorias as quais os conceitos pertencem, por ex: Coisa-propriedade; Material-produto; Processo-resultado etc.

Em Instrumentos como Ontologias, o modelo diádico se torna inadequado, pois requer que suas definições/relações sejam explicitadas da maneira mais clara possível, com a finalidade de garantir consistência na estrutura terminológica, e a adoção de algoritmos consistentes para a inferência pela máquina.

O presente trabalho vem apresentar uma sistematização das relações abordadas na literatura das áreas de Ciência da Informação, Terminologia e Ciência da Computação, pois considera que elas têm algo a contribuir.

A Ciência da Informação, por exemplo, tem um grande histórico no que diz respeito ao uso de instrumentos de padronização terminológica para tratamento e recuperação de informação e mesmo das linguagens de tratamento, mais primitivas, como por exemplo, as listas de cabeçalhos de assuntos e os vocabulários controlados. Podiam, muitas das vezes, não ter seus termos definidos conceitualmente, mas os usos de relações remissivas e referências cruzadas sempre estiveram presentes nesses instrumentos.

A introdução das categorias na elaboração dos vocabulários controlados propiciou um meio para se pensar domínios e pode ser útil ao estabelecimento das relações categoriais

Já a Terminologia, por ser próprio da sua natureza o estudo e a elaboração de terminologias como glossários, léxicos etc, pode contribuir para esta pesquisa com sua metodologia para definição de termos, tendo em vista que as relações podem ser identificadas

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por elementos que compõem estas definições, ou dito de outra forma, pelas próprias características do conceito.

A Ciência da Computação, por sua vez, é a área onde surge o estudo das Ontologias, enquanto instrumento de recuperação de informação. Todo estudo, no que diz respeito ao uso de uma terminologia padrão que propicie a comunicação entre máquina-máquina parte desta área, que também apresenta a necessidade do uso de relações que mostrem não apenas as categorias de elementos, mas que evidencie também a maneira como estas relações entre categorias se estabelecem, sugerindo assim, o uso de ações/verbos como forma de relacionar classes e elementos.

Devido a esta necessidade, também a Ciência da Computação pôde perceber a necessidade de algumas vezes as relações precisarem ser trinárias ou até n-árias, enquanto as relações nas outras áreas eram sempre binárias (SOWA, 2000, p. 503).

2 TEORIAS PARA O ESTABELECIMENTO DE RELAÇÕES

O nível de especificação das relações entre conceitos pode variar, de acordo com a linguagem que se pretende representar, já que os instrumentos são desenvolvidos conforme um objetivo específico. Devido a isto, as abordagens dadas ao estabelecimento de relações na Ciência da Informação e na Computação, são diferentes porque têm em vista o desenvolvimento de instrumentos distintos.

Em todos os instrumentos, a elaboração de relações entre conceitos faz parte de sua essência, isto é, sem as relações, essas linguagens podem ser consideradas ineficientes. Estas relações, contudo, dependem de vários fatores como propósitos, contexto, usuários.

Sendo assim, é preciso ter bem definidos, no momento da elaboração, os objetivos que se quer atingir através do uso de tal linguagem, pois esses objetivos também podem influenciar o uso de determinadas relações em detrimento de outras. Os objetivos específicos dessas linguagens podem sempre variar de acordo com as expectativas dos usuários e com as metas do sistema que os utilizarão:

Na organização do conceito em um sistema conceitual, é necessário trazer à mente o campo do conhecimento que originou os conceitos e também considerar as expectativas dos usuários e as metas do sistema que utilizarão, pois seus objetivos específicos podem sempre variar de acordo com a área do conhecimento que se visa representar. (ISO 704 (2000, p. 5)

Na Ciência da Informação, a ênfase é dada ao desenvolvimento de linguagens documentárias. A classificação dada pelos autores desta área é sempre uma divisão entre relações hierárquicas e não-hierárquicas. Esta classificação diferencia as relações que podem ser visualizadas na parte sistemática das linguagens, isto é, as de gênero-espécie e parte-todo em um Tesauro, das relações que não podem ser visualizadas por falta de uma forma de representação, mas que ainda assim existem, como é o caso das relações associativas (não-hierárquicas).

As relações associativas são assim chamadas por estarem no nível da associação mental dos termos, isto é, uma idéia que lembra outra. Mesmo sendo associadas no nível mental, os autores da Ciência da Informação defendem a necessidade de um padrão para estabelecimento dest tipo de relações, afim de que sejam minimizados ruídos na comunicação entre os usuários dos instrumentos.

Outros autores, ainda, defendem que o estabelecimento de relações associativas pode variar de acordo com o contexto para o qual a linguagem é construída, não entrando em maiores detalhes no âmbito de suas teorias, como Dalhberg (1978), que assume que não se prende ao detalhamento de relações, porque estas podem variar de área para área.

Na Terminologia, a ênfase é dada ao desenvolvimento de instrumentos de padronização dos termos utilizados por especialistas. O objetivo destes instrumentos é

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melhorar a troca de informação na comunidade científica. Neste caso, a utilização de relações pode ser importante para apontar outros termos relacionados ao conceito.

Diferentemente da Ciência da informação, a Teoria Geral da Terminologia (WUSTER, 1981) classifica as relações em lógicas e ontológicas. Nestas últimas, se incluem as partitivas e as associativas.

A Teoria da Terminologia enfatiza o papel das características para a formação dos conceitos, através da especificação das características de um objeto na definição. É no momento da atribuição das características que se observa a necessidade de estabelecimento de relações e é neste momento que surgem os princípios para estabelecer relacionamentos, e devido a isto, sua contribuição pode ser útil na elaboração de ontologias.

Em geral, quando os autores se referem às relações lógicas, estão nomeando as relações de gênero-espécie (ex: árvore - árvore frutífera) e, alguma vezes mencionam as relações de instâncias (ex: ponte – ponte Rio-Niterói), que são relações que expressam a natureza de seus referentes. Quando se referem às relações ontológicas, estes autores estão se referindo a todos os outros tipos de relações não-lógicas e por isso incluem entre elas, as relações partitivas, além de todas as outras associativas.

Sager (1990), porém, mesmo sendo da área de Terminologia, propõe uma outra classificação para as relações entre conceitos, isto é: Relacionamentos Genéricos, Relacionamentos Partitivos, Relacionamentos Polivalentes e Relacionamentos Complexos.

Os Relacionamentos Genéricos de Sager (1990) correspondem às relações lógicas, assim denominadas pela Terminologia e às relações de gênero-espécie, como são chamadas pela Ciência da Informação. Os Relacionamentos Partitivos de Sager correspondem aos relacionamentos de parte-todo da Ciência da Informação e apenas a um tipo de relação Ontológica, isto é, a Relação de Contatoiii ou Contigüidade, que são divididas em relação de

coordenaçãoiv e relação de encadeamentov segundo Wüster.

Já os Relacionamentos Polivalentes correspondem às relações polihierárquicas, mencionadas pela ISO 2788 (1986) e por Aitchison (1987) na categoria relações hierárquicas. Wüster (1981) considera esta relação como lógica, ou para ser mais específico, como relação de combinação lógica.

Os Relacionamentos Complexos correspondem a todas as relações associativas na Ciência da Informação e a um tipo de relação ontológica na Terminologia, representada, por exemplo, pelas relações de causalidadevi em Wüster. Apesar de aparecerem em grande parte

da literatura da Ciência da Informação e da Terminologia, esse tipo de relação possui uma característica distinta em Sager, que a torna especial para o estudo das relações conceituais em Ontologias, isto é, elas são divididas em tipos de relação (Relações Complexas Categoriais) e relacionamentos (Relações Complexas formais). Essa forma de apresentar “tipos de relação” ainda não havia aparecido na literatura da área de Terminologia e Ciência da Informação, mas já havia sido apresentada na literatura da Ciência da Computação, como por exemplo, em Sowa (2000) e pode-se acreditar que esta divisão das relações seja de grande serventia para o processamento das relações conceituais pela máquina. Sendo assim, Sager pode ser considerado um autor importante para esses estudos, pois consegue observar que as relações podem ocorrer em dois níveis.

Na Ciência da Computação, a ênfase é dada ao desenvolvimento de Ontologias. A necessidade de uma linguagem formal para processamento da máquina faz com que as relações nas ontologias necessitam serem explicitadas seja em forma de verbos (Ex: affects), ou verbos preposicionados (Ex: interacts_with) e outros.

As relações complexas mencionadas por Sager são um reflexo das relações que aparecem na literatura da Ciência da Computação com o nome de função.

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No que diz respeito ao estabelecimento de relações no âmbito das Ontologias, considera-se importante a sistematização de dois níveis de relações, a saber: as relações categoriais e as relações formais.

As relações nas Ontologias podem aparecer em dois momentos: na parte terminológica (que seriam os termos com definições em linguagem natural); e na parte formal – expressas através de linguagem própria para entendimento da máquina.

Na parte terminológica, o uso das relações categoriais, como apresentadas na literatura da Ciência da Informação e da Terminologia, seria de grande benefício, pois ligaria as classes de conceitos.

Já na parte formal não bastaria ligar as classes, mas seria preciso também dizer de que forma se dá essa ligação entre as classes, o que pode ser expresso através das relações sugeridas pela Ciência da Computação, que chamamos aqui de relações formais, já que expressam a forma como as categorias se relacionam. Com as relações estabelecidas nos dois níveis de forma consistente, poderão ser construídas definições formais que possibilitarão o processamento pela máquina.

Sendo assim, as três áreas podem contribuir de alguma forma para o desenvolvimento de ontologias.

3 SISTEMATIZANDO AS RELAÇÕES CONCEITUAIS

O estudo realizado em nossa dissertação de mestrado nos permitiu classificar as relações para ontologias, primeiramente em: Relações Categoriais e Relações Formais.

As relações categoriais são aquelas que revelam duplas de categorias, ex: coisa-processo, material-produto etc.

As relações formais são aquelas que revelam o tipo de relação existente entre as duplas de categorias, ex: caused_by, occurs_in etc.

Ao separar estas duas classes de relações, pode-se observar que ambas poderiam ser subdivididas em relações genéricas, relações partitivas e relações funcionais. Sendo assim, pôde-se identificar seis classes de relações, a saber: Relações Categoriais Genéricas, Relações Formais Genéricas, Relações Categoriais Partitivas, Relações Formais Partitivas, Relações Categorias Funcionais, Relações Formais Funcionais.

3.1 RELAÇÕES GENÉRICAS

As relações genéricas se dão a partir do princípio lógico de abstração e desta forma respondem à pergunta “é tipo de?” Assim, ocorrem sempre no interior de uma mesma categoria. Este tipo de relação não apresenta grandes problemas, pois não é mutável, ao contrário, se manifesta sempre da mesma forma. A sistematização foi feita da seguinte forma: Para os dois pares de relações categoriais encontradas, isto é, gênero-espécie e espécie-instância foi criada uma inversa, a saber: espécie-gênero e espécie-instância-espécie. Em seguida para cada par de relação categorial foi sugerida uma relação formal, conforme encontrada na literatura, isto é, quando a mesma existia e quando não, a relação foi criada. Com isso pôde-se chegar aos pôde-seguintes casos:

Sistematização das relações genéricas

Relações Categoriais Genéricas Relações Formais Genéricas

Gênero-espécie Has_type

Espécie-gênero Is_a

Espécie-instância Is_instanced_by

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3.2 RELAÇÕES PARTITIVAS

As relações partitivas são aquelas que revelam a relação entre o todo e suas partes. Essas relações se manifestam diferentemente de acordo com a natureza do conceito, ou seja, quando o conceito é classificado como uma personalidade, que é material, o seu todo e parte são sempre um objeto concreto. Entretanto, quando ele se manifesta como um processo, é um objeto ocorrente ou uma etapa, um estágio, uma fase. (SOWA, 2000; SMITH, 2005). Além disso, é importante destacar que elas se dão sempre no interior de uma mesma categoria.

Sobre esse tipo de relação pode ser observado também que a literatura já evidenciou as duplas de ocorrências, que estávamos chamando até agora de relações categoriais, já que essa dupla evidenciava categorias de conceitos, porém não apresentou uma sistematização das possibilidades de relações entre essas duplas.

A sistematização das relações partitivas foi realizada da seguinte forma: primeiramente, foram selecionadas em uma listagem de relações levantadas na literaturavii

todas as possibilidades de relações categoriais partitivas e para cada uma delas foi criada uma inversa, isto é, quando essa inversa ainda não havia sido mencionada na literatura (coluna 1). Em seguida, foram verificadas na listagem as possibilidades de relações funcionais que poderiam ocorrer entre as duplas de categorias, criando também, sempre que necessário, as inversas das relações funcionais (coluna 2). Chegamos ao quadro abaixo:

Sistematização das relações partitivas

Relações Categoriais Partitivas Relações Formais Partitivas

• Objeto-Constituinte • Constituinte-objeto Has_constituent Has_holo_constituent • Objeto-unidade • Unidade-Objeto Has_unity Has_holo _unity • Coleção-elemento • Elemento-coleção Has_element Has_collection • Massa-porção • Porção-massa Has_portion Has_mass • Objeto-material • Material-objeto Has_material Has_holo_material • Área-lugar • Lugar-área Has_locate Has_holo_locate • Zona-região • Região-zona Has_locate Has_holo_locate • Caráter-atividade • Atividade-caráter Has_stage Has_holo_stage • Processo continuo-ato • Ato-processo contínuo Has_stage Has_holo_stage • Processo descontínuo-fase • Fase-processo descontínuo Has_stage Has_holo_stage • Grupo-membro • Membro-grupo Has_member Has_holo_stage • Classe-membro Has_member

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• Membro-classe Has_holo_stage • Substância-particular • Particular-substância Has_substance Has_holo_substance • Conjunto-subconjunto • Subconjunto-conjunto Has_subset Has_set • Conjunto-elemento • Elemento-conjunto Has_element Has_set • Todo/sub-parte temporal

• Sub_parte temporal - todo

Has_subpart Has_holo

• Ciência-objeto de estudo

• Objeto de estudo - ciência

Has_branch Has_hole_branch 3.3 RELAÇÕES FUNCIONAIS

As relações funcionais são aquelas que revelam a relação de objeto com o mundo ou a função de um objeto em um determinado contexto. Essas relações podem se manifestar entre categorias e intra-categorias.

As relações entre categorias são relações que se dão entre elementos de categorias distintas e as relações intra-categorias são aquelas que ocorrem entre dois elementos da mesma categoria. Por isso, a sistematização dessas relações se deu da seguinte forma distinta, a saber:

Foi realizado através do sistema de arranjo uma combinação das categorias ranganathianas PMEST, (personalidade, matéria, energia/processo, espaço e tempo) como ponto de partida para a reunião dessas relações.

Este arranjo foi realizado com o intuito de chegar a uma classe mais genérica das relações categoriais. Desta forma, chegou-se às seguintes classes de relações:

• Personalidade-Personalidade • Personalidade – Matéria • Personalidade-Processo • Personalidade-Espaço • Personalidade-Tempo • Matéria-Personalidade • Matéria-Processo • Matéria-Matéria • Matéria-Espaço • Matéra-Tempo • Processo-Personalidade • Processo-Matéria • Processo-Processo • Processo-Espaço • Processo- Tempo • Espaço-Personalidade • Espaço-Medida • Espaço-Processo

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• Espaço-Espaço

• Espaço-Tempo

Conforme a classificação foi sendo realizada, sentiu-se a necessidade de inclusão de outras categorias, que eram previstas por Ranganathan como subcategorias de alguma dessas cinco categorias e que neste trabalho ficaria mais claro a separação das mesmas como uma categoria própria, como é o caso da categoria medida e propriedade. Desta forma, chegou-se a mais 14 relações: • Personalidade-Medida • Matéria-Medida • Processo-Medida • Espaço-Medida • Tempo-Medida • Medida-Medida • Medida-Propriedade • Propriedade–Personalidade • Propriedade-Medida • Propriedade-Processo • Propriedade-Espaço • Propriedade-Tempo • Propriedade-Propriedade • Propriedade-Medida

O passo seguinte foi a identificação da possibilidade de relações formais que podiam se dar entre essas categorias. Para execução desta etapa, utilizou-se a listagem de relações formais identificadas na literatura. Para cada dupla de ocorrência foram selecionadas todas as possibilidades de relações formais, chegando assim, à seguinte sistematização:

Sistematização das Relações Funcionais

Relações Categorias Funcionais Relações Formais Funcionais

Personalidade – Personalidade • Is a product of

• Is an instrument of • Transformation into • Derives from • Derivated of • Interacts with • Manifestation of • Analyses • Measures • Creates • Placed in • Located in • Adjacent to • Surrounds • Traverses

Processo – processo • Method-of

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• Is subevent of

• Is phase of

• Is stage of

• Brings about

• Prevents

Processo – Personalidade • Brings about

• Affects • Disrupts • Destroys • Results in • Placed in Espaço-Espaço • Adjacent to

Processo – Espaço • Occurs in

Medida – Personalidade Is a measure of

Medida – Processo Is a measure of

Personalidade – Processo • Used in

• Method of

• Caused by

• Affects

• Performs / Carries out

• Used for • Result of • Analyzes • Measures • Diagnoses • Has_agent • Has_patient

Personalidade – Propriedade • Has

Propriedade – Personalidade • Is a property of

• Is a counteragent of

Propriedade-processo • Is a property of

Esta sistematização evidencia as possibilidades de relações formais existentes entre as duplas de ocorrências de relações categoriais.

Conforme pôde ser observado, existem relações que parecem sinônimas, mas que devem ser analisadas num contexto, para ver se elas podem ser consideradas equivalentes ou não. Nesse último caso, devem-se criar regras para quando usar cada relação.

4 MODELO TRIÁDICO DE RELAÇÕES

Foi a partir da sistematização que se pôde notar a existência de dois modelos de relações. O primeiro, da Ciência da Informação e da Terminologia, que evidenciava pares de categorias (ex: processo-resultado) e o segundo, oriundo da Ciência da Computação que revelava, na verdade, de modo explícito, as formas como as relações se davam entre as categorias.

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Este modelo deve ser triádico, com o intuito de revelar simultaneamente as categorias que se relacionam e também a forma como as relações se dão entre essas categorias. Como o próprio nome diz, este modelo é composto por três partes, a saber:

Modelo Triádico de Relações CATEGORIA

ANTECESSORA FORMALRELAÇÃO SUCESSORACATEGORIA

Processo Occurs in Espaço

Medida Is a measure of Personalidade

Material Is a product of Produto

Para melhor compreensão, instanciamos o exemplo acima:

Instanciação do Modelo Triádico de Relações

Categoria 1 Relação formal Categoria2

Fabricação de Móveis Occurs in Marcenaria

3 metros Is a measure of Móvel

Madeira Is a product of Móvel

Para o estabelecimento desse novo modelo de relações deve ser realizado previamente um levantamento das definições dos conceitos que farão parte da ontologia, tendo em vista que não há como estabelecer um modelo universal aplicável a qualquer área. Cada vocabulário se configurará de uma forma, de acordo, com seus objetivos e com a clientela que vise atender.

Com as definições levantadas sugere-se que seja realizada uma categorização dos conceitos existentes, a fim de identificar os possíveis pares de categorias que farão parte do modelo triádico de relações.

Sugere-se também que se parta das categorias ranganathianas, isto é, do PMEST (Personalidade, Matéria, Energia/Processo, Tempo e Espaço) ou para uma categorização mais detalhada, que se utilize as categorias do CRG (Classification Research Group)viii, que

detalham um pouco mais as categorias de Ranganathan. Sendo elas:

Coisas, substâncias, entidades que ocorrem naturalmente produtos instrumentos constructos mentais • Suas partes constituintes orgãos • Sistemas de coisas Atributos de coisas

qualidades, propriedades, incluindo estrutura

medidas

processo, comportamento

Objeto da ação (paciente)

Relações entre coisas, interações efeitos

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Operações sobre coisas experimentos, ensaios operações mentais

Propriedades de atributos, relações e operações

Lugar, condição

Tempo

Recomenda-se o uso dessas categorias, por serem estas embasadas na lógica e, sendo assim, podem facilitar a compreensão da área a ser abordada na elaboração da Ontologia.

Realizada a categorização é recomendável que se pense nas diversas possibilidades de relações que se possa obter entre as categorias e em seguida que se tente utilizar exemplos da própria terminologia levantada para verificar a necessidade de existência de tais relações.

A partir desta metodologia se chegará ao modelo triádico de relações para Ontologia, que poderá atender as duas partes das Ontologias, a parte onde se configura a sistematização de conceitos em linguagem humana e a parte onde a Ontologia é descrita em linguagem formal.

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Este modelo de estabelecimento de relações foi criado a partir da base teórica da Ciência da Informação e da Organização do Conhecimento, isto é, a partir das teorias da Terminologia (WUSTER, 1981), Teoria do Conceito (DALHBERG, 1978) e Teoria da Classificação Facetada (RANGANATHAN, 1967).

As relações criadas a partir deste modelo poderão auxiliar na elaboração de definições mais consistentes e principalmente na descrição da Ontologia em uma linguagem formalizada através de algorítimos.

Este artigo é fruto da Dissertação de mestrado de SALES (2006). Uma aplicação do modelo foi realizada na área de Bioinformática, a partir das definições coletadas em Ontologia de domínio genômico chamada Gene Ontology. Detalhes sobre essa aplicação podem ser vistas nessa dissertação.

A descrição do modelo triádico de relações em linguagem lógico-formal é o que se espera para um futuro próximo, já que estudos por parte da comunidade de Ciência da Computação ainda encontram-se em andamento.

6 REFERÊNCIAS

AITCHISON, J. Thesaurus construction: a practical manual. 2. ed. London: ASLIB, 1987. CAMPOS, M.L.; GOMES, H. E; MOTTA, D. F. Elaboração de Tesauro Documentário: tutorial. Disponível em: http://www.conexaorio.com/biti. Acesso em: 08 ago 2007.

DAHLBERG, I. A referent-oriented analytical concept theory of interconcept. International Classification, Frankfurt, v. 5, n. 3, p. 142-150, 1978a.

FERNANDEZ, M.; GOMEZ-PÉREZ, A.; JURISTO, N. From ontological art towards onto-logical engineering. AAAI Technical Report, California, p. 33-40, jun.1997.

GUARINO, N. Formal ontology, conceptual analysis and knowledge representation.

International Journal of Human and Computer Studies, [S.l.], v. 43, n. 5-6, p. 625-640, 1995.

ISO 2788-1986: documentation guidelines for the establishment and development of monolin-gual thesauri. 2.ed. [S.l.]: ISO, 1986. 32p.

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KIETZ, J-U; MAEDCHE, A.; VOLZ, R. A method for semi-automatic ontology acquisition from a corporate intranet. In: EKAW'00: WORKSHOP ON ONTOLOGIES AND TEXT, 2000, Juan-Les-Pins. Proceedings … 2000.

MOTTA, D.F. Método relacional como nova abordagem para a construção de tesauros. Rio de Janeiro: SENAI/ DN, 1987

NEELAMEGHAN, M.L. Non-hieraquical associative relationships: their types and computer generation of RT links. In: SEMINAR ON THESAURUS IN INFORMATIONS SYSTENS, 1975, Bangalore. Proceedings... Bangalore: Documentaion research and Trainning Center, 1975.

RANGANATHAN, S.R. Colon Classification. Bombay: Asia Publishing House, 1963. ______. Prolegomena to library classification. Bombay: Asia Publishing House, 1967. SAGER, J. C. A practical course in terminology processing. London: John Benjamins Pub-lishing Company, 1990.

SALES, L. F. Ontologias de domínio: um estudo das relações conceituais e sua aplicação. Niterói, RJ: UFF, 2006. 142p. Dissertação de Mestrado.

Sowa, J. F. Knowledge representation: logical, philosophical and Computational founda-tions. Pacific Grove: Brooks/Cole, 2000.

SURE, Y; STAAB, S; STUDER, R. Methodology for development and employment of on-tology based knowledge management applications. 2002. Disponível em: <www.aifb.uni-karlsruhe.de/WBS/ ysu/publications/2002_sigmod-methodology.pdf>. Acesso em: 15 out. 2005.

USCHOLD, M.; KING, M. Towards a methodology for building ontologies. In: IJCAI-95: WORKSHOP ON BASIC ONTOLOGICAL ISSUES IN KNOWLEDGE SHARING, 1995, Montreal. Proceedings… 1995. Disponível em:

<http://citeseer.ist.psu.edu/uschold95toward.html>. Acesso em: 15 out. 2005.

WUSTER, E. L’étude scientifique qénérale de la terminologie, zone frontalière entre la linguistique, la logique, l’ontologie, L’informatique et les sciences des chose. In: RONDEAU, G. ; FELBER, E. (Org.). Textes choisis de terminologie. Québec: GIRSERM, 1981. V.I : fondéments théoriques de la terminologie, p. 57-114.

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i Para Dalhberg (1978) um conceito é uma tríade formada por um referente uma etiqueta lingüística e as propriedades

(que entendemos como sendo a definição do termo)

ii Método analítico que consiste na análise das definições dos conceitos que integrarão o sistema, de forma a identificar

suas características na estruturação desses conceitos, tendo em vista as relações existentes entre eles. (MOTTA, 1987, p. 39).

iii As Relações de Contato são consideradas por Wüster (1981, p. 96) como a subcategoria mais importante e se

auto-explicam a partir de suas espécies que são as Relações de Coordenação e as Relações de Encadeamento.

iv A principal Relação de Coordenação é a relação de parte-todo. Essa relação pode ocorrer entre o todo e suas partes e

entre as próprias partes, sendo considerada uma relação espacial e conseqüentemente uma relação de simultaneidade. Outras Relações de Coordenação mencionadas por Wüster (1981, p. 96) são a Relação de Inclusão e a Relação de Integração.

v As Relações de Encadeamento são relações temporais e se subdividem em Relação de Antecessão e Relação de

Sucessão. Como exemplo desta última, podem-se citar as tabelas cronológicas dos papas ou das dinastias seculares.

vi As Relações de Causalidade são relações de parentesco e são subdividas em: Relações entre Gerações, que devem

expressar a relação entre duas gerações diferentes e podem ser ascendentes e descendentes - e Relações entre Estágios, que devem expressar relações entre estágios de evolução de um mesmo e único indivíduo ou de uma substância. Sendo assim, as relações entre estágios podem ser: Relações Filogênicas, Relações Ontogênicas e Relações entre Substâncias: que são apresentadas no quadro de Wüster, porém não são definidas em seu texto.

vii Para maiores detalhes sobre o levantamento, ver a dissertação de SALES (2006).

viii O CRG surgiu na década de 50 com o objetivo de dar seguimento aos estudos de Ranganathan. Meste grupo se

reuniram estudiosos da classificação na Inglaterra como Vickery, Foskett (Douglas), Mills, mais tarde, Farradane, Austin, Aitchison entre outros.

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