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TERRITÓRIOS DO VINHO: CAMPANHA GAÚCHA E VALE DOS VINHEDOS (RS)

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EOGRAFIA BRASILEIRA: ESCALAS E DIMENSÕES DA ANÁLISE E DA AÇÃO DE 9 A 12 DE OUTUBRO

TERRITÓRIOS DO VINHO:

CAMPANHA GAÚCHA E VALE DOS VINHEDOS (RS)

Vinício Luís Pierozan1 Vanessa Manfio2 Rosa Maria Vieira Medeiros3

Resumo: A vitivinicultura tem formado territórios específicos como a Campanha Gaúcha e o Vale dos

Vinhedos. No primeiro, a vitivinicultura aparece como alternativa econômica frente à necessidade de expansão da atividade vinícola da região da Serra Gaúcha, cujos atores territoriais têm desenvolvido territorialidades capazes de constituir um novo espaço produtor de vinho, traçando metas de infraestruturas e de reconhecimento vitícola. No que diz respeito ao Vale dos Vinhedos, a atividade desenvolve-se a partir da cultura italiana e ganha os mercados mundiais, com reconhecimento da produção e a formação de rotas turísticas. Assim, evidenciam-se diferentes identidades, paisagens e territorialidades nestes espaços territoriais.

Palavras-Chave: Território, vitivinicultura, identidade, Campanha Gaúcha, Vale dos Vinhedos.

Abstract: The wine industry has formed specific territories such as Gaucho Campaign and the Valley

of the Vineyards. In the first, the wine appears as an economic alternative faced with the need to expand the wine activity of the Serra Gaucha region, whose territorial actors have developed territorialities able to build a new wine producer space, tracing goals infrastructures and wine recognition. With respect to the Valley of the Vineyards, the activity is developed from the Italian culture and win the world markets, with recognition of the production and the formation of tourist routes. So are evident different identities, landscapes and territorialities these territorial spaces.

Key-words: Territory, viticulture, identity, Gaucho Campaign, Valley of the Vineyards.

1 – Introdução

O cultivo da videira é uma prática antiga no Brasil e remete ao período colonial. As primeiras parreiras foram trazidas pelos colonizadores portugueses que cultivaram em áreas pertencentes às antigas capitanias hereditárias. Porém, com o processo de imigração, especialmente a italiana, a produção de uvas adquire novas dinâmicas. Assim, a elaboração do vinho além de elemento cultural tornou-se parte integrante da economia brasileira.

1

- Acadêmico do programa de pós-graduação em Geografia da Universidade Federal do Rio Grande do Sul. E-mail de contato: vpierozan@hotmail.com

2

- Acadêmica do programa de pós-graduação em Geografia da Universidade Federal do Rio Grande do Sul e bolsista CAPES. E-mail de contato: nessamanfio@gmail.com

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Atualmente, o Brasil se encontra entre os maiores produtores mundiais de vinhos finos. O Rio Grande do Sul responde por mais de 90% da produção nacional, tendo várias regiões reconhecidas pelas suas paisagens e produtos dentre elas destacamos, duas regiões em particular: o Vale dos Vinhedos e a Campanha Gaúcha.

A figura 1 – Apresenta a localização dos municípios que compõem o Vale dos Vinhedos e a Campanha Gaúcha.

Figura 1: Mapa de localização das regiões do Vale dos Vinhedos e da Campanha Gaúcha. Fonte: IBGE (adaptado por Vanessa Manfio).

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consumo do vinho eram práticas culturais deste povo, e que aqui no novo território impulsionaram e aprimoraram o desenvolvimento da vitivinicultura brasileira.

No entanto, novas áreas produtoras de uvas têm surgido no cenário brasileiro frente à expansão do setor vitivinícola, como por exemplo, a Campanha Gaúcha. Esta região se localiza no Sudoeste do estado do Rio Grande do Sul, área de fronteira entre Uruguai, Argentina e Brasil (figura 1). A Campanha, diferentemente do Vale dos Vinhedos, não apresentava tradição histórica com o vinho, mas sim com as atividades ligadas à pecuária, que desenvolveu neste ambiente uma identidade ligada ao universo campeiro e as estâncias.

Pode-se afirmar que a vitivinicultura brasileira tem constituído territórios do vinho em diversas regiões. Estes territórios apresentam identidades, territorialidades e paisagens distintas entre si, porém articuladas pela produção vitícola. Dessa forma, esta pesquisa objetivou-se em estudar a articulação dos territórios do vinho no Vale dos Vinhedos e na Campanha Gaúcha, compreendendo suas dinâmicas e espacialidades.

2 – Território: discussões teóricas

Na atualidade, as discussões sobre território têm despertado o interesse dos pesquisadores e das ciências para desvendar as dinâmicas espaciais e as formas da paisagem. São inúmeras as formações territoriais que se constituem frente às relações de ordem econômica, política, cultural e social.

Segundo Saquet (2009, p. 81) o território pode ser compreendido como: “produto histórico de mudanças e permanências ocorridas num ambiente, no qual se desenvolve uma sociedade. Território significa apropriação social do ambiente construído, com múltiplas variáveis e relações recíprocas.”

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Medeiros (2009) enfatiza que o território é uma obra humana. É também a base geográfica da existência social, uma vez que, toda a sociedade tem e produz seu território, onde a identidade desses territórios se expressa marcando e definindo seus limites na paisagem. É possível visualizar sobre o espaço vários territórios, resultado de ações realizadas por atores presentes neste território, assim como os territórios podem sofrer transformações ou se desfazer com o tempo. O território nunca é algo parado, estático no tempo, ele esta sempre se constituindo.

Fernandes (2008, p. 280) afirma que “cada tipo de território tem sua territorialidade, as relações e interações dos tipos nos mostram as múltiplas territorialidades.” Nota-se que a produção do território acontece via apropriação e constituição de territorialidades, estas entendidas por Saquet (2009, p. 86) como: as ações humanas responsáveis pela tentativa de um indivíduo ou grupo de controlar, influenciar ou afetar objetos, pessoas e suas relações numa área delimitada.

Assim, o território envolve um conjunto de relações instituídas por atores territoriais que articulados apropriam-se do espaço e constroem formas e estruturas. Muitos destes atores agem em decorrência do desenvolvimento de atividades econômicas que, por sua vez, são responsáveis pela constituição territorial, como é o caso da vitivinicultura.

3 – Metodologia de trabalho

A metodologia utilizada para operacionalizar a pesquisa consistiu na realização de saídas de campo para os municípios produtores de uva da Região Vinícola da Campanha Gaúcha e Região Vinícola do Vale dos Vinhedos. Nas saídas de campo tivemos a oportunidade de conhecer os dois diferentes sistemas de produção de uvas, o sistema de condução em espaldeira, moderno, e o sistema de condução latado, tradicional.

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4 – Resultados

A vitivinicultura no estado do Rio Grande do Sul tem adquirido um estágio de desenvolvimento bastante significativo nos últimos anos, principalmente a partir da década de 1990. Aumentaram e se expandiram as áreas produtoras, a produção de uvas cresceu vertiginosamente e a qualidade dos vinhos e espumantes adquiriu prestígio e respeito em nível mundial. Vários vinhos gaúchos foram premiados nos mais variados e importantes concursos internacionais.

Toda essa trajetória de valorização do vinho tem como marco inicial a região da Serra Gaúcha, e a etnia italiana que ali se instalou, e difundiu a sua cultura ligada ao plantio de videiras e o cuidado com os parreirais. O cultivo da videira proporcionou a criação de uma identidade, que serviu de base para a constituição de diferentes territórios em torno do vinho, como é o caso das Indicações Geográficas. Para FALCADE:

A evolução da vitivinicultura regional e a implementação das IP’s têm sido resultado das relações de poder entre seus diferentes atores; portanto deste ponto de vista, expressam, além do espaço geográfico, um território vitivinícola. Entende-se, desse modo, que estas IP’s se constituem em regiões de fato e de direito e que as IG’s, de modo geral, se constituem em uma forma de gestão do território. (FALCADE, 2013, p. 271).

A Indicação de Procedência Vale dos Vinhedos constitui o primeiro território do vinho na região da Serra Gaúcha e desencadeou a possibilidade de se constituírem diferentes territórios em nível estadual e nacional. A região da Campanha Gaúcha esta se constituindo como um novo território do vinho no estado do Rio Grande do Sul, onde adquire a participação de diferentes atores, culturas e símbolos, que vão se estruturar em torno da produção de uvas e na elaboração de vinhos agregando uma identidade ao território.

4.1 – O território do vinho no Vale dos Vinhedos

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Monte Belo do Sul [...].” A vitivinicultura nessa região é praticada por descendentes de imigrantes italianos, em pequenas propriedades agrícolas de relevo acidentado com regime de trabalho familiar fazendo uso da policultura. Conforme BLUME:

A vitivinicultura gaúcha é marcada pela chegada dos imigrantes italianos em 1875 que trouxeram o “espírito vitivinícola” nas suas raízes, além das cepas nas bagagens e do hábito do consumo regular de vinho. Apesar deste marco centenário, foi somente a partir de 1990 que estas iniciativas familiares realizaram investimentos efetivos na profissionalização das atividades e ganharam um novo impulso para a consolidação das vinícolas, nacionalmente e até mesmo em nível internacional. (BLUME, 2010, p. 7).

Esse patamar de valorização dos vinhos produzidos no Brasil se deve em parte ao pioneirismo do setor vitivinícola da região da Serra Gaúcha e em especial a obtenção da Indicação Geográfica (IG) no Vale dos Vinhedos. Essa denominação conferiu uma identidade ao vinho ali elaborado, carregando consigo toda uma simbologia do lugar, da paisagem cultural e dos agricultores que aí residem. A Indicação de Procedência nomeada Vale dos Vinhedos, foi conquistada em 2002, que acrescentou todos esses elementos culturais a vitivinicultura.

Segundo, Falcade (2009, p. 285) “O uso de Indicações Geográficas (IG) é tradicional e antigo em muitos países, principalmente europeus. Num mercado globalizado e competitivo como o atual, agregar valor à mercadoria significa obter maior renda.” Com a IG temos a valorização do território associado a um produto, e nesse caso particular, temos a constituição do território do vinho no Vale dos Vinhedos.

A bagagem histórica transmitida ao longo do tempo pelas diferentes gerações de descendentes de imigrantes italianos, que produzem uvas vem embutida no vinho nessa área geográfica. De acordo com, Blume (2010, p. 4-5) “[...] o lugar torna-se mais que um fiador da garantia de segurança para um elevado nível de qualidade, pois passa a ser o portador da cultura de um povo.” Essa identidade simbólica criada entre uva, vinho e lugar torna o território singular frente os demais territórios produtores de uva.

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dos vinhos, espumantes e sucos, que são comercializados principalmente dentro do vale, nas próprias vinícolas. O principal mercado consumidor é ligado ao enoturismo, que é bastante presente no local, mas também ocorre a comercialização em lojas virtuais das próprias vinícolas. Falcade afirma que:

[...] a paisagem aberta em encosta com viticultura tradicional, conduzida na forma de latada, sustentada por plátanos, cujo elemento emblemático é o plátano. Esta é uma paisagem do tipo que foi usada por décadas nas imagens da viticultura da Serra Gaúcha [...]. (FALCADE, 2013, p. 265).

Essa paisagem clássica dos vinhedos tradicionais, que configura como um dos símbolos da identidade do território do Vale dos Vinhedos contrasta com a vitivinicultura moderna, que apresenta os vinhedos no sistema de condução em espaldeira. Essa transição entre o tradicional e o moderno assinala também a inserção das novas tecnologias, através da mecanização dos vinhedos e das novas práticas de enologia para aperfeiçoar a produção de uvas e os processos de elaboração dos vinhos.

4.2 – O vinho e a constituição de um novo território na Campanha Gaúcha

A Campanha Gaúcha é uma região fronteiriça entre Uruguai, Argentina e Brasil, pertence à Mesorregião Sudoeste Rio-grandense (divisão regional segundo o IBGE), sendo marcada por campos sulinos denominados de bioma pampa. Pode-se dizer que esta região teve como tradição histórica da pecuária e o latifúndio que criaram a identidade da Campanha associada ao universo campeiro e conseqüentemente esta condição identitária se entendeu como a imagem do gaúcho. Segundo Lindner; Medeiros:

[...] o espaço denominado Campanha Gaúcha, localizado no sudoeste do Rio Grande do Sul, Brasil, representa um território historicamente constituído pelos latifúndios, onde a predominância econômica centrava-se na atividade pastoril e na concentração de terras. (LINDNER; MEDEIROS, 2015, p. 58)

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criando novas territorialidades. A vitivinicultura começou a ser inserida no pampa gaúcho em função de estudos que mostraram condições endafoclimáticas propícias para o cultivo de videiras. E também pela necessidade da Serra Gaúcha em expandir sua área produtora de uvas, tendo em vista a saturação de áreas agrícolas disponíveis na região da serra para a instalação de novos vinhedos, motivada pela especulação imobiliária4. Além disso, a produção de uvas pode representar o desenvolvimento econômico da Campanha Gaúcha.

Nas palavras de Falcade (2011) a partir dos anos 1990 vários fatores levaram a uma nova fase de expansão da vitivinicultura, dentre eles podem ser citados: a retomada do crescimento brasileiro, a busca por novas alternativas econômicas para Metade Sul do RS, as conquistas do setor da Serra Gaúcha neste ramo produtivo e os estudos que identificaram condições favoráveis para produção de videiras na região da Metade Sul do estado.

Nesse sentido, vinícolas tradicionais da Serra Gaúcha, como a Almadén (Miolo) e Aliança, se instalam na região da Campanha, adquirindo grandes extensões de terras para plantação de vinhedos e a instalação de unidades vinícolas modernas. Num segundo momento, empresários bem-sucedidos e enólogos também estabelecem vinícolas e iniciam o cultivo de uvas na região, em caráter de menor quantidade, todavia com um produto diferenciado. Essa produção de maior qualidade esta atrelada aos modernos vinhedos ali instalados, que apresentam o sistema de condução em espaldeira.

Estes dois grupos empresariais do vinho dão segmento à expansão vitícola com a criação da Associação de Produtores de Vinhos Finos da Campanha Gaúcha, criada em 2010. Além disso, produtores rurais da região e agricultores de assentamentos rurais locais têm investido na produção da uva para comercialização com vinícolas da região, na tentativa de diversificar a produção e aumentar a renda da propriedade.

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Dessa forma, os segmentos vitícolas apropriam-se do espaço regional e criam novas territorialidades frente o desenvolvimento regional da vitivinicultura. A apropriação acontece com a compra da terra e com as articulações políticas e econômicas que se materializam na relação espaço-tempo. São criadas políticas que envolvem a captação de recursos para a melhoria da produção e infraestrutura de áreas vinícolas, se estendendo para o desenvolvimento do enoturismo e para a capacitação profissional e intelectual.

No contexto econômico surgem na região, ambientes de comércio e marketing do vinho como, por exemplo: lojas próprias nas vinícolas, Loja Cave (loja especializada em vinhos da Associação de Produtores de Vinhos, localizada na divisa entre Santana do Livramento e Riveira), contatos com restaurantes e hotéis da Campanha, além da venda de vinhos, espumantes e sucos para outras cidades e estados brasileiros através de lojas virtuais e de varejo.

Nota-se ainda, a articulação entre diferentes atores regionais na composição territorial como: instituições políticas, de ensino e de profissionalização, produtores de uva, vinícolas, associações regionais e agentes comerciantes.

A constituição do território do vinho conta com o suporte da Associação de Produtores de Vinhos Finos que tem buscado promover uma identidade regional e o desenvolvimento da vitivinicultura. Ainda, a Associação está envolvida no projeto de Reconhecimento da região como produtora de vinhos finos através da criação da Indicação Geográfica dos produtos vitícolas da Campanha Gaúcha.

Sabemos que a região da Campanha Gaúcha não provém de uma tradição cultural vitícola como a Serra Gaúcha. Todavia, o vinho tem se constituído num elemento de identidade com a cultura campeira regional, através de várias manifestações simbólicas e territoriais, entre elas: a associação dos vinhos produzidos na região com o pampa gaúcho, a criação de atividades turísticas ligadas a cavalgadas e degustação de churrasco de chão com vinho.

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vinho não aparece como parte histórica da identidade, mas como elemento atual que carrega e sintetiza marcos da identidade local e da Campanha. (FLORES, 2015).

Estas territorialidades legitimam a formação de um território do vinho com a produção de uma identidade e paisagem única. Em síntese, este novo território tem representado uma nova perspectiva de desenvolvimento para região e para expansão do setor vitícola com a criação de um pólo de vinhos finos próximo ao Uruguai, argentina e Serra Gaúcha (outros espaços territoriais do vinho).

5 – Conclusões

A prática da vitivinicultura tem criado no estado do Rio Grande do Sul, em diferentes períodos e com conjunturas econômicas locais distintas, o surgimento de diferentes territórios produtores de uvas e vinhos. Destacamos em nosso estudo dois territórios do vinho: o território do Vale dos Vinhedos e o território da Campanha Gaúcha.

No primeiro caso temos a vitivinicultura tradicional carregada de simbologias e significados que remetem aos imigrantes, “colonos italianos”, que ali plantaram os primeiros parreirais, que convivem e ao mesmo tempo contrastam com os vinhedos modernos. Porém, mantêm a sua simbologia com o lugar, com os atores locais e com as práticas de cultivo, que lhe conferiram a Indicação Geográfica. O vinho nesse caso representa a identidade do lugar com o morador e seus valores culturais.

O segundo exemplo apresenta o vinho inserido na região da Campanha Gaúcha, que passa a adquirir os elementos que identificam a área geográfica com a produção vitícola, como por exemplo, o cavalo, e a paisagem local que a exemplo da paisagem do Vale dos Vinhedos passa a figurar nos rótulos das garrafas de vinho elaboradas naquele território. Aqui o vinho adquire um novo significado passa a incorporar os valores locais para adquirir significado no território.

Essa relevância e perspectiva de crescimento econômico, que o vinho esta proporcionando na região da Campanha Gaúcha credencia o lugar a futuramente receber a Indicação de Procedência, assim como se deu no Vale dos Vinhedos.

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BLUME, Roni. A Dimensão Humana do Terroir: o Caso da Vitivinicultura da Serra Gaúcha. Anais eletrônicos... In: XVI Encontro Nacional dos Geógrafos: Crise, práxis e autonomia: espaços de resistência e de esperanças. Porto Alegre, jul. 2010. p. 1-10.

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FLORES, S. S. Vinho e identidade no Brasil: da Itália ao vinho tipicamente brasileiro.

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