Modelos Cosmologicos e a Acelerac~ao do Universo
(CosmologicalModelsandtheAccelerationoftheUniverse)
Helio V.Fagundes
Instituto deFsicaTeorica,UniversidadeEstadual Paulista,
S~aoPaulo-SP-CEP01405-900
E-mail: helio@ift.unesp.br
Recebidoem2dezembro,2001. Aceitoem8demaio,2002.
Alguns modelos cosmologicos s~ao apresentados informalmente, especialmenteos de Friedmann e
Einstein-deSitter,utilizadosnocontextodochamado`BigBang',eosdeFriedmann-Lema ^
itreque
completamosprimeiros porincluir aacelerac~aodaexpans~aodouniverso,descobertaalgunsanos
atras.
I O universo observavel
A Fig. 1 e um esquema da parte do universo que
podemos observar da Terra. Os crculos
represen-tam camadas esfericas, com um numero indicando
sua dist^ancia em anos-luz. Ela ja pressup~oe
inter-pretac~oes teoricas,ou ao menos algum processamento
mental,poisnossossentidosn~aopercebemdiretamente
dist^anciasastron^omicas. Nossavis~aodiretadoceun~ao
indica profundidade na direc~ao da observac~ao: oSol,
a Lua,asestrelase do Cruzeirodo Sul(distantes
respectivamente 260 e 490 anos-luz) aparentam estar
todosamesmadist^anciadenos.
Terra
5 billion
10 billion
15 billion
Figura1. Esquemadapartedouniversoquepodemos
ob-servar. Cada crculorepresenta umacamada esferica, com
adist^anciaindicadaemanos-luz.
Consideremosocrculomarcado5bilh~oes(1bilh~ao
= 1000milh~oes) nagura. Osobjetos,como galaxias
equasares,situadosnessa camada,s~aoobservados por
seja,cada crculorepresenta uma regi~aodo cosmo em
umacertaepoca. (Masnaescaladehoje,quelevaem
conta aexpans~aodo espaco.) N~ao podemos ver como
eraemqualquerepoca umadadaregi~ao. Ocrculo
ex-ternoeapartemaisdistante,acerca de15 bilh~oesde
anos-luz,e portanto mais antiga, que pode ser
obser-vadaatravesderadiac~aoeletromagnetica.
OsnumerosdaFig. 1s~aoaproximados,mastodos
sebaseiamna teoriada expans~aodo universo,
conhe-cida como `Big Bang' (BB), ou, tecnicamente, como
teoriapadr~ao do universo. Outrasobservac~oesques~ao
explicadas pela teoria do BB s~ao as densidades
rela-tivas dos elementos leves, hidrog^enio, helio e ltio, no
universo,eachamadaradiac~aocosmicadefundo, que
seoriginanaesferamaximadaFig. 1.
Acontece que oBB tem muitas variantes. A ideia
basicadocosmocomoalgosemelhanteaoresultadode
umagrandeexplos~aocontinuasendoamaisaceita
pe-los especialistas, mas quanto aos detalhes ha muitas
possibilidadeseincertezas.
Antes de abordar esses modelos, uma observac~ao:
n~ao confundir a cosmologia relativstica com a teoria
darelatividade geral criada porA. Einstein em 1915.
Esta ultima e uma teoria da forca gravitacional,
en-quanto acosmologiaeinsteinianabaseia-sena
relativi-dadegeralcombinadacomoutrashipoteses,comoa
ho-mogeneidade e a isotropia da distribuic~ao de materia
emgrandesescalaseaequac~aodeestadodessamateria.
Estas hipoteses adicionais podem ser mais ou menos
basea-II Osmodelosde Friedmanne de
Einstein-de Sitter
A. Friedmann,usando ashipotesesde homogeneidade
eisotropiadamateria,construiu doismodelosemque
a geometria do espaco cosmico (tecnicamente, a
ge-ometriadassec~oesespaciais 3-dimensionaisdoespa
co-tempo4-dimensional)temcurvaturapositiva(fechado,
1922) ou negativa (aberto, 1924). A curvatura e
umaquantidadegeometricaquevemdateoriadas
su-perfciescurvas. Destas,amaissimpleseaesfera,que
tem curvatura igual ao inverso do raio ao quadrado.
Veremos, a seguir, uma caracterizac~ao dessas
geome-triasemtermosdetri^angulosretilneos.
A
B
C
Geometria hiperbolica:
A + B + C < 180 graus
A
B
C
Geometria esferica:
A + B + C > 180 graus
A
B
C
Geometria euclidiana:
A + B + C = 180 graus
Figura2. Tri^angulo\retilneo" nastr^esgeometrias de
cur-vaturaconstante.
NoseculoXIXhaviamsidodescobertasaschamadas
geometria hiperbolica e geometria esferica, diferentes
da geometria euclidiana comum. Um teorema bem
conhecidoda geometriaeuclidiana, quetemcurvatura
nula, diz que a soma dos ^angulos internos de um
tri^angulo retilneoe igual a 180graus. Na geometria
esfericaessasoma emaiorque180graus,ena
geome-representaotri^angulo euclidianocorretamente,dentro
daslimitac~oes dodesenho. Paraostri^angulos esferico
e hiperbolico as ilustrac~oes s~ao distorcidas, por causa
da curvatura: os lados representados por curvas s~ao
geodesicas-que s~aoas\retas" nessas geometrias,por
exemplooequadoreosmeridianosnumgloboterrestre.
II.1. Modelo de Friedmann esferico ou
fechado
Nestavers~aoadensidademediademateriaemaior
que uma certadensidadecrtica dateoria,que
corres-ponde a cerca de cinco vezes a massa de um atomo
de hidrog^enio por metro cubico. Usa-se aletra grega
(^omega) para a densidade de materia em unidades
dadensidade crtica. Portanto, eumnumeromaior
do queumno modeloesferico. Asec~aoespacial ou
3-espacoerepresentadoporumahiperesfera:assimcomo
aesferaeumasuperfcienita,deduasdimens~oes
(lati-tudeelongitude),imersanoespacoeuclidianocomum,
a hiperesfera e uma hipersuperfcie nita, de tr^es
di-mens~oes (dist^ancia, latitude e longitude), imersa em
umespacoeuclidianoabstratodequatrodimens~oes,que
n~aoeintuitivo. Vamosnoslimitaraconsideraraesfera
comum,queseriaum\plano"nahiperesfera.
A
E
B
C
D
Figura3. Expans~aoe contrac~aonomodelo de Friedmann
AFig. 3representagrosseiramenteaevoluc~aodeste
modelo,pormeiodeumbal~aoesfericocujoraio
inicial-mente (A) tem um di^ametro mnimo (\quase nulo"),
expande-se ate B e chega a um valor maximo em C,
para depoissecontrairateD,eseextinguiremE,
no-vamente com raio mnimo. Em B, C, D as manchas
sobreobal~aorepresentamestruturascomogalaxiasou
seus aglomerados. As dist^ancias entre esses objetos e
proporcionalaoraiodo bal~ao, istoe,primeiro
aumen-tamedepoissecontraem. Naepoca atual,estaramos
noestagioB,portantoemestadodeexpans~ao.
II.2. Modelo de Friedmann hiperbolico
ou aberto
Neste caso, densidade mediaemenor que a
densi-dade crtica, portanto e uma frac~aoda unidade. O
analogodaFig. 3eaFig.4. Aexpans~aocontinua
sem-pre,emboracomvelocidadecadavezmenor,ouseja,a
expans~aoedesaceleradaou freada. A sec~ao espaciale
o espaco hiperbolicoinnito. Aquino IFTtemos
tra-balhadocomumavariantedestemodelo,ondeoespaco
etambemhiperbolico,poremnito.
A
B
C
D
Figura 4. Expans~aonomodelo deFriedmannhiperbolico:
A!B!C!D!...
II.3. Modelo de Einstein-de Sitter
Este modelo (1932) sup~oe que a densidade de
materiaeexatamenteadensidadecrtica,portantoque
= 1. Sua evoluc~ao e representada na Fig. 5. O
espaco3-dimensional (sec~aoespacial)eagoraoespaco
euclidianoinnito.
Comrelac~aoasFigs. 3a5,costuma-sedizerqueas
galaxiaspermanecemxasnoespaco,enquantoestese
dilata ou contrai; por issoas primeiras afastam-se ou
aproximam-seumasdasoutras.
OmodelodeEinstein-deSittere,asvezes,chamado
modelodeFriedmanndecurvaturanula. Ouseja,a
ex-teoriasqueacabamosdedescrever.
Eummisteriopara
mimpor que oproprio Friedmannn~aotratou docaso
euclidiano,queeomaissimplesdostr^es.
A
B
C
D
Figura5. Expans~aonomodelo deEinstein-deSitter: A!
B!C!D!...
NaFig.6,vemosumgracodaevoluc~aodofatorde
escalaoudeexpans~aonostr^esmodelosdeFriedmann.
Essefatormedeograudeexpans~aooucontrac~ao. Por
exemplo,seemcertaepocaofatoreoduplodeseuvalor
emoutra epoca, ent~aoa dist^anciaentre duas galaxias
na primeira e o duplo da dist^ancia entre elas na
se-gunda. Notemqueastr^eslinhassecurvamparabaixo,
o que matematicamente signica desacelerac~ao. Esta
e produzida pela atrac~ao gravitacional das partes do
universoentresi.
Tempo
Fator
Figura6. Fator de escala nosmodelos deEinstein-de
Sit-ter(acurvadomeio),deFriedmannesferico (embaixo) e
Friedmannhiperbolico(notopo).
II.4. A lei de Hubble
OafastamentodasgalaxiasprevistoporFriedmann
foi conrmado pelas observac~oes, realizadas por V.
Slipher,dodeslocamentoparaovermelho(ouredshift)
da luz proveniente das galaxias, e pelas dist^ancias de
galaxiasmedidasporE.Hubble,ambosresultados
for-velocidadede afastamentodas galaxiaseproporcional
asuadist^ancia. Essaleiexprimeachamadaexpans~ao
do universo, que ostr^esmodelos acima prev^eem,mas
comdiferencas nosvaloresnumericos. NotarnasFigs.
de3a5queesseafastamentodasgalaxiasn~aoesocom
relac~aoanosnaTerra, masdetodasasgalaxiasentre
si.
Em1948,foipropostaporH.BondieT.Golduma
teoriaestacionariadocosmo,quetambempreviaa
ex-pans~aomasn~aooBB.Elafoipraticamenteabandonada
comacomprovac~ao,em1965,daprevis~aodaradiac~ao
defundo,queeexplicadademodonaturalnosmodelos
BB.Tambemcontribuiuparaissoaconrmac~aoda
pre-vis~aodestesquantoaabund^anciadoelementoqumico
helionouniverso.
Os tr^es modelos acima, de Friedmann e
Einstein-deSitter,todosprev^emumaexpans~aodouniversoque
estadesacelerando. Ouseja,avelocidadedaexpans~ao
esta sempre diminuindo. Isso se deve a que a unica
forca atuante e a atrac~ao gravitacional, que freia a
grandegrande velocidadeinicial. Ate hapoucos anos,
os teoricos achavam que esta previs~ao estava correta,
e apenas sedividiam em duas prefer^encias principais:
uma corrente,ligadaaos astrofsicos,acreditavanuma
baixa densidade de materia, algocomo 30%da
densi-dade crtica, eque portanto o modelo apropriado era
odeFriedmannhiperbolico;outra,principalmente dos
fsicostrabalhandonateoriadoscampos,preferiaade
Einstein-deSitter.
Ent~ao, tr^es anos atras, apareceu um novo
resul-tado, espetacularjaqueninguemoesperava. Da
ob-servac~aode estrelassupernovas distantes, doisgrupos
independentes,lideradosporA.G.RiesseS.
Perlmut-ter, chegaram a conclus~ao de que a expans~ao do
uni-verson~aoestafreando,ela estaacelerando! (Na sec~ao
4, adiante,teremos uma noc~ao do princpio desta
de-scoberta.) Iniciou-se, ent~ao, a atual fase de frenetica
pesquisaparaadaptaroBBaessenovofato.
Porquetantoalvorocodiantedestenovofato? Para
ocientista n~ao setrata de uma observac~aoisolada, e,
antes, maisumapecanainvestigac~aodasleisnaturais.
Eparatodosnos,habitantesdoUniverso,eimportante
conhecerosdetalhesdestanossacasa!
III A constante cosmologica e os
modelos de Lema
^
itre e de
Sitter
Em 1917, quando ainda n~ao se conhecia a expans~ao
douniverso,Einsteinconstruiuummodelocosmologico
estatico. Para isso ele usou sua propria teoria da
gravitac~ao, \com uma pequena modicac~ao". Esta
modicac~aofoiacrescentar,naequac~aodocampo
gra-vitacional, a chamada constante cosmologica, o que
outra densidade de energia invisvel, que pode ser
chamadaenergiaescura,ouenergiadovacuo. Seuvalor
foi ajustadode modoa funcionar como uma forca
re-pulsivaeassim contrabalancaraatrac~aogravitacional
damateriacomum,permitindomodelarumcosmosem
expans~ao nem contrac~ao. Essa constante, designada
pelaletragrega(lambda),coufamosapelafrasede
Einstein \amaiorburradademinhavida": sema
mo-dicac~ao ele poderiater previsto aexpans~ao cosmica,
detectadaonzeanosdepois. Poroutroladotinha
fun-damentomatematicosolido;tantoassimque foiusada
emdoismodelos,descritosabaixo,quepormuitotempo
sotiveraminteresseteoricoformal,masqueatualmente
fazempartedapesquisa defronteira.
O modelo de W. de Sitter (1917) n~ao contem
materia, mas apenas uma constante cosmologica. Seu
fator de expans~ao cresce exponencialmente (isto e,
muitorapidamente),eoespacoeeuclidiano. Nadecada
de 1980, apareceuo chamado cenario in acionario do
universoprimordial,quesup~oeumaepocamuitocurta,
logoaposonascimentodouniverso,emqueestese
ex-pandiude formamuitssimorapida,segundoomodelo
de Sitter, antes de comecar a fase de expans~ao
`nor-mal',queedescritapelosmodelosdeFriedmanneseus
sucessores. NaFig. 7vemosaevoluc~ao domodelode
de Sitter,comexpans~aosempre acelerada: nograco,
curvaturaparacima.
Tempo
Fator
Figura7.Expans~aoexponencialnomodelodedeSitter.
Nomodelooriginal deG. Lema ^
itre (1927),a
cons-tantecosmologicatemumvalormaiorquenode
Eins-tein. Ele tem expans~ao, primeiramente desacelerada,
depois acelerada, com uma epoca de \hesitac~ao" no
meio, como diz Harrison em seu excelente livro
semi-popular. Generaliza-se o modelo original para
quais-quer valores de , e resultam as mesmas variantes
geometricasdosmodelosdeFriedmann,quepodemser
chamadas modelos de Friedmann-Lema ^
itre (FL). Na
Fig. 8,temos umgracodofatordeevoluc~aode
algu-masdasvariantesdeFriedmann-Lema ^
porEinstein; oque signica uma forca repulsiva
su-ciente para vencer a atrac~ao gravitacional, da a
ace-lerac~ao nal da expans~ao. Para menor que ovalor
deEinstein nocasoesferico,e negativoemqualquer
caso-atrac~aoextra! -temos apenas desacelerac~aoeo
colapsonal,comonoFriedmannesferico.
Tempo
Fator
Figura 8. Expans~ao em modelos de Friedmann-Lema ^
itre
com constante cosmologica positiva, e, no caso esferico,
maior queno modelo estatico de Einstein. Debaixo para
cima,espacos esferico,euclidiano ehiperbolico.
Comadescobertadaacelerac~aodaexpans~ao -que
aindan~aofoisucientemente conrmada-aconstante
voltouapesquisadefronteira,comoumdospossveis
recursos para encaixaressa acelerac~ao noesquema do
BB.
IV Modelos incluindo a
acelera- c~ao
Nos tr^esmodelos deFriedmann, aexpans~aoe sempre
freada, isto e, n~ao prev^eemacelerac~ao. Node de
Sit-ter ela e acelerada demais, so serve para descrever a
chamadafasein acionariadouniversorecem-nascido.
Poroutrolado,oesquemain acionariomais
popu-lar e aquele em que a in ac~ao elimina qualquer
cur-vatura que o universo pudesse ter originalmente, de
modo que a epoca pos-in acionaria tem curvatura
nula.
O modelo mais simples para acomodar tanto o
BB com curvatura nula como a acelerac~ao e o de
Friedmann-Lema ^
itrecomespacoeuclidiano.
Amedida
que o universo se expande, a densidade de materia
diminui, pois a quantidade de materia em uma certa
regi~ao se conserva enquanto o volume da regi~ao
au-menta. Temos,ent~ao,umgracodaevoluc~aodas
den-sidades, em unidades da densidade crtica atual, de
materia e de energia escura como na Fig. 9. Nesta
guranotamosquenoinciopredominavaamateria,e
assimouniversoseparececomodeEinstein-de Sitter
(EdS). Eventualmente aenergiado vacuo vai
predom-inar, e o modelo se comportara como o de de Sitter
1
Tempo
0,3
0,7
Densidade
Figura9. Densidadesde materia(curva) eenergia escura
(reta),emunidadesdadensidadecrticaatual. Onumero1
noeixodotempoindicaaepocaatual.
0,54
1
2
Tempo
1
2
Fator
Figura10. FatordeescalanosmodelosdeEdS(linhana)
eFLeuclidiano (linha grossa),este comdensidadesatuais
de30%demateriae70%deenergiaescura.
NaFig. 10mostramosumgracodoFLeuclidiano,
junto com oEdS para comparac~ao. O ponto 0,54 no
eixohorizontalindica amudancadadesacelerac~ao
ini-cialpara a fase de acelerac~ao em FL, quando o fator
de escalatinha 65% do valor atual. Nossa Fig. 10 e
aunica baseadaemcalculosexatos. Paraos
interessa-dosnestes, o Ap^endice traz as grandezas basicas eos
valoresadotadosnaFig. 10.
Podemosagoradarumaideiadecomoaacelerac~ao
atual foi descoberta. Para um dado redshift de uma
supernova, a dist^ancia desta calculada no FLemaior
doque noEdS. Portanto, seu brilho previstoemenor
noprimeirocaso-acelerado-eeoquecorrespondeao
brilhoobservadodasupernova.
Naepoca`atual'(emcosmologiaistopodesignicar
umperododemilharesouatemilh~oesdeanos),temos
aestimativa de uma densidade relativade materia de
30%,edeenergiaescuradosrestantes70%-demodoa
satisfazeraideiadominanteentreosteoricos,dequeo
perodoin acionario(v. sec~aoIIIacima)implica
total
=1, isto e,a densidadetotal demateria eenergia
se-riaa densidade crtica. Por que naepoca atual esses
valoress~aoda mesmaordem de grandeza? Esteeum
doschamadosproblemas decoincid^encia. Ochamado
princpio antropico explica essa coincid^encia dizendo
que so nessas condic~oes do universo a vida humana
vacuo t^em de ser da mesma ordem de grandeza. Eu
n~aoestouconvencidodequeestaeuma boasada...
Uma outra ideia, alternativa a constante
cos-mologica, para explicar a acelerac~ao, e postular um
novotipodemateria,chamadoquintess^encia,numa
re-fer^encia poeticaaos quatro elementos da antiguidade.
Suadensidadepoderiasern~aoconstante,masdiminuir
vagarosamente, de modo a simular uma constante na
epocaatual, eseanularnofuturoremoto.
V Nomenclatura e outros
mode-los
Em todos os casos acima, o espaco foi suposto
isotropico: em cada ponto suas propriedades s~ao as
mesmas em qualquer direc~ao; e homog^eneo: tem
as mesmas propriedades em cada ponto. A classe
dessassoluc~oeschama-semodelosdeRobertson-Walker.
Destes, aqueles com a propriedade BB formam
a subclasse FLRW (Friedmann-Lema ^
itre-Robertson-Walker). Mas essa nomenclatura n~ao e uniforme na
literaturaespecializada.
N~aodiscutinossapesquisaaquinoIFT,queenvolve
modelosdecurvaturaconstante,mascomespacos
ni-tosedeformasmaiscomplexasqueosacima. Tambem
n~aomencioneioutroscasosques~aodegrandeinteresse
teorico,masquenomomentot^empoucarelev^anciana
cosmologiaobservacional.
VI Conclus~ao
O Big Bang, agora na vers~ao de Friedmann-Lema ^
itre
com constante cosmologica positiva e geometria
espa-cial euclidiana, acomoda bem seus antigos sucessos.
Estes incluem a expans~ao do universo, a formac~ao
e abund^ancia, com relac~ao ao proton, dos nucleos
at^omicos leves - d^euteron, helio 3, helio 4, ltio 7 - e
aradiac~aocosmicadefundo. E tambem explica a
atualpossibilidadedaacelerac~aodaexpans~ao.
Mas ha um sentimento de incompleteza da
teo-ria, que precisa apelar, porexemplo, para oprincpio
antropico e para a misteriosa constante cosmologica,
queninguemsabedeondevem. Hatambemoproblema
de conciliar a cosmologia com outras areas da fsica,
comoateoriaqu^anticadoscampos. Aparentemente,as
teoriasdocosmoencontram-seemumafasetransitoria,
aesperadaelaborac~aodeumanovasnteseteorica.
Ap^endice
ModeloFL euclidiano, comosvaloresadotados na
Fig. 10: c ConstantedeHubble H 0 =65kms 1 Mpc 1
Constantecosmologica =1;036810 56
cm 2
Densidadedemateria
M0 =8G M0 =3H 2 0 =0;3
Densidadedeenergiaescura
=c 2 =3H 2 0 =1 M0 =0;7
Par^ametrodedesacelerac~ao q
0 = M0 =2 = 0;55 Metrica ds 2 =c 2 dt a 2 (t)dx 2 ;onde a(t)=( M0 = ) 1=3 sinh 2=3 ( p 3ct=2) =0;754sinh 2=3 (1;210t=t 0 ) Idadedouniverso t 0 =(2=3H 0 p )tanh 1 p =14;510 9 anos
Dist^anciapropria d(Z)=
(c=H 0 ) R Z 0 [ M0 (1+z) 3 + ] 1=2 dz
Transic~aodesacelerac~ao!acelerac~ao t
da =(2= p 3)tanh 1 (1= p 3) =0;544t 0 Z da =(2 = M0 ) 1=3 1=0;671 d
No modelo EdS, a(t) = (t=t
0 ) 2=3 , t 0 = 2=3H 0 = 10;010 9 anos,ed(Z)=(2c=H 0 )[1 (1+Z) 1=2 ]:Esta
emenorquesuacorrespondente noFL,para qualquer
redshift; por exemplo, para Z = 1;0, a raz~ao dessas
dist^anciase0;76:
Bibliograa {em ordem de
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