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O Ensino de Metodologia de Pesquisa na Graduação. Uma experiência no Curso de Jornalismo da UFSC

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Academic year: 2021

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FÓRUM NACIONAL DE PROFESSORES DE JORNALISMO (FNPJ) XII ENCONTRO NACIONAL DE PROFESSORES DE JORNALISMO VIII CICLO NACIONAL DE PESQUISA EM ENSINO DE

JORNALISMO

MODALIDADE DO TRABALHO: Relato de Experiência GRUPO DE TRABALHO: Pesquisa na Graduação

O Ensino de Metodologia de Pesquisa na Graduação. Uma experiência no Curso de Jornalismo da UFSC

Elias Machado1 machadoe@cce.ufsc.br

Leonardo Foletto2 leofoletto@gmail.com

Vivian Virissimo3 vivian_virissimo@hotmail.com

Palavras-Chave: Ensino, Jornalismo, Metodologia de Pesquisa.

1 Jornalista e Doutor em Jornalismo. Pesquisador do CNPq. Coordenador do LAPJOR/UFSC e pesquisador do GJOL/FACOM/UFBA.

2 Jornalista e Mestrando em Jornalismo. Bolsista da CAPES no LAPJOR/UFSC.

3 Jornalista e Mestranda em Jornalismo. Bolsista da CAPES no LAPJOR/UFSC.

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1. Apresentação

A escassa bibliografia especializada disponível (SANTAELLA, 2001), a falta de uma definição clara dentro dos projetos político-pedagógicos e a desconexão ainda existente entre uma boa formação profissional e a necessidade de uma fundamentação científica específica (JAWSNICKER, 2004), contribuem para que, na Graduação em Jornalismo, o ensino de Metodologia da Pesquisa se transforme num desafio para os docentes desta disciplina (LOPES, 2003).

Até o final de 2008, em evidente paradoxo com o crescimento do campo da Comunicação em geral e do Jornalismo em particular como áreas científicas4, contava- se, no país, com apenas três manuais especializados dedicados à Metodologia da Pesquisa em Comunicação5, (dois livros sistemáticos e uma coletânea) e um sobre Metodologia da Pesquisa em Jornalismo6, (uma coletânea), a primeira do gênero, lançada em 2007.

Nos projetos político-pedagógicos, muitas vezes, Metodologia da Pesquisa continua sem uma identidade definida, indo desde uma disciplina secundária, ministrada por docentes que desconhecem as particularidades da Área e destinada ao ensino de normas técnicas de referência bibliográfica, passando por casos em que desprovida de fundamentação conceitual, transforma-se em mero espaço para a elaboração de projetos práticos, até as raras situações em que busca contribuir com a capacitação do aluno para a pesquisa científica em Jornalismo.

A desarticulação do ensino com a pesquisa, que deveria estar vinculada a todas as disciplinas do curso, ou superdimensiona Metodologia da Pesquisa, que necessita preencher deficiências na formação decorrentes da fragmentação do conhecimento em disciplinas isoladas, ou a esvazia, destituindo-a do caráter teórico-metodológico para assumir-se como disciplina instrumental, devido à desvinculação do ensino das técnicas para elaboração de projetos, do ensino do referencial conceitual indispensável para o exercício da pesquisa científica sobre a prática profissional.

4 O Censo da Educação divulgado pelo INEP em fevereiro de 2009 registrou que em 2007 a graduação em Comunicação contava com mais de 221 mil alunos matriculados e contabilizava mais de 38 mil titulados por ano, transformando a Comunicação na quinta área com mais alunos no país, atrás de Administração, Direito, Pedagogia e Engenharia. Ver HARNIC, Simone. Administração é o curso com mais matrículas no ensino superior, mostra Censo da Educação Superior. UOL Educação, 03/02/2009, Disponível em:

<http://educacao.uol.com.br/ultnot/2009/02/03/ult105u7548.jhtm>, Consultada em 23/02/2009. Dados da (CAPES) indicam que em 2008 a Área de Comunicação possuía 35 cursos de Mestrado e Doutorado, tendo pelo menos um Programa de Pós-Graduação em cada uma das cinco regiões, com a abertura do Mestrado em Comunicação na Universidade Federal do Amazonas, em 2008.

5 VASSALLO LOPES, Maria Immacolata. Pesquisa em Comunicação. São Paulo: Edições Loyola, 1990. Obra de referência entre os pesquisadores de Comunicação, encontra-se na 6ª edição, lançada em outubro de 2001; SANTAELLA, Lucia. Comunicação &

Pesquisa. Projetos para Mestrado e Doutorado. São Paulo: Hacker Editores, 2001, com primeira reimpressão em 2002 e DUARTE, Jorge; BARROS, Antonio (Orgs.), Métodos e Técnicas de Pesquisa em Comunicação. São Paulo: Atlas, 2005, com 2ª ed., 2006 e 2ª reimpressão em 2008.

6 BENETTI, Márcia; LAGO, Claudia (Orgs.). Metodologia de Pesquisa em Jornalismo. Petrópolis: Vozes, 2007.

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No Curso de Jornalismo da UFSC, que em março de 2009 completa 30 anos, Metodologia da Pesquisa é ministrada no 3º semestre, com número máximo de 30 alunos e carga horária de 72 horas e está articulada com Técnicas de Projetos, disciplina com carga horária de 36 horas, do 7º semestre e que tem como objetivo a elaboração do Projeto para conclusão do Curso. Neste trabalho, apresentamos o relato da experiência desenvolvida no ensino de Metodologia da Pesquisa pela equipe do Laboratório de Pesquisa Aplicada em Jornalismo Digital, (professor Elias Machado e mestrandos em Jornalismo, Leonardo Foletto e Vivian Virissimo), em práticas de estágio docente, no primeiro semestre de 2008.

1. Definição da Disciplina

Disciplina ministrada no terceiro semestre do Curso de Jornalismo, (JOR 5306) - Teoria e Método da Pesquisa - tem como ementa o ensino dos métodos de trabalho científico; métodos e técnicas de pesquisa em comunicação; pressupostos teóricos e contribuições multidisciplinares para a pesquisa em comunicação. Os objetivos da disciplina são: 1) entender os princípios da lógica e da natureza da pesquisa científica;

2) conhecer as etapas da pesquisa científica e da montagem de projetos de pesquisa e 3) identificar os principais métodos de pesquisa qualitativa e quantitativa.

Ao assumir a disciplina no segundo semestre de 2006, o professor Elias Machado percebeu que havia a necessidade de reformulação do plano de ensino utilizado, buscando uma melhor adequação aos objetivos do curso de graduação, desde 2000 focado na especialidade para formação de jornalistas. Como primeira medida, direcionou os objetivos para a área específica do jornalismo: 1) Conhecer as etapas da pesquisa científica e da montagem de projetos de investigação em jornalismo; 2) Identificar os principais métodos de pesquisa qualitativa e quantitativa aplicados ao jornalismo e 3) Elaborar um projeto de pesquisa em Jornalismo.

A julgar pela ementa e pelo plano de ensino até então em vigor, a disciplina poderia ser ministrada como uma disciplina teórica, com o aluno concluindo Teoria e Método sem a necessidade de elaborar e defender um projeto de pesquisa sobre determinado objeto na área do Jornalismo. Como segunda medida, decorrente desta constatação, o professor Elias decidiu que a disciplina teria que incluir, obrigatoriamente, a elaboração pelos alunos matriculados de um projeto de pesquisa, com tema de livre escolha, desde que tivesse o jornalismo como objeto central.

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2. A proposta metodológica

Feita a adaptação da disciplina para as particularidades da área do Jornalismo, no semestre 2008.1, em que a equipe do LAPJOR trabalhou em conjunto, mantivemos a mesma distribuição do conteúdo programático em duas unidades: 1) Fundamentos para a pesquisa e 2) Elaboração e apresentação de trabalhos acadêmicos, cada uma delas divididas em quatro pontos. A divisão, formulada pela primeira vez em 2006.2, e testada em 2007.2, tinha como objetivo, ao mesmo tempo, fornecer os conhecimentos teóricos sobre as particularidades da ciência, do método científico, das metodologias aplicadas ao jornalismo, dos diferentes tipos de trabalhos acadêmicos como ensaio, artigo, relatório de pesquisa, monografia, dissertação e tese, capacitar o aluno a desenvolver e apresentar um projeto individual de pesquisa em jornalismo.

Fundamentos para pesquisa estava estruturada em: 1) As diferentes formas de conhecimento (senso comum, ciência, religião, arte e jornalismo); 2. O método científico. Definição e Características; 3) Métodos quantitativos: sondagens (survey), análise de conteúdo e 4) Métodos qualitativos: técnicas de entrevista, observação participante, estudo de caso e Elaboração e apresentação de trabalhos acadêmicos constava dos seguintes pontos: 1) A apresentação e formatação de trabalhos acadêmicos; 2) Os diferentes tipos de trabalhos acadêmicos: ensaio, artigo, monografia, dissertação, tese, relatório de pesquisa; 3) Os elementos de um projeto de pesquisa:

Apresentação do problema, Delimitação do objeto, Objetivos, Hipóteses, Metodologia, Cronograma e Bibliografia e 4) Elaboração de um projeto de pesquisa em jornalismo.

O plano de atividades da disciplina compreendeu três tipos de ações: sete aulas expositivas ministradas pelo prof. Elias Machado, ficando as duas aulas expositivas restantes a serem elaboradas e ministradas pelos dois mestrandos; a co-orientação pelos três membros da equipe dos projetos de pesquisa dos alunos, elaborados ao longo do semestre, nas sete aulas restantes. A primeira aula, ministrada pelos mestrandos ocorreu no dia 8 de abril, tratou das metodologias de pesquisa histórica aplicadas ao Jornalismo e discutiu o texto: ROMANCINI, Richard. História e Jornalismo: reflexões sobre campos de pesquisa. In. BENETTI, Márcia; LAGO, Cláudia. Metodologias de Pesquisa em Jornalismo. Petrópolis: Vozes, 2007. A segunda aula, ocorrida no dia 10 de abril, tratou de questões relativas ao Estudo de Caso, tendo como base o texto MATSUUCHI, Márcia Yukiko. Estudo de caso. In: DUARTE, Jorge; BARROS, Antônio. (org). Métodos e técnicas de Pesquisa em Comunicação. São Paulo: Atlas,

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2005. Utilizou-se como complemento ao texto base o livro YIN, Robert. Estudo de caso. Planejamento e Métodos. 3ª ed. Porto Alegre: Bookman, 2005.

A terceira atividade realizada durante a disciplina foi a co-orientação dos projetos de pesquisa que deveriam ser realizados como trabalho final da disciplina.

Inicialmente, os mestrandos acompanharam as orientações individuais do prof. Elias Machado aos alunos da disciplina; depois, foram realizadas as reuniões individuais do professor e dos mestrandos com um aluno por vez. Esses encontros tiveram como objetivo o auxílio da elaboração dos projetos de pesquisa, contribuindo-se para a construção do projeto de cada estudante, principalmente nos aspectos envolvendo a estruturação do projeto e a delimitação do objeto a ser estudado. Ao final do semestre de aulas, os alunos apresentaram os projetos finais para os colegas, quando se pôde avaliar melhor o resultado final de cada um dos projetos.

3. Avaliação dos resultados

A julgar pelo resultado final a disciplina Teoria e Método da Pesquisa atingiu os objetivos propostos ao início do semestre: dos 27 alunos matriculados, todos os 25 que entregaram e apresentaram os projetos individuais de pesquisa foram aprovados.

Apenas dois alunos foram reprovados por freqüência e sequer chegaram a entregar os projetos. Além deste aspecto diretamente relacionado com o desempenho dos alunos da graduação, a disciplina possibilitou uma experiência docente aos alunos do Mestrado em Jornalismo, contribuindo para que pudessem se deparar com as problemáticas da sala de aula e para aumentar a interação entre a graduação e a pós-graduação.

No caso dos mestrandos, a aprendizagem na disciplina de Teoria e Método da Pesquisa foi importante também para o exercício da pesquisa, pois, com o conhecimento adquirido ou reforçado no estágio, aperfeiçoaram-se para a carreira acadêmica de pesquisador. Sobretudo pelo fato de que conhecer, propor e utilizar corretamente a metodologia é um pressuposto para todo pesquisador. As dificuldades encontradas na disciplina se devem basicamente a três tipos de fatores: 1) a falta de conhecimento científico prévio dos alunos, recém-chegados ao curso e matriculados no terceiro semestre; 2) a inexperiência com a atividade docente dos estagiários. Uma dupla dificuldade: a inexperiência em sala de aula e a inexperiência com relação ao conteúdo. Apesar de terem cursado uma disciplina específica de metodologias de pesquisas aplicadas ao jornalismo no primeiro semestre do Mestrado, os estagiários

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avaliam que o conhecimento adquirido não foi o suficiente para ter domínio do assunto, algo essencial para o exercício da docência e, por fim, 3) a necessidade de adaptação metodológica da disciplina a um trabalho em equipe, capaz de ao mesmo tempo dividir as tarefas sem sobrecarregar como docentes jovens mestrandos, com uma idade próxima da dos alunos da graduação e sem a formação plena para o exercício da docência.

O resultado do trabalho desenvolvido em Teoria e Método pôde ser melhor avaliado nas duas últimas aulas, quando da apresentação dos projetos pelos alunos aos colegas. A divisão da disciplina em duas etapas: as aulas expositivas, que desempenharam papel introdutório com relação aos diferentes métodos de pesquisa e a parte prática, com a produção de projetos temáticos, que objetivou o aprendizado individual, propiciou a reflexão dos alunos, a problematização das hipóteses e a elaboração de projetos de pesquisa. O trabalho de co-orientação dos projetos foi de muita aprendizagem para todos, já que as dúvidas dos alunos provocaram um estudo mais aprofundado de certos tópicos que em muito ajudarão os mestrandos na dissertação, ou em projetos futuros e ao próprio professor da disciplina, obrigado a se atualizar a partir das demandas apresentadas. Da forma como foi ministrada, Teoria e Método da Pesquisa contribuiu para a formação da identidade dos futuros profissionais, através do que Demo (2005) define como educação pela pesquisa, uma vez que possibilitou a elaboração de projetos individuais de pesquisa diretamente relacionados à prática profissional do jornalismo.

4. Referências Bibliográficas

DEMO, Pedro. Educar pela pesquisa. 7ª ed, Campinas: Autores Associados, 2005.

BENETTI, Marcia E LAGO, Cláudia. Metodologias de Pesquisa em Jornalismo.

Petrópolis: Vozes, 2007.

JAWSNICKER, Claudia. O incentivo à pesquisa em todas as séries da graduação. 7º FNPJ, Florianópolis, UFSC, 2004. Disponível em <

http://www.fnpj.org.br/grupos.php?det=12> Consultado em 10/02/2009.

LOPES, Adriano. A pesquisa no cotidiano da sala de aula: Relato de uma experiência. 6º FNPJ. Natal, UFRN, 2003. Disponível em <

http://www.fnpj.org.br/grupos.php?det=93> , Consultado em 26/02/2009

SANTAELLA, Lucia. Comunicação e Pesquisa. São Paulo: Hacker Editores, 2001.

VASSALO LOPES, Maria Immacolata. Pesquisa em comunicação. Formulário de um modelo metodológico. 8ª ed. São Paulo: Loyola, 2005.

YIN, Robert. Estudo de caso. Planejamento e Métodos. Porto Alegre: Bookman, 2005.

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