• Nenhum resultado encontrado

Rev. Col. Bras. Cir. vol.41 número4

N/A
N/A
Protected

Academic year: 2018

Share "Rev. Col. Bras. Cir. vol.41 número4"

Copied!
2
0
0

Texto

(1)

234

Rev. Col. Bras. Cir. 2014; 41(4): 234-235

C a r r e i r o C a r r e i r o C a r r e i r o C a r r e i r o C a r r e i r o A ética na era digitalEditorialEditorialEditorialEditorialEditorial

A ética na era digital

A ética na era digital

A ética na era digital

A ética na era digital

A ética na era digital

Ethics in the digital age

Ethics in the digital age

Ethics in the digital age

Ethics in the digital age

Ethics in the digital age

PAULO ROBERTO LIMA CARREIRO, TCBC-MG1

1. Hospital João XXIII-FHEMIG (Fundação Hospitalar do Estado de Minas Gerais), Belo Horizonte-MG, Faculdade de Ciências Médicas UNIFENAS – Belo Horizonte/MG, Brasil.

“…Aquilo que, no exercício ou fora do exercício da profissão e no convívio da sociedade, eu tiver visto ou ouvido, que não seja preciso divulgar, eu conservarei inteiramente secreto.” (Hipócrates, aproximadamente 400 a.C.).

D

esde a era hipocrática já havia a preocupação com o sigilo médico e o respeito à confidencialidade, e consequentemente à autonomia dos pacientes. A essên-cia deste princípio se mantém, porém, frente a novos con-textos e novas tecnologias, algumas reflexões éticas são necessárias, dentre elas, o uso indevido de imagens (fotos e/ou vídeos) dos pacientes.

A tecnologia digital se desenvolveu rapidamen-te nos últimos anos, de forma que, hoje, é muito simples capturar e armazenar imagens e com aparelhos cada vez mais portáteis. É cena comum nos hospitais, hoje em dia, médicos, profissionais de enfermagem, residentes e estu-dantes registrando atendimentos aos pacientes ou “casos interessantes” em suas câmeras ou em telefones celula-res, sem nenhum constrangimento e, na quase totalidade das vezes, sem o devido consentimento do paciente. Por outro lado, não há nenhuma normatização ou fiscalização por parte das instituições, gerando situações que podem ser prejudiciais não só aos pacientes como também aos responsáveis pela obtenção ou divulgação das imagens.

A documentação médica através de fotos ou vídeos pode nos trazer muitos benefícios, entre eles: a ela-boração de textos, aulas e apresentações multimídia com objetivos educativos e de treinamento; documentação ci-entífica para acompanhamento evolutivo ou de pesquisa; utilização de imagens em telemedicina, permitindo a um especialista emitir um parecer à distância; documentação através de imagens para utilização em medicina forense e medicina legal. Entretanto, o uso ou armazenamento ina-dequado das imagens pode resultar em situações de risco para o paciente, principalmente através da exposição indevida da sua imagem e a quebra da confidencialidade. As imagens obtidas num contexto médico per-tencem ao paciente e, desta forma, a sua utilização care-ce de autorização expressa do paciente. Nas situações nas quais a imagem não permite a identificação do paciente (por exemplo, foto de uma lesão, imagem de ultrassonografia, raios X, tomografias computadorizadas,

etc.), esta autorização não é necessária, entretanto, algu-mas revistas e periódicos, mesmo nestas situações, reco-mendam, e até exigem, no caso de publicação de artigo, a obtenção do consentimento do paciente.

Em situações eletivas, o consentimento é solici-tado com maior frequência, pois, na maioria das vezes, existe um vínculo entre o médico e o paciente, permitindo ao médico explicar detalhadamente os objetivos da solici-tação. Esta é uma prática frequente em cirurgias plásticas, quando os cirurgiões documentam o “antes” e o “depois” a fim de avaliar os resultados do procedimento. Uma ques-tão importante em relação a esta prática é que, em ne-nhuma hipótese, estas fotos deverão ser utilizadas com o objetivo de publicidade favorecendo o cirurgião. Diversos protocolos de consentimento elaborados por sociedades de Cirurgia Plástica estão disponíveis para este fim.

Nos serviços de urgências e emergências, devi-do às características próprias destes ambientes, é que ob-servamos com maior frequência a obtenção indevida de imagens. Nestas situações, muitas vezes o paciente não se encontra em condições de expressar o seu consentimento por uma série de razões: por estar inconsciente ou sob o efeito de drogas ou medicamentos, intubação ou prótese em vias aéreas, em condição crítica, estresse físico ou psi-cológico, situação de fragilidade, etc... Além destes fato-res, é difícil manter um esquema de fiscalização eficiente 24 horas por dia num local onde circulam um grande nú-mero de pessoas e com diferentes níveis de informação. Estas dificuldades também estão presentes no ambiente pré-hospitalar, onde qualquer pessoa com uma câmera ou celular, registra as imagens na cena. Não é raro estas ima-gens, por se tratarem de cenas reais e chocantes, serem colocadas na internet sem o menor escrúpulo e, infeliz-mente, muitas vezes por pessoas envolvidas no atendimento pré-hospitalar (médicos, paramédicos, policiais, bombeiros, etc.).

Se partirmos do princípio que uma foto do paci-ente obtida durante a sua internação para fins de documen-tação médica é um registro (fotográfico) que faz parte do prontuário médico deste paciente, ao fazer o download do arquivo da foto para um computador pessoal, ou qualquer outra mídia, estaríamos copiando ou nos apoderando de parte do prontuário médico de forma indevida, uma vez que só poderíamos fazê-lo com autorização do paciente.

(2)

C a r r e i r o C a r r e i r o C a r r e i r o C a r r e i r o C a r r e i r o

A ética na era digital 235

Rev. Col. Bras. Cir. 2014; 41(4): 234-235

Outro ponto importante é como armazenar as imagens de forma segura. Uma vez autorizada a utiliza-ção das imagens, estas deverão ser armazenadas de pre-ferência em programas específicos para este fim e que tenham códigos de segurança, só permitindo o acesso às pessoas autorizadas. O armazenamento em CD’s, pendrives, no próprio laptop ou em máquinas fotográficas e celulares é extremamente inseguro, pois estas imagens acabarão sendo compartilhadas intencionalmente ou aci-dentalmente. Além disso, estes dispositivos estão sujeitos a furtos ou perdas.

Paradoxalmente, não são apenas os pacientes que estão expostos com o uso indevido de recursos de ob-tenção de imagens. Os profissionais de saúde e até as ins-tituições também podem ser vítimas desta prática. Famili-ares ou acompanhantes podem registrar imagens de aten-dimentos, de ambientes ou fatos que ocorrem no hospital

e depois utilizarem-nas em questionamentos jurídicos ou em denúncias na mídia.

Diante do exposto, algumas medidas devem ser consideradas com o objetivo de proteger os pacientes de exposições indevidas e os profissionais e instituições de si-tuações litigiosas. Inicialmente a medida mais importante seria a conscientização e educação dos profissionais da saúde, residentes e estudantes em relação aos direitos fun-damentais do paciente. Outras medidas seriam a elabora-ção de protocolos institucionais para a obtenelabora-ção de ima-gens e fiscalização efetiva de sua aplicação.

Referências

Documentos relacionados

curriculum; a program focused on First Aid and Basic Life Support within the first two years of the course; inclusion of students in university extension activities/programs focusing

However, the improper use or storage of the images may result in a hazardous situations for the patients, primarily through undue exposure of their images and breaches

As attendance times, we evaluated (in minutes): time between the call and the arrival at the scene (response time); time at the scene, considered as the time between the arrival of

(Prevent Alcohol and Risk-related Trauma in Youth) program in preventing traumatic injuries: a 10- year analysis.. Bacchieri G,

Following the implementation of a TR in João XXIII Hospital, the following results are expected: improvement in the quality of epidemiological and care information; assembly of

The variables assessed were age, mechanism of injury, presence of pupillary changes, Glasgow coma scale (GCS) score on admission, CT scan findings (volume, type and association

Methods Methods Methods Methods Methods: We analyzed mortality rates and survival as outcome variables, mechanism of injury, site of injury and anatomic injury as clinical

We identified 13 rats that showed no healing of the right diaphragm. The abdominal viscera are at the foreground and through the lesion the ribs can be seen in the pleural cavity.