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Interface (Botucatu) vol.12 número26

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Academic year: 2018

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v.12, n.26, p.469, jul./set. 2008 469 COMUNICAÇÃO SAÚDE EDUCAÇÃO

Quais as fronteiras a que nos remete o corpo? Quais os motivos que nos levam a escrever a respeito do corpo? Por que o corpo é um tema recorrente ao longo da história da humanidade? E, afinal, o que pode o corpo?

Corpo, enigma que desconcerta, seja como objeto de ciência, na sua dimensão física ou orgânica; seja como instrumento da alma ou na relação corpo-alma; seja como questão que se impõe ao pensamento; seja como lugar de combate com o mundo; ou ainda como prática discursiva e não discursiva. As questões são múltiplas porque os corpos são vulneráveis ao nomadismo dos problemas.

Os artigos que agregam este dossiê da Interface chamam a atenção para a diversidade, pluralidade e complexidade do corpo como objeto de estudo, por meio de concepções distintas. Estas partem de uma questão comum: as pessoas produzem e atribuem sentidos ao corpo. E as modificações físicas, estéticas, simbólicas e afetivas sobre ele implicam transformações no cuidado de si e nas relações com os outros. Em última instância, as alterações ou intervenções que resultam do desejo de mudar, ou do que poderíamos denominar de contingências, modificam modos de ser e perceber a vida.

Tal qual um mosaico, os três textos são fragmentos colados em uma estrutura comum e, portanto, há espaços entre eles cujos limites, para alguns leitores, serão largos e, para outros, estreitos e tênues. Mas será preciso distanciar-se dos textos, assim como fazemos para apreciar um mosaico, se quisermos enxergar a imagem nos seus limites.

O texto A produção de sentidos sobre a imagem do corpo chama a atenção para temas que o

autor identifica como “Novas questões de Saúde Pública”- como a popularização das cirurgias estéticas, a biotecnociência, a estetização da saúde e as transformações corporais por meio dos implantes e próteses - e para a impossibilidade de uma única disciplina compreender a complexidade dos enfoques que o corpo permite, uma vez que ele estaria entre “o ego e a sociedade”, “a natureza e a cultura” e “o biológico e o simbólico”. Para desenvolver seus argumentos, recorre a autores da psicologia, psicanálise, antropologia, sociologia e filosofia que têm o corpo como objeto de reflexão e análise.

Corpo, sexo e subversão: reflexões sobre duas teóricas queer apresenta as principais idéias de duas teóricas queer e suas definições de sexo e gênero para discutir a importância e o lugar do corpo. As autoras tratam de um tema pouco explorado no Brasil mas que tem mobilizado especialmente a comunidade francesa para o debate, sobretudo porque põe de “pernas para o ar” ou “ de cabeça para baixo” os leitores não atentos à discussão, provocando certo desconforto e estranhamento, pois ambas buscam desconstruir as praticas e os saberes discursivos a respeito do corpo.

Reinventando a vida: um estudo qualitativo sobre os significados culturais atribuídos à reconstrução corporal de amputados mediante a protetização resulta de investigação a respeito dos significados culturais que indivíduos amputados atribuem aos seus corpos e às suas vidas. A amostra foi definida por dois critérios: ser portador de uma amputação adquirida, por meio de intervenção cirúrgica, e estar em processo de adaptação à prótese, ou ser usuário recente. Acrescentar ou subtrair partes do corpo exige do indivíduo adequações que, necessariamente, passam pela ressignificação do próprio corpo.

Com intuito de instigar a leitura dos textos, eu diria ao leitor que os artigos valem mais pela originalidade temática, pela instabilidade que perturba e pelos dilemas que suscitam: reinvenção dos corpos; sexo como objeto central da política e da governabilidade; corpo como carne; corpo biológico; corpo e natureza; tecnologias que alteram funções e padrões de comportamento; corpos mutantes; corpo como produção de subjetividade que permeia o indivíduo, o coletivo e as instituições; paixão, desejo, frustração, perda, morte, e vida no corpo são questões transversais aos três textos.

Não podemos, entretanto, nos esquecer dos limites e possibilidades dos olhares dos próprios autores sobre seus recortes e suas opções de análises, caso contrário poderemos perder de vista outras formas de explorar as virtualidades que instigam o corpo...

Referências

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