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J. bras. pneumol. vol.41 número6

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ISSN 1806-3713 © 2015 Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia

http://dx.doi.org/10.1590/S1806-37562015000000314

Intervalos de confiança: uma ferramenta útil

para estimar o tamanho do efeito no mundo real

Cecilia Maria Patino,1,2 Juliana Carvalho Ferreira2,3

1. Department of Preventive Medicine, Keck School of Medicine, University of Southern California, Los Angeles, CA, USA.

2. Methods in Epidemiologic, Clinical and Operations Research–MECOR–Program, American Thoracic Society/Asociación Latinoamericana de Tórax. 3. Divisão de Pneumologia, Instituto do Coração – InCor – Hospital das Clínicas, Faculdade de Medicina, Universidade de São Paulo, São Paulo, Brasil.

CENÁRIO PRÁTICO

Um estudo prospectivo de coorte avaliou a associação entre a presença de asma e o risco de apneia obstrutiva do sono (AOS) em adultos. Os adultos foram recrutados aleatoriamente a partir de uma lista de base populacional de funcionários estatais e foram acompanhados durante quatro anos. O risco de apresentar AOS em quatro anos foi maior nos participantes com asma do que naqueles sem a doença (risco relativo [RR]: 1,39; IC95%: 1,06-1,82; p = 0,03).

CONTEXTO

Quando realizamos um estudo clínico, geralmente recrutamos um subgrupo de nossa população de interesse

para aumentar a eiciência do estudo (menos custo e

tempo). Esse subgrupo, a população de estudo, consiste em indivíduos que preenchem os critérios de inclusão e aceitam participar do estudo (Figura 1). Em seguida, concluímos o estudo e calculamos o tamanho do efeito (a diferença de médias ou o risco relativo, por exemplo) para responder à pergunta do estudo. Esse processo

(inferência) implica o uso de dados extraídos da população

de estudo para estimar o verdadeiro tamanho do efeito na população de interesse, isto é, a população de origem. Em nosso exemplo, os investigadores recrutaram uma amostra aleatória de funcionários estatais (população de origem) que estavam aptos a participar do estudo

e aceitaram fazê-lo (população de estudo) e relataram

que a asma aumenta o risco de desenvolvimento de AOS na população de estudo (RR = 1,39). Além disso, para que se leve em conta o erro amostral em virtude do recrutamento de apenas um subgrupo da população de interesse, os investigadores calcularam o intervalo de

coniança de 95% (em torno da estimativa) de 1,06-1,82,

que indica uma probabilidade de 95% de que o verdadeiro RR na população de origem estivesse entre 1,06 e 1,82.

DEFINIÇÃO

Um intervalo de coniança é uma medida de imprecisão

do verdadeiro tamanho do efeito na população de interesse (diferença entre duas médias ou risco relativo, por exemplo) estimado na população de estudo. Essa imprecisão ocorre em virtude do erro amostral causado pela subamostragem da população de interesse. No entanto, a estimativa calculada na população de estudo é sempre a melhor estimativa do tamanho do efeito na população de origem.

POR QUE PRECISAMOS DE INTERVALOS DE CONFIANÇA?

Precisamos do intervalo de coniança para indicar a

incerteza ou imprecisão acerca do tamanho do efeito calculado usando a amostra de estudo para estimar o verdadeiro tamanho do efeito na população de origem.

Calcular o intervalo de coniança é uma estratégia que

leva em conta o erro amostral: o tamanho do efeito e

seu intervalo de coniança representam valores plausíveis

para a população de origem, e quanto mais estreito é

o intervalo de coniança, maior é a certeza de que a

estimativa baseada na população de estudo representa o verdadeiro tamanho do efeito na população de origem.

INTERVALOS DE CONFIANÇA: FATOS INTERESSANTES

O intervalo de coniança de 95% é o mais comum dos

intervalos relatados na literatura. No entanto, é possível

usar intervalos de coniança de 90% ou 99% caso se deseje mais ou menos coniança.

O intervalo de coniança representa a incerteza do

tamanho do efeito na população de origem, e não na população de estudo.

Quando se calcula um intervalo de coniança, o tamanho

do intervalo é determinado pelo tamanho da amostra, (isto é, aqueles que aceitaram participar do estudo), pelo erro técnico de medida do estudo e pelo grau de

coniança necessário.

Existe uma relação única entre o intervalo de coniança de 95% e um nível de signiicância bicaudal de 5%. Quando o intervalo de coniança de 95% para diferenças

de efeito não inclui 0 para medidas de associação absolutas (diferenças de médias, por exemplo) ou 1 para medidas de associação relativas (razões de chances, por exemplo), pode-se inferir que a associação é estatisticamente

signiicativa (p < 0,05). A vantagem do intervalo de coniança de 95% sobre o valor de p é que o intervalo de coniança de 95% fornece informações sobre o tamanho Alvo: adultos com asma

Origem: funcionários estatais

Estudo: funcionários estatais adultos que preenchem os critérios de inclusão (idade entre 30 e 60 anos em 1988)

In fe rê n ci a

Figura 1. Populações de pesquisa. J Bras Pneumol. 2015;41(6):565-566

(2)

Intervalos de coniança: uma ferramenta útil para estimar o tamanho do efeito no mundo real

do efeito, a incerteza da estimativa na população e a direção do efeito.

Deve-se sempre usar o intervalo de coniança para

descrever achados importantes de uma pesquisa. Os

intervalos de coniança relevantes devem ser mostrados

tanto no corpo do manuscrito como no resumo.

LEITURAS RECOMENDADAS

1. Teodorescu M, Barnet JH, Hagen EW, Palta M, Young TB, Peppard

PE. Association between asthma and risk of developing obstructive

sleep apnea. JAMA. 2015;313(2):156-64. http://dx.doi.org/10.1001/ jama.2014.17822

2. Sedgwick P. Understanding conidence intervals. BMJ. 2014;349:g6051. http://dx.doi.org/10.1136/bmj.g6051

3. Sedgwick P. Conidence intervals: predicting uncertainty. BMJ. 2012;344:e3147. http://dx.doi.org/10.1136/bmj.e3147

4. Ferreira JC, Patino CM. What does the p value really mean? J Bras

Pneumol. 2015;4195):485. doi: 10.1590/S1806-37132015000000215.

5. Gardner MJ, Altman DG. Statistics with conidence: conidence intervals and statistical guidelines. British Medical Journal. Belfast: The Universities Press Ltd; 1989.

Imagem

Figura 1. Populações de pesquisa.

Referências

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