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Aula 12 Crimes de Trânsito. Legislação Penal Extravagante para AJAJ e Oficial de Justiça do TJDFT Prof. Julio Ponte

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Prof. Julio Ponte

Aula 12

Legislação Penal Extravagante para AJAJ e Oficial de Justiça do TJDFT

Aula 12 – Crimes de Trânsito.

Legislação Penal Extravagante

para AJAJ e Oficial de Justiça do

TJDFT

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Legislação Penal Extravagante para AJAJ e Oficial de Justiça do TJDFT

Sumário

SUMÁRIO 2

APRESENTAÇÃO DA AULA 2

DISPOSIÇÕES GERAIS 3

CRIMES EM ESPÉCIE 11

HOMICÍDIO CULPOSO 11

LESÃO CORPORAL CULPOSA 13

OMISSÃO DE SOCORRO 14

EVASÃO DO LOCAL DO ACIDENTE 15

DIREÇÃO SOB EFEITO DE ÁLCOOL 16

VIOLAR SUSPENSÃO 17

COMPETIÇÃO NÃO AUTORIZADA 17

DIREÇÃO SEM HABILITAÇÃO 18

ENTREGAR VEÍCULO A PESSOA NÃO HABILITADA 18

TRÁFEGO EM VELOCIDADE INCOMPATÍVEL 19

FRAUDE PROCESSUAL 19

QUESTÕES COMENTADAS PELO PROFESSOR 21

LISTA DE QUESTÕES COMENTADAS 39

GABARITO 46

RESUMO DIRECIONADO 47

Apresentação da Aula

Olá, pessoal!

Nesta aula conheceremos o tópico “Crimes de Trânsito”, uma inovação do CTB de 1997. Antes da entrada em vigor do atual código, as condutas vedadas penalmente na legislação estavam ora no Código Penal ora na Lei de Contravenções Penais.

Atualmente, o assunto é regulamentado no Capítulo XIX do CTB, que vai do art. 291 ao art. 312-A do CTB.

Interessante ressaltar que, assim como no Código Penal, o CTB apresenta uma “Parte Geral” e uma “Parte Especial” sobre os crimes de trânsito. Estes serão dos dois pontos que veremos a partir de agora.

Boa aula a todos!

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Disposições Gerais

Para a maior parte da doutrina, crime é um fato típico, antijurídico e culpável. Como este estudo é relativamente extenso para ser abordado apenas como uma forma introdutória aqui nesta aula, deixamos esta parte para que o aluno a veja em Direito Penal, ok?

Porém, faz-se necessário abordar (ou relembrar) rapidamente os elementos subjetivos da conduta.

Para que haja um crime, deve ser analisado se o agente incorreu em dolo, em culpa ou se ambos elementos estavam ausentes. Estas definições encontram-se no Código Penal:

Art. 18 - Diz-se o crime:

I - doloso, quando o agente quis o resultado ou assumiu o risco de produzi-lo;

II - culposo, quando o agente deu causa ao resultado por imprudência, negligência ou imperícia.

Parágrafo único - Salvo os casos expressos em lei, ninguém pode ser punido por fato previsto como crime, senão quando o pratica dolosamente.

Importante ressaltar o parágrafo único acima, o qual, em linguagem simples, diz o seguinte: “os crimes somente são punidos se praticados na forma dolosa; só há punição de crime culposo quando expressamente previsto”.

Fiz questão de enfatizar este ponto porque quando estudarmos os crimes em espécie do CTB, as primeiras condutas que veremos são as seguintes:

Art. 302. Praticar homicídio culposo na direção de veículo automotor: (...) Art. 303. Praticar lesão corporal culposa na direção de veículo automotor: (...)

Veja que são dois crimes punidos na forma culposa. Porém, esta não é a regra, tendo em vista que:

FIQUE ATENTO!

Todos os crimes do CTB, come exceção do homicídio culposo e da lesão corporal culposa, somente são punidos na modalidade dolosa!

Vamos a um exemplo? Estabelece o CTB o seguinte:

Art. 310. Permitir, confiar ou entregar a direção de veículo automotor a pessoa não habilitada, com habilitação cassada ou com o direito de dirigir suspenso, ou, ainda, a quem, por seu estado de saúde, física ou mental, ou por embriaguez, não esteja em condições de conduzi-lo com segurança:

Penas - detenção, de seis meses a um ano, ou multa.

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Agora imaginemos dois casos:

1) Um pai resolve ensinar seu filho de 16 anos a dirigir e entrega a ele as chaves do carro, para que o adolescente treine.

2) Um pai, não observando seu dever de cuidado (sendo então negligente), deixa a chave do carro ao alcance do seu filho de 16 anos, que a pega de forma escondida para dirigir.

Será que houve crime de trânsito em ambas as situações? Evidentemente que não. Como o crime somente é punido de forma dolosa, só houve crime no caso “1”. No outro, o pai agiu de maneira culposa, não havendo então a tipificação do fato como crime.

Outro tópico que merece nossa abordagem ainda no inícIo desta aula é que existem crimes de dano e crimes de perigo.

Sem nos aprofundarmos no assunto, pois mais uma vez isso será feito em Direito Penal, podemos destacar as seguintes definições:

Ø Dano é a alteração de um bem, sua diminuição ou destruição.

Ø Perigo é a probabilidade de dano, não a simples possibilidade. Divide-se em:

Perigo em concreto é aquele que precisa ser comprovado. Deve ser demonstrada a situação de risco corrida pelo bem jurídico tutelado. Ex.: o agente estava gerando perigo de dano pois estava em alta velocidade, transitando sobre calçadas, avançando semáforos vermelhos etc.

Perigo em abstrato ou presumido é aquele em que a situação de perigo não precisa ser comprovada, pois a lei se contenta com a simples conduta prevista.

Mais uma vez, só há dois crimes de dano no CTB: os crimes de homicídio e lesão corporal culposa na condução de veículo automotor. Todos os demais crimes de trânsito são de perigo, ok. Exemplo de crime de perigo em concreto é o seguinte:

Art. 309. Dirigir veículo automotor, em via pública, sem a devida Permissão para Dirigir ou Habilitação ou, ainda, se cassado o direito de dirigir, gerando perigo de dano:

Penas - detenção, de seis meses a um ano, ou multa.

E um exemplo de crime de perigo em abstrato é o próprio art. 310, ilustrado na página 4.

TOME NOTA!

Esta diferenciação de crimes de dano e de perigo é relevante pelo seguinte motivo: os crimes de dano absorvem os crimes de perigo.

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O objetivo de existir crime de perigo é exatamente evitar o dano. Assim, se o dano já ocorreu, este deve ser punido, e não mais a conduta de perigo. Não faz sentido se punir o perigo quando o dano já foi consumado.

Imagine que um condutor pratique a conduta prevista no art. 309. Em regra, será punido por este crime, que é de perigo. Porém, se ao dirigir em via pública sem habilitação gerando perigo de dano este condutor atropela e mata culposamente um pedestre, ele responderá pelo homicídio culposo na direção de veículo automotor (art. 302) e não mais pela conduta do art. 309. O homicídio culposo absorve a conduta da falta de habilitação.

Aos crimes cometidos na direção de veículos automotores previstos no Código de Trânsito são aplicadas as seguintes normas, na sequência:

Ø as regras estabelecidas no próprio Capítulo XIX do CTB, que estamos estudando;

Ø as normas gerais do Código Penal e do Código de Processo Penal; e

Ø a Lei nº 9.099, de 26 de setembro de 1995, no que couber (dispõe sobre os Juizados Especiais Cíveis e Criminais).

Desta regra acima derivam outras relevantes. Uma delas conheceremos agora: a abrangência territorial do CTB.

O Código de Trânsito Brasileiro é uma lei eminentemente administrativa. Regulamenta uma área específica da Administração Pública – o trânsito nas vias terrestres. O CTB é aplicado:

Art. 1º O trânsito de qualquer natureza nas vias terrestres do território nacional, abertas à circulação, rege- se por este Código.

Art. 2º, parágrafo único. Para os efeitos deste Código, são consideradas vias terrestres as praias abertas à circulação pública, as vias internas pertencentes aos condomínios constituídos por unidades autônomas e as vias e áreas de estacionamento de estabelecimentos privados de uso coletivo.

Assim, dirigir um automóvel em via pública sem ser habilitado é infração de trânsito (art. 162, I). Porém, caso esta mesma conduta ocorra dentro de uma fazenda particular, não teremos a sanção prevista abaixo:

Art. 162. Dirigir veículo:

I - sem possuir Carteira Nacional de Habilitação, Permissão para Dirigir ou Autorização para Conduzir Ciclomotor:

Infração - gravíssima;

Penalidade - multa (três vezes);

Medida administrativa - retenção do veículo até a apresentação de condutor habilitado;

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Esta regra territorial vale para parte administrativa do CTB (ex.: infrações de trânsito). Para os crimes, como não há norma específica no CTB, vale a regra do Código Penal, qual seja:

Art. 5º - Aplica-se a lei brasileira, sem prejuízo de convenções, tratados e regras de direito internacional, ao crime cometido no território nacional.

Dessa forma, comete crime de trânsito quem pratica as condutas que veremos mais à frente em qualquer ponto do território nacional. Não existe a restrição de apenas em via pública, praias abertas à circulação ou qualquer outra.

ATENÇÃO!

Para alguns crimes, o próprio tipo penal prevê regra específica. Exemplo:

Art. 308. Participar, na direção de veículo automotor, em via pública, de corrida, disputa ou competição automobilística não autorizada pela autoridade competente, gerando situação de risco à incolumidade pública ou privada:

Veja que o próprio artigo determina que o crime somente ocorre caso a conduta seja praticada em via pública. É uma limitação territorial específica do art. 308. Aqui não vale a expressão “qualquer ponto do território nacional”, ok?

Para os crimes de trânsito, o juiz deve fixar a pena-base segundo as diretrizes previstas no art. 59 do Decreto-Lei nº 2.848, de 7 de dezembro de 1940 (Código Penal), dando especial atenção à culpabilidade do agente e às circunstâncias e consequências do crime.

Código Penal, art. 59 - O juiz, atendendo à culpabilidade, aos antecedentes, à conduta social, à personalidade do agente, aos motivos, às circunstâncias e consequências do crime, bem como ao comportamento da vítima, estabelecerá, conforme seja necessário e suficiente para reprovação e prevenção do crime:

I - as penas aplicáveis dentre as cominadas;

II - a quantidade de pena aplicável, dentro dos limites previstos;

III - o regime inicial de cumprimento da pena privativa de liberdade;

IV - a substituição da pena privativa da liberdade aplicada, por outra espécie de pena, se cabível.

Avançando, vamos estudar o seguinte tópico: a SUSPENSÃO.

No CTB, existem dois tipos de suspensão:

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Ø Suspensão administrativa (já a estudamos em penalidades), que é aplicada pela autoridade de trânsito ao detentor da CNH em decorrência de infrações de trânsito; e

Ø Suspensão penal (que vamos conhecer agora), aplicada pela autoridade judicial em decorrência de crimes de trânsito.

A penalidade de suspensão administrativa do direito de dirigir é regulamentada no art. 261 e imposta nos seguintes casos:

Ø sempre que o infrator atingir a contagem de 20 pontos, no período de 12 meses (de 6 meses a 1 ano e, no caso de reincidência no período de 12 meses, de 8 meses a 2 anos); ou

Ø por transgressão às normas estabelecidas neste Código, cujas infrações preveem, de forma específica, a penalidade de suspensão do direito de dirigir (de 2 a 8 meses, exceto para as infrações com prazo descrito no dispositivo infracional, e, no caso de reincidência no período de 12 meses, de 8 a 18 meses).

Porém, também existe uma suspensão penal para dirigir veículo automotor, que é aplicada pelo juiz.

Importante ressaltar que o “nome completo” da suspensão penal é “suspensão ou proibição de se obter a permissão ou a habilitação para dirigir veículo automotor”. Ou seja, a primeira parte (suspensão) é aplicada a quem já é habilitado. Já a segunda parte da pena é uma proibição imposta a quem ainda não é habilitado de obter a sua habilitação, ok?

A suspensão ou a proibição de se obter a permissão ou a habilitação para dirigir veículo automotor pode ser imposta isolada ou cumulativamente com outras penalidades.

A suspensão penal pode ser aplicada de forma isolada nas seguintes situações:

Ø Em qualquer fase da investigação ou da ação penal, havendo necessidade para a garantia da ordem pública, pode o juiz, como medida cautelar, de ofício, ou a requerimento do Ministério Público ou ainda mediante representação da autoridade policial, decretar, em decisão motivada, a suspensão da permissão ou da habilitação para dirigir veículo automotor, ou a proibição de sua obtenção; ou

Ø No caso do condutor preso em flagrante na prática dos crimes de receptação, contrabando ou descaminho, pode o juiz, em qualquer fase da investigação ou da ação penal, se houver necessidade para a garantia da ordem pública, como medida cautelar, de ofício, ou a requerimento do Ministério Público ou ainda mediante representação da autoridade policial, decretar, em decisão motivada, a suspensão da permissão ou da habilitação para dirigir veículo automotor, ou a proibição de sua obtenção .

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O segundo caso acima foi inserido em 2019 no CTB. Na verdade, foi desnecessário, tendo em vista que a primeira situação é genérica, já abrange a situação.

Vamos a um Mapa Mental que resume o dispositivo:

Da decisão que decretar a suspensão ou a medida cautelar, ou da que indeferir o requerimento do Ministério Público, cabe recurso em sentido estrito, sem efeito suspensivo.

Porém, a suspensão penal também pode ser aplicada de forma cumulativa com outra penalidade. Vamos a um exemplo?

Art. 302. Praticar homicídio culposo na direção de veículo automotor:

Penas - detenção, de dois a quatro anos, e suspensão ou proibição de se obter a permissão ou a habilitação para dirigir veículo automotor.

No caso acima a suspensão é aplicada de forma cumulativa com a detenção.

DESPENCA NA PROVA!

O prazo da suspensão penal é diferente: a penalidade de suspensão ou de proibição de se obter a permissão ou a habilitação, para dirigir veículo automotor, tem a duração de 2 meses a 5 anos.

Assim que transitada em julgado a sentença condenatória, o réu é intimado a entregar à autoridade judiciária, em 48h, a Permissão para Dirigir ou a Carteira de Habilitação.

Detalhe importante é que a penalidade de suspensão ou de proibição de se obter a permissão ou a habilitação para dirigir veículo automotor não se inicia enquanto o sentenciado, por efeito de condenação penal, estiver recolhido a estabelecimento prisional. Ou seja, se o condutor estiver preso e além disso foi suspenso

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penalmente por 1 ano, este prazo não se inicia enquanto ele estiver impossibilitado de dirigir por estar “atrás das grades”.

E em qualquer caso, a suspensão para dirigir veículo automotor ou a proibição de se obter a permissão ou a habilitação é sempre comunicada pela autoridade judiciária ao:

Ø CONTRAN; e

Ø órgão de trânsito do Estado em que o indiciado ou réu for domiciliado ou residente.

ATENÇÃO! Se o réu for reincidente na prática de crime previsto no CTB, o juiz aplicará a penalidade de suspensão da permissão ou habilitação para dirigir veículo automotor, sem prejuízo das demais sanções penais cabíveis. Assim, se o infrator praticar duas vezes o mesmo crime de trânsito, ainda que não haja a previsão de suspensão nesse crime, ele é suspenso penalmente.

Agora vamos estudar um outro tópico: multa. Existem 3 tipos de multa no CTB:

Ø Multa administrativa;

Ø Multa penal; e Ø Multa reparatória.

A multa administrativa é uma sanção a ser imposta pela autoridade de trânsito com circunscrição sobre a via, em caso de infração de trânsito.

Art. 258. As infrações punidas com multa classificam-se, de acordo com sua gravidade, em quatro categorias:

I - infração de natureza gravíssima, punida com multa no valor de R$ 293,47 (duzentos e noventa e três reais e quarenta e sete centavos);

II - infração de natureza grave, punida com multa no valor de R$ 195,23 (cento e noventa e cinco reais e vinte e três centavos);

III - infração de natureza média, punida com multa no valor de R$ 130,16 (cento e trinta reais e dezesseis centavos);

IV - infração de natureza leve, punida com multa no valor de R$ 88,38 (oitenta e oito reais e trinta e oito centavos).

§ 2º Quando se tratar de multa agravada, o fator multiplicador ou índice adicional específico é o previsto neste Código.

Saiba ainda que os valores arrecadados pelas multas têm destino certo e que 5% têm aplicação específica (FUNSET, administrado pelo DENATRAN):

Art. 320. A receita arrecadada com a cobrança das multas de trânsito será aplicada, exclusivamente, em sinalização, engenharia de tráfego, de campo, policiamento, fiscalização e educação de trânsito.

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Parágrafo único. O percentual de cinco por cento do valor das multas de trânsito arrecadadas será depositado, mensalmente, na conta de fundo de âmbito nacional destinado à segurança e educação de trânsito.

A multa penal é aquela prevista como pena nos crimes. De acordo com nossa legislação pátria, seu fim é o fundo penitenciário. Vamos a um exemplo:

Art. 311. Trafegar em velocidade incompatível com a segurança nas proximidades de escolas, hospitais, estações de embarque e desembarque de passageiros, logradouros estreitos, ou onde haja grande movimentação ou concentração de pessoas, gerando perigo de dano:

Penas - detenção, de seis meses a um ano, ou multa.

Já a multa reparatória possui natureza civil, indenizatória, mas ocorre no juízo penal, em crimes de trânsito que acarretarem um prejuízo material.

É um pagamento, mediante depósito judicial em favor da vítima, ou seus sucessores, sempre que houver prejuízo material resultante do crime.

Perceba que o destino da multa reparatória é a vítima (ou seus sucessores) que sofreu um prejuízo.

Imagine que o condutor “A” seja o culpado por colidir com o veículo no do condutor “B”, causando lesão corporal culposa neste, além de um prejuízo material no carro. “B” pode exigir a multa reparatória de “A”, no limite do valor do prejuízo demonstrado no processo.

Além disso, em caso de posterior indenização civil do dano, o valor da multa reparatória é descontado (pois é um valor que já foi pago).

Prosseguindo. O CTB estabeleceu uma série de condutas que são agravantes aos crimes de trânsito. Dessa forma, são circunstâncias que sempre agravam as penalidades dos crimes de trânsito ter o condutor do veículo cometido a infração:

Ø com dano potencial para duas ou mais pessoas ou com grande risco de grave dano patrimonial a terceiros;

Ø utilizando o veículo sem placas, com placas falsas ou adulteradas;

Ø sem possuir Permissão para Dirigir ou Carteira de Habilitação;

Ø com Permissão para Dirigir ou Carteira de Habilitação de categoria diferente da do veículo;

Ø quando a sua profissão ou atividade exigir cuidados especiais com o transporte de passageiros ou de carga;

Ø utilizando veículo em que tenham sido adulterados equipamentos ou características que afetem a sua segurança ou o seu funcionamento de acordo com os limites de velocidade prescritos nas especificações do fabricante;

Ø sobre faixa de trânsito temporária ou permanentemente destinada a pedestres.

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Para qualquer crime de trânsito, nas situações em que o juiz aplicar a substituição de pena privativa de liberdade por pena restritiva de direitos, esta deve ser de prestação de serviço à comunidade ou a entidades públicas, em uma das seguintes atividades:

Ø trabalho, aos fins de semana, em equipes de resgate dos corpos de bombeiros e em outras unidades móveis especializadas no atendimento a vítimas de trânsito;

Ø trabalho em unidades de pronto-socorro de hospitais da rede pública que recebem vítimas de acidente de trânsito e politraumatizados;

Ø trabalho em clínicas ou instituições especializadas na recuperação de acidentados de trânsito;

Ø outras atividades relacionadas ao resgate, atendimento e recuperação de vítimas de acidentes de trânsito.

Para finalizar essa “parte geral”, o código, no intuito de preservar a vida, estabeleceu que ao condutor de veículo, nos casos de acidentes de trânsito de que resulte vítima, caso ele venha a prestar pronto e integral socorro àquela, não se imporá a prisão em flagrante nem se exigirá fiança.

Crimes em Espécie

Homicídio culposo

Art. 302. Praticar homicídio culposo na direção de veículo automotor:

Penas - detenção, de dois a quatro anos, e suspensão ou proibição de se obter a permissão ou a habilitação para dirigir veículo automotor.

Vamos a algumas observações iniciais sobre o crime do art. 302:

Ø O homicídio tem que ser culposo. Aquele que pega o seu veículo, atropela e mata dolosamente responde pelo Código Penal, não pelo CTB;

Ø Não basta que o homicídio culposo seja no trânsito, é necessário que seja na direção de veículo.

Imagine que um pedestre, por imprudência, caia de uma passarela bem em cima de um motociclista, que vem a falecer. O pedestre vai responder por homicídio culposo, é fato. Mas do CTB? Não! O homicídio culposo do Código Penal, pois ele não estava na direção de veículo.

Ø Não basta estar na direção de veículo, é necessário que seja um veículo automotor. Assim, aquele imprudente que desce uma ladeira de bicicleta e atropela e mata uma criança não responde pelo homicídio do CTB, pois seu veículo não era automotor.

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Para este crime que estamos estudando (e também para a lesão corporal culposa, que já conheceremos), o CTB previu algumas circunstâncias que são aumentativos de pena do crime, de 1/3 a 1/2:

Art. 302, § 1º No homicídio culposo cometido na direção de veículo automotor, a pena é aumentada de 1/3 (um terço) à metade, se o agente:

I - não possuir Permissão para Dirigir ou Carteira de Habilitação;

II - praticá-lo em faixa de pedestres ou na calçada;

III - deixar de prestar socorro, quando possível fazê-lo sem risco pessoal, à vítima do acidente;

IV - no exercício de sua profissão ou atividade, estiver conduzindo veículo de transporte de passageiros.

ATENÇÃO! Vimos há pouco que algumas das circunstâncias acima são consideradas agravantes. Vamos fazer uma comparação?

AGRAVANTES AUMENTATIVOS DE PENAS

I – com dano potencial para duas ou mais pessoas II – veículo sem placas ou adulteradas

III – sem possuir habilitação I – sem possuir habilitação IV – habilitação de categoria diferente

V – transporte de passageiro ou carga II – transporte de passageiros VI – características adulteradas

VII – faixa de pedestre III – faixa de pedestre ou calçada IV – omissão de socorro

E agora? Quando um infrator pratica o crime do art. 302 em uma faixa de pedestre, será que sua pena base (de 2 a 4 anos) deverá ser agravada e também aumentada?

Evidentemente que não, pois haveria um claro bis in idem. Perceba que os aumentativos de pena somente valem para o art. 302 (e art 303, da lesão corporal culposa), ou seja, são específicos. No meu exemplo, a pena será aumentada, mas não agravada, pelo fato de o crime ter sido cometido sobre faixa de pedestre.

Inclusive, vamos a mais algumas considerações sobre os agravantes e aumentativos:

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Ø Não existem nem atenuantes nem causas de diminuição de pena;

Ø No caso de aumento de pena, o índice tem por limite de 1/3 a 1/2;

Ø Caso a circunstância do agravante ou do aumentativo já esteja prevista na própria conduta do tipo penal, ela não é considerada. Vamos a um exemplo:

Art. 309. Dirigir veículo automotor, em via pública, sem a devida Permissão para Dirigir ou Habilitação ou, ainda, se cassado o direito de dirigir, gerando perigo de dano:

Penas - detenção, de seis meses a um ano, ou multa.

Para o condutor que cometer este crime, o fato de não possuir habilitação não será considerado agravante nem aumentativo (neste último caso se for o crime do art. 302 ou 303), pois já é elementar do delito.

Mas se o homicídio ocorre com o condutor estando bêbado? Aí a pena piora bastante:

§ 3º Se o agente conduz veículo automotor sob a influência de álcool ou de qualquer outra substância psicoativa que determine dependência:

Penas - reclusão, de cinco a oito anos, e suspensão ou proibição do direito de se obter a permissão ou a habilitação para dirigir veículo automotor.

Perceba que a pena passa a ser de reclusão, com prazo de 5 a 8 anos, além da suspensão.

Lesão corporal culposa

Art. 303. Praticar lesão corporal culposa na direção de veículo automotor:

Penas - detenção, de seis meses a dois anos e suspensão ou proibição de se obter a permissão ou a habilitação para dirigir veículo automotor.

Aqui valem aquelas mesmas 3 considerações iniciais que vimos para o homicídio culposo da direção de veículo automotor, ok?

Além disso, lembre que também valem aquelas circunstâncias que aumentam a pena de 1/3 a 1/2, ou seja, caso o infrator cometa sua lesão corporal culposa na direção de um veículo automotor sem ser habilitado, por exemplo, terá sua pena aumentada.

Para a lesão corporal culposa do CTB, são aplicados alguns institutos da Lei nº 9.099, 1995:

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Ø Composição civil dos danos, que é reduzida a escrito e, homologada pelo Juiz mediante sentença irrecorrível, possui eficácia de título a ser executado no juízo civil competente;

Ø Transação penal, que é a proposta do Ministério Público em aplicar de imediato pena restritiva de direitos ou multa; e

Ø A ação penal é pública condicionada à representação.

ATENÇÃO!

Estes 3 instrumentos benéficos não são aplicados se o agente estiver:

Ø sob a influência de álcool ou qualquer outra substância psicoativa que determine dependência;

Ø participando, em via pública, de corrida, disputa ou competição automobilística, de exibição ou demonstração de perícia em manobra de veículo automotor, não autorizada pela autoridade competente;

Ø transitando em velocidade superior à máxima permitida para a via em 50 km/h.

Nas hipóteses acima, deve ser instaurado inquérito policial para a investigação da infração penal.

E, de forma similar ao homicídio, e se a lesão corporal culposa na direção de veículo automotor for praticada com o agente bêbado?

§ 2º A pena privativa de liberdade é de reclusão de dois a cinco anos, sem prejuízo das outras penas previstas neste artigo, se o agente conduz o veículo com capacidade psicomotora alterada em razão da influência de álcool ou de outra substância psicoativa que determine dependência, e se do crime resultar lesão corporal de natureza grave ou gravíssima.

Resumo:

Ø A lesão corporal tem que ser grave ou gravíssima;

Ø A penas passa a ser de reclusão; e Ø O prazo passa a ser de 2 a 5 anos.

Omissão de socorro

Art. 304. Deixar o condutor do veículo, na ocasião do acidente, de prestar imediato socorro à vítima, ou, não podendo fazê-lo diretamente, por justa causa, deixar de solicitar auxílio da autoridade pública:

Penas - detenção, de seis meses a um ano, ou multa, se o fato não constituir elemento de crime mais grave.

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Parágrafo único. Incide nas penas previstas neste artigo o condutor do veículo, ainda que a sua omissão seja suprida por terceiros ou que se trate de vítima com morte instantânea ou com ferimentos leves.

A primeira coisa que um aluno desavisado pode pensar ao ler este dispositivo é o seguinte: “omissão de socorro no trânsito é crime do art. 304”. Mas cuidado! Não é bem assim...

Devemos diferenciar qual é a situação. Vamos imaginar 3 casos:

1) O condutor “A”, imprudentemente, colide no veículo do condutor “B”, causando a este lesão corporal culposa. O condutor “C” estava passando pelo local do acidente, vê “B” precisando de ajuda, mas vai embora, podendo prestar socorro. Será que “C” responde pelo crime do art. 304 do CTB? Não, pois ele não se envolveu no acidente. “C” responderá pela omissão de socorro do Código Penal (art. 135).

2) O condutor “A”, imprudentemente, colide no veículo do condutor “B”, causando a este lesão corporal culposa. Além de causar a lesão corporal, “A” omite socorro a “B”. Será que “A” responde pelo crime do art. 304?

Também não! Perceba que o crime que “A” praticou foi o crime de praticar lesão corporal culposa na direção de veículo automotor. A sua omissão de socorro será apenas um aumentativo de pena para o crime do art. 303.

3) O condutor “A”, imprudentemente, colide no veículo do condutor “B”, mas sofre lesões corporais no acidente. Perceba que quem deu causa ao acidente foi “A” e não “B”. Porém, “B”, talvez irritado por ter seu carro batido por “A”, omite socorro ao causador do acidente. Agora sim teremos um infrator (“B”) que responderá pela omissão de socorro do art. 304!

O socorro não necessariamente precisa ser prestado diretamente. Imagine que o público local tenha entendido que “B” foi o causador do acidente e queira linchá-lo. Será que é justo “B” enfrentar uma multidão para prestar socorro a “A”? Não. Ele pode até se evadir do local, mas deve avisar as autoridades competentes (SAMU, por exemplo).

Evasão do local do acidente

Art. 305. Afastar-se o condutor do veículo do local do acidente, para fugir à responsabilidade penal ou civil que lhe possa ser atribuída:

Penas - detenção, de seis meses a um ano, ou multa.

Aqui o crime é contra a administração da justiça, por não permitir a identificação de sua autoria. Esse crime não tem nada a ver com a omissão de socorro, que tem por bem jurídico tutelado a vida, a saúde ou a integridade física. No art. 305 o objetivo é não ser identificado quanto a responsabilidade penal ou civil que lhe é devida.

Assim, é até possível que o infrator se afaste do local, em acidente com vítima, não responda por omissão de socorro mas sim por esse crime. Basta que leve a vítima até um hospital e deixe o local sem se identificar para não ser responsabilizado.

E perceba ainda que até em um acidente sem vítimas, apenas com danos materiais, em que não houve crime algum no primeiro momento, caso o culpado fuja do local para não ser responsabilizado, responde pelo art. 305.

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No passado havia certa divergência quanto à constitucionalidade desse crime. Havia os que entendiam que estava-se punindo quem foge do local, nesse crime específico, pois não é crime fugir do local de um crime qualquer cometido. Porém, no final de 2018 o STF julgou um caso e pacificou o entendimento: o art. 305 é constitucional.

Direção sob efeito de álcool

Art. 306. Conduzir veículo automotor com capacidade psicomotora alterada em razão da influência de álcool ou de outra substância psicoativa que determine dependência;

Penas - detenção, de seis meses a três anos, multa e suspensão ou proibição de se obter a permissão ou a habilitação para dirigir veículo automotor.

§ 1º As condutas previstas no caput serão constatadas por:

I - concentração igual ou superior a 6 decigramas de álcool por litro de sangue ou igual ou superior a 0,3 miligrama de álcool por litro de ar alveolar; ou

II - sinais que indiquem, na forma disciplinada pelo Contran, alteração da capacidade psicomotora.

§ 2º A verificação do disposto neste artigo poderá ser obtida mediante teste de alcoolemia ou toxicológico, exame clínico, perícia, vídeo, prova testemunhal ou outros meios de prova em direito admitidos, observado o direito à contraprova.

§ 3º O Contran disporá sobre a equivalência entre os distintos testes de alcoolemia ou toxicológicos para efeito de caracterização do crime tipificado neste artigo.

§ 4º Poderá ser empregado qualquer aparelho homologado pelo Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia - INMETRO - para se determinar o previsto no caput.

É o crime da “Lei Seca”. Primeiramente perceba que ela não abrange apenas álcool, mas também qualquer

“qualquer substância psicoativa que determine dependência”.

Esse artigo sofreu alteração em 2008, 2012 e 2014. O crime já foi considerado como de perigo em abstrato.

Atualmente, há certa divergência quanto a este ponto nas bancas (veremos nas questões), tendo em vista que o texto da lei fala em “Conduzir veículo automotor com capacidade psicomotora alterada”. Ou seja, o tipo penal exige que a capacidade psicomotora do condutor esteja alterada, diminuída.

A lei apresenta índices de álcool que tipificam o crime:

Ø 6 dg/L de sangue (exame de sangue); ou

Ø 0,3 mg/L de ar expelido (etilômetro, conhecido como “bafômetro”)

Além dos índices acima, o Contran pode disciplinar testes equivalentes para comprovar a capacidade psicomotora alterada dos condutores (ex.: responder algumas perguntas, andar em linha reta etc).

Perceba ainda que mesmo que o condutor não se submeta aos testes de sangue ou etilômetro, pode ser autuado pelo crime, pois pode haver perícia, vídeo, prova testemunhal etc. A comprovação do crime pode ser por qualquer aparelho homologado pelo INMETRO.

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Violar suspensão

Art. 307. Violar a suspensão ou a proibição de se obter a permissão ou a habilitação para dirigir veículo automotor imposta com fundamento neste Código:

Penas - detenção, de seis meses a um ano e multa, com nova imposição adicional de idêntico prazo de suspensão ou de proibição.

Parágrafo único. Nas mesmas penas incorre o condenado que deixa de entregar, no prazo estabelecido no § 1º do art. 293, a Permissão para Dirigir ou a Carteira de Habilitação.

Primeiramente, perceba que o crime de violar a suspensão ocorre quando esta é penal. A violação da suspensão administrativa – aquela imposta pela Autoridade de Trânsito – acarreta a cassação da habilitação.

Art. 263. A cassação do documento de habilitação dar-se-á:

I - quando, suspenso o direito de dirigir, o infrator conduzir qualquer veículo;

O crime do art. 307 nada mais é do que um crime de desobediência, porém específica quanto à suspensão penal.

Também incorre no crime que não cumpre a determinação de entregar sua habilitação no prazo:

Art. 293, § 1º Transitada em julgado a sentença condenatória, o réu será intimado a entregar à autoridade judiciária, em quarenta e oito horas, a Permissão para Dirigir ou a Carteira de Habilitação.

Competição não autorizada

Art. 308. Participar, na direção de veículo automotor, em via pública, de corrida, disputa ou competição automobilística não autorizada pela autoridade competente, gerando situação de risco à incolumidade pública ou privada:

Penas - detenção, de 6 (seis) meses a 3 (três) anos, multa e suspensão ou proibição de se obter a permissão ou a habilitação para dirigir veículo automotor.

§ 1º Se da prática do crime previsto no caput resultar lesão corporal de natureza grave, e as circunstâncias demonstrarem que o agente não quis o resultado nem assumiu o risco de produzi-lo, a pena privativa de liberdade é de reclusão, de 3 (três) a 6 (seis) anos, sem prejuízo das outras penas previstas neste artigo.

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§ 2º Se da prática do crime previsto no caput resultar morte, e as circunstâncias demonstrarem que o agente não quis o resultado nem assumiu o risco de produzi-lo, a pena privativa de liberdade é de reclusão de 5 (cinco) a 10 (dez) anos, sem prejuízo das outras penas previstas neste artigo.

É o crime do “racha”. Alguns detalhes devem ser observados:

Ø É crime que só ocorre em via pública;

Ø Deve estar gerando situação de perigo;

Ø A competição não é autorizada; e

Ø Por ser corrida, disputa ou competição, pressupõe a participação de pelo menos dois veículos, o que faz com que seja um crime de concurso necessário.

Os parágrafos apresentam as qualificadoras da lesão corporal grave e do homicídio ao “racha”, com penas maiores.

Direção sem habilitação

Art. 309. Dirigir veículo automotor, em via pública, sem a devida Permissão para Dirigir ou Habilitação ou, ainda, se cassado o direito de dirigir, gerando perigo de dano:

Penas - detenção, de seis meses a um ano, ou multa.

Considerações:

Ø É crime de via pública;

Ø Aplica-se ao inabilitado ou ao cassado (a lei não cita o suspenso); e Ø Deve haver perigo de dano.

Entregar veículo a pessoa não habilitada

Art. 310. Permitir, confiar ou entregar a direção de veículo automotor a pessoa não habilitada, com habilitação cassada ou com o direito de dirigir suspenso, ou, ainda, a quem, por seu estado de saúde, física ou mental, ou por embriaguez, não esteja em condições de conduzi-lo com segurança:

Penas - detenção, de seis meses a um ano, ou multa.

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Comete o crime aquele que permite que alguém sem habilitação, suspenso, cassado ou sem condições dirija veículo automotor. É o pai que quer ensinar o filho adolescente a dirigir. É o amigo que empresta o carro a outro sem habilitação. Lembre que o crime é punido apenas na modalidade dolosa.

Perceba que é crime de perigo em abstrato. Ainda que a condução do veículo esteja perfeita, de acordo com as regras de trânsito, há o crime do art. 310. Caso a condução esteja gerando perigo de dano, pode ser que ocorra o crime do art. 309 (para o condutor, dependendo da situação).

Tráfego em velocidade incompatível

Art. 311. Trafegar em velocidade incompatível com a segurança nas proximidades de escolas, hospitais, estações de embarque e desembarque de passageiros, logradouros estreitos, ou onde haja grande movimentação ou concentração de pessoas, gerando perigo de dano:

Penas - detenção, de seis meses a um ano, ou multa.

Crime de perigo em concreto no qual o condutor está em algum dos locais citados com velocidade incompatível com a segurança.

Perceba que não é exigido excesso de velocidade. Se a via possui limite de 110 km/h e há várias pessoas a atravessando, não é prudente passar por este pessoal na velocidade máxima estabelecida pela sinalização.

Fraude processual

Art. 312. Inovar artificiosamente, em caso de acidente automobilístico com vítima, na pendência do respectivo procedimento policial preparatório, inquérito policial ou processo penal, o estado de lugar, de coisa ou de pessoa, a fim de induzir a erro o agente policial, o perito, ou juiz:

Penas - detenção, de seis meses a um ano, ou multa.

Parágrafo único. Aplica-se o disposto neste artigo, ainda que não iniciados, quando da inovação, o procedimento preparatório, o inquérito ou o processo aos quais se refere.

A intenção aqui é punir, em acidente com vítima, aquele que mexe no local do acidente com o intuito de atrapalhar a administração da justiça.

“Inovar” é mexer, alterar. “Artificiosamente” é com maldade, como para que não haja a identificação do culpado. É comum alterar a localização dos veículos, apagar marcas de frenagem/derrapagem, limpar estilhaços no chão etc. Se a alteração da cena do crime não ocorrer “artificiosamente”, não há crime. Exemplo: alterou o local do crime para prestar socorro à vítima.

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Pessoal, segue uma tabela resumo que reúne algumas características dos crimes em espécie:

Art. Resumo Elemento

subjetivo Detenção Suspensão

ou proibição Multa

302 Homicídio Culposo 2 a 4 anos e -

302, §3º Homicídio + álcool Culposo 5 a 8 anos (R) e -

303 Lesão corporal Culposo 6 meses a 2 anos e -

303, §2º Lesão corporal + álcool Culposo 2 a 5 anos (R) e -

304 Omissão de Socorro Doloso 6 meses a 1 ano - ou

305 Afastar-se Doloso 6 meses a 1 ano - ou

306 Álcool Doloso 6 meses a 3 anos e e

307 Violar suspensão Doloso 6 meses a 1 ano Nova

imposição e

308 Corrida Doloso 6 meses a 3 anos e e

308, §1º Corrida, se resulta

lesão corporal grave Doloso 3 a 6 anos (R) e e

308, §2º Corrida, se resulta

morte Doloso 5 a 10 anos (R) e e

309 Sem habilitação ou

cassado Doloso 6 meses a 1 ano - ou

310 Permitir, confiar ou

entregar Doloso 6 meses a 1 ano - ou

311 Velocidade

incompatível Doloso 6 meses a 1 ano - ou

312 Inovar artificiosamente Doloso 6 meses a 1 ano - ou Lembre ainda que os crimes são de ação penal pública incondicionada, salvo a lesão corporal (quando ainda não estiver naquelas 3 condições que já vimos).

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Questões comentadas pelo professor

1.

CESPE – TJ/DFT – Analista Judiciário – 2015

No que se refere aos crimes previstos na legislação de trânsito e na legislação antidrogas, julgue o item.

Para a caracterização do delito de embriaguez ao volante, é necessária a demonstração do efetivo perigo de dano ao bem jurídico protegido pela norma, no caso, a incolumidade do trânsito, não bastando, para tanto, a mera constatação de concentração de álcool por litro de sangue do condutor do veículo acima do limite legal permitido.

RESOLUÇÃO

O CESPE considera que o crime do art. 306 é de perigo abstrato. Constatado o índice proibido, é crime. Não é exigida comprovação de que o condutor esteja com capacidade psicomotora alterada (veremos mais à frente que a FUNCAB adotou recentemente posicionamento diferente).

Art. 306. Conduzir veículo automotor com capacidade psicomotora alterada em razão da influência de álcool ou de outra substância psicoativa que determine dependência;

Penas - detenção, de seis meses a três anos, multa e suspensão ou proibição de se obter a permissão ou a habilitação para dirigir veículo automotor.

§ 1º As condutas previstas no caput serão constatadas por:

I - concentração igual ou superior a 6 decigramas de álcool por litro de sangue ou igual ou superior a 0,3 miligrama de álcool por litro de ar alveolar; ou

II - sinais que indiquem, na forma disciplinada pelo Contran, alteração da capacidade psicomotora.

§ 2º A verificação do disposto neste artigo poderá ser obtida mediante teste de alcoolemia ou toxicológico, exame clínico, perícia, vídeo, prova testemunhal ou outros meios de prova em direito admitidos, observado o direito à contraprova.

§ 3º O Contran disporá sobre a equivalência entre os distintos testes de alcoolemia ou toxicológicos para efeito de caracterização do crime tipificado neste artigo.

Resposta: errado.

2.

CESPE – PC/ES – Escrivão da Polícia – 2011

Assinale a opção correta no que se refere aos crimes de trânsito.

(A) Responde por crime de trânsito o agente que viola a suspensão de dirigir veículo automotor.

(B) O indivíduo que, pilotando uma lancha em alto mar, mata, culposamente, uma pessoa comete, de acordo com a Lei n.º 9.503/1997, que trata dos crimes de trânsito, crime de homicídio culposo.

(C) O agente que, dirigindo automóvel, causa, culposamente, lesão corporal na vítima e deixa de prestar socorro a ela responde tanto pelo crime de lesão corporal culposa tratado nos crimes de trânsito quanto por crime de omissão de socorro.

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(D) Responde como co-autor pelo crime de homicídio o pai ou responsável que empresta veículo automotor a menor de idade que, acidentalmente, atropele e mate uma pessoa.

RESOLUÇÃO Comentários:

Item A: certo, porém com problemas. É crime violar a suspensão penal! Violar a suspensão administrativa é motivo de cassação (também administrativa). Porém, como o enunciado da questão versa sobre “crimes de trânsito”, o item foi considerado como correto.

Art. 307. Violar a suspensão ou a proibição de se obter a permissão ou a habilitação para dirigir veículo automotor imposta com fundamento neste Código:

Penas - detenção, de seis meses a um ano e multa, com nova imposição adicional de idêntico prazo de suspensão ou de proibição.

Art. 263. A cassação do documento de habilitação dar-se-á:

I - quando, suspenso o direito de dirigir, o infrator conduzir qualquer veículo;

Item B: errado. O homicídio culposo do CTB é aplicado na direção de veículos automotores do código, o que não abrange lanchas ou aeronaves.

Item C: errado. Ele responderá pesa lesão corporal culposa com o aumentativo da pena da omissão de socorro.

Art. 303. Praticar lesão corporal culposa na direção de veículo automotor:

Penas - detenção, de seis meses a dois anos e suspensão ou proibição de se obter a permissão ou a habilitação para dirigir veículo automotor.

Parágrafo único. Aumenta-se a pena de 1/3 (um terço) à metade, se ocorrer qualquer das hipóteses do § 1º do art. 302.

Art. 302, § 1º No homicídio culposo cometido na direção de veículo automotor, a pena é aumentada de 1/3 (um terço) à metade, se o agente:

III - deixar de prestar socorro, quando possível fazê-lo sem risco pessoal, à vítima do acidente;

Item D: errado. O pai responderá pelo crime de entregar a direção de veículo a pessoa não habilitada.

Art. 310. Permitir, confiar ou entregar a direção de veículo automotor a pessoa não habilitada, com habilitação cassada ou com o direito de dirigir suspenso, ou, ainda, a quem, por seu estado de saúde, física ou mental, ou por embriaguez, não esteja em condições de conduzi-lo com segurança:

Penas - detenção, de seis meses a um ano, ou multa.

Resposta: A.

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3.

CESPE – DPRF – Policial Rodoviário Federal – 2008

De acordo com o CTB, assinale a opção correta acerca das ações penais por crimes cometidos na direção de veículos automotores.

(A) Em nenhuma hipótese se admite a aplicação aos crimes de trânsito de disposições previstas na lei que dispõe sobre os juizados especiais criminais.

(B) A suspensão ou a proibição de se obter a permissão ou a habilitação para dirigir veículo automotor pode ser imposta como penalidade principal, mas sempre de forma isolada, sendo vedada a aplicação cumulativa com outras penalidades.

(C) A penalidade de suspensão ou de proibição de se obter a permissão ou a habilitação para dirigir veículo automotor tem a duração de dois anos.

(D) Transitada em julgado a sentença condenatória, o réu será intimado a entregar à autoridade judiciária, em 24 horas, a permissão para dirigir ou a CNH.

(E) Ao condutor de veículo, nos casos de acidentes de trânsito de que resulte vítima, não se imporá a prisão em flagrante, nem se exigirá fiança, se ele prestar pronto e integral socorro àquela.

RESOLUÇÃO Comentários:

Item A: errado. Vimos que, em regra, são aplicados à lesão corporal do CTB a transação penal e a composição civil dos danos, além de a ação penal ser pública condicionada à representação.

Item B: errado. Pode ser aplicada a pena de detenção cumulativamente com a suspensão penal, por exemplo.

Art. 292. A suspensão ou a proibição de se obter a permissão ou a habilitação para dirigir veículo automotor pode ser imposta isolada ou cumulativamente com outras penalidades.

Item C: errado. O prazo da suspensão penal é de dois meses a cinco anos.

Art. 293. A penalidade de suspensão ou de proibição de se obter a permissão ou a habilitação, para dirigir veículo automotor, tem a duração de dois meses a cinco anos.

Item D: errado. O prazo correto é de 48h.

Art. 292, § 1º Transitada em julgado a sentença condenatória, o réu será intimado a entregar à autoridade judiciária, em quarenta e oito horas, a Permissão para Dirigir ou a Carteira de Habilitação.

Item E: certo. Literalidade do CTB:

Art. 301. Ao condutor de veículo, nos casos de acidentes de trânsito de que resulte vítima, não se imporá a prisão em flagrante, nem se exigirá fiança, se prestar pronto e integral socorro àquela.

Resposta: E.

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4.

CESPE – DPRF – Policial Rodoviário Federal – 2008

Considere a seguinte situação hipotética. Cláudia, penalmente responsável, ao dirigir veículo automotor sem habilitação, em via pública, atropelou e matou um pedestre. Nessa situação hipotética, Cláudia responderá por homicídio culposo em concurso material com o delito de falta de habilitação.

RESOLUÇÃO

Nesse caso, Cláudia responderá por homicídio culposo com aumento da pena:

Art. 302. Praticar homicídio culposo na direção de veículo automotor:

Penas - detenção, de dois a quatro anos, e suspensão ou proibição de se obter a permissão ou a habilitação para dirigir veículo automotor.

Parágrafo único. No homicídio culposo cometido na direção de veículo automotor, a pena é aumentada de um terço à metade, se o agente:

I - não possuir Permissão para Dirigir ou Carteira de Habilitação;

Resposta: errado.

5.

CESPE – DPRF – Policial Rodoviário Federal – 2002

Ao passar em frente a uma parada de ônibus, conduzindo o seu veículo em avançada hora da madrugada, Tício avistou um desafeto. Assim, retornou na avenida, de modo a passar novamente em frente ao inimigo. Quando se aproximava, então, da parada, acelerou o veículo, arremessando-o contra o pedestre, causando-lhe morte instantânea.

Para essa situação, há, no CTB, tipo específico que descreve a conduta de Tício, no qual se prevê, ainda, o atropelamento ocorrido em calçada como causa de aumento de pena do homicídio.

RESOLUÇÃO

Vimos que o homicídio do CTB tem que ser culposo. Como foi homicídio doloso, é aplicado o código penal.

Resposta: errado.

6.

FCC – TRT 9ª Região/PR – Técnico Judiciário – 2015

São crimes previstos no Código Brasileiro de Trânsito (Lei nº 9.503/1997), dentre outros,

(A) praticar lesão corporal culposa na direção de veículo automotor; afastar-se o condutor do veículo do local do acidente, para fugir à responsabilidade penal ou civil que lhe possa ser atribuída; deixar o condutor do veículo, na ocasião do acidente, de prestar imediato socorro à vítima, ou, não podendo fazê-lo diretamente, por justa causa, deixar de solicitar auxílio da autoridade pública.

(B) avançar o sinal vermelho do semáforo ou o de parada obrigatória; deixar de sinalizar qualquer obstáculo à livre circulação, à segurança de veículo e pedestres, tanto no leito da via terrestre como na calçada, ou obstaculizar a via indevidamente; trafegar em velocidade incompatível com a segurança nas proximidades de escolas, hospitais,

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estações de embarque e desembarque de passageiros, logradouros estreitos, ou onde haja grande movimentação ou concentração de pessoas, gerando perigo de dano.

(C) praticar homicídio doloso na direção de veículo automotor; afastar-se o condutor do veículo do local do acidente, para fugir à responsabilidade penal ou civil que lhe possa ser atribuída; conduzir o veículo com dispositivo antirradar.

(D) participar, na direção de veículo automotor, em via pública, de corrida, disputa ou competição automobilística não autorizada pela autoridade competente, gerando situação de risco à incolumidade pública ou privada; avançar o sinal vermelho do semáforo ou o de parada obrigatória; praticar homicídio culposo na direção de veículo automotor.

(E) praticar homicídio culposo na direção de veículo automotor; usar no veículo equipamento com som em volume ou frequência que não sejam autorizados pelo CONTRAN; participar, na direção de veículo automotor, em via pública, de corrida, disputa ou competição automobilística não autorizada pela autoridade competente, gerando situação de risco à incolumidade pública ou privada.

RESOLUÇÃO

Vamos identificar as condutas dos itens errados que não são crimes (todas são apenas infrações de trânsito):

Item B: avançar o sinal vermelho do semáforo ou o de parada obrigatória (art. 208 – gravíssima) e deixar de sinalizar qualquer obstáculo à livre circulação, à segurança de veículo e pedestres, tanto no leito da via terrestre como na calçada, ou obstaculizar a via indevidamente (art. 246 – gravíssima).

Item C: conduzir o veículo com dispositivo antirradar (art. 230, III – gravíssima)

Item D: avançar o sinal vermelho do semáforo ou o de parada obrigatória (art. 208 – gravíssima).

Item E: usar no veículo equipamento com som em volume ou frequência que não sejam autorizados pelo CONTRAN (art. 228 – grave)

Resposta: A.

7.

FCC – DPE/PB – Defensor Público – 2014

Segundo a lei brasileira, tratando-se de condução de veículo automotor,

(A) no homicídio culposo, incide causa de aumento quando o crime é praticado em faixa de pedestre, na calçada ou área de estacionamento de veículos.

(B) não se aplicam as disposições da Lei nº 9.099/95 ao crime de lesão corporal culposa.

(C) constata-se o crime de conduta sob embriaguez com a concentração de álcool por litro de sangue igual ou superior a 4 decigramas.

(D) afastar-se do local do acidente para fugir à responsabilidade civil ou penal é uma faculdade do agente, desde que não haja vítimas fisicamente lesionadas.

(E) poderá haver crime de omissão de socorro ainda que a vítima tenha sofrido morte instantânea.

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RESOLUÇÃO Vejamos:

Item A: errado. Não existe esse aumentativo para quando o crime ocorrer em “área de estacionamento de veículos”.

Art. 302, § 1º No homicídio culposo cometido na direção de veículo automotor, a pena é aumentada de 1/3 (um terço) à metade, se o agente:

I - não possuir Permissão para Dirigir ou Carteira de Habilitação;

II - praticá-lo em faixa de pedestres ou na calçada;

III - deixar de prestar socorro, quando possível fazê-lo sem risco pessoal, à vítima do acidente;

IV - no exercício de sua profissão ou atividade, estiver conduzindo veículo de transporte de passageiros.

Item B: errado. Em regra, a Lei 9.099/95 é aplicada. Lembre que existem 3 exceções:

Art. 291, § 1º Aplica-se aos crimes de trânsito de lesão corporal culposa o disposto nos arts. 74, 76 e 88 da Lei nº 9.099, de 26 de setembro de 1995, exceto se o agente estiver:

I - sob a influência de álcool ou qualquer outra substância psicoativa que determine dependência;

II - participando, em via pública, de corrida, disputa ou competição automobilística, de exibição ou demonstração de perícia em manobra de veículo automotor, não autorizada pela autoridade competente;

III - transitando em velocidade superior à máxima permitida para a via em 50 km/h (cinquenta quilômetros por hora).

Item C: errado. O índice é de 6 dg de álcool/litro de sangue.

Art. 306, § 1º As condutas previstas no caput serão constatadas por:

I - concentração igual ou superior a 6 decigramas de álcool por litro de sangue ou igual ou superior a 0,3 miligrama de álcool por litro de ar alveolar; ou (...)

Item D: errado. É o crime previsto no seguinte dispositivo:

Art. 305. Afastar-se o condutor do veículo do local do acidente, para fugir à responsabilidade penal ou civil que lhe possa ser atribuída.

Penas - detenção, de seis meses a um ano, ou multa.

Item E: certo. O CTB prevê que o condutor deve prestar socorro inclusive neste caso:

Art. 304, parágrafo único. Incide nas penas previstas neste artigo o condutor do veículo, ainda que a sua omissão seja suprida por terceiros ou que se trate de vítima com morte instantânea ou com ferimentos leves.

Resposta: E.

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8.

FCC – MPE/PE – Promotor de Justiça – 2014 Nos crimes de trânsito de lesão corporal culposa,

(A) admissíveis, em qualquer situação, a transação penal e a suspensão condicional do processo.

(B) dispensável a representação do ofendido, se o agente estiver sob a influência de álcool.

(C) sempre cabível a composição civil.

(D) inadmissível a transação penal.

(E) incabível a suspensão condicional do processo, mas sempre necessária a representação do ofendido.

RESOLUÇÃO

Vimos que, em regra, existem 3 instrumentos da Lei nº 9.099/95 que são aplicados aos crimes de lesão corporal culposa:

Ø Composição civil dos danos;

Ø Transação penal; e

Ø A ação penal é pública condicionada à representação.

Porém, isso não ocorre se o agente estiver:

I - sob a influência de álcool ou qualquer outra substância psicoativa que determine dependência;

II - participando, em via pública, de corrida, disputa ou competição automobilística, de exibição ou demonstração de perícia em manobra de veículo automotor, não autorizada pela autoridade competente;

III - transitando em velocidade superior à máxima permitida para a via em 50 km/h (cinquenta quilômetros por hora).

Já a suspensão condicional do processo encontra-se no art. 89 da lei 9.099/95:

Art. 89. Nos crimes em que a pena mínima cominada for igual ou inferior a um ano, abrangidas ou não por esta Lei, o Ministério Público, ao oferecer a denúncia, poderá propor a suspensão do processo, por dois a quatro anos, desde que o acusado não esteja sendo processado ou não tenha sido condenado por outro crime, presentes os demais requisitos que autorizariam a suspensão condicional da pena.

Perceba que esse dispositivo pode vir a ser aplicado ao crime de lesão corporal culposa, pois a pena é a seguinte:

Penas - detenção, de seis meses a dois anos e suspensão ou proibição de se obter a permissão ou a habilitação para dirigir veículo automotor.

Resposta: B.

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9.

FGV – TRE – Segurança e Transporte – 2006

Guiando o seu automóvel na contramão de direção, em outubro de 2010, Tício é perseguido por uma viatura da polícia militar. Após ser parado pelos agentes da lei, Tício realiza, espontaneamente, o exame do etilômetro e fornece aos militares sua habilitação e o documento do automóvel. No exame do etilômetro, fica constatado que Tício apresentava concentração de álcool muito superior ao patamar previsto na legislação de trânsito. Além disso, os policiais constatam que o motorista estava com a habilitação vencida desde maio de 2009.

Com relação ao relatado acima, é correto afirmar que o promotor de justiça deverá denunciar Tício (A) pela prática dos crimes de embriaguez ao volante e direção sem habilitação.

(B) apenas pelo crime de embriaguez ao volante, uma vez que o fato de a habilitação estar vencida constitui mera infração administrativa.

(C) apenas pelo crime de direção sem habilitação, uma vez que o perigo gerado por tal conduta faz com que o delito de embriaguez ao volante seja absorvido, em razão da aplicação do Princípio da Consunção.

(D) apenas pelo crime de direção sem habilitação, pois o delito de embriaguez ao volante só se configura quando ocorre acidente de trânsito com vítima.

RESOLUÇÃO

O crime de Tício foi o do art. 306, dirigir embriagado. Ele é habilitado, porém com validade vencida. Este ilícito é apenas administrativo.

Resposta: B.

10.

FUNIVERSA – PC/DF – Papiloscoposta Policial – 2015

Marcelo praticou homicídio culposo na direção de veículo automotor. Considerando esse caso hipotético, a pena de Marcelo será aumentada se ele

(A) estiver conduzindo veículo de transporte de passageiros, não sendo essa a sua profissão ou atividade.

(B) praticar o crime em rodovia com trânsito intenso.

(C) possuir permissão para dirigir ou carteira de habilitação vencida.

(D) praticar o crime em faixa de pedestres ou na calçada.

(E) deixar de prestar socorro, ainda que correndo risco pessoal, à vítima do acidente.

RESOLUÇÃO

Vamos às circunstâncias aumentativas de penas e depois aos comentários:

Art. 302, § 1º No homicídio culposo cometido na direção de veículo automotor, a pena é aumentada de 1/3 (um terço) à metade, se o agente:

I - não possuir Permissão para Dirigir ou Carteira de Habilitação;

II - praticá-lo em faixa de pedestres ou na calçada;

III - deixar de prestar socorro, quando possível fazê-lo sem risco pessoal, à vítima do acidente;

(29)

Prof. Julio Ponte

Aula 12

Legislação Penal Extravagante para AJAJ e Oficial de Justiça do TJDFT

IV - no exercício de sua profissão ou atividade, estiver conduzindo veículo de transporte de passageiros.

Item A: errado. É necessário que esteja no exercício de sua profissão ou atividade.

Item B: errado. Não há previsão legal desse aumentativo.

Item C: errado. É aumentativo não possuir permissão ou habilitação (inciso I). Quem tem habilitação vencida é habilitado, apenas está temporariamente impossibilitado de dirigir até renovar sua habilitação.

Item D: certo. É o inciso II acima.

Item E: errado. O socorro deve ser prestado quando não ocorrer risco pessoal. Lembre que o direito não exige heróis.

Resposta: D.

11.

FUNIVERSA – PC/DF – Delegado de Polícia – 2015

Em relação à Lei nº 9.503/1997, que trata dos crimes de trânsito, assinale a alternativa correta.

(A) De acordo com a referida lei, constitui crime de trânsito punido com detenção a conduta do agente que trafegue em velocidade incompatível com a segurança nas proximidades de escolas, gerando perigo de dano.

(B) Não há, na lei, previsão de pena de reclusão, sendo os crimes previstos puníveis com detenção e(ou) multa.

(C) Não é prevista, entre as penalidades constantes na lei, multa reparatória.

(D) Consoante essa norma, é circunstância que pode agravar a penalidade do crime de trânsito, conforme a apreciação subjetiva do juiz, ter o condutor do veículo cometido a infração sobre faixa de trânsito destinada a pedestre.

(E) Uma das críticas que a doutrina faz ao legislador em relação aos crimes de trânsito se relaciona à ausência de previsão legal de benefício ao condutor do veículo que, após a prática da infração, preste pronto e integral socorro à vítima.

RESOLUÇÃO

Vamos aos comentários:

Item A: certo. É o crime do art. 311:

Art. 311. Trafegar em velocidade incompatível com a segurança nas proximidades de escolas, hospitais, estações de embarque e desembarque de passageiros, logradouros estreitos, ou onde haja grande movimentação ou concentração de pessoas, gerando perigo de dano.

Item B: errado. O crime de competição não autorizada qualificada prevê penas de reclusão:

Art. 308. Participar, na direção de veículo automotor, em via pública, de corrida, disputa ou competição automobilística não autorizada pela autoridade competente, gerando situação de risco à incolumidade pública ou privada:

Penas - detenção, de 6 (seis) meses a 3 (três) anos, multa e suspensão ou proibição de se obter a permissão ou a habilitação para dirigir veículo automotor.

Referências

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