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A INCLUSÃO ESCOLAR DO AUTISTA POR MEIO DAS METODOLOGIAS ATIVAS

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A INCLUSÃO ESCOLAR DO AUTISTA POR MEIO DAS METODOLOGIAS ATIVAS

ANDRECIOLI, Mara Cristina 1 RU 2616404 SANTOS, Valério Xavier dos ²

RESUMO

O tema Autismo é um campo que vem sendo discutido com maior frequência atualmente devido a demanda de alunos com transtornos que são inseridos em ambiente escolar regular. Dentre as diversas deficiências, síndromes e transtornos existentes, o Transtorno do Espectro Autista talvez seja um dos mais complexos tanto para entender quanto para compreender devido às dificuldades de se diagnosticar, o qual ainda não se sabe a causa, isso faz com que o processo de ensino aprendizagem de alguém com o transtorno necessite de um olhar diferenciado a fim de que ele aprenda e se desenvolva de forma efetiva. O presente trabalho objetivou apresentar o que são e como as metodologias ativas que tendem a contribuir para a formação psicossocial do indivíduo que sofre de autismo, melhorando a sua qualidade de vida e interação social e escolar onde, será necessário a compreensão de alguns princípios básicos do autismo, a fim de superar certos preconceitos que a população carrega em relação a esse transtorno. Será apontado brevemente onde as metodologias ativas tendem a influenciar e favorecer a formação educacional e social do autista. A questão fundamental é se possível aperfeiçoar a inclusão escolar e, consequentemente, fortalecer os vínculos sociais do autista por meio do uso de metodologias ativas.

Palavras-chave:Inclusão escolar. Autismo. Metodologias ativas. Interação.

1. INTRODUÇÃO

Em um universo de profundas transformações sociais, com a eclosão de novos conceitos e valores que rompem com os modelos tradicionais ocidentais de pensamento e comportamento, conviver com o diferente tem se tornado um desafio constante e ameaçador para a sociedade atual, que nega e exclui aquilo que rompe e foge de padrões um desses desafios diz respeito à inclusão escolar do indivíduo com autismo, tema central de nosso debate ao longo desse trabalho outro ponto relevante,

1 Aluna do Centro Universitário Internacional UNINTER. Projeto apresentado como parte do Trabalho de Conclusão de Curso de Psicopedagogia - 2021.

2 Professor Orientador no Centro Universitário Internacional UNINTER.

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que discutiremos nessa abordagem, se refere à forma como as metodologias ativas tendem a contribuir ou não para o processo de socialização e adaptação do autista em ambientes escolares.

Como o tema das metodologias ativas passou a figurar recentemente pouco mais de uma década no Brasil nos debates entre especialistas e acadêmicos, se faz necessário apresentar alguns tópicos centrais sobre o que são e como esse novo método tende a reformular os sistemas de ensino e práticas educacionais no mundo a aplicabilidade de uma metodologia que seja eficaz para o desenvolvimento e amadurecimento de uma criança ou adolescente durante o processo educacional é, sem dúvida, um dos maiores desafios dos professores, principalmente quando se precisa adaptar ou aperfeiçoar certas práticas e métodos para atender todos os alunos em sala de aula.

Compreendendo a importância do tema da inclusão no processo educacional surge o questionamento quanto aos modelos educacionais que temos hoje e a forma como nossas escolas estão trabalhando a fim de receber e ensinar alunos com deficiências, prioritariamente quanto ao uso de tecnologias e novas metodologias, especificamente com alunos autistas. Baseado nas dificuldades de aprendizagem encontradas pelos autistas nas escolas é que surge a ideia de investir nas metodologias ativas que têm como objetivo promover no aluno uma concepção mais reflexiva e crítica em que as suas habilidades e competências serão desenvolvidas para que este encontre soluções adequadas para os problemas vivenciados na sua formação.

Propor ao professor uma reflexão sobre a sua prática em sala de aula e uma reformulação dos métodos utilizados para atender as especificidades dos alunos acompanhando as mudanças sociopolíticas, financeiras e tecnológicas na sociedade moderna a adaptação curricular envolve modificações organizativas tanto nos objetivos, nos conteúdos, nas metodologias quanto nas organizações da didática permitindo ao educando atendimentos específicos as suas necessidades educativas envolvendo toda a equipe pedagógica da instituição.

A presente pesquisa se justifica pela observação das escolas que incluem os alunos por força da lei e desta forma o aluno fica excluído, e assim sendo, através das metodologias ativas utilizando-se as tecnologias assistivas esta situação seria revertida. Também foi observada a dificuldade que tem se encontrado em integrar os alunos que possuem alguma necessidade especial nas instituições de ensino.

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2. COMPREENDENDO O TEA – TRANSTORNO DO ESPECTRO AUTISTA

Em tempos atuais o aumento dos casos de autismo vem avançando cada vez mais.Com isso, entender o autismo é um desafio enfrentado não só por pesquisadores como pelos próprios pais e professores, em busca de uma melhor qualidade de vida para o filho, aluno ou ser humano.

Autismo origina se do Grego autós, que significa “de sim mesmo”. Foi empregado pela primeira vez pelo pisiquiatra suíço E. Bleuler, em 1911 que buscava descreve a fuga da realidade e o retraimento interios dis pacientes acometidos de esquisofrenia, o autismo compreende a abservação de um conjunto de comprtamentos na comunicação, dificuldades na interação social e atividade restrito-repetitivas.(CUNHA, 2012, p. 20)

Esse aumento nos casos segundo LEMOS et. all. (2020) tem se destacado, pela maior exposição a fatores causais, ampliação dos critérios de diagnósticos e maior número de profissionais capacitados para identificar os sintomas, chegando ao diagnóstico. Desta forma inicialmente uma pesquisa bibliográfica sobre a definição do Tema Autismo e suas caractéristicas.

De acordo com Kanner Sousa (1996 apud SOUSA: 2015, p.11) é comum que as principais característicasde um autista, é o isolamento, ausência de movimento antecipatório, dificuldade na comunicação, aterações na linguagem, com ecolalia e invasão pronominal, problemas comportamentais na linguagem, com atividades e movimentos repetitivos, além de resistência a mudanças. Possui um potencial grande no cognitivo, mas muitas vezes não demonstra.

Com isso é de muita importância a dedicação de qualquer profissional que tenha como objetivo o desenvolvimento de todas as dificuldades de uma criança com diagnóstico de autismo. Porem, é importante resaltar que as pessoas com mesmo diagnóstico podem ter manifestações clínicas muito diferentes, o que assim se definiu o termo “aspectro” (TEIXEIRA, 2018 p.18).

O que se vê são indivíduos com diagnóstico de autista e até com mesmo grau, com sintomas bastante diferentes, o que se faz o diagnóstico ser mais difícil. Mas com tantos estudos atualmente o diagnóstico está sendo realizado cada vez mais cedo, o que não ocorre inicialmente, por volta de 3 a 4 anos, quando era clinicamente evidente os principais sintomas (retraimento, imutabilidade, estereotipias e ausência da

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linguagem) (FERRARI, 2012. p.95).

O que se verifica na literatura é que quanto mais cedo se tem o diagnóstico, ou seja, antes dos 2 anos, mais rápido se insere o tratamentomultidisciplinar, dando muitos resultados positivos principalmente relacional e linguagem, levando a sua independência.

PETERSEN & WAINER (2001) discorre que:

Para identificar os critérios diagnósticos para o autismo é preciso possuir experiência e especialização, pois eles apresentam um alto grau de especificidade e sensibilidade em grupos de diversas faixas etárias e entre indivíduos com habilidades cognitivas e de linguagem variadas (PETERSEN

& WAINER, 2001, p.87).

Dentro do espectro pode-se ter muitas caractéristicas de sintomas como já dito anteriormente, mas existe uma classificação desses sintomas, como, sintomas mais leves (Nivel 1), moderados (Nivel 2) e sintomas graves (Nivel 3), segundo o Manual de Diagnóstico e Estatística dos Transtornos Mentais (DSM) :

Nível 1: É comum a pessoa apresentar um interesse diminuído nas interações sociais, e ter dificuldade em iniciar contatos com os outros, destacando como principal não tentar fazer amizades. Em um diálogo as respostas são atípicas ou não conectadas com o assunto e até parar de responder. Costuma ter dificuldade para trocar de atividades. A sua independência acaba sendo limitada por problemas com organização e planejamento.

Nível 2: Nessa classificação já demonstra déficits marcantes na conversação, com respostas reduzidas ou consideradas atípicas. As dificuldades de linguagem são aparentes mesmo quando a pessoa tem algum suporte, e a sua iniciativa para interagir com os outros é limitada. Os comportamentos atípicos interferem com o cotidiano da pessoa numa grande variedade de ambientes, e acontecem com frequência suficiente a ponto de serem óbvios para observadores casuais. O autista aqui chega a apresentar aflição para mudar o foco ou ação.

Nível 3: O indivíduo de baixo funcionamento apresenta dificuldades graves no seu cotidiano, com uma resposta mínima a interações com outras pessoas e quase não à iniciativa própria de conversar muito limitada. Tem uma dificuldade extrema de

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lidar com mudanças, tem uma grande aflição quando precisa trocar de atividades. Os seus comportamentos repetitivos já interferem marcadamente em todas as esferas da sua vida (Autismo e Realidade, 2020).

Outra classificação que devemos destacar é a diferença entre Autismo e Síndrome de Asperger. Até o ano de 2013, conforme DSM-4 que foi lançado em 1994, eram classificados como distúrbios diferentes, mas sendo ambos os Transtornos Gerais do Desenvolvimento. A diferença principal era daintensidade do atraso que afetaria o indivíduo. Enquanto na definição do Autismo a fala tinha um provável início tardio, na Síndrome de Asperger era descrita como normal, mas ambos apresentariam dificuldades de se relacionar e de entender situações abstratas.

Mas em 2013 foi lançada a DSM-5, onde estes transtornos foram apresentados com uma novadenominação, Transtorno do Espectro Autista (TEA), que enquadra a Síndrome de Asperger e o autismo em um mesmo diagnóstico, ou seja, antes se conhecia como duas desordens separadas e, então, passou a pertencer à mesma condição, que abrange um grande espectro de sintomas. A diferença entre os transtornos é o grau dentro do espectro autista, já que é possível ter pessoas com TEA com apenas pequenas dificuldades de socialização até indivíduos com afastamento social, deficiência intelectual e dependência de cuidados ao longo da vida.(Autismo e Realidade,2020).

3. AS METODOLOGIAS ATIVAS DE APRENDIZAGEM

Percebe-se um disparate na forma como as crianças e adolescentes são educadas nas salas de aulas, com o rápido desenvolvimento tecnológico e científico da sociedade como um todo alguns pesquisadores, como Klaus Schwab, por exemplo, afirmam que já vivemos a quarta revolução industrial, ou seja, um período histórico no qual a emergência de novas tecnologias tais como a inteligência artificial, a nanotecnologia, a biotecnologia, a Internet das coisas, os veículos inteligentes e autônomos, a impressão 3D, entre outros, tomam conta do cenário mundial e das discussões sobre como melhorar a qualidade de vida das pessoa nesse contexto.

No entanto, é possível afirmar que a forma como o ensino é transmitido, principalmente no que diz respeito às práticas educacionais e à organização prático- pedagógica, ainda se está à premissa da revolução industrial. Um exemplo clássico

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disso é a organização e a projeção de algumas salas de aulas, que basicamente apresentam mesas de estudos individuais, organizadas em filas, a existência de um único professor; o quadro negro e giz.

Esse professor é responsável por transmitir o conteúdo, fazer correções e aplicar provas para atribuir uma nota ao aluno. A simples transmissão de conteúdo dos professores aos alunos, sem uma metodologia capaz de verificar e comprovar a real recepção das informações transmitidas, descaracteriza e deslegitima o processo de ensino-aprendizagem, o que tornará o ambiente escolar desinteressante e cansativo além da dificuldade de adotar metodologias eficazes no processo de aprendizagem, também surge o desafio de integrar alunos com necessidades especiais, entre eles o autista.

No século atual, algumas práticas pedagógicas de aprendizagem procuram minimizar os problemas causados pelo desinteresse escolar por parte do aluno, adotando políticas que incluam teoria e prática esses modelos de organização prático- pedagógica são as metodologias ativas de aprendizagem.

De acordo com Bebel (2011), essas novas metodologias precisam incentivar a autonomia do aluno, assim a função do professor também é alterada, isto é, ele deve adotar a perspectiva do aluno, deve acolher seus pensamentos, sentimentos e ações, sempre que manifestados, e apoiar o seu desenvolvimento motivacional e capacidade para autorregular-se. Nessas novas práticas educacionais, o professor precisa despertar os interesses pessoais dos alunos dentro do processo educacional e precisa conhecer e explicar de maneira eficaz o referencial teórico e as atividades que serão desenvolvidas, ou seja, exige-se um grau elevado de clareza para que se mostre ao aluno que possui autonomia para desenvolver suas habilidades e que terá sempre alguém para auxiliá-lo, caso seja necessário desta maneira, a mera transmissão de conhecimentos e informações torna-se insuficiente nesse processo educacional o aluno deve ter à sua disposição todos os meios possíveis para acessar as informações que quiser e o professor também precisa acompanhar o ritmo dos seus alunos.

A aprendizagem ativa ocorre quando o aluno interage com o assunto em estudo – ouvindo, falando, perguntando, discutindo, fazendo e ensinando – sendo estimulado a construir o conhecimento ao invés de recebê-lo de forma passiva do professor. Em um ambiente de aprendizagem ativa, o professor atua como orientador, supervisor, facilitador do processo de aprendizagem, e não apenas como fonte única de informação e conhecimento (BARBOSA;

MOURA, 2013, p. 55).

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Paulo Freire já havia esboçado em sua obra Pedagogia do Oprimido, seu apreço por um processo educacional para adultos que privilegiasse o modelo baseado na superação de desafios e resolução de problemas do cotidiano, além da construção de novos aprendizados baseados em experiências vividas pelos seus alunos. Por isso, é fundamental que o professor desenvolva, entre tantas outras habilidades, a capacidade de problematizar em diferentes contextos sociais em que o estudante pode estar inserido ou vir a estar.

Há a existência de algumas possibilidades em que a metodologia ativa pode ser trabalhada. A primeira diz respeito ao o estudo de caso, nessa forma de trabalho, podemos criar ou representar um fato real e, com base em conceitos trabalhados previamente, fazer com que os alunos proponham uma solução para o caso apresentado esse tipo de atividade faz com que o aluno se prepare na prática para possíveis dificuldades e situações que poderá encontrar em sua carreira profissional e ou social.

Outra possibilidade é a criação de projetos, onde os alunos são estimulados a criar e desenvolver projetos capazes de aproximá-los às realidades de sua comunidade e, assim, propor soluções para diversos temas, como, por exemplo, questões ambientes e de saneamento. Para isso, é fundamental que o aluno perceba a realidade em que se encontra, dialogue com outras pessoas e alunos para entender a situação e coletar informações. É preciso que elabore, calcule e entenda os desafios e problemas daquela localidade para, depois, ser capaz de criar e propor soluções adequadas e eficazes aos problemas sociais daquela região.

É possível mencionar também a pesquisa científica como possibilidade de trabalho das metodologias ativas. Esse tipo de atividade possibilita que o aluno desenvolva e conduza um projeto de seu interesse, onde precisará utilizar instrumentos técnicos aparelhos tecnológicos ou uso de material bibliográfico dependendo do caráter da pesquisa e resolver um problema pré-estabelecido em seu projeto.

Sendo assim, é fundamental o planejamento e que os objetivos estejam claros, de maneira que, obviamente, o papel do professor como orientador é indispensável.

São inúmeras as possibilidades metodológicas ativas, bem como o uso de Internet e equipamentos eletrônicos em sala de aula, a fim de facilitar a interação dos alunos com os professores.

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4. O AUTISMO E AS METODOLOGIAS ATIVAS

O autismo, também conhecido como Transtorno do Espectro do Autismo (TEA), é uma condição de saúde caracterizada por um déficit na comunicação social um transtorno de desenvolvimento infantil que normalmente se manifesta antes dos 3 anos de idade e que se prolonga por toda a vida. Segundo a ONU (Organização das Nações Unidas), cerca de 70 milhões de pessoas no mundo são acometidas por este transtorno. Pode-se afirmar que o autismo se caracteriza por um conjunto de sintomas que afeta as áreas de socialização, comunicação e do comportamento, e dentre elas, a mais comprometida é a da interação social.

Apesar dessas limitações psicossociais, se diagnosticado precocemente, e com tratamento adequado, a criança pode desempenhar seu papel social de maneira satisfatória. Talvez uma das dificuldades na sociedade hoje seja o acolhimento do outro, do que se mostra “diferente”. O filósofo Emmanuel Levinas resgata em seu jargão filosófico o conceito de alteridade como condição necessária da existência do ser enquanto homem, ou seja, sem a relação que o humano é capaz de estabelecer com o outro (aquele diferente de si) não existiria humanidade. Ainda de acordo com o autor a relação com o outro me questiona, me esvazia de mim mesmo e não cessa de me esvaziar ao descobrir em mim recursos sempre novos. Não me sabia tão rico, pois não tenho direito a me guardar nada” (LEVINAS 1993, p.56).

É possível perceber que a relação do outro com o eu, possibilita que este se conheça, se complete, se descubra enquanto sujeito e amplie suas possibilidades de existência. Quando nos colocamos no lugar daquele que é diferente e estamos dispostos a aceitá-lo, descobrimos o que há de mais essencial no ser humano.

Quando sabemos conviver com as diferenças, como os indivíduos portadores de TEA, abrimos um caminho de possibilidades para descobrir quem somos e ampliarmos nossa condição existencial.

Para conhecer o outro, o eu (sujeito) sou preciso acolhê-lo, no sentido de acolher aquilo que este outro revela ao sujeito, respeitando aquilo que é revelado. Por isso, a ética de Levinas preserva a diferença, pois o eu só posso acolher o outro quando respeita seu modo de ser, isto é, sua diferença. Quando o outro é revelado, o eu devo acolher sua manifestação em si mesmo, respeitando sua diferença e a novidade de seu modo de ser. Quando o eu se relaciono com o outro, torna-se

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responsável por esse outro o rosto do outro exige responsabilidade e o fato de acolhê- lo já implica em responsabilidade, cuidado e zelo pela sua vida.

Quando pensamos em autismo, logo vem a imagem de uma criança isolada, que vive no seu próprio mundo, contida em uma bolha, que brinca de uma forma diferente das outras crianças; não gosta de barulhos altos, balança o corpo para lá e para cá, alheia a tudo e a todos. Geralmente está associada a alguém “diferente” de nós, com uma vida limitada e que não faz sentido. Mas não é bem assim; este olhar nos parece estreito demais, pois quando falamos em autismo, estamos falando de crianças, pessoas com habilidades que revelam a fragilidade de nossa existência.

Uma das dificuldades de se pensar a inclusão escolar do autista, diz respeito à forma como tentamos inserir esses indivíduos dentro de um contexto que extrapola sua realidade.

Para ilustrar esse pensamento, é preciso pensar em um quebra-cabeça. O sistema educacional é planejado e organizado para “encaixar” todas as crianças dentro de um esquema proposto por certas pessoas, que não conhecem ou vivem a realidade de muitas dessas crianças; ou seja, por pessoas que pensam na uniformização da educação. Por isso, quando surge aquele que é diferente, o projeto político-pedagógico da escola não consegue dar conta da demanda porque essa criança foge dos padrões pré-estabelecidos; logo, ela é forçada (violentamente) a adaptar-se a esses moldes escolares.

Foi possível perceber anteriormente que quando pensamos nas metodologias ativas, é fundamental que o professor esteja preparado para assumir sua função de orientador e guia no processo educativo. Mas como adaptar essas novas metodologias para alunos portadores de autismo? Sabe-se que os autistas possuem uma habilidosa capacidade de percepção dos detalhes, que superam as condições de normalidade em relação a outras crianças.

Portanto, é função do professor por meio das metodologias ativas incentivar em sala de aula a participação de autistas, por exemplo, em situações investigativas ou em elaboração de soluções para problemas, pois muitos não terão dificuldades em perceber detalhes e buscar informações sobre os casos apresentados.

Uma atividade como soluções para situações problema melhora a capacidade de comunicação dos autistas, ao mesmo tempo que estimula sua autonomia e liberdade para compartilhar informações com os demais colegas. Mesmo existindo novas metodologias que facilitam a adaptação e colocam o estudante como

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protagonista do seu aprendizado, caso o autista se sinta desmotivado ou se sinta isolado, isso poderá acarretar consequências para o seu processo de formação educacional e social.

De acordo com Giacon e Rodrigues é evidente, no processo de inclusão escolar do portador de autismo, que precisamos adaptar nossos projetos político- pedagógicos antes de “jogar” aquela criança em um contexto diferente da sua realidade. É preciso projetar e direcionar uma série de cuidados e ações que favoreceram a presença e, consequentemente, melhores formas de participação na escola, na sala de aula e nas atividades em grupo.

Um fator importante para a inclusão escolar do portador de TEA, que pode ser analisado e instruído pelo psicopedagogo, é o acompanhamento e participação dos pais no processo de escolarização dos seus filhos. Lemos chama a atenção para é evidente que os benefícios das vivências escolares tanto em termos de interações sociais quanto em relação ao desenvolvimento de habilidades cognitivas, das crianças que têm autismo são fundamentais para o seu crescimento e amadurecimento pessoal e social.

Apesar de muitos professores admitirem que há dificuldades em superar os desafios que enfrentam, quando precisam acolher e adaptar suas metodologias para incluir alunos com TEA, há também relatos de experiências bem-sucedidas com crianças autistas que frequentam escolas regulares. Estes últimos destacam que as crianças autistas têm apresentado bons resultados em relação à apropriação de conhecimentos veiculados na escola. Frente ao que foi discutido até aqui, como compreender o universo vivenciado pelo autista e como incluí-lo na metodologia de ensino do professor? De acordo Mendes Nesse ponto fundamental, as metodologias ativas tendem acontribuir substancialmente para a formação da criança autista.

METODOLOGIA

O presente artigo foi realizado através de pesquisa bibliográfica de forma qualitativa. De acordo com Godoy (1995, p.58), explica algumas características principais de uma pesquisa qualitativa, o qual embasa também este trabalho: ‘’

considera o ambiente como fonte direta dos dados e o pesquisador como instrumento descritivo; o processo é o foco principal da abordagem e não o resultado, não requer uso de técnicas e métodos estatísticos.”

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Segundo Gil (2002, p.17) a pesquisa é requerida quando não se dispõe de informações suficientes para responder ao problema, ou então quando a informação disponível se encontra em tal estado de desordem que não possa ser adequadamente relacionada ao problema. Gil (2002 p. 19) também diz que: qualquer empreendimento de pesquisa deve considerar os recursos humanos, materiais e financeiros necessários à sua efetivação.

Com relação aos procedimentos técnicos o trabalho envolveu a pesquisa bibliográfica e documental, as quais segundo Gil (1991) são desenvolvidas a partir do material já elaborado, com a diferença que a primeira é apoiada em livros, periódicos e artigos, enquanto a segunda tem como base documentos sem um tratamento analítico ou que podem ser reelaborados de acordo com o objeto da pesquisa.

A pesquisa é vista como um diálogo crítico e criativo com a realidade, culminando com a elaboração própria e com a capacidade de intervenção. Em tese, pesquisa é a atitude ‘’ aprender a aprender”, e, como tal, faz parte de todo processo educativo e emancipatório (Demo, 2000, p.128).

CONSIDERAÇÕES FINAIS

O principal resultado obtido foi à discrepância entre o que pregamos sobre inclusão e a prática dela no dia a dia das escolas. Porque ficou evidente que se tem um caminho longo pela frente para se alcançar, de fato, a inclusão a qual defendemos, ao menos nos discursos. Sabe-se que não é tarefa fácil, e educação é algo complexo por si só, imagina educação inclusiva, onde os profissionais nem sempre tem o preparo adequado e os materiais que precisam.

Como o uso de metodologias ativas pode contribuir na aprendizagem e desenvolvimento do aluno autista? Justamente por ser uma opção ao tradicional, uma metodologia que inova e se adapta a um processo educacional tão complexo, num mundo tão dinâmico em que a educação precisa urgentemente acompanhar e evoluir, não apenas o aluno autista como os demais, tem possibilidades alternativas de adquirir conhecimento da forma que ele consegue, à sua maneira e no seu tempo, isso facilita o aprendizado e o mesmo se torna mais atraente e atrativo.

Isso acontecerá primeiramente através de vontade coletiva e individuais de cada indivíduo envolvido na educação e políticas públicas adequadas com investimentos corretos. Foi possível cumprir o objetivo inicial que era propor

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mudanças aos professores para que aprendessem sobre as metodologias ativas e entendessem o quão positivo ela pode ser se aplicada com alunos autistas, enfoque dessa pesquisa, sendo que de fato os professores e equipe pedagógica não apenas não sabem o que fazer com alunos autistas como desconhecem formas de trabalhar com os mesmos, por isso já considero esse estudo válido, porque fez com que eles refletissem sobre seus alunos e as possibilidades que há para desenvolverem melhores suas aulas, certamente a aprendizagem baseada em projetos será uma aliada deles daqui para frente.

Percebeu-se o quanto esse assunto de educação inclusiva incomoda os profissionais da educação, alguns porquê de fato não querem atuar com alunos deficientes, outros porque não querem modificar suas aulas e avaliações, e há ainda muitos que sentem necessidade de aprender, porém não recebem suporte das instâncias maiores ficando sem saber como agir. Ficou claro o desconhecimento sobre autismo, suas características e possibilidades, assim como desconhecimento sobre o que são metodologias ativas.

Essas questões norteadoras precisam continuar sendo tratadas nas escolas com suporte da gerência de educação, pois sozinhas as equipes pedagógicas não conseguem, precisa-se pensar e repensar nas metodologias aplicadas em sala de aula com alunos autistas e o quanto pode ser melhorado se houver uma vontade coletiva com intuito de melhorar não somente o aprendizado do aluno como o trabalho do professor.

. A pesquisa surgiu, por existir essa inquietação acerca da inclusão e a forma como são utilizadas as metodologias para se trabalhar com os estudantes com Necessidades Educacionais Especiais (NEE) nas escolas, em ênfase, o aluno com autismo. Quanto à inclusão do aluno com deficiência em sala de aula, é coerente afirmar que só há inclusão quando o aluno se sente no processo de aprendizagem, participando ativamente e consequentemente atingindo metas dia após dia.

Ao instaurar novas metodologias ao invés de acolher e inserir socialmente os autistas, não os iremos excluir e isolar ainda mais da sociedade. Por fim, é necessário levar em conta a eclosão das metodologias ativas no cenário brasileiro. Infelizmente não temos ainda uma resposta clara sobre como tais modelos incluem de fato pessoas com necessidades especiais no processo educacional. Há caminhos possíveis para melhorar a educação e transmiti-la com qualidade, porém, no cenário brasileiro ainda falta diálogo entre o poder público e a comunidade escolar.

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REFERÊNCIAS

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