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O MERCADO DE TRABALHO MÉDICO: OS ESPECIALISTAS

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Academic year: 2022

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COMENTÁRIOS INICIAIS

A revolução técnico-científica que ocorreu no século XX possibilitou dois grandes fenômenos:

o nascimento de novas profissões e o desenvol- vimento da especialização. No setor da saúde, esses dois fenômenos tiveram grandes reper- cussões. No primeiro caso, surgiram inúmeras profissões, correlatas às ciências médicas: nu- trição, odontologia, fisioterapia, terapia ocupa- cional, e, em parte, até mesmo a psicologia clí- nica. Essas profissões assumiram lugar especi- al nas equipes de saúde, tornando-as mais com- plexas, mais complementares, permitindo ao paciente assistência mais integral. Por outro lado, experimentamos um real crescimento da “exper- tise”, o florescimento dos “experts”. A “experti- se” tornou-se a perspectiva da ciência para o desvendamento dos males da humanidade, em todas as áreas. Na saúde, esse fenômeno foi, particularmente, benéfico. Contudo, como todo processo evolutivo, produziu também efeitos deletérios: saúde excessivamente fragmentada, especializada, mais cara, pouco acessível e com baixo impacto para a população que busca não

O MERCADO DE TRABALHO MÉDICO : OS ESPECIALISTAS

M

ARIA

H

ELENA

M

ACHADO

Departamento de ADM — Planejamento e Saúde — Escola Nacional de Saúde Pública Endereço para correspondência: Rua Leopoldo Bulhões, 1480 — 7o andar — CEP 21041-210 —

Rio de Janeiro — RJ

A revolução técnico-científica teve algumas conseqüências, dentre as quais podemos citar o nasci- mento de novas profissões e o desenvolvimento da especialização. Na área da saúde, esses dois fenômenos traduziram-se pelo desenvolvimento de profissões correlatas às ciências médicas e, por outro lado, o florescimento dos especialistas. Como todo processo evolutivo, porém, isso produziu também efeitos deletérios, tais como o encarecimento e a maior dificuldade de acesso da população geral ao atendimento médico.

Palavras-chave: especialidades médicas, mercado de trabalho.

(Rev Soc Cardiol Estado de São Paulo 2002;6:872-8) RSCESP (72594)-1283

só desvendar seus males, mas, principalmente, curá-los com eficiência e eficácia.

Esse é o tema deste artigo, que será abor- dado a seguir.

O MERCADO DE TRABALHO MÉDICO:

DE ESPECIALISTAS?

Com a advento da especialização na saúde, as profissões que compõem uma equipe de saú- de, por exemplo, têm tido dificuldades de se de- finir enquanto área especializada no processo de trabalho coletivo. Essas profissões e especi- alidades da saúde não sabem, efetivamente, qual papel e quais funções são mais relevantes em uma equipe de saúde. Vivem a crise da res- ponsabilidade civil, do que fazer e de como tor- nar seu trabalho específico, em um trabalho vi- sível e imprescindível à população em geral.

Essa é a essência do profissionalismo: tornar a atividade profissional uma atividade relevante e bem aceita pela sociedade, possibilitando “sta- tus” e reconhecimento tanto social como finan- ceiro. Para que isso ocorra, é fundamental que as disputas jurisdicionais se estabeleçam, per-

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mitindo que novas prerrogativas monopolistas sejam construídas. Esse é um dilema de nosso tempo, ou seja, associar essas disputas corpo- rativas, pouco solidárias socialmente falando, com as reais necessidades da população por uma saúde cada vez mais desenvolvida e politi- camente correta do ponto de vista de sua oferta e demanda de serviços de saúde.

Outro grande dilema que as profissões en- frentam na atualidade é como dividir ainda mais o processo de trabalho em saúde, preservando todas essas questões. Numa análise sociológi- ca, podemos dizer que vivemos(1) processos correlatos de profissionalizacão (nutrição, fisio- terapia, ciências da computação, psicologia), de reprofissionalização (farmácia, advocacia, enfer- magem), e até mesmo de desprofissionalização (medicina, engenharia), por exemplo, o que tor- na essas disputas por jurisdição e por prerroga- tivas monopolistas cada vez mais complexas e difíceis de se estabelecer.

Como já mencionamos, a revolução técnico- científica gerou efeitos positivos para a humani- dade, mas também não tão nobres. Por exem- plo, a substituição da subjetividade, da relação médico-paciente, secularmente praticada, por procedimentos técnicos de humanidade, é um dos efeitos deletérios. O afastamento do médi- co de seu paciente é um fato incontestável. Afas- ta-se pelo uso de tecnologias avançadas (equi- pamentos e procedimentos altamente sofistica- dos). Afasta-se pelo conhecimento aprofunda- do adquirido na especialização, impossibilitan- do, cada vez mais, que o médico tenha, de fato, conhecimento do paciente como ser integral. A nova tabela de especialidades médicas, publi- cada pelas entidades da corporação, fornece clara evidência da enorme fragmentação em que a medicina chegou. À época da pesquisa “Perfil dos Médicos no Brasil”(2), a tabela de especiali- dades era composta por 64 especialidades, evi- dentemente com uma infinidade de subespeci- alidades verificadas, empiricamente, quando da coleta dos dados da pesquisa com os profissio- nais. No entanto, esse quadro refletia a ausên- cia, de fato, de um processo regulatório, uma vez que algumas especialidades e subespecia- lidades guardavam pouca ou quase nenhuma correlação entre o ofertado e o demandado, ou seja, o mercado de trabalho, com o próprio de- senvolvimento técnico-científico da profissão. A antiga tabela de especialidades médicas, prati- cada pelas entidades, refletia uma pluraridade

de áreas e ausência de outras, exigindo, assim, que as entidades buscassem rever e refazer os campos e as áreas de atuação profissional.

Por outro lado, a tabela apresentada pelas entidades médicas, em substituição à anterior, demonstra uma nova realidade: a preocupação da corporação em regular o efetivo exercício pro- fissional em suas mais diversas áreas. Dois pon- tos nos chamam a atenção. Primeiro, o fato de essa nova tabela ter sido elaborada a partir das discussões e do consenso entre as diversas entidades que representam a corporação, dife- rentemente do que se tinha anteriormente, quan- do a corporação apresentava diversas tabelas de especialidades. Nesse caso, o consenso pre- valeceu, refletindo, assim, a necessidade de se ter maior controle sobre esse mercado de servi- ços especializados. Segundo, contrariando in- teresses específicos de áreas específicas, as entidades conseguiram produzir uma tabela com redução de áreas que tradicionalmente se apre- sentavam, como, por exemplo, a fisiologia, a neurofisiologia, a administração hospitalar e a cirurgia de mão, entre outras.

No entanto, apesar dos avanços alcançados, a nova classificação das especialidades reflete uma grande questão que vive hoje a medicina:

sua enorme capacidade de produzir e armaze- nar conhecimentos e habilidades técnicas, ge- rando, conseqüentemente, novas práticas pro- fissionais, traduzidas em novas especialidades e subespecialidades. Poucas são as especiali- dades que estão reclassificadas sem anexar áreas de atuação. Ao contrário, a maioria agre- gou duas a três áreas de subespecialidade e algumas, como a pediatria e a ortopedia, nessa nova classificação, passaram a constituir “qua- se uma profissão” independente. Tomemos o caso da pediatria. Entre as áreas de atuação anexadas à especialidade e as que estão indi- retamente associadas à área pediátrica, exis- tem aproximadamente 30 áreas de atuação.

Por outro lado, a Medicina Social, que sem- pre advogou em prol da prática ampla e de for- ma interdisciplinar e interprofissional, colocan- do-se avessa ao processo de especialização, nessa nova tabela apresenta-se com quatro áre- as de atuação, contrariando sua tradicional vi- são, movendo-se claramente para um processo de especialização.

Enfim, se somarmos as especialidades ofi- cialmente estabelecidas nessa nova tabela com o conjunto de áreas de atuação de cada especi-

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alidade, vamos ter um quantitativo de mais de 140 áreas de exercício profissional diferencia- das, configurando uma evidente pulverização e fragmentação “organizada” do conhecimento e das habilidades inerentes à medicina. Tal fato não seria de destaque se os processos de es- pecialização e subespecialização não produzis- sem efeitos tão negativos, que afetam tanto os custos da assistência como a própria acessibili- dade desses serviços especializados, em sua maioria de alto custo. Do ponto de vista corpo- rativo, não há dúvida de que essa nova classifi- cação dos campos de atuação médica reflete uma política regulatória que as entidades médi- cas buscam impor à corporação, reduzindo, as- sim, as disputas jurisdicionais, a competição entre os pares e a possível perda de espaços profissionais para outras profissões emergen- tes, tais como fisioterapia, nutrição, psicologia e fonoaudiologia. Contudo, essa nova rearruma- ção dos espaços profissionais é ainda um movi- mento acanhado em direção à efetiva regula- ção do trabalho médico, que ainda deverá evo- luir muito.

A última pesquisa realizada no Brasil sobre o mercado de trabalho médico(2) demonstra que, à época, o Brasil contava com 64 especialida- des, atuando nas diversas instituições, estados e regiões do país. Contudo, apesar da existên- cia de 64 especialidades médicas, em apenas 10 delas estão concentrados 62,1% dos profis- sionais: pediatria (13,5%), gineco-obstetrícia (11,8%), medicina interna (8,0%), cirurgia geral (5,5%), anestesiologia (5,2%), cardiologia (4,8%), ortopedia e traumatologia (3,7%), oftal- mologia (3,6%), psiquiatria (3,4%), e medicina geral comunitária (2,6%), havendo, ainda, pe- quenas diferenças regionais. Existem, hoje, 65 especialidades médicas reconhecidas pelo Con- selho Federal de Medicina. Ressalte-se que, na época da realização da pesquisa “Perfil dos Médicos no Brasil”, a Acupuntura ainda não era reconhecida como especialidade médica. Ape- sar de as especialidades de Ginecologia e Obs- tetrícia serem reconhecidas separadamente pelo Conselho Federal de Medicina, optou-se por analisar os dados referentes às duas especiali- dades conjuntamente, não só porque elas se complementam, mas também pelo fato de que a maioria dos médicos entrevistados nessa pes- quisa declarou as “duas” como uma única espe- cialidade por eles desempenhada.

Algumas especialidades mais específicas e

com reduzido quadro de especialistas estão lo- calizadas, basicamente, na Região Sudeste, que detém os mais altos índices de urbanização, concentrando, assim, a quase totalidade des- ses especialistas: medicina esportiva (97,7%), medicina do tráfego (89,8%), tisiologia (88,8%), genética clínica (87,1%), homeopatia (78,4%), cirurgia de mão (74,6%), fisiatria (74,3%), neu- rocirurgia (73,5%), cirurgia de cabeça e pesco- ço (73,2%), hemoterapia (72,4%), terapia inten- siva (72,0%), broncoesofagologia (71,7%), cirur- gia cardiovascular (71,2%), e neurologia (71,1%) (Tab. 1).

Uma das preocupações das autoridades, tan- to da corporação como do Estado, é com a forte concentração de serviços e de profissionais es- pecializados nos grandes centros. A nosso juí- zo, essa concentração se deve, especialmente, a dois fatores. Primeiro, a histórica concentra- ção dos programas de residência médica no eixo São Paulo—Rio de Janeiro, que acaba provo- cando a migração dos médicos de todo o país para esses dois centros de formação médica.

Segundo, nesses dois centros estão localizados os melhores e mais bem equipados estabeleci- mentos de saúde (públicos e privados), que aten- dem a população que busca assistência médi- ca especializada. Da mesma maneira, esses dois Estados concentram a maioria das escolas mé- dicas e as mais bem equipadas do país, que, certamente, acabam “seduzindo” seus alunos a manterem-se ligados a elas, por meio de pro- gramas de residência médica e/ou estágios al- tamente especializados para recém-formados.

Na análise de Machado e colaboradores(3), “ob- serva-se que, independentemente da natureza da instituição (pública ou privada), as que estão localizadas no interior têm contribuído para a maior fixação dos médicos fora da esfera urba- na das capitais brasileiras. Comparem-se, por exemplo, os números aqui apresentados. Nas escolas de medicina com sede nas capitais, o quadro é o seguinte: dos 5.359 médicos forma- dos na Faculdade de Medicina da Universidade Federal da Bahia, 4.103 estão trabalhando nas capitais; o mesmo ocorre na Universidade do Rio de Janeiro — Uni-Rio, em que dos 5.606 forma- dos, 5.102 estão nas capitais; no Centro de Ci- ências da Saúde da Universidade Federal de Alagoas, 1.446 encontram-se nas capitais; na Universidade Federal do Amazonas, dos 1.500 médicos formados, 1.168 atuam nas capitais”.

Continuam os autores: “A política concentrada

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de equipamentos econômicos e sociais — que levou à criação das maiores escolas de medici- na nas capitais do Brasil (quase sempre fede- rais) — fomentou e solidificou a fixação dos médicos nos grandes centros. Os dados são contundentes. Veja-se, por exemplo, a propor- ção de médicos graduados em algumas univer- sidades federais que se deslocaram para o inte- rior: do Rio de Janeiro, 14%; do Pará, 8%; de Pernambuco, 7%; do Ceará, 4%; de Alagoas, 2%;

e do Rio Grande do Norte, 4%”.(4)

A fuga de cérebros para esses centros é no- tável e provoca um ciclo evolutivo de migração e fixação nesses lugares, que, por força das cir- cunstâncias historicamente favoráveis pelas con- dições de trabalho, salariais e perspectivas de atualização profissional, estão devidamente

“abastecidos” de profissionais especializados, provocando, em muitos casos, excesso de pro- fissionais em uma determinada região.

COMENTÁRIOS FINAIS

Seguindo o processo mundial de especiali- zação e de profissionalização do trabalho, os médicos, no Brasil, experimentam e cada vez mais solidificam sua posição mundial como uma profissão altamente especializada.

No entanto, na análise de Machado e cola- boradores(5), “se, por um lado, esse crescente

‘especialismo’, sustentado pelo mito da eficácia e racionalidade técnica, encontra amplo apoio na sociedade moderna e no complexo médico- empresarial, por outro lado acaba favorecendo a especialização precoce do estudante. Dessa forma, os médicos, de modo geral, estão se for- mando condicionados por um mercado cada vez mais competitivo e por um modelo de ensino que favorece e estimula a opção prematura por uma especialidade”. Corroborando com o exposto, observa-se que a maioria dos residentes tem algumas características que reforçam esse acen- tuado “especialismo”. “Não fugindo à regra, mé- dicos oriundos da classe média urbana com ele- vado grau de educação buscam firmar-se pro- fissionalmente nos grandes centros. São pou- cos os jovens que se encontram no interior do país. Em sua maioria (79,8%), eles vivem e bus- cam trabalho nas capitais”(6).

Por fim, gostaria de salientar, além da espe- cialização, algumas outras características do mercado de trabalho médico.

Uma primeira característica é que o merca-

do de trabalho médico faz parte de uma modali- dade de prestação de serviços em prol da ma- nutenção social, ou seja, serviços essenciais que têm como objetivo a proteção e o resguardo dos membros da sociedade em geral, o que leva a requerer do Estado proteção, atenção e contro- le de suas atividades profissionais. “São esta- belecidas regras e sancionadas leis protecionis- tas com vistas ao resguardo desses serviços, para que eles sejam prestados por profissionais reconhecidamente aptos técnica e legalmente”(7). A profissão médica é uma profissão de forte controle estatal, desde sua formação até seu exercício profissional cotidiano.

Outra característica do mercado de trabalho médico é a homogeneidade quanto ao compra- dor de serviços ou demandante de serviços, como afirmam Machado e colaboradores(8), ou seja, “as esferas pública e privada e os consul- tórios particulares têm importância para o mer- cado de trabalho médico. A pesquisa revela que 69,7% dos médicos atuam em estabelecimen- tos públicos, 59,3% em estabelecimentos priva- dos, e 74,7% mantêm atividades em consultóri- os particulares”.

A participação feminina crescente é outra ca- racterística desse mercado, que em futuro pró- ximo deverá sofrer alterações importantes em sua estrutura, não só quanto à composição das especialidades ditas mais “femininas”, mas quan- to às condições de trabalho dessas profissio- nais, afetando faixa salarial, jornada de traba- lho e modalidades de inserção no mercado.

Na pesquisa realizada e publicada por Ma- chado e colaboradores(8), outra característica é a “constituição etária desse mercado, formado por um enorme contingente de profissionais com menos de 45 anos de idade, ou seja, 65,8% exer- cem a profissão há menos de 15 anos”.

A urbanização é uma marca da modernida- de da profissão. A pesquisa demonstra que qua- se 70% dos médicos que hoje atuam no Brasil estão trabalhando e residindo nas capitais, es- pecialmente aquelas mais desenvolvidas social e economicamente, aumentando as desigualda- des de acesso e recursos humanos existentes no Brasil na área da saúde. “A relação médico/

1.000 habitantes existente no Brasil evidencia essa situação: 3,28 médicos/1.000 habitantes para as capitais e 0,53 médico/1.000 habitantes para o interior. Especificamente, observa-se que, enquanto a capital do Estado de São Paulo tem 3,02 médicos/1.000 habitantes, a do Rio de Ja-

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Tabela 1. Médicos por grandes regiões, segundo a especialidade principal de atuação (porcentuais de linha) — Brasil — 1995(2)

Grandes regiões

Especialidade Centro-

principal N NE SE S Oeste Brasil

Administração hospitalar 7,8 26,8 56,8 3,4 5,2 100,0

Alergia/imunoterapia 4,2 14,7 57,2 16,5 7,4 100,0

Anestesiologia 3,0 13,2 61,3 14,9 7,6 100,0

Angiologia 5,3 43,0 41,7 4,7 5,3 100,0

Broncoesofagologia 0,4 10,0 71,7 17,0 0,0 100,0

Cancerologia 1,2 15,9 52,9 24,8 5,2 100,0

Cardiologia 1,7 12,9 65,4 13,2 6,9 100,0

Cirurgia de cabeça e pescoço 4,7 6,2 73,2 8,5 7,3 100,0

Cirurgia cardiovascular 3,4 11,5 71,2 11,1 2,8 100,0

Cirurgia geral 3,6 17,5 52,5 17,4 9,0 100,0

Cirurgia da mão 2,6 20,7 74,6 0,8 1,3 100,0

Cirurgia pediátrica 2,6 12,5 68,8 11,7 4,4 100,0

Cirurgia plástica 2,8 10,6 67,2 14,0 5,3 100,0

Cirurgia torácica 4,2 29,9 44,0 16,7 5,1 100,0

Cirurgia vascular 2,1 17,1 54,9 17,3 8,6 100,0

Citopatologia 0,0 37,8 41,9 13,8 6,5 100,0

Dermatologia 5,4 17,3 56,3 16,8 4,2 100,0

Eletroencefalografia 5,8 10,8 65,8 15,7 2,2 100,0

Endócrino/metabolia 1,3 14,0 65,7 11,3 7,6 100,0

Endoscopia digestiva 5,3 15,5 49,6 23,3 6,3 100,0

Fisiatria 0,0 2,4 74,3 16,8 6,4 100,0

Gastroenterologia 2,1 12,8 67,3 12,4 5,4 100,0

Genética clínica 0,0 0,0 87,1 4,0 8,9 100,0

Geriatria e gerontologia 0,0 27,2 42,9 24,6 5,3 100,0

Ginecologia/obstetrícia 3,2 16,4 57,7 15,0 7,7 100,0

Hansenologia 8,3 7,5 65,4 0,0 18,8 100,0

Hematologia 3,5 21,0 58,8 13,2 3,6 100,0

Hemoterapia 0,0 19,6 72,4 7,1 0,3 100,0

Homeopatia 0,7 6,0 78,4 9,1 5,8 100,0

continua

neiro tem 4,84 e a do Espírito Santo, 6,89; as capitais dos Estados do Acre, Roraima, Mara- nhão e Mato Grosso apresentam, respectiva- mente, taxas de 0,78, 0,83, 1,70 e 1,75 médico/

1.000 habitantes”(8).

Enfim, o mercado de trabalho médico é um mercado que demonstra claros sinais de mu- dança, não só nos aspectos econômicos como, e principalmente, nos aspectos relaci- onados às questões de formação, especiali- N = Norte; NE = Nordeste; SE = Sudeste; S = Sul.

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Tabela 1. Médicos por grandes regiões, segundo a especialidade principal de atuação (porcentuais de linha) — Brasil — 1995(2)

Grandes regiões

Especialidade Centro-

principal N NE SE S Oeste Brasil

Infectologia 10,1 9,6 66,6 9,9 3,8 100,0

Mastologia 0,0 41,3 40,3 18,3 0,0 100,0

Medicina do trabalho 2,0 10,5 70,4 13,8 3,3 100,0

Medicina do tráfego 1,1 0,0 89,8 1,5 7,6 100,0

Medicina esportiva 0,0 0,0 97,7 2,3 0,0 100,0

Medicina geral comunitária 8,2 19,7 42,4 21,0 8,8 100,0

Medicina interna 3,3 19,0 50,3 18,7 8,8 100,0

Medicina legal 18,8 24,1 22,2 24,9 10,1 100,0

Medicina nuclear 0,0 69,9 0,0 10,8 19,3 100,0

Medicina sanitária 7,4 26,8 45,2 15,3 5,2 100,0

Nefrologia 1,3 18,5 42,3 32,6 5,3 100,0

Neurocirurgia 1,8 5,4 73,5 15,3 4,0 100,0

Neurofisiologia 0,0 35,4 25,7 38,9 0,0 100,0

Neurologia 1,7 11,8 71,1 10,2 5,2 100,0

Neurologia pediátrica 2,3 12,8 47,9 32,4 4,6 100,0

Nutrologia 2,5 8,3 62,5 26,7 0,0 100,0

Oftalmologia 2,8 16,7 61,8 12,8 5,9 100,0

Ortopedia e traumatologia 2,2 13,1 64,9 13,0 6,7 100,0

Otorrinolaringologia 2,2 9,3 62,5 18,3 7,7 100,0

Patologia 2,9 10,8 69,5 8,6 8,1 100,0

Patologia clínica 9,1 17,5 61,9 5,0 6,4 100,0

Pediatria 3,0 16,9 57,4 14,8 7,9 100,0

Pneumologia 8,1 30,2 42,6 15,5 3,6 100,0

Proctologia 3,2 18,0 55,2 9,7 13,9 100,0

Psiquiatria 1,7 18,2 51,7 25,3 3,1 100,0

Radiologia 0,7 15,7 63,5 13,8 6,3 100,0

Radioterapia 0,0 14,8 54,0 21,0 9,4 100,0

Reumatologia 1,9 11,2 68,1 13,1 5,7 100,0

Sexologia 0,0 0,0 100,0 0,0 0,0 100,0

Terapia intensiva 1,0 12,3 72,0 6,2 8,6 100,0

Tisiologia 1,7 0,0 88,8 0,0 9,5 100,0

Urologia 3,4 10,7 61,6 17,8 6,4 100,0

Outras 1,6 28,5 50,2 15,8 3,9 100,0

Ignorada 3,1 18,2 59,1 14,1 5,6 100,0

Total 3,1 16,0 58,8 15,4 6,8 100,0

continuação

zação e atuação técnico-científica. A profis- são médica é, por assim dizer, uma profissão que se apresenta com um mercado de traba- lho em pleno processo de reestruturação, exi- gindo das autoridades governamentais e cor-

porativas um esforço adicional na formulação de políticas mais adequadas às novas deman- das e necessidades da população e os inte- resses da corporação, para o bom desempe- nho da atividade médica.

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W ORKING MARKET : MEDICAL SPECIALTIES

M

ARIA

H

ELENA

M

ACHADO

The technical-scientifical revolution of the last century paved the way for the development of new professions and of the experts. These phenomena in the health care area allowed for the creation of paramedical professions and of medical specialties, but, as in any evolutionary process, side effects such as higher costs and greater difficulty for the general population to have access to medical care.

Key words: medical specialties, working market.

(Rev Soc Cardiol Estado de São Paulo 2002;6:872-8) RSCESP (72594)-1283

REFERÊNCIAS

1. Machado MH. Os médicos e sua prática profis- sional: as metamorfoses de uma profissão. Rio de Janeiro, 1996. [Tese de Doutorado] IUPERJ.

2. Machado MH, et al. Perfil dos médicos no Bra- sil — Relatório Final. Rio de Janeiro: Fiocruz/

CFM-MS/PNUD; 1996.

3. Machado MH, et al. Os médicos no Brasil — um retrato da realidade. 2 ed. Rio de Janeiro:

Fiocruz; 1999.

4. Machado MH, et al. Os médicos no Brasil — um retrato da realidade. 2 ed. Rio de Janeiro:

Fiocruz; 1999. p.53-4.

5. Machado MH, et al. Os médicos no Brasil — um retrato da realidade. 2 ed. Rio de Janeiro:

Fiocruz; 1999. p.59.

6. Machado MH, et al. Os médicos no Brasil — um retrato da realidade. 2 ed. Rio de Janeiro:

Fiocruz; 1999. p.69.

7. Machado MH, et al. Os médicos no Brasil — um retrato da realidade. 2 ed. Rio de Janeiro:

Fiocruz; 1999. p.83.

8. Machado MH, et al. Os médicos no Brasil — um retrato da realidade. 2 ed. Rio de Janeiro:

Fiocruz; 1999. p.92-3.

Referências

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