• Nenhum resultado encontrado

PRIMEIRA CÂMARA CÍVEL AGRAVO DE INSTRUMENTO Nº / CLASSE CNJ COMARCA CAPITAL TRANSPORTES TRANS REAL RIO PRETO LTDA

N/A
N/A
Protected

Academic year: 2022

Share "PRIMEIRA CÂMARA CÍVEL AGRAVO DE INSTRUMENTO Nº / CLASSE CNJ COMARCA CAPITAL TRANSPORTES TRANS REAL RIO PRETO LTDA"

Copied!
7
0
0

Texto

(1)

AGRAVANTE: CASTOLDI DIESEL LTDA

AGRAVADO: TRANSPORTES TRANS REAL RIO PRETO LTDA

Número do Protocolo: 115079/2009 Data de Julgamento: 22-11-2011

EMENTA

AGRAVO DE INSTRUMENTO - CAUTELAR DE ARRESTO - LIMINAR CONCEDIDA - CONHECIMENTO DE QUE A EMPRESA ESTÁ EM RECUPERAÇÃO JUDICIAL - CRÉDITO JÁ INSERIDO NA RECUPERAÇÃO - REVOGAÇÃO LIMINAR E SUSPENSÃO DA CAUTELAR - RECURSO DESPROVIDO.

Deferido o processamento da recuperação judicial, revela-se incabível o prosseguimento da cautelar de arresto, até porque a dívida em favor do credor já consta da recuperação judicial.

(2)

AGRAVANTE: CASTOLDI DIESEL LTDA

AGRAVADO: TRANSPORTES TRANS REAL RIO PRETO LTDA

RELATÓRIO

EXMO. SR. DES. JOÃO FERREIRA FILHO Egrégia Câmara:

Recurso de AGRAVO DE INSTRUMENTO interposto por CASTOLDI DIESEL LTDA contra a r. decisão proferida pela MMª. Juíza de Direito da 9ª Vara Cível da comarca da Capital, que nos autos da ação Cautelar de Arresto (Proc. nº 625/2009 - Código 386854), ajuizada pela agravante contra TRANSPORTES TRANS REAL RIO PRETO LTDA, revogou a decisão que determinara o arresto dos bens da agravada em razão de “a empresa requerida se encontrar em recuperação judicial decretada pelo juízo da 1ª Vara Cível da Comarca de São José do Rio Preto - SP”, determinando, a suspensão do processo pelo prazo de 01 ano a contar do recebimento da recuperação judicial, bem como a restituição dos bens já arrestados (cf. fls. 29).

A agravante sustenta que a suspensão do processo em razão da recuperação judicial ocorreu sem sua prévia manifestação, ocorrendo, portanto, ofensa ao princípio do contraditório e da ampla defesa. Ademais, a empresa agravada “está vendendo seus bens aqui em Cuiabá, fora da recuperação” (cf. fls. 03) e “não comprovou que o arresto lhe seria prejudicial”. Alega que “a presunção evidente é de que tais bens não fazem falta para a recuperação judicial (...), não merecendo o arresto ser suspenso” (cf. fls. 05). Pede que seja atribuído efeito suspensivo ao agravo, e ao final seja este provido “para confirmação (...) da realização do arresto” (cf. fls. 05).

A decisão de fls. 192/194 indeferiu o pedido de antecipação da pretensão recursal.

As informações requisitadas foram prestadas (cf. fls. 221). A agravada

(3)

apresentou contra-razões às fls. 224/229, pugnando pela manutenção da decisão e desprovimento do recurso.

A douta Procuradoria Geral de Justiça editou manifestação às fls.

264/269, pelo desprovimento do recurso.

É o relatório.

PARECER (ORAL)

O SR. DR. WILSON VICENTE LEON Ratifico o parecer escrito.

(4)

VOTO

EXMO. SR. DES. JOÃO FERREIRA FILHO (RELATOR) Egrégia Câmara:

A recuperação judicial tem por finalidade precípua “viabilizar a superação da situação de crise econômico-financeira do devedor, a fim de permitir a manutenção da fonte produtora, do emprego dos trabalhadores e dos interesses dos credores, promovendo, assim, a preservação da empresa, sua função social e o estímulo à atividade econômica” (art. 47, da Lei nº 11.101/2005).

A Lei nº 11.101/2005 estabeleceu blindagem legal àquela empresa em recuperação judicial para assegurar que esta retome a regular atividade, salvando-a de ações, execuções e aflições durante o período de blindagem.

Manoel Justino Bezerra Filho preleciona que "na forma do caput do art. 6º, a suspensão se inicia com o deferimento do processamento da recuperação judicial, despacho previsto no art. 52. Este despacho do art. 52 não se confunde com o momento no qual o juiz concede a recuperação judicial, previsto no art. 58. Dessa forma, concedida ou não a recuperação em 180 dias, todas as ações e execuções contra o devedor que pediu a recuperação voltarão a correr normalmente, pois o prazo máximo de suspensão é este ora estabelecido no § 4o do art. 6o. No entanto, se a recuperação já foi concedida na forma do art.

58, o crédito que a ela estiver submetido será pago nos próprios autos da recuperação, não havendo assim interesse no prosseguimento de ações ou execuções." (Lei de Recuperação de Empresas e Falências Comentada, Editora Revista dos Tribunais, 4a edição, nota 17 ao artigo 6o, § 4o, pág. 65).

É o que estabelecem os arts. 6º, § 4º e 52, III, ambos da Lei 11.101/2005:

Art. 6o A decretação da falência ou o deferimento do processamento da recuperação judicial suspende o curso da prescrição e de todas as ações e execuções em face do devedor, inclusive aquelas dos credores particulares do

(5)

sócio solidário.

(...)

§ 4o Na recuperação judicial, a suspensão de que trata o caput deste artigo em hipótese nenhuma excederá o prazo improrrogável de 180 (cento e oitenta) dias contado do deferimento do processamento da recuperação, restabelecendo-se, após o decurso do prazo, o direito dos credores de iniciar ou continuar suas ações e execuções, independentemente de pronunciamento judicial.

Art. 52. Estando em termos a documentação exigida no art. 51 desta Lei, o juiz deferirá o processamento da recuperação judicial e, no mesmo ato:

(...)

III - ordenará a suspensão de todas as ações ou execuções contra o devedor, na forma do art. 6o desta Lei, permanecendo os respectivos autos no juízo onde se processam, ressalvadas as ações previstas nos §§ 1o, 2o e 7o do art. 6o desta Lei e as relativas a créditos excetuados na forma dos §§ 3o e 4o do art. 49 desta Lei;

Portanto, os benefícios da blindagem legal devem ser aplicados ao caso, primeiramente porque, e esse argumento é assaz razoável, a já inserção do devedor principal (agravada) nas teias adesivas do processo judicial de recuperação (cf. fls. 147) implica novação dos créditos anteriores ao pedido (art. 59, caput, Lei nº 11.101/2005). Depois, quando do recebimento da recuperação, decisão datada de datada de 18.05.2009, o juízo por onde se processa a recuperação determinou “a suspensão de todas as ações, inclusive as executivas movidas contra a devedora, permanecendo os autos nos seus respectivos Juízos onde se processam” (cf. fls. 148149), decisão amparada no inciso III, art. 52 da Lei 11.101/2005.

A opção pela suspensão do processo cautelar de arresto, está apoiada tanto no que dispõe a lei especial, quanto na própria determinação de suspensão emanada do juízo da recuperação. Ademais, quando da concessão do arresto, não se tinha conhecimento de que a recuperação judicial havia sido deferida à agravada, nem de que o prazo de 180 dias de suspensão, previsto no inciso III do art. 52 da Lei nº 11.101/2005, ainda não tinha encerrado.

Nesse sentido:

(6)

EMENTA: AGRAVO DE INSTRUMENTO - CAUTELAR DE ARRESTO - CONDICIONAMENTO À PRESTAÇÃO DE CAUÇÃO REAL - DEFERIMENTO DA RECUPERAÇÃO JUDICIAL AO DEVEDOR - ART. 6º, § 4º, DA LEI Nº 11.101/2005 - SUSPENSÃO DAS AÇÕES E CONSTRIÇÕES JUDICIAIS POR PRAZO NECESSÁRIO À MELHORIA FINANCEIRA DA EMPRESA EM DIFICULDADES - RECURSO DESPROVIDO. A proibição de que durante o processo de recuperação judicial seja afetado o patrimônio da empresa em dificuldade financeira, impede a concessão de medida cautelar de arresto dos bens ou direitos do devedor, ao menos pelo prazo de 180 dias, definido em lei. (TJMT - Primeira Câmara Cível - Agravo de Instrumento nº 104821/2010 - Rel. Des.

ORLANDO DE ALMEIDA PERRI - Julgto. em 15-03-2011).

EMENTA: AGRAVO DE INSTRUMENTO. CAUTELAR DE ARRESTO EM EXECUÇÃO DE TÍTULO EXTRAJUDICIAL. LIMINAR DEFERIDA. PEDIDO POSTERIOR DE RECUPERAÇÃO JUDICIAL DO DEVEDOR. SUSPENSÃO DO FEITO. POSSIBILIDADE. ARTS. 6º E 49 DA LEI N.º 11.101/2005. Não sendo caso de dívida ilíquida e execução fiscal, qualquer ação que se relacione com o devedor pode ser suspensa, conforme exegese do art. 6º, caput, § 1º e 7º, da referida norma. Incluem-se, aqui, os créditos existentes na data do pedido de recuperação judicial, conforme predisposto no art. 49 da mesma lei. Agravo a que se nega seguimento. (TJRS - Agravo de Instrumento nº 70032167132 - Nona Câmara Cível - Rel.ª MARILENE BONZANINI BERNARDI - Julgto em 11/09/2009 - DJ do dia 18/09/2009).

Posto isso, nego provimento ao recurso, mantendo a r. decisão agravada.

Custas pela agravante.

É como voto.

(7)

ACÓRDÃO

Vistos, relatados e discutidos os autos em epígrafe, a PRIMEIRA CÂMARA CÍVEL do Tribunal de Justiça do Estado de Mato Grosso, sob a Presidência do DES. ORLANDO DE ALMEIDA PERRI, por meio da Câmara Julgadora, composta pelo DES.

JOÃO FERREIRA FILHO (Relator), DES. ORLANDO DE ALMEIDA PERRI (1º Vogal) e DES. MARCOS MACHADO (2º Vogal), proferiu a seguinte decisão: À UNANIMIDADE, DESPROVERAM O RECURSO.

Cuiabá, 22 de novembro de 2011.

--- DESEMBARGADOR ORLANDO DE ALMEIDA PERRI - PRESIDENTE DA PRIMEIRA CÂMARA CÍVEL

--- DESEMBARGADOR JOÃO FERREIRA FILHO - RELATOR

--- PROCURADOR DE JUSTIÇA

Referências

Documentos relacionados

EPS - Escola Promotora de Saúde; TERESA DE JESUS MACHADO ESTEVES; RAQUEL CRISTINA CAMPINA GUERREIRO DO VALE MALHEIRO; Maria Natercia Araujo; MARIA FATIMA RODRIGUES PIMENTEL

– ARRENDAMENTO MERCANTIL, contra a decisão interlocutória proferida na Ação de Reintegração de Posse nº 58/2011 em trâmite perante a 4ª Vara Cível da Comarca de Várzea

bases conceituais, indicadores de saúde, sistema de informação em saúde; epidemiologia e serviços de saúde; epidemiologia e meio ambiente, Resíduos Sólidos dos

<O ESPÓLIO DE PETROLINA FERNANDES MAIA interpôs agravo de instrumento contra decisão proferida pelo Juiz Carlos Alberto de Faria, da 2ª Vara Cível da Comarca de Pirapora, que,

A Universidade Federal do Amazonas, através do seu Conselho Universitário, considerando a importância e relevância social das atividades desenvolvidas pelos

3090-446 FERREIRA-A-NOVA, FIGUEIRA DA FOZ ZIL 2, Lote 1022 7520-309 SINES Headquarter Centre South company presentation customers mission | values | vision value proposition

Trata-se de agravo de instrumento interposto contra decisão liminar que determinou a indisponibilidade de imóvel pertencente à Falida, arrematado pelo agravante em

(Grifou-se). AGRAVO DE INSTRUMENTO - INVENTÁRIO - SUSPENSÃO DO PROCESSO, ATÉ JULGAMENTO DEFINITIVO DE AGRAVO INTERPOSTO CONTRA DECISÃO QUE NÃO CONHECERA DE RECURSO ESPECIAL