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Key words: Climate Agreements. Kyoto Protocol. Doha Amendment. Fifth (5th) IPCC s Report. International Conference on Climate.

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Academic year: 2022

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1 MITIGAÇÃO DE GASES DE EFEITO ESTUFA E O IPCC: PERSPECTIVAS E

RESULTADOS DOS ACORDOS CLIMÁTICOS NO CENÁRIO MUNDIAL

Autores: Andressa Esswein I; Letícia Hoppe II; Augusto Mussi Alvim III.

I Pós-Graduada em Gestão Ambiental e Economia Sustentável. Professora de Química no Colégio Anchieta em Porto Alegre. E-mail: andressa.esswein@gmail.com

II Doutora em Engenharia e Tecnologia de Materiais. Professora Titular na Faculdade de Administração, Contabilidade e Economia da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul. Coordenadora do Curso de Especialização em Gestão da Qualidade para o Meio Ambiente e Gestão Ambiental e Economia Sustentável da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul. E-mail: leticia.hoppe@pucrs.br

III Doutor em Economia. Professor Titular na Faculdade de Administração, Contabilidade e Economia da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul e Coordenador do Programa de Pós-Graduação em Economia da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul. E-mail: augusto.alvim@pucrs.br

Grupo de Pesquisa: Agropecuária, Meio-Ambiente e Desenvolvimento Sustentável.

Resumo: Este artigo avalia as contribuições dos acordos climáticos firmados nas últimas décadas, com destaque para o Protocolo de Kyoto e a posterior Emenda Doha, a fim de identificar as ações em prol da Mitigação das Emissões de Gases de Efeito Estufa. Para isto, este artigo utiliza as informações sobre mudanças climáticas disponíveis no quinto relatório sobre o clima do Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas (IPCC) no ano de 2014.

Segundo a Convenção de Mudanças Climáticas da Organização das Nações Unidas (UNFCCC), não houve uma redução significativa na emissão de Gases de Efeito Estufa (GEEs) no período 2008-2012, porém o Protocolo de Kyoto demonstrou ser uma importante ferramenta para evitar o aumento de GEEs. Prevê-se uma maior adesão de países com propostas de redução mais significativa de GEEs na Emenda Doha, com um maior uso destas informações para a tomada de decisões em prol do meio ambiente.

Palavras-chave: Acordos Climáticos. Protocolo de Kyoto. Emenda Doha. Quinto relatório do IPCC. Conferência Mundial do Clima.

GREENHOUSE GASES MITIGATION AND THE IPCC: PROSPECTS AND RESULTS OF GLOBAL CLIMATE AGREEMENTS

Abstract: This article discusses the contributions of the climate agreements signed in the last decades, specially the Kyoto Protocol and the Doha Amendment, with the objective of identifying the actions in favor of the reduction of “greenhouse-gases” emissions. To do this, the text utilizes the data about climate change available in the IPCC’s (International Panel for Climate Change) fifth report about climate, made in 2014. According to the United Nations Framework Convention on Climate Change (UNFCCC), there wasn't any meaningful reduction of the “greenhouse-gases” emissions between 2008 and 2012; but, the Kyoto Protocol turned to be a very significant tool on the avoidance of these gases’ emissions increase. It is probable that a bigger number of countries with more substantial “greenhouse- gases” reduction proposals will adhere the Doha Amendment, using more and more these informations to take environmentally sustainable actions.

Key words: Climate Agreements. Kyoto Protocol. Doha Amendment. Fifth (5th) IPCC’s Report. International Conference on Climate.

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2 1 INTRODUÇÃO

Ao longo de milhares de anos têm ocorrido alternâncias entre períodos mais frios e mais secos, períodos mais quentes e úmidos e de longa e consequente expansão e/ou retração de biomas resultando em milhares de novas espécies (SANTOS et al. 2003). O aquecimento e o resfriamento do planeta ocorreram gradualmente em milhares de anos e o homem está modificando este cenário, tornando mais veloz este processo, passando a escala de milhares de anos para a escala secular e, mais recentemente, para a escala de décadas (JOLY, 2007).

Nosso planeta possui 4,5 bilhões de anos e diversos períodos de glaciação e de efeitos- estufa ocorreram e são comprovados pelas camadas sedimentares. Cada um desses períodos favoreceu determinadas espécies e extinguiu outras. A mudança climática mais drástica ocorreu há 540 milhões de anos (EEROLA, 2001). Durante as antigas glaciações, os mares absorveram grandes quantidades de CO2. Posteriormente, os continentes começaram a se fragmentar causando erupções vulcânicas, das quais gases hidrotermais como o CO2 foram emanados. Com esta grande quantidade de CO2 na atmosfera, a temperatura aumentou, geleiras derreteram e o nível dos mares se elevou. O CO2 dissolvido na água do mar começou a precipitar na forma de carbonatos, formando rochas calcárias nos mares tropicais, iniciando a vida orgânica (ZHURAVLEV & RIDING, 2001).

O clima é influenciado pela composição química da atmosfera e os principais gases responsáveis são o metano (CH4) e o dióxido de carbono (CO2). Estes e outros gases de efeito estufa (GEEs) formam uma espécie de “barreira” em torno da Terra e impede o escape do calor para além da atmosfera. De forma contrária, a temperatura do planeta diminui quando, dentre outros fatores, grandes quantidades de CO2 são eliminadas da atmosfera e simultaneamente absorvida pelos oceanos. Segundo relatórios do IPCC, o aumento dos GEEs e o consequente aquecimento global atual é prioritariamente antropogênico, sendo uma preocupação mundial e, diversos países estudam medidas para reduzir as emissões de GEEs.

Vivemos atualmente em um período interglacial (a última glaciação ocorreu há 10.000 anos e a próxima ocorrerá em 23.000 anos), portanto, as temperaturas podem oscilar naturalmente. O aumento nos níveis de CO2 pode ser calculado pelos anéis de crescimento das árvores, pelos isótopos de oxigênio das geleiras e pelos recuos de geleiras alpinas, pois são as principais fontes naturais de CO2 ativas ao mesmo tempo (MURCK et al. 1996, MERRITTS et al. 1997, SKINNER & PORTER 2000). Como o valor desse aumento total é muito superior ao calculado utilizando-se apenas as fontes naturais, os pesquisadores concluíram que este aumento significativo de CO2 resulta de ações antropogênicas (SKINNER & PORTER 2000).

Além disso, existe uma correlação do aumento de CO2 com atividades vulcânicas e liberação de CO2 pelos oceanos. De qualquer forma, pressupõe-se que o homem está aumentando o nível de GEEs em função das atividades industriais excessivas, desmatamentos e desertificações. Os combustíveis fósseis, formados durante milhões de anos pela deposição e pelo soterramento da matéria orgânica estão sendo queimados em excesso há décadas pelo homem nas atividades industriais e geram toneladas de GEEs todos os anos, como gás metano, clorofluorcarbonos (CFCs), óxidos de enxofre e de nitrogênio, monóxido de carbono (CO), vapor d’água, dentre outros.

No início do século XVIII (Era pré-Industrial) a atmosfera continha cerca de 280 ppm de CO2. Segundo a Agência Nacional Oceânica e Atmosférica dos EUA (NOAA), em 2015, o valor ultrapassou 400 ppm de CO2 em todo o mundo e atingiu o nível mais alto em 800.000

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3 anos, sendo que a metade desse valor foi produzido a partir de 1980. O aumento da concentração de gases de efeito estufa aumenta a temperatura média do planeta e possui como consequência o aumento do nível dos mares em função do derretimento das geleiras polares, alteração dos regimes climáticos, redução de áreas florestais, extinção de espécies e excesso de chuvas em regiões tropicais (RIFKIN, 1992). As projeções climáticas para o ano de 2050 indicam aumento de temperatura média global de 0,8 a 2°C em função do aumento de concentração de CO2 que será entre 500 e 550 ppm e o aumento de espécies e extinção entre 18% e 35% (THOMAS et al. 2004). Para enfrentar este problema, há mais de 50 anos, vários estudos e tratativas de cunho climático e ambiental estão sendo realizados a fim de reduzir o aquecimento global.

Com base nessas informações e perspectivas, o objetivo deste estudo é identificar as atuais contribuições de acordos climáticos, com enfoque para o Protocolo de Kyoto. A fim de obter-se dados que fomentem a tomada de decisão. Para isto, é analisado, em detalhes, o quinto e último relatório de mudanças climáticas, emitido pelo Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas (IPCC) em 2014, sendo realizado um panorama histórico do aquecimento global, sua consequente tentativa de mitigação através das novas tratativas internacionais como o Protocolo de Kyoto e demais acordos recentes de importância internacional, como a Conferência do Clima.

A abordagem histórica trata das principais vertentes que levaram à formação do IPCC, do Protocolo de Kyoto (2008-2012) e da “extensão” deste acordo, a Emenda Doha, que propõe uma redução ainda mais significativa na emissão de GEEs e estende a redução de emissões a partir de 2013 até 2020. Para tal, a ONU estimula diversos países para ratificar o novo acordo, e nesse intuito foi emitido o quinto relatório do IPCC (Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas) em 2014, o qual analisa o aumento dos GEEs e o consequente aquecimento global como sendo prioritariamente antropocêntrico.

2 ACORDOS MUNDIAIS SOBRE MUDANÇAS CLIMÁTICAS

O efeito estufa foi observado pela primeira vez por Fourier durante a Revolução Francesa no século XVIII (CHRISTIANSON, 1999). Segundo o autor, Fourier descreveu a Terra como sendo uma estufa gigantesca que viabilizava a vida de plantas e animais. Em 1896, Svante Ahrrenius criou um modelo para estudar a influência do CO2 sobre a temperatura do planeta, utilizando os dados de emissão de calor no espaço lunar realizados por Samuel Langley. Assim, foi possível calcular os coeficientes de absorção de H2O e CO2

na atmosfera. Ahrrenius buscava responder as causas das Eras Glaciais. Os resultados foram, na época, muito bem-sucedidos e, atualmente, são comprovados por simulações computadorizadas (RAMANATHAN, V. E VOGELMANN, M. 1997).

Durante a Revolução Industrial não houve preocupações com alterações climáticas em função do intenso clima capitalista mundial. Em 1948 e 1949 houve duas conferências promovidas pela ONU nas primeiras tentativas de discussão das mudanças climáticas. O primeiro livro sobre consciência ecológica intitula-se Primavera Silenciosa, de 1962, com autoria de Rachel Carson, cientista e ecologista americana. Seu livro abordava o uso indiscriminado de pesticidas e clamou por mais rigor nas legislações ambientais. Em 1968 foi criado o Clube de Roma, formado por intelectuais e empresários de relevância internacional.

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4 O grupo reunia-se para discutir as preocupações em relação ao crescimento econômico e do consumo dos recursos naturais. Um relatório chamado “Os Limites do Crescimento” foi produzido por cientistas e descreve as situações ambientais futuras do mundo globalizado e as sugestões para a redução do uso de recursos naturais. Alguns historiadores apontam que este relatório teria sido o precursor das ideias e debates atuais, como o aquecimento global, Protocolo de Kyoto, Eco-92, Rio+20, dentre outros encontros de relevância ecológica mundial.

A primeira reunião de relevância internacional foi a Conferência de Estocolmo em 1972, em Estocolmo, na Suécia. A Conferência de Estocolmo estimulou a necessidade de critérios e princípios comuns para preservar e melhorar o meio ambiente e foi considerada um marco histórico político internacional e que direcionou a atenção das nações para as questões ambientais.

Uma ação multilateral a partir da Conferência de Estocolmo foi a Convenção de Viena, em 1985, que reuniu 20 países e, no final do mesmo ano a ONU formou a Comissão Brutland, presidida pela ex-primeira ministra da Noruega, Dra. Gro Brutland. Os membros desta comissão formularam a primeira agenda global sobre o tema do meio ambiente, alertaram para a necessidade de um regime para a proteção da camada de ozônio e convocaram a II Conferência do Meio Ambiente para o ano de 1992. Além disso, o Protocolo de Montreal (1987) recomendou, também, o banimento gradual de substâncias nocivas para a camada de ozônio, os chamados CFCs.

A Conferência de Estocolmo (1972), Convenção de Viena (1985) e o Protocolo de Montreal foram marcos na construção de mecanismos de proteção do meio ambiente e estimulou a Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente, realizada no Rio de Janeiro em 1992 e que ficou conhecida como Rio-92. A Rio-92 ocorreu com o propósito de discutir problemas urgentes em relação à proteção ambiental e ao desenvolvimento socioeconômico, tendo como base as proposições de Estocolmo.

A Convenção do Clima foi um acordo assinado na Rio-92 e tinha como meta a estabilização da concentração dos GEEs e que fosse preventivo quanto à interferência antrópica nas emissões. O Anexo 1 é a relação de países industrializados que assumiram compromisso formal de reduzir a emissão de GEEs aos níveis de 1990 e, segundo o Ministério do Meio Ambiente, o Brasil foi o primeiro País a assinar a Convenção que somente vigorou em 1994. Porém, alguns países como os EUA, Japão e Canadá, tiveram dificuldades em reduzir as emissões e, desde então, reuniões internacionais de grande relevância têm sido realizadas para adequar metas mais objetivas para a questão ambiental. O Canadá retirou-se formalmente do Protocolo de Kyoto em 2011, porém, emitiu carta de intenção de redução de GEEs na Conferência Mundial do Clima (COP 21), realizada em dezembro de 2015.

Conflitos começaram a ocorrer entre os países desenvolvidos e subdesenvolvidos.

Países insulares, por exemplo, por terem mais chances de elevação do nível do mar propuseram metas rigorosas de redução de emissões para países continentais, as quais não foram totalmente aceitas por esses países, pois teriam que reduzir sua industrialização e, consequentemente, seu desenvolvimento econômico.

Quanto aos países do não-Anexo 1 (países em desenvolvimento, não comprometidos formalmente com a redução de emissões) o Brasil, a China e a Índia não aceitaram, na época, a imposição de redução de emissões por se tratarem de países subdesenvolvidos. Os EUA aproveitaram esta discórdia e Bill Clinton, na época, não assinou o acordo de redução porque alguns países do não-Anexo 1 não estavam no Anexo 1, como a China, por exemplo.

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5 2.1 PROTOCOLO DE KYOTO E SEUS IMPACTOS

A Convenção do Clima durante a Conferência Rio-92 foi um passo importante dado pela comunidade internacional na busca do objetivo da estabilização das concentrações de GEEs, porém, esta Convenção não determinou como atingir este objetivo, apenas estabeleceu mecanismos que possibilitassem negociações.

Sendo assim, foi adotado, em dezembro de 1997 (ratificado em 1988 e vigorado somente em 2005) o Protocolo de Kyoto, que estabeleceu metas numéricas de redução de emissão de GEEs e outros mecanismos adicionais de implementação de metas. Nesta época já haviam sido emitidos dois relatórios do IPCC alertando sobre as mudanças climáticas. As metas de redução do Protocolo de Kyoto foram diferenciadas entre os países signatários, de acordo com o “princípio das responsabilidades comuns, porém diferenciadas” e deveriam ser atingidas no período compreendido entre 2008 e 2012 (BRASIL. SENADO FEDERAL, 2004, p.12).

O protocolo de Kyoto é um acordo internacional vinculado à United Nations Framework Convention on Climate Change (UNFCCC) e compromete os países a reduzirem as emissões de GEEs. O acordo reconhece que os países desenvolvidos são os principais responsáveis pelo aumento corrente de GEEs na atmosfera a partir de mais de 150 anos de atividades industriais, por isso e conforme comentado anteriormente, estes países possuem uma carga maior de GEEs para redução. Países como os EUA, por exemplo, até então, não ratificaram nenhum dos acordos do Protocolo de Kyoto para evitar a diminuição de sua produção industrial e do seu consequente desenvolvimento econômico.

No primeiro período de compromisso que compreendeu 2008 a 2012, as metas do Protocolo de Kyoto previram uma redução de 5% nas emissões de GEEs em relação ao ano de 1990. O acordo engloba os países desenvolvidos (Anexo 1) por serem responsáveis, segundo a Convenção das Nações Unidas, pelos maiores níveis de GEEs lançados na atmosfera. Estes países do Anexo 1 estão formalmente compromissados a reduzir suas emissões. Já os países em desenvolvimento (não Anexo 1) não possuem metas obrigatórias, porém, devem auxiliar na redução de emissão de GEEs através de projetos de Mecanismo de Desenvolvimento Limpo, que será descrito posteriormente.

Segundo a UNFCCC, as metas para o primeiro período do Protocolo de Kyoto (2008- 2012) comtemplaram seis principais GEEs: dióxido de carbono (CO2), Metano (CH4), Óxido Nitroso (N2O), Hidrofluorcarbonos (HFCs), Perfluorcarbonos (PFCs) e Hexafluoreto de Enxofre (SF6). A quantidade máxima de emissões (medido como CO2 equivalente) que cada parte integrante do Protocolo de Kyoto podia emitir está descrita no quadro 1 a seguir:

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6 Quadro 1: Meta de Redução de GEEs para os países do Anexo 1 durante o

período 2008-2012.

Fonte: Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudanças do Clima (UNFCCC). Disponível em:

<http://unfccc.int/kyoto_protocol/items/3145.php> Acesso em: 26 de Setembro de 2015.

De acordo com o quadro 1, as 16 partes da União Europeia dividiram, na época (1997) o percentual de 8% entre os mesmos, porém, atualmente, cada país possui sua meta de redução de emissões. Os Estados Unidos (EUA) estão no Anexo 1 do Protocolo de Kyoto, mas nunca ratificaram o acordo. O presidente dos EUA, na época, George Bush, alegou não reconhecer o aquecimento global como um problema ambiental e, também, pela China e Índia serem potenciais emissores e não estarem formalmente nos acordos de redução. O Canadá excluiu-se do acordo em 2011 para não pagar as multas de não-redução de emissões. Mesmo que o Canadá e os EUA não participem do Protocolo de Kyoto, ambos países enviaram suas intenções de redução de emissões para a Organização das Nações Unidas (ONU) para ser ratificada em dezembro de 2015, na Conferência Mundial do Clima. O Canadá apresenta uma proposta de redução de 30% (ano-base 2005 até 2030) e os EUA apresentam uma proposta de redução de emissões de 26 a 28% (ano-base 2005 até 2030).

De acordo com a figura 1, ao longo do período 2008-2012, o total de emissões de GEEs, diminuiu 10,6% (excluindo as emissões e remoções do uso da terra, mudança no uso da terra e florestas – LULUCF – land use, land-use change and forestry) e diminuiu 16,2%

incluindo LULUCF para os países do Anexo 1.

País Meta de Redução (2008-2012)

EU-16 (Áustria, Bélgica, Dinamarca, Finlândia, França, Alemanha, Grécia, Irlanda, Itália, Letônia, Luxemburgo, Holanda, Portugal, Espanha, Suécia, Reino Unido), Romênia, Eslováquia, Eslovênia, Bulgária, República Tcheca, Estônia, Liechtenstein, Lituânia, Mônaco, Romênia, Suíça).

-8%

EUA -7%

Canadá, Hungria, Japão, Polônia. -6%

Croácia -5%

Nova Zelândia, Rússia, Ucrânia. 0

Noruega +1%

Austrália +8%

Islândia +10%

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7 Figura 1. Emissão de GEEs dos Países do Anexo 1 do Protocolo de Kyoto, incluindo e excluindo as emissões e remoções do uso da terra, mudança no uso da terra e florestas.

Fonte: Inventário Nacional dos Gases de Efeito Estufa para o período 1990 - 2012. Disponível em:

<http://unfccc.int/resource/docs/2014/sbi/eng/20.pdf> Acesso em 13/10/2015.

Para os países em desenvolvimento as emissões de GEEs de 1990 até 2012 aumentaram 1,9% (excluindo LULUCF) e 0,3% (incluindo LULUFC). Porém, se nos detivermos apenas ao período 2000-2012, verifica-se que a redução de emissões diminuiu 6,7% (excluindo LULUCF) e 8,7% (incluindo LULUCF). Entre 2012 e 2012 a redução de emissões diminuiu 1,5% (excluindo LULUCF) e 1,3% (incluindo LULUCF). Portanto, a redução para os países em desenvolvimento é significativa nos últimos anos do período do Protocolo de Kyoto, em relação aos países desenvolvidos.

Para os países desenvolvidos as emissões de GEEs de 1990 até 2012 diminuíram 38,1% (excluindo LULUCF) e 49,7% (incluindo LULUFC). Porém, se nos detivermos apenas ao período 2000-2012, verifica-se que a redução de emissões diminuiu 5,7% (excluindo LULUCF) e 3,3% (incluindo LULUCF). Entre 2012 e 2012 a redução de emissões diminuiu 0,6% (excluindo LULUCF) e 0,1% (incluindo LULUCF). Portanto, a redução para os países desenvolvidos não é significativa nos últimos anos do período do Protocolo de Kyoto, em comparação aos países em desenvolvimento. A maior taxa de industrialização desses países não permite uma desaceleração da mesma proporção aos países em desenvolvimento.

Na contramão dos países desenvolvidos, observa-se um aumento expressivo de emissões de GEEs na Turquia. A explicação do país é de que houve aumento de 230% do seu

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8 PIB entre 1990 e 2012 e a e sua população aumentou 30% desde 1990. A demanda de energia cresceu cerca de 6% a 7% nos últimos anos. De acordo com o Banco Mundial, a Turquia é um país em desenvolvimento com renda média-alta e considera-se em uma situação diferente em relação aos outros países do Anexo 1. Porém, o país visa a contribuir para combater as ações climáticas e propôs a redução de 21% de GEEs até 2030. Atualmente, 70% da emissão de GEEs pela Turquia ocorre no setor de energia, por isto o país pretende investir em energias alternativas para diminuir a dependência de combustíveis fósseis (destaca-se que as informações foram enviadas para a Convenção das Nações Unidas em 30 de setembro de 2015 em uma carta de intenção de redução de emissões, conforme dados da UNFCCC, 2015).

Passaram-se dez anos entre 2005 a 2015 e o Protocolo de Kyoto não atingiu 100% do seu objetivo de redução de emissão de GEEs. Porém, se não houvesse existido o acordo, os níveis poderiam ter chegado em percentuais maiores, aumentando ainda mais o aquecimento global. Além disso, o acordo estimulou o estudo de novas práticas de desenvolvimento sustentável e conseguiu alertar para o problema das mudanças climáticas. O protocolo de Kyoto ainda está em vigor, pois novas metas foram estabelecidas até 2020 (Emenda Doha), porém, até o dia sete de março de 2016, apenas 61 países ratificaram a nova parte acordo. Este novo acordo para redução de emissões foi realizado em junho de 2014, em Doha, no Catar e a China é um dos países que ratificou este instrumento (UNFCCC, 2016). As Nações Unidas estão encorajando mais países e governos a ratificarem as alterações relativas ao segundo período do Protocolo de Kyoto, que se refere ao tratado de redução internacional de redução de emissões (Emenda Doha). A ratificação em relação ao segundo período do Protocolo de Kyoto é uma parte valiosa da dinâmica de ação global proposta até o ano de 2020.

Nos termos dos artigos XX e XXI do Protocolo de Kyoto, esta nova alteração está sujeita à aceitação de, pelo menos, ¾ dos países que participam do acordo. Atualmente, 192 países estão aderidos à primeira parte do acordo do Protocolo de Kyoto, porém, apenas 61 países (do total de 192 países) ratificaram a nova tratativa da Emenda Doha até o dia sete de março de 2016. Somente a partir das 144 assinaturas ratificadas (¾ dos países) a Emenda Doha poderá entrar em vigor (após noventa dias da última ratificação). Esta nova parte do acordo está aberta a todos os países do Protocolo de Kyoto (Anexo 1 e Não-Anexo 1).

Importante ressaltar que este acordo da Emenda Doha (novo acordo do Protocolo de Kyoto que abrange o período pré-2020) é fundamental para a redução e estabilização a emissão de GEEs e para a fixação do aumento médio da temperatura mundial em até 2°C.

Segundo o Secretário Geral das Nações Unidas, em carta aos governos aderidos ao Protocolo de Kyoto, “a Emenda Doha é um passo crítico e necessário no esforço global para combater as alterações climáticas”. Todos os países participantes do Protocolo de Kyoto podem, a partir de 2013, assinar a ratificação referente à Emenda de Doha. Essa adesão deve ocorrer com brevidade para permitir a plena aplicação do novo acordo.

Para auxiliar e estimular os países a aderirem a ações sustentáveis em seus países, ocorreu, em dezembro de 2015 a Conferência Mundial do Clima em Paris (também conhecida como COP21) e reuniu milhares de empresas, governos, ONU, ONGs e a sociedade civil na criação de uma nova oportunidade de reforçar a inovação empresarial e a busca pela economia verde (COP 21). A Conferência das Partes (COP) é o órgão supremo da Convenção e reúne regularmente os países que assinaram e ratificaram a Convenção e o Protocolo de Kyoto. Suas decisões são soberanas e obrigam todos os signatários.

Pela primeira vez, em mais de 20 anos de negociações nas Nações Unidas (ONU), os países envolvidos visaram alcançar um acordo juridicamente coletivo e universal sobre o clima, com o objetivo de manter o aquecimento global abaixo dos 2°C. O acordo foi aprovado

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9 em 2015 na Conferência Mundial do Clima e deverá ser implementado a partir de 2020 (após o término da Emenda Doha).

O Brasil pré-anunciou, em setembro de 2015, na ONU, uma redução de GEEs em 37%

até 2025 e até 43% até 2030 (UNFCC). O ano base para o cálculo é 2005, ou seja, 10 anos antes do anúncio. Em 2005 o total de emissões brasileiras foi de 2,03 bilhões de toneladas de CO2, portanto, com a nova meta apresentada, a emissão de CO2 seria de 1,28 bilhões em 2025 e de 1,15 bilhões em 2030. Esta é a proposta que o Brasil apresentou na Conferência Mundial do Clima, em dezembro de 2015, em Paris. O percentual de redução é maior em relação aos outros países, porém, ainda insuficiente, pois o país possui grande potencial de redução de GEEs em relação aos outros países. Para compor as metas apresentadas, o Brasil deverá diminuir drasticamente o desmatamento, restaurar e reflorestar áreas e pastagens desmatadas e investir em fontes renováveis não poluentes, como eólica, solar e de biomassa na geração de energia. O aumento de etanol na gasolina deve compor como nova meta estratégica para redução de GEEs.

Além do Brasil, 160 países divulgaram seus objetivos de redução de emissão de GEEs (dados referentes ao início de março de 2016) e consideram-se engajados a determinar seu papel de acordo com suas circunstâncias e capacidades nacionais. Os 161 planos de ação de redução (incluindo o Brasil) incluem todas as nações desenvolvidas e ¾ dos países em desenvolvimento no âmbito da UNFCCC e cobrem cerca de 90% das emissões globais de GEEs, segundo a UNFCCC. Este número representa quatro vezes o nível de redução de emissões referente ao primeiro período do Protocolo de Kyoto. Segundo a UNFCC, essas cartas de intenções possuem a capacidade de limitar a previsão do aumento da temperatura em 2,7°C. Este valor não é suficiente, porém, muito menor do que os 5°C projetados anteriormente.

As cartas de intenção de redução de emissões foram apresentadas pelos países para a UNFCCC em 2015. A China, por exemplo, pretende reduzir suas emissões entre 60% e 65%

(2005 até 2030), os EUA cerca de 40% (1990 até 2013), a União Europeia cerca de 40%

(1990 até 2030), o Canadá cerca de 30% (2005 até 2030), a Rússia entre 70% e 75% (1990 até 2030), a Turquia cerca de 21% (2005 até 2030) e o Japão cerca de 26% (2005 até 2030).

Espera-se que esses índices de redução sejam cumpridos e que haja, efetivamente, a redução de emissão de GEEs.

As novas intenções de redução preveem redução de cerca de 4 GT (giga toneladas) de GEEs até 2030. Diversos programas e ações multissetoriais devem melhorar a eficiência energética, planejamento urbano e de transportes. Assim, um futuro sustentável poderá ser construído a partir dessa transformação.

2.2 MERCADO DE CARBONO – EMISSÃO DE GEEs COMO MERCADORIA

O comércio de emissões, instituído por meio do Protocolo de Kyoto, permite que países que possuem Unidades de Emissão de Sobra (AAUs - assigned amount units), ou seja, não utilizadas, possam vender este excesso para países que estão com as Unidades de Emissão (AAUs) com o limite excedido. Assim, cria-se uma nova mercadoria como forma de reduzir ou remover emissões de GEEs. Como o dióxido de carbono (CO2) é o principal gás de aquecimento global é comum o uso do termo “mercado de “carbono” ou “créditos de carbono”. Porém, as Unidades de Emissão (AAUs) abrangem outros GEEs com os clorofluorcarbonos, óxido nitroso, dentre outros. Outras unidades de emissão podem ser

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10 negociadas e vendidas sob o regime de comércio de emissões do Protocolo de Kyoto. Estas unidades de emissão estão na forma de toneladas de CO2 e encontram-se em três mecanismos:

 Unidade de Remoção (RMU – Removal Unit): É baseado no uso da terra, como o reflorestamento. Como o carbono pode ser absorvido pela vegetação e pelo solo, este pode ser um poderoso meio para o estoque global de carbono e se dá pelo aumento do crescimento de árvores e pelo aumento de carbono no solo. Segundo a Global Forest Resources Assessment 2010 (FRA 2010), as florestas do mundo armazenam mais de 650 GT (giga toneladas) de carbono (44% como biomassa, 11% em madeira morta e lixo e 45% no solo).

A gestão sustentável do solo pode conservar e aumentar os estoques de carbono armazenado, porém, o desmatamento, a degradação de madeira e falhas no manejo florestal podem reduzir a capacidade de armazenamento de carbono. A estimativa é de que tenha havido uma redução na capacidade de armazenamento de carbono em torno de 3 GT (giga toneladas) no período de 2005-2010 e o desmatamento aponta como o principal responsável.

 Unidade de redução de emissão baseado (ERU – Emission Reduction Unit): É utilizado na geração de projetos de implementação conjunta e permite que um país sob o Protocolo de Kyoto ganhe AAUs (em toneladas de CO2) de outro país que possua projetos de redução de emissões que também faça parte do Protocolo de Kyoto. A implementação conjunta oferece a ambos países um meio flexível e eficiente em termos de custos e de cumprimento de suas metas com o Protocolo de Kyoto e permite a transferência de capital estrangeiro e de tecnologia.

 Mecanismo de Desenvolvimento Limpo (MDL ou CDM – Clean Development Mechanism): Permite que um país que possua compromisso de redução de emissões com o Protocolo de Kyoto implemente projetos de redução de emissões nos países em desenvolvimento, como o Brasil, por exemplo. Tais projetos podem tornar a redução de emissões como vendável, na forma de Certificados de Emissões de Redução (CER – Certified Emission Reduction), sendo uma tonelada (1t) de CO2 a unidade de emissão de redução e pode ser utilizado para o cumprimento do Protocolo de Kyoto.

Trata-se de um mecanismo pioneiro, pois é um investimento ambiental de caráter global e, ao mesmo tempo, fornece uma compensação das emissões de GEEs. Projetos de MDL podem envolver o fornecimento de energia para uma propriedade rural utilizando painéis solares ou caldeiras energeticamente eficientes, por exemplo. O mecanismo de MDL estimula o Desenvolvimento Sustentável e a redução de emissões enquanto os países industrializados permanecem com certa flexibilidade para trabalhar em seus projetos de redução de emissão de GEEs.

Os projetos de MDL devem qualificar-se através de um rigoroso processo público de registro e emissão. A aprovação é dada pelas autoridades nacionais designadas. O financiamento público para as atividades dos projetos de MDL não podem ser provenientes da assistência oficial ao desenvolvimento pré-existentes. O Conselho Executivo do MDL é responsável, em última instância, para os países que ratificaram o Protocolo de Kyoto.

Até 29 de fevereiro de 2016, foram inscritos 7697 projetos de Mecanismo de Desenvolvimento Limpo e, em quantidade de CO2 equivalente (inserida nesses projetos como CER - Certified Emission Reduction Credits), o valor de em redução de emissões de GEE’s é de quase 1 bilhão de toneladas de CO2 (996.746.813 t CO2 eq), segundo a UNFCCC.

De acordo com o artigo 12 do Protocolo de Kyoto, os projetos de MDL permitem que um país que possua compromisso de redução de emissões implemente projetos de redução de emissões nos países em desenvolvimento. Tais projetos podem ganhar “certificados de redução de emissões” vendáveis (CER) em equivalentes de CO2 (1 tonelada de CO2 = 1 CO2

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11 equivalente). Além disso, esses valores de redução podem ser descontados dos objetivos do Protocolo de Kyoto.

O Mecanismo de Desenvolvimento Limpo é pioneiro em relação à investimentos ambientais e na forma de instrumentalizar e compensar as emissões de países desenvolvidos.

Segundo a ONU, os projetos de MDL estimulam o desenvolvimento sustentável e a redução de emissões nos países desenvolvidos e fornecem certa flexibilidade aos países desenvolvidos para atingirem suas metas de redução de emissões.

Em operação desde 2004, este mecanismo, segundo a ONU, gerou créditos de carbono no valor de 1,5 bilhões de toneladas de CO2 equivalente em relação ao primeiro período do compromisso do Protocolo de Kyoto (2008-2012) e pretende gerar, até 2020, 4,3 bilhões de toneladas de CO2 equivalente (CDM, 2016).

3 RELATÓRIOS DO IPCC SOBRE AS MUDANÇAS CLIMÁTICAS

O IPCC (Intergovernmental Panel on Climate Change) foi criado em 1988 pela Organização Mundial de Meteorologia (WMO) e pelo Programa de Meio Ambiente das Nações Unidas (UNEP) e foi eleito para dar suporte científico à Convenção do Clima de 1992. Desde então, diversos cientistas de todo o mundo estão envolvidos nas pesquisas técnicas sobre o clima e meio ambiente. O IPCC não produz pesquisas ou realiza coleta de dados e, sim, analisa informações científicas e socioeconômicas a fim de compreender as mudanças climáticas. O IPCC está acessível a todos os países membros da ONU e da WMO, possui 195 países inscritos e recebe a contribuição voluntária de cientistas que revisam, analisam e aprovam relatórios a fim de criar uma rigorosa base de dados (IPCC, 2015).

A estrutura do IPCC é dividida em três grupos de trabalho técnicos e um grupo de força-tarefa: o grupo 1 é responsável pela parte física e científica da mudança do clima, o grupo 2 pelo impacto da mudança de clima, adaptação e vulnerabilidade, o grupo 3 pela análise de mitigação das mudanças climáticas e o grupo de força-tarefa é responsável por aperfeiçoar metodologias de cálculo de produção de relatórios sobre as emissões e remoções de GEEs (IPCC, 2015).

O IPCC, desde sua criação, emitiu 5 relatórios. O primeiro foi em 1990 e destacou a importância das mudanças climáticas e a consequente cooperação para minimizar as suas consequências e desempenhou um papel decisivo para a criação da Convenção de Mudanças Climáticas que ocorreu na Rio-92 e que promoveu um tratado para reduzir o aquecimento global, como mencionado anteriormente. O segundo relatório de avaliação foi emitido em 1995 e detalhou a estrutura de negociações para a adoção do Protocolo de Kyoto. O terceiro relatório foi redigido em 2001 e o quarto relatório foi entregue em 2007 e gerou maior repercussão em relação às alterações climáticas e a consequente integração com as políticas de desenvolvimento sustentável para a mitigação das mudanças climáticas. Em função deste relatório, o IPCC foi agraciado com o Prêmio Nobel da Paz, juntamente com Albert Arnold (Al) Gore Jr. O quinto relatório foi entregue à comunidade mundial em quatro partes, entre 2013 e 2014, evidenciando as mudanças climáticas com uma visão objetiva sobre o tema.

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12 3.1 QUINTO RELATÓRIO ATUAL DO IPCC SOBRE MUDANÇAS CLIMÁTICAS

O quinto relatório de avaliação emitido pelo IPCC em 2014 é o mais abrangente em termos de conhecimento científico sobre as alterações climáticas. Este relatório foi lançado em quatro partes, entre setembro de 2013 e novembro de 2014 e foi preparado pelos três grupos de trabalho existentes e mencionados anteriormente. Este último relatório enfatiza os aspectos socioeconômicos como implicações importantes nas alterações climáticas e no desenvolvimento sustentável. Como inovação, o relatório apresenta capítulos dedicados para a mudança de nível do mar, ciclo do carbono e fenômenos climáticos como El Niño e Monções.

Detalha, regionalmente, os impactos das mudanças climáticas, interações de mitigação e adaptação e os impactos intra e inter-regionais. O relatório menciona, ainda, os riscos de gestão e formula a responsabilidade de adaptação e mitigação com informações científicas para uma tentativa de alertar para a estabilização da concentração de GEEs a um nível sem interferência antropogênica.

No último relatório, o IPCC relata que o aquecimento global realmente é um fato desde os anos 50 do século passado e que muitas das observações sobre o sistema de aquecimento global não possuem precedentes ao longo de milhares de anos (IPCC 2014). O calor na atmosfera tem aumentado sucessivamente a cada década nos últimos trinta anos e não possui aumento prévio tão significativo desde 1850 (figura 3a). De acordo com o relatório, a temperatura mundial aumentou 0,85°C no período de 1880 até 2012 e foram os oceanos que acumularam a maior parte da energia no período mensurado de 1971 até 2010 em relação à atmosfera (cerca de 90%). Sendo assim, grande quantidade de gelo oceânico derreteu-se e, como consequência, está havendo o aumento do nível dos mares em escala mundial (figuras 3c e 3d).

Figura 2: (a). Média global justapondo as temperaturas anômalas observadas nas superfícies oceânica e terrestre, entre 1850 e 2012. (c). Gelo oceânico extinto (d). Mudança global do

nível do mar entre 1900 e 2010.

Fonte: Quinto Relatório do IPCC de Mudanças Climáticas de 2014 (Relatório-Síntese, página 41). Disponível em: < http://www.ipcc.ch/pdf/assessment-report/ar5/syr/AR5_SYR_FINAL_All_Topics.pdf> Acesso em: 20 de

Outubro de 2015.

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13 Segundo o relatório, desde o início da Era Industrial, a absorção oceânica de CO2

aumentou significativamente e resultou na acidificação dos oceanos, de acordo com a equação: CO2 + H2O ↔ 2H+ + (CO3)-2. Este incremento de íons H+ propicia aumento de acidez (diminui o pH) da superfície dos oceanos. O aumento de temperatura também diminui a concentração de oxigênio dissolvido na água. Esta combinação de aumento de acidez e diminuição de oxigênio dissolvido dificulta a vivência de várias espécies no oceano e causa a sua extinção. Segundo o IPCC, o aumento antropogênico das emissões dos GEEs aumentou desde a Era pré-industrial e está associado ao aumento populacional e da economia capitalista.

De acordo com a figura 3, observa-se um aumento de emissões de GEEs a partir de 1950.

Figura 3: Concentração Média Global dos Gases de Efeito Estufa para os gases dióxido de carbono (CO2), óxido nitroso (N2O) e metano (CH4).

Fonte: Quinto Relatório do IPCC de Mudanças Climáticas de 2014 (Relatório-Síntese, página 44). Disponível em: < http://www.ipcc.ch/pdf/assessment-report/ar5/syr/AR5_SYR_FINAL_All_Topics.pdf> Acesso em: 20 de

Outubro de 2015.

A produção de cimento, por exemplo, ocorre através da queima de pedras calcárias e a consequente emissão de CO2, de acordo com a reação: CaCO3 → CaO + CO2. Além da emissão de CO2 proveniente desta decomposição, também há a emissão de CO2 proveniente da queima dos combustíveis utilizados nos fornos de produção de cimento. O gás metano (CH4) é produzido, principalmente, pela decomposição da matéria orgânica oriunda da pecuária (criação de gado), aterros sanitários e lixões, dentre outras fontes. Além disso, o metano (CH4) é mais danoso ao efeito estufa do que o dióxido de carbono (CO2), pois é mais eficiente, energeticamente, na captura da radiação (cerca de 20 vezes), porém, o CO2 é o gás que possui maior contribuição para o aquecimento global (cerca de 70% em termos de quantidade em relação aos outros gases). O óxido nitroso (N2O), clorofluorcarbonos (CFCs), hidrofluorcarbonos (HFCs), hexafluoreto de enxofre (SF6) e ozônio (O3), possuem menores concentrações na atmosfera, porém, seu poder de retenção de calor é de 300 a 7.000 vezes maior do que o CO2, dependendo do gás analisado. O potencial de aquecimento global de um

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14 gás (GWP) é um índice proposto pelo IPCC e representa o tempo em que esses gases permanecem suspensos na atmosfera absorvendo radiação solar. E, em relação à emissão de CO2 antropogênica, cerca da metade destas emissões ocorreram nos últimos 30 anos (de 1950 até 2011), de acordo com a figura 4 a seguir:

Figura 4: Emissão global antropogênica de dióxido de carbono (CO2) em giga toneladas por ano medidos entre 1850 e 2010 (esquerda) e Emissão cumulativa de CO2 em giga toneladas

entre 1750 e 1970 e entre 1750 e 2011 (direita).

Fonte: Quinto Relatório do IPCC de Mudanças Climáticas de 2014 (Relatório-Síntese, página 45). Disponível em: < http://www.ipcc.ch/pdf/assessment-report/ar5/syr/AR5_SYR_FINAL_All_Topics.pdf> Acesso em: 20 de

Outubro de 2015.

O último relatório do IPCC possui um capítulo dedicado às mudanças climáticas na América Central e Sul. De acordo com o relatório, há tendências no aumento de precipitações chuvosas e confirmações de que o aumento de temperatura irá ocorrer até 2100. Mudanças nas vazões dos rios e falta de disponibilidade de água foram projetadas a continuar no futuro.

Os impactos negativos das mudanças climáticas serão acelerados pela mudança do uso do solo e pela transformação dos ecossistemas naturais e a consequente extinção de espécies. No Nordeste do Brasil, há projeção de redução de precipitação chuvosa e isso pode reduzir a produtividade agrícola em curto prazo, ameaçando a segurança alimentar da população mais pobre.

A Amazônia possui um dos melhores monitoramentos em termos de desmatamento desde 1988, realizado pelo INPE, Instituto de Pesquisas Espaciais e, em relação ao desmatamento, o Brasil tem recebido atenção internacional nas últimas décadas em função da queda de biodiversidade relacionado ao alto índice de desmatamento. De acordo com o INPE, o país obteve seu maior índice de desmatamento em 2004 e, até 2012, houve queda significativa da taxa de desmatamento. Esta queda acentuada deu-se, dentre outros fatores, pelo forte controle policial de desmatamento ilegal e na proteção de áreas protegidas. Em 2013, por exemplo, o valor médio anual da área desmatada diminuiu de 5891 (km2/ano) para 5012 (km2/ano) em 2014, voltando a subir para 5831 (km2/ano) em 2015 (INPE).

Considerando que a América do Sul será uma região-chave na produção de alimentos no futuro, um dos desafios será aumentar a qualidade na produção de alimentos e da bioenergia e, simultaneamente, manter a sustentabilidade sob as mudanças climáticas.

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15 Algumas medidas de adaptação incluem a gestão da agricultura, do uso da água e melhoramento genético.

As condições socioeconômicas melhoraram desde do quarto relatório do IPCC, porém, ainda há alto nível de pobreza persistente e isso resulta alta vulnerabilidade dessa população ao acesso à água, saneamento básico e moradia adequada. Isso reflete a baixa capacidade de adaptação às mudanças climáticas. As mudanças climáticas afetam negativamente a saúde da população em função da vulnerabilidade dos sistemas de saúde, água e saneamento. Os vetores de doenças como malária, febre amarela, doenças respiratórias e cardiovasculares também estão associadas às alterações dos fatores climáticos e irão intensificar os riscos futuros à saúde.

Em relação aos oceanos da América Latina, observa-se nos países americanos o branqueamento dos corais em função da acidificação dos mares, a perda de manguezais pelo desmatamento e pela conversão do solo para a agricultura e viveiro de camarões. Um ponto positivo apontado pelo relatório foi a cogestão (processo participativo envolvendo múltiplas partes) da indústria pesqueira no Brasil, pois trata-se de um exemplo de adaptação, pois favorece um equilíbrio entre a conservação da biodiversidade marinha e a melhoria da subsistência e da sobrevivência de populações locais.

Em relação às energias renováveis, a cana-de-açúcar e a soja devem responder positivamente às taxas de CO2 e de temperatura (mesmo com a falta de água). Porém, o aumento de produtividade destes insumos pode ter efeitos negativos no uso do solo, levando ao desmatamento em partes da Amazônia e da América Central e ao consequente desemprego nestas regiões. A sugestão do IPCC é avançar, tecnologicamente, em uma segunda geração de bioetanol, a partir da cana-de açúcar e de outras matérias-primas, pois serão importantes exemplos de mitigação.

A evidência da influência humana no sistema climático tem sido relatada desde o quarto relatório do IPCC e a informação foi aprofundada e intensificada no quinto relatório. O aquecimento global, as mudanças no ciclo global das águas, os derretimentos de gelo e o aumento dos níveis dos mares é causado principalmente pela influência humana e é extremamente provável que o homem tenha sido o causador deste aquecimento desde a metade do século XX. Nas décadas recentes, as mudanças no clima têm causado vários impactos nos sistemas naturais e humanos em todos os continentes e oceanos. Estes impactos são devidos às alterações climáticas e as consequências permitem verificar os quão sensíveis são os seres vivos e o planeta como um todo.

Segundo o IPCC (IPCC 2014), a emissão continuada de GEEs causará um aquecimento alto e duradouro em todos os componentes do sistema climático e aumentará a probabilidade de impactos graves e irreversíveis para as pessoas e para o ecossistema. Para haver uma limitação das mudanças climáticas é necessário a substancial redução de emissão de GEEs, conforme comentado anteriormente. Caso não haja uma diminuição urgente nas emissões de GEEs a continuação do aquecimento e de suas graves consequências são prováveis. As projeções computadorizadas para os efeitos de uma não-redução de emissão de GEEs estão demonstradas na figura 5.

Os dados da projeção da figura 5 foram modelados com dados relativos ao período 1986 e 2005, a partir de experimentos, analogias e modelos computacionais conduzidos para o aumento de concentração CO2. Os riscos avaliados neste tipo de projeção são avaliados de acordo com a interação de mudanças projetadas no sistema da Terra em comparação com as variadas dimensões de vulnerabilidade nas sociedades e ecossistemas.

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16 Figura 5: Média Global de Mudança de Temperatura na Superfície (Séries temporais de

variação anual para o período 1900-2300)

Fonte: Quinto Relatório do IPCC de Mudanças Climáticas de 2014 (Relatório-Síntese, página 58). Disponível em: < http://www.ipcc.ch/pdf/assessment-report/ar5/syr/AR5_SYR_FINAL_All_Topics.pdf> Acesso em: 20 de

Outubro de 2015.

Mesmo que as emissões antropogênicas de GEEs cessem com os acordos climáticos que estão em vigor, muitos aspectos modificados do clima e seus consequentes agravamentos continuarão por séculos. O risco de mudanças abruptas ou irreversíveis no clima irão continuar à medida que o aquecimento global aumentar.

Na discussão sobre as mudanças climáticas há uma bipolarização sobre a questão: uma corrente ideológica (ONGs, Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas (IPCC) e diversos países) considera as mudanças climáticas como sendo decorrente do excesso de atividade industrial e do capitalismo exacerbado e a outra corrente desconsidera esta visão e defende o direito da continuidade das atividades industriais a fim de obter energia a baixo custo, como os EUA, que ainda não ratificaram o protocolo de Kyoto e se recusam a adotar medidas compensatórias em relação à questão do aquecimento global. O atual governo de Barak Obama sinaliza efeitos positivos em relação ao problema, porém, esbarra na burocracia política do Congresso.

As atividades humanas podem ser consideradas desprezíveis na perspectiva do tempo geológico, mas a ação conjunta e excessiva na emissão de GEEs são significativas e reais em nosso tempo (MERRITTS et al. 1997). As mudanças climáticas são difíceis de serem interrompidas, a transição de um período de efeito estufa pode ocorrer de repente e as consequências podem ser catastróficas para o meio ambiente, para a espécie humana e demais seres vivos.

Sendo assim e conforme comentado anteriormente, a adaptação e a mitigação surgem como formas estratégicas e complementares para reduzirem e gerirem os riscos das mudanças climáticas. A redução substancial de emissões ao longo das próximas décadas pode reduzir os riscos climáticos no século XXI, aumentar as perspectivas para uma adaptação eficaz, reduzir os custos e os desafios de mitigação a logo prazo e contribuir para o desenvolvimento sustentável.

Segundo o último relatório a adaptação e a mitigação são estratégias para responder às mudanças climáticas. Adaptação é o processo de acomodação à situação real do clima e aos seus efeitos, a fim de diminuir mais danos futuros, explorando de forma eficiente o desenvolvimento sustentável. Mitigação é o processo de redução de emissões ou de captura de GEEs de forma a limitar futuras alterações climáticas e envolve mudanças fundamentais na

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17 maneira como a sociedade humana extrai e utiliza seus recursos naturais e de como ela produz e estimula a produção e venda de produtos acabados.

A adaptação e a mitigação podem reduzir e gerir os riscos de impactos ao clima. No entanto, ambas podem criar outros riscos e benefícios e, portanto, respostas estratégicas às alterações climáticas devem considerar os riscos e os benefícios de ações de adaptação e de mitigação.

A adaptação pode reduzir os riscos de impacto das mudanças climáticas, porém, há limites para sua eficácia, especialmente se houver maiores alterações nas taxas com clima. Em uma perspectiva à longo prazo e no contexto do desenvolvimento sustentável, as ações de adaptação podem melhorar e preparar a sociedade para ações de adaptação e até de mitigação futuras.

Em relação à mitigação, existem múltiplas vias para limitar o aquecimento global para valores abaixo de 2°C em relação à Era pré-industrial. Essas vias exigiriam reduções substanciais ao longo das próximas décadas e níveis de emissão de GEEs próximos de zero até o final deste século. Utopia? A implementação de tais reduções/estabilizações implica grandes desafios tecnológicos, econômicos, sociais e institucionais e, talvez, a sociedade atual ainda não esteja preparada para tais desafios, principalmente nas áreas econômica e social, pois o egocentrismo dos grandes centros econômicos regem a direção do mundo globalizado.

Porém, há grandes cientistas e empresas engajados na causa ambiental que estimulam várias nações a estudar e implementar novos processos sustentáveis. Sendo assim, a adaptação e a mitigação estão inter-relacionadas e possuem grande sinergia para trabalhar a favor do desenvolvimento sustentável e contra a ameaça real das mudanças climáticas.

4 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Este estudo analisa, de forma geral, o último relatório produzido pelo IPCC em 2014 e debate as principais causas do aquecimento global, desde a formação natural de GEEs até a formação antrópica de GEEs. O relatório apresenta, de forma detalhada, as mudanças drásticas que estão ocorrendo no clima mundial e apresenta sugestões para adaptação, mitigação e desenvolvimento sustentável. As mudanças climáticas são uma ameaça real para o desenvolvimento sustentável. Por conseguinte, há mais de 50 anos, diversos acordos estão sendo propostos a fim de diminuir a temperatura do planeta e, consequentemente, limitar o aumento da temperatura média global em até 2°C até 2100.

Um dos acordos de maior relevância atualmente é o Protocolo de Kyoto que, atualmente, está em sua segunda etapa (Emenda Doha) e prevê a redução de emissão de GEEs até 2020. Porém, para que o acordo seja implementado definitivamente, 144 países ligados ao Protocolo de Kyoto (¾ dos 192 países aderidos ao protocolo de Kyoto) precisariam, no mínimo, ratificar a Emenda Doha e apenas 61 o fizeram até o início de março de 2016. Os esforços de diversos governos e organizações não-governamentais são imensos no sentido de estimular os países a assinar o acordo de redução de emissões.

Em relação à Conferência Mundial do Clima, em Paris, realizada em Dezembro de 2015 foram realizados acordos para o período pós-2020 (após o término da Emenda Doha) e será obrigatória a participação de todas as nações. Ao todo, 195 países membros da Convenção do Clima da ONU e a União Europeia ratificaram o documento. O objetivo à longo prazo é manter o aquecimento global abaixo de 2ºC. Pontos do novo acordo serão

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18 revisados a cada cinco anos para dar transparência às ações de cada país. Os países desenvolvidos pretendem investir 100 bilhões de dólares por anos em medidas de combate às mudanças climáticas e em medidas de adaptação em países em desenvolvimento. A estrutura do acordo foi planejada para a obtenção de apoio dos EUA e alguns pontos serão vinculantes, ou seja, terão força de lei internacional e para outros pontos, o cumprimento será voluntário, principalmente em relação às metas de redução de emissão por país (INDCs).

Os esforços para o cumprimento de redução de emissões esbarram na divisão dos países em dois blocos: países desenvolvidos e países em desenvolvimento. E todos se preocupam com as responsabilidades de cada um desses grupos na redução das emissões.

Além do mais, tanto os países ricos, membros do G-7 (Estados Unidos, Japão, Canadá, Alemanha, França, Reino Unido e Itália), quanto o Brasil divulgaram suas intenções e selaram acordos para reduzir as emissões de gases de efeito estufa antes da Conferência Mundial do Clima, embora a posição brasileira seja considerada bastante tímida (43% até 2030).

O acordo realizado na Conferência do Clima possui caráter histórico e indica a necessidade de investimento em energias limpas, porém, os cortes de emissão anunciados nas cartas de intenção de redução de emissões (INDCs) são insuficientes frente à demanda atual energética do planeta e corre-se o risco de a temperatura média ultrapassar 3°C, inviabilizando o desenvolvimento pleno da civilização.

Somos a primeira espécie a poder contribuir com uma mudança ambiental global. Não podemos assumir o risco de achar que as mudanças são apenas naturais (não- antropocêntricas). No futuro, o aumento excessivo da temperatura média do planeta pode custar muito mais do que as medidas que podem ser adotadas atualmente para conter o aquecimento e suas desastrosas consequências. Essa pode ser uma ótima oportunidade para aprendermos com as novas condições ambientais e nos comprometermos a atuar de maneira economicamente sustentável. Provavelmente e de acordo com a história geológica, várias espécies serão extintas e outras não. A história geológica vai seguir seu rumo sem se importar com o homem que apareceu na Terra há somente 4 milhões de anos (em contraste com os 4,5 bilhões de anos que a Terra possui). De acordo com o último Relatório do IPCC, se o aquecimento global é devido à ação do homem, suas consequências durarão cerca de 1.000 anos e serão apenas um fenômeno imperceptível na escala de tempo geológico até a chegada de uma nova glaciação daqui há 23.000 anos, aproximadamente. Devemos nossa evolução pela influência de mudanças climáticas anteriores e temos plena inteligência para reduzir o consumo de combustíveis fósseis através de fontes energéticas alternativas e de reciclagem, respeitando o meio ambiente e praticando a educação ambiental interdisciplinar.

O planejamento de longo prazo e a falta de recursos podem ser vistos em conflito com o atual déficit econômico e social no bem-estar humano. Porém, existem diversos exemplos positivos e sinérgicos em relação à adaptação, mitigação e o desenvolvimento sustentável.

Essa sinergia pode auxiliar os governos e as comunidades locais a alocar, de forma eficiente, os recursos disponíveis e criar estratégias para a redução de vulnerabilidade. O desafio requer que os governos e os cidadãos construam um novo modelo de governança, onde haja relação direta entre as necessidades de adaptação às pressões do clima com a redução de vulnerabilidade e necessidades do desenvolvimento econômico e social. Nos próximos anos será observado se a constatação acima possui caráter utópico ou se será a única forma de

“salvação” da raça humana frente ao aquecimento global, porém, absolutamente necessário para a próxima Era glacial. O aquecimento global é inevitável do ponto de vista dos emissores naturais de GEEs, porém, evitável do ponto de vista humano. Cabe à sociedade e governos a busca pela sobrevivência frente a este dilema.

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19 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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