RELATÓRIO FINAL DE
ESTÁGIO
Mestrado Integrado em Medicina
Martim Caldeira Alvarez Henriques
Aluno nº 2011430
ÍNDICE
I. INTRODUÇÃO ... 2
II. CORPO DE TRABALHO ... 3
a. SAÚDE MENTAL (12 de Setembro a 7 de Outubro – 4 semanas) ... 3
b. CIRURGIA (10 de Outubro a 4 de Dezembro – 8 semanas) ... 3
c. PEDIATRIA (5 de Dezembro a 22 de Janeiro – 6 semanas) ... 4
d. MEDICINA (23 de Janeiro a 17 de Março – 8 semanas) ... 4
e. MEDICINA GERAL E FAMILIAR (20 de Março a 21 de Abril – 4 semanas) ... 5
f. GINECOLOGIA E OBSTETRÍCIA (24 de Abril a 19 de Maio – 4 semanas) ... 5
g. OUTROS ELEMENTOS VALORATIVOS ... 6
III. REFLEXÃO CRÍTICA ... 6
IV. ANEXOS ... 9
I. INTRODUÇÃO
Nos estágios do sexto ano do Mestrado Integrado em Medicina (MIM) procura-se promover o crescimento pessoal e profissional dos alunos, preparando-os para a actividade profissional autónoma que irão desenvolver como médicos muito em breve. Acredito que só um médico informado, consciente e actualizado poderá ser capaz de ter o melhor desempenho clínico possível, em qualquer que seja a área da Medicina. Além disso, é certo que “a Sociedade espera e exige do Médico, competência e actualização permanente dos conhecimentos, isto é, aprendizagem contínua, para a vida” [1] e, portanto, temos de assumir esse compromisso e estar à altura das expectativas.
Por essas razões, procurei já no quinto ano ir um pouco além-fronteiras e realizar um programa de intercâmbio em Berlim, na Alemanha, e no sexto ano realizei dois estágios clínicos em Paris, França. Tomei esta decisão com o intuito de conhecer outras realidades hospitalares, diferentes pessoas e formas de trabalhar e diferentes sistemas de saúde, bem como de contactar de outras culturas e abrir horizontes. Para os estágios clínicos em concreto, delineei os seguintes objectivos: sedimentar e solidificar conhecimentos já adquiridos em anos anteriores, tentar desenvolver uma prescrição racional e uma correcta interpretação de exames complementares de diagnóstico (ECD), colmatar lacunas ao nível da prescrição de terapêutica, identificar e hierarquizar as situações clínicas de maior emergência, bem como adquirir novas e melhores ferramentas de comunicação e trabalhar a relação médico-doente. Além disso, propus-me também a adquirir mais conhecimentos e experiência prática ao nível de algumas especialidades com as quais tive pouco contacto, como a Psiquiatria e a Medicina Geral e Familiar (MGF).
No presente relatório pretende-se, então, expor o trabalho desenvolvido ao longo do sexto ano e encontram-se sucintamente descritas as diversas actividades exercidas em cada estágio clínico parcelar, bem como outras actividades extracurriculares que, a meu ver, foram cruciais na minha formação (cujos certificados se encontram em anexo). Por fim, termino com uma reflexão crítica sobre os estágios e uma avaliação introspectiva do meu percurso académico, analisando também o eventual cumprimento dos objetivos pessoais e específicos a que me propus.
II. CORPO DE TRABALHO
a. SAÚDE MENTAL (12 de Setembro a 7 de Outubro – 4 semanas)
O estágio de Saúde Mental decorreu no Centro Hospitalar Psiquiátrico de Lisboa, no serviço de Psiquiatria Geral e Transcultural, sob tutela da Dra. Isabel Ganhão. Ao longo destas quatro semanas tive a oportunidade de passar pelo internamento, consulta externa e consulta de cessação tabágica do CHPL e pelo serviço de urgência (SU) do Hospital de São José, onde contactei com um leque variado de doentes e patologias. Semanalmente participava na reunião do serviço, na qual se discutiam os doentes internados, e onde havia também espaço para um momento de apresentação e discussão de temas de índole cultural relacionados com a psiquiatria. O Grupo Psicoterapêutico Aberto e o Projecto de Psiquiatria de Rua foram outras das actividades em que participei e que em muito enriqueceram o estágio. Foram estas duas componentes do estágio que mais me surpreenderam pela positiva e me permitiram tomar alguma consciência do panorama actual da Saúde Mental em Portugal e do quão importantes podem ser as nossas acções diárias perante estes doentes.
b. CIRURGIA (10 de Outubro a 4 de Dezembro – 8 semanas)
O estágio de Cirurgia realizou-se no Hôpital Pitié-Salpêtrière, em Paris, no Serviço de Cirurgia geral, visceral e endócrina do Professor Fabrice Menegaux. A minha função diária era acompanhar um cirurgião assistente e um interno no bloco operatório e participar como instrumentista e segundo ajudante nas cirurgias programadas para esse dia. Gostaria de realçar o foco deste serviço na patologia endócrina, razão pela qual tive a oportunidade de participar em mais de cinquenta cirurgias, sendo a maior parte da glândula tiroideia.
c. PEDIATRIA (5 de Dezembro a 22 de Janeiro – 6 semanas)
O meu estágio de Pediatria realizou-se no Serviço de Urgência Pediátrica do Hôpital Armand- Trousseau, em Paris, sob tutela do Professor Ricardo Carbajal. Durante o estágio, eu tinha a
responsabilidade de realizar uma primeira observação dos doentes, geralmente os não- ou pouco- urgentes, com o respectivo registo da anamnese e exame objectivo. De seguida, apresentava o caso a um dos médicos do serviço e discutíamos em conjunto as hipóteses de diagnóstico, os possíveis exames complementares a requisitar e o tratamento a prescrever. Por vezes, tive também a oportunidade de observar o manejo de doentes mais críticos na sala de reanimação e na sala de aerossóis, sob a tutela de um dos médicos mais graduados, bem como de acompanhar um médico especialista em Cirurgia Pediátrica na observação dos doentes com patologia cirúrgica. Além disso, duas vezes por semana decorria uma aula teórica, geralmente na forma de caso clínico, especialmente dirigida aos alunos presentes no estágio.
d. MEDICINA (23 de Janeiro a 17 de Março – 8 semanas)
Na última semana do estágio, fui submetido a uma prova de avaliação prática com o director do serviço, Dr. António Panarra, e concretizei, juntamente com os outros colegas do sexto ano, uma apresentação subordinada ao tema “Tuberculose”.
e.
MEDICINA GERAL E FAMILIAR (20 de Março a 21 de Abril – 4 semanas)
O estágio de Medicina Geral e Familiar (MGF) decorreu sob a orientação da Dra. Diana Tomaz na USF Jardins da Encarnação. O estágio decorreu em ambiente de consulta e tive a oportunidade de ficar a conhecer as diferentes valências da MGF, entre elas, as consultas de Saúde de Adultos, Saúde Infantil, Planeamento Familiar, Diabetes, entre outras. Por vezes, foi-me dada autonomia na condução de algumas consultas sozinho, sendo que posteriormente apresentava o caso à minha tutora e discutíamos eventuais ECD a requisitar e medidas terapêuticas a instituir. Uma vez por semana acompanhava também a minha tutora nas Consultas do Dia e de Intersubstituição, o que permitiu contactar com um leque ainda mais variado de utentes, problemas e patologias.
Durante o estágio elaborei o Diário do Exercício Orientado, que foi objecto de avaliação em prova oral no final do estágio.
f.
GINECOLOGIA E OBSTETRÍCIA
(24 de Abril a 19 de Maio – 4 semanas)
última semana do estágio, apresentei um artigo científico para toda a equipa na reunião do serviço, intitulado “Validation of serum progesterone <35nmol/L as a predictor of miscarriage among women with threatened miscarriage”.
g.
OUTROS ELEMENTOS VALORATIVOS
Ao longo da minha formação, não só no sexto ano, mas ao longo de todo o curso, interessei- me pela participação em actividades que pudessem complementar o meu crescimento a vários níveis, sobretudo actividades que estimulassem e enriquecessem os meus conhecimentos, a minha vertente humana e a minha experiência pessoal. Por esta razão, parece-me fundamental destacar algumas dessas actividades e experiências que, na minha perspectiva, mais contribuíram para esta evolução:
• ESTÁGIOS INTERNACIONAIS
Programa Erasmus – Charité Universitätsmedizin, Berlim, Alemanha [2015-16];;
Programa Erasmus – Faculté de Médecine Pierre et Marie Curie, Paris, França [2016-17];;
• ACTIVIDADE ASSOCIATIVA
Membro da Direcção da AEFCM [2014-15];;
Membro da Comissão Organizadora das “I Jornadas Médicas da NOVA” [2015];;
• COLABORAÇÃO COM NMS|FCM
Representante da Comissão de Curso no Conselho Pedagógico [2014];;
• CURSOS E CONFERÊNCIAS (Participação)
“1º Curso Prático de Urgências em ORL para o AMP” [2017].
III. REFLEXÃO CRÍTICA
estruturar os exames mais adequados a requisitar para as patologias mais prevalentes, bem como o fio condutor a seguir de acordo com os resultados desses exames. Além disso, nas várias especialidades por onde passei, preocupei-me em tentar hierarquizar as situações clínicas das mais para as menos emergentes e procurar conhecer a atitude terapêutica mais correcta nas situações que requerem mais urgência, de modo a poder auxiliar esses doentes, independentemente da área da Medicina em que eu venha a trabalhar. No que diz respeito à prescrição de terapêutica, sem dúvida que a autonomia tutelada que nos é dada na maioria dos estágios tem um papel preponderante no desenvolvimento de ferramentas que nos permitam cumprir esta tarefa de forma mais independente, tal como pude verificar pela minha experiência, mas que mesmo assim nos obriga a um trabalho de estudo e actualização constantes para podermos estar à altura do desafio.
Em relação à MGF e à Psiquiatria, há dois comentários que não posso deixar de fazer, pois tal como referido anteriormente, eram duas especialidades com as quais havia tido pouco contacto. Exactamente por essa razão, propus-me a investir mais nessas áreas ao longo do meu percurso no sexto ano, não só por sentir necessidade de colmatar algumas lacunas da minha formação, mas também por uma certa curiosidade em relação ao trabalho que é desenvolvido. Em relação à primeira, não posso deixar de reforçar o quão positivamente surpreendido fiquei pelo variado leque de consultas e actividades que são praticadas pelos médicos especialistas em MGF e pela versatilidade que lhes é inerente. Em relação à Psiquiatria, gostava de salientar que fiquei surpreendido quando me apercebi do quão prevalentes são as doenças mentais na sociedade e apercebi-me da verdadeira importância de extinguir o estigma que tantas vezes lhes é injustamente associado e da valorização da saúde mental. Além disso, a relação médico-doente tem uma importância óbvia em ambas as especialidades, seja pelas expectativas, seja pelos receios com que os doentes se apresentam, e foi muito gratificante poder trabalhar e melhorar também essa vertente, tal como tinha delineado inicialmente.
bem-vindo. Julgo também que o facto de os alunos terem um papel tão activo e crucial ao funcionamento da maioria dos serviços funciona como um estímulo muito positivo para uma maior dedicação e vontade de aprendizagem. A maioria dos estágios tinha uma componente prática bastante forte e os alunos tinham de cumprir várias tarefas de forma quase autónoma, como a elaboração de diários clínicos, notas de entrada e notas de alta e a requisição de ECD, e tive também a oportunidade de aprender e treinar a realização de vários gestos técnicos. Faço um balanço muito positivo desta experiência, não só a nível técnico-científico, mas também de toda a componente social e cultural que o intercâmbio me proporcionou.
Em relação às duas semanas do estágio opcional, decidi realizá-las no seguimento do estágio de Pediatria em Paris, pois os meus conhecimentos teóricos e práticos no início do ano lectivo não estavam de acordo com os objectivos que tinha estabelecido para mim mesmo. Além disso, é uma área da Medicina transversal a várias outras especialidades que também têm contacto com crianças, razão pela qual já no ano anterior havia procurado ganhar experiência em diversos ramos da especialidade. Deste modo, julgo ter conseguido adquirir com maior sucesso as competências pretendidas para o meu nível de formação.
Em suma, este foi um ano de oportunidades e de aprendizagem. Um dos grandes ensinamentos que levo dos vários estágios que realizei é, sem dúvida, uma nova percepção da globalidade do ser humano, são e doente, nas suas várias dimensões: pessoal, física, espiritual, social e familiar. A filosofia subjacente à formação médica pré-graduada deve, por isso mesmo, utilizar “uma abordagem biopsicosocial abrangente na avaliação e tratamento dos doentes, que leve em consideração as suas crenças culturais, atitudes e comportamentos” [2]. Só assim podemos verdadeiramente compreender o doente que temos à nossa frente na sua íntegra e oferecer-lhe os melhores cuidados possíveis. Não posso, então, deixar de expressar o meu mais sincero agradecimento à Faculdade e a todo o corpo docente por me terem transmitido esta e tantas outras mensagens e conhecimentos que foram tão fundamentais ao meu crescimento. E por último, deixo também um agradecimento com muito carinho à minha família e amigos por terem sido um pilar tão precioso nesta viagem de seis anos na Medicina.
IV. ANEXOS
ANEXO 1: “Transcript of Records” do período de Erasmus em Berlim
ANEXO 2: Comprovativo de Estágio - Cirurgia Geral
ANEXO 3: Comprovativo de Estágio - Pediatria
ANEXO 4: Certificado de Membro da Comissão Organizadora das “I Jornadas Médicas da NOVA”
ANEXO 5: Certificado de Representante da Comissão de Curso no Conselho Pedagógico
ANEXO 6: Certificado de Participação no “1º Curso Prático de Urgências em ORL para o AMP”
ANEXO 1:
“Transcript of Records”
do período de Erasmus em Berlim
ANEXO 2
:
Comprovativo de Estágio - Cirurgia Geral
ANEXO 3
:
Comprovativo de Estágio - Pediatria
ANEXO 4
:
Certificado de Membro da Comissão Organizadora das “I Jornadas
Médicas da NOVA”
ANEXO 5
:
Certificado de Representante da Comissão de Curso no Conselho
Pedagógico