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Versão anonimizada. Tradução C-433/18 1. Processo C-433/18. Pedido de decisão prejudicial. Korkein oikeus (Supremo Tribunal, Finlândia)

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Versão anonimizada

Tradução C-433/18 – 1

Processo C-433/18 Pedido de decisão prejudicial Data de entrada:

2 de julho de 2018 Órgão jurisdicional de reenvio:

Korkein oikeus (Supremo Tribunal, Finlândia) Data da decisão de reenvio:

28 de junho de 2018 Recorrente:

ML Recorrida:

OÜ Aktiva Finants

KORKEIN OIKEUS (SUPREMO TRIBUNAL) DESPACHO

Data do despacho […] [OMISSIS]

28 de junho de 2018 […] [OMISSIS]

RECORRENTE ML

RECORRIDA OÜ Aktiva Finants

OBJETO Declaração de executoriedade de uma sentença estrangeira

DECISÃO IMPUGNADA

Decisão do Helsingin hovioikeus (Tribunal de Recurso de Helsínquia) de 23 de junho de 2016 […] [OMISSIS]

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DECISÃO DO KORKEIN OIKEUS

Objeto do processo

1 O presente processo diz respeito à interpretação do artigo 43.°, n.os 1 e 3, do Regulamento (CE) n.° 44/2001 do Conselho, de 22 de dezembro de 2000, relativo à competência judiciária, ao reconhecimento e à execução de decisões em matéria civil e comercial (JO 2001, L 12, p. 1), relativo à interposição de recursos.

2 Mais precisamente, está em causa a questão da compatibilidade [com o direito da União] do processo de autorização de recursos para apreciação mais aprofundada, integrado no sistema nacional de recursos, é admissível [em matéria de direito da União] em situações em que o objeto do recurso é uma decisão de um tribunal de primeira instância que declara a executoriedade de uma sentença decretada num Estado-Membro da União Europeia, com base no Regulamento n.° 44/2001.

Suscita-se a questão de saber se, nas situações referidas supra, o recurso é tratado segundo as regras do processo contraditório, como é exigido pelo artigo 43.°, n.° 3, do Regulamento n.° 44/2001, e quais os requisitos mínimos que o processo deve preencher para cumprir a exigência de contraditório.

Matéria de facto pertinente

3 A sociedade estónia OÜ Aktiva Finants (a seguir «sociedade») requereu junto do Helsingin käräjäoikeus (Tribunal de Primeira Instância de Helsínquia) que uma sentença proferida em 7 de dezembro de 2009 por um tribunal estónio denominado Harju Maakohus fosse declarada executória na Finlândia. ML, contra quem foi requerida a execução, tem domicílio em Helsínquia.

4 O Tribunal de Primeira Instância de Helsínquia declarou, com base no Regulamento n.° 44/2001, a executoriedade na Finlândia da sentença referida, proferida pelo tribunal estónio em 7 de dezembro de 2009. O tribunal não concedeu a ML o benefício do contraditório. Por via da sentença declarada executória, ML foi obrigado a pagar 14 838,50 coroas estónias (EEK) à sociedade.

5 Após ter tido conhecimento da decisão, ML interpôs recurso para o Helsingin hovioikeus (Tribunal de Recurso de Helsínquia), pedindo que a decisão do Helsingin käräjäoikeus (Tribunal de Primeira Instância de Helsínquia) fosse anulada na íntegra. No recurso interposto no tribunal de recurso, ML alegou que a sentença estónia foi proferida sem que tivesse tido a oportunidade de estar presente no processo. O recorrente refere ainda que nem a petição nem um documento correspondente lhe foram comunicados em tempo útil e de modo a permitir-lhe preparar a sua contestação no âmbito do referido processo. Não lhe foram notificados quaisquer atos. Só tomou conhecimento da totalidade do processo quando da notificação da decisão relativa à declaração de executoriedade proferida pelo tribunal de primeira instância. ML alegou que o tribunal estónio não era competente no processo em causa, uma vez que tinha domicílio na

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Finlândia desde 26 de novembro de 2007. ML baseou a sua argumentação nos artigos 34.° e 35.° do Regulamento n.° 44/2001.

6 O tribunal de recurso não autorizou uma análise mais aprofundada do recurso interposto por ML, concluindo assim a apreciação do referido recurso. A decisão do tribunal de primeira instância mantém-se válida, por conseguinte, a menos que a decisão de não autorização do tribunal de recurso seja alterada no processo de recurso.

7 ML requereu a autorização de um recurso junto do Korkein oikeus (Supremo Tribunal), que foi concedida em 24 de janeiro de 2017. No recurso que interpôs para o Supremo Tribunal, ML pediu a anulação da decisão do tribunal de recurso, a autorização do recurso que interpôs perante o tribunal de recurso requerendo uma análise mais aprofundada e a remessa do processo para o tribunal de recurso.

8 Compete ao Supremo Tribunal decidir sobre a questão de saber se as disposições nacionais relativas à autorização de interposição de recursos para apreciação mais aprofundada podem ser aplicadas quando está em causa um recurso contra uma decisão sobre a declaração de executoriedade de uma sentença estrangeira com base no Regulamento n.° 44/2001. Além disso, compete-lhe ainda decidir a questão de saber se o processo é compatível com o Regulamento n.° 44/2001, mais precisamente com as regras sobre o processo contraditório previstas no artigo 43.°, n.° 3, do referido regulamento. Caso o processo relativo à autorização de interposição de recursos para apreciação mais aprofundada seja compatível com o regulamento, compete ao Supremo Tribunal, enquanto tribunal nacional, proferir uma decisão definitiva quanto à questão de saber se o recurso deveria ter sido autorizado no processo concreto em causa.

Legislação aplicável Direito da União

9 O Regulamento n.° 44/2001 foi revogado pelo Regulamento (UE) n.° 1215/2012 do Conselho, de 12 de dezembro de 2012, relativo à competência judiciária, ao reconhecimento e à execução de decisões em matéria civil e comercial. Nos termos do artigo 66.°, n.° 2, do novo regulamento, relativo a disposições transitórias, o Regulamento (CE) n.° 44/2001 continua a aplicar-se, entre outras, às decisões proferidas em ações judiciais intentadas antes de 10 de janeiro de 2015. O processo ora em questão foi submetido ao órgão jurisdicional estónio antes da referida data, pelo que à presente matéria se aplica o Regulamento n.° 44/2001.

10 O capítulo III do Regulamento n.° 44/2001 contém disposições sobre o reconhecimento e a execução de sentenças. As disposições relativas ao processo estão previstas nos artigos 40.° a 42.° do regulamento. O artigo 43.° dispõe o seguinte quanto à interposição de um recurso:

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Artigo 43.°

1. Qualquer das partes pode interpor recurso da decisão sobre o pedido de declaração de executoriedade.

2. O recurso é interposto junto do tribunal indicado na lista constante do anexo III.

3. O recurso é tratado segundo as regras do processo contraditório.

4. Se a parte contra a qual a execução é promovida não comparecer perante o tribunal de recurso nas ações relativas a um recurso interposto pelo requerente, aplica-se o disposto nos n.os 2 a 4 do artigo 26.°, mesmo que a parte contra a qual a execução é promovida não tenha domicílio no território de um Estado-Membro.

11 O artigo 40.°, n.° 2, da Convenção relativa à competência judiciária e à execução de decisões em matéria civil e comercial (assinada em Bruxelas em 27 de setembro de 1968) já continha uma exigência análoga relativa ao tratamento de recursos nos termos das disposições [relativas a processos] com contraditório.

Uma exigência equivalente já não consta do artigo 49.° relativo à interposição de recursos, do Regulamento (UE) n.° 1215/2012, denominado «Regulamento Bruxelas I», que entrou em vigor em 2015, mas, segundo a opinião dominante, também é um pressuposto do processo previsto nesse regulamento. Além disso, por exemplo, o artigo 33.°, n.° 3, do Regulamento (CE) n.° 2201/2003 (denominado «Regulamento Bruxelas II-A») e o artigo 50.°, n.° 3, do Regulamento (UE) n.° 650/2012 relativo às sucessões dispõem expressamente que o recurso é tratado segundo as regras decorrentes do princípio do contraditório.

Processo nacional de autorização de interposição de recursos para apreciação mais aprofundada

12 Nos termos do § 5, n.° 1, do Capítulo 25a do Oikeudenkäymiskaari (Código de Processo Civil), aplicável ao processo judicial na Finlândia relativo ao litígio ora em apreço, a interposição de um recurso no tribunal de recurso exige a autorização do mesmo para apreciação mais aprofundada quando se pretende a alteração de uma decisão de um tribunal de primeira instância através da interposição de um recurso. Através do processo de autorização de recursos para apreciação mais aprofundada pretende-se contribuir para uma gestão mais eficiente dos meios limitados dos tribunais de recurso (projeto de lei do Governo n.° HE 246/2014 vp, p. 21, entre outras).

13 De acordo com o disposto no § 11, n.° 1, do Capítulo 25a do Código de Processo Civil, um recurso para apreciação mais aprofundada deve ser autorizado caso:

1) haja motivos para duvidar da exatidão do resultado a que o tribunal de primeira instância chegou na sua decisão; 2) não seja possível apreciar a exatidão do resultado final da decisão de um tribunal de primeira instância sem autorizar um recurso para apreciação mais aprofundada; 3) seja importante, atendendo à

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aplicação das normas em processos materialmente idênticos, autorizar um recurso para apreciação mais aprofundada no litígio em causa; ou 4) se verifique outro motivo grave para uma autorização.

14 Nos termos do § 13 do Capítulo 25a do Código de Processo Civil, antes da decisão de autorização do recurso para apreciação mais aprofundada, o tribunal de recurso deve, caso necessário, solicitar à parte recorrida que responda por escrito ao recurso. Segundo o disposto no § 14, n.° 1, do mesmo capítulo, o tribunal de recurso decide a questão da autorização do recurso para apreciação mais aprofundada na fase escrita do processo com base na decisão do tribunal de primeira instância, no recurso, numa possível resposta e, caso necessário, também recorrendo aos restantes elementos do processo. O § 18 do mesmo capítulo dispõe que o recurso é autorizado desde que seja aprovado por pelo menos um membro de uma secção de três membros. No entanto, é também possível que a autorização para apreciação mais aprofundada seja concedida por uma secção composta por apenas um membro.

15 Caso o recurso seja autorizado, o processo prossegue perante o tribunal de recurso. Nesse caso importa analisar, nos termos do § 1 do Capítulo 26 do Código de Processo Civil, se e de que modo deve ser alterada a decisão do tribunal de primeira instância. De acordo com o § 3 do mesmo capítulo, a parte recorrida deve ser chamada a responder por escrito ao recurso num prazo fixado pelo tribunal de recurso, a menos que já tenha sido pedida uma resposta durante a apreciação da questão da autorização do recurso para apreciação mais aprofundada ou caso esta solicitação se revele manifestamente inútil.

16 De acordo com o projeto de lei do Governo, que esteve na origem da adoção das disposições relativas à autorização de recursos para apreciação mais aprofundada, o nível de exigência para a autorização de um recurso para apreciação mais aprofundada deveria ser baixo (projeto de lei do Governo HE 105/2009 vp, p. 33).

Não foram apresentadas quaisquer propostas de inclusão na lei de disposições derrogatórias especiais, nomeadamente em relação a decisões sobre o reconhecimento e a execução de sentenças estrangeiras. Caso as normas supranacionais ou compromissos internacionais correspondentes exijam medidas especiais a respeito do processo de recurso, foi proposto que estas medidas fossem concretizadas no âmbito do processo relativo à autorização de recursos para apreciação mais aprofundada. Neste sentido, seria possível, por exemplo, considerar como outro motivo grave, na aceção do § 11, n.° 1, ponto 4, do Capítulo 25a do Código de Processo Civil, para autorizar no processo um recurso para apreciação mais aprofundada, o facto de um demandado apenas ter tido conhecimento na fase do recurso de uma decisão sobre a declaração de executoriedade de uma sentença estrangeira, proferida perante o tribunal de primeira instância. Esta questão deveria, no entanto, ser sempre decidida com base numa análise individual (projeto de lei do Governo HE 246/2014 vp, p. 17).

17 O Supremo Tribunal conclui, por conseguinte, que o legislador nacional pretendeu que a interposição de recursos de decisões dos tribunais de primeira instância

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relacionados com o reconhecimento e a execução de sentenças na Finlândia fosse abrangida pelo âmbito de aplicação do processo relativo à autorização de recursos para apreciação mais aprofundada.

Necessidade do pedido de decisão prejudicial

18 No presente processo é necessário interpretar se o referido processo relativo à autorização de recursos para apreciação mais aprofundada, incluído no sistema nacional relativo à interposição de recursos, é compatível com o artigo 43.°, n.° 1, do Regulamento n.° 44/2001 caso a interposição de um recurso junto do tribunal de recurso seja também realizada em duas fases nos processos abrangidos pelo regulamento: o tribunal de recurso começa por analisar, com base nos critérios regulados na lei, os requisitos para a autorização do recurso para apreciação mais aprofundada, e apenas após se ter verificado a autorização para apreciação mais aprofundada é que o tribunal prossegue a tramitação do recurso e procede a uma apreciação global. Caso o recurso não seja autorizado, mantém-se válida a decisão do tribunal de primeira instância.

19 Além disso, é ainda necessário interpretar a afirmação constante do artigo 43.°, n.° 3, do Regulamento (CE) n.° 44/2001 de que o recurso é tratado segundo as regras do processo contraditório: o processo relativo à autorização de recursos para apreciação mais aprofundada cumpre as exigências enunciadas no artigo 43.°, n.° 3, do Regulamento n.° 44/2001 em relação às regras do processo contraditório no âmbito da interposição de recursos se, nos termos dos §§ 13 e 14 do Capítulo 25a do Código de Processo Civil, uma autorização do recurso também se puder verificar sem que a parte recorrida seja chamada a apresentar uma resposta?

Importa igualmente esclarecer se a exigência de contraditório é cumprida se a parte recorrida já tiver sido chamada a apresentar uma resposta de acordo com o modo permitido no § 13 [do Capítulo 25a] do Código de Processo Civil antes da decisão relativa à autorização. É ainda necessário interpretar se o requisito do contraditório exige que a contraparte seja também ouvida antes da decisão sobre a autorização do recurso para apreciação mais aprofundada quando este é interposto pelo interessado na execução após o seu pedido ter sido indeferido.

20 O Tribunal de Justiça da [União] Europeia ainda não se pronunciou a respeito da interpretação do artigo 43.° do Regulamento n.° 44/2001 e também não é possível encontrar uma resposta à questão no contexto da interpretação das disposições correspondentes do novo Regulamento (UE) n.° 1215/2012 (Bruxelas I) relacionadas com a interposição de recursos. No seu Acórdão de 12 de julho de 1984, Firma P./Firma K. (178/83, EU:C:1984:272), o Tribunal de Justiça apreciou o caráter contraditório no âmbito da interposição de recursos em situações correspondentes às previstas no regulamento. No seu acórdão, relativo à interpretação do artigo 40.°, n.° 2, da Convenção relativa à competência judiciária e à execução de decisões em matéria civil e comercial (assinada em Bruxelas em 27 de setembro de 1968), o Tribunal de Justiça declarou, inter alia, o seguinte:

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7 O artigo 40.°, n.° 2, da Convenção dispõe:

«A parte contra a qual é promovida a execução deve ser notificada para comparecer no tribunal de recurso. Se faltar, é aplicável o disposto no segundo e terceiro parágrafos do artigo 20.°, ainda que a parte não esteja domiciliada no território de um dos Estados contratantes.»

8 A letra desta disposição não prevê qualquer exceção.

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11 A Convenção exige, no entanto, expressamente que o processo seja contraditório ao nível do recurso, sem distinguir consoante o alcance da decisão tomada em primeira instância. Esta disposição é conforme ao objetivo geral da Convenção de conciliar o efeito surpresa necessário para processos deste género com o respeito dos direitos de defesa (v. Acórdão do Tribunal de Justiça de 21 de maio de 1980, Denilauler, 125/79, Colet., p. 1553). Por este motivo, a parte recorrida não é ouvida em primeira instância, enquanto na instância de recurso as regras do processo contraditório são obrigatoriamente respeitadas. Não é admissível uma derrogação deste princípio num caso em que o tribunal de primeira instância indeferiu, por considerações meramente formais, um pedido de aposição da fórmula executória por motivos da responsabilidade da demandante.

Não existem razões para apreciar esta matéria de facto de forma diferente consoante a parte demandada tenha a sua residência habitual ou a sua sede no Estado de execução ou noutro Estado-Membro.

21 Na doutrina jurídica, a relação entre o artigo 43.° do Regulamento n.° 44/2001 e a legislação nacional relativa à interpretação de recursos é caracterizada, inter alia, da seguinte forma:

«Paragraph 1 introduces an unencumbered right of appeal against a decision granting or refusing a declaration of enforceability. […] All allegations, substantial or formal, by the parties may be brought, actually for the first time, to the appellate court. Further specifications, if any, of the right to appeal might be introduced by local procedural law […], provided that they do not unduly restrain or frustrate the right of appeal, as expressly granted by the Regulation.»

(Magnus/Mankowski/Kerameus, Brussels I Regulation (2nd ed. 2012) art. 43 note 11)

22 No relatório explicativo da Convenção relativa à competência judiciária, ao reconhecimento e à execução de decisões em matéria civil e comercial (JO 2009, C 319) refere o seguinte nos n.os 153 e 154:

153. O artigo 43.° prevê que «qualquer das partes» pode interpor recurso, independentemente portanto de a decisão aceitar ou rejeitar o pedido. Na prática, contudo, só a parte contra quem é pedida a execução terá interesse em contestar uma declaração de executoriedade, e só o requerente terá interesse em contestar a rejeição do pedido.

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154. Ambos os tipos de recurso são tratados no quadro de um processo contencioso. O artigo 43.°, n.° 3, apenas menciona «as regras do processo contraditório». Na falta de qualquer outra indicação, deve ser seguido o procedimento comum previsto pela lei nacional do tribunal requerido, desde que seja de modo a assegurar que ambas as partes sejam ouvidas.

23 Ao decidir se o processo de autorização de recursos para apreciação mais aprofundada aplicável nos termos da legislação nacional é compatível com as vias de recurso eficazes garantidas para ambas as partes pelo artigo 43.°, n.° 1, do Regulamento n.° 44/2001 importa ter em consideração na interpretação que as referidas exigências estão previstas de forma precisa na lei – mesmo que uma análise global do recurso perante o tribunal de recurso exija que se verifique, na primeira fase, se estão cumpridas as exigências previstas no § 11 do Capítulo 25a do Código de Processo Tributário em relação à autorização de um recurso para apreciação mais aprofundada. Além disso, nos termos da disposição a autorização deve sempre ser conferida quando as respetivas exigências estiverem cumpridas;

tal como resulta da exposição de motivos da lei indicada no n.° 16, o nível de exigência para a autorização de um recurso deve ser baixo. No âmbito da interpretação deve também ser tido em consideração que, nos termos do § 14 do Capítulo 25a do Código de Processo Civil, podem ser tidos em conta os elementos do processo e que, por exemplo, nos casos em que não se invocou nenhum dos fundamentos previstos nos artigos 34.° ou 35.° do Regulamento no âmbito da interposição do recurso, este não pode ter êxito, por força do artigo 45.° Nestes casos, os elementos do processo permitem desde logo partir do princípio de que o recurso carece de fundamentação, pelo que não deve ser admitido. Importa ainda considerar no âmbito da interpretação que, tal como resulta da exposição de motivos da lei, a especificidade de um processo relativo ao reconhecimento e à execução de uma sentença estrangeira também pode ser tida em conta no âmbito da decisão relativa à autorização, por exemplo, através da consideração de que se verifica um motivo grave na aceção do § 11, n.° [1 ponto] 4 do Capítulo 25 do Código de Processo Civil quando a parte contra a qual é requerida a execução apenas toma conhecimento da decisão no processo de recurso.

24 Ao apreciar a questão de saber se o processo de autorização de recursos para apreciação mais aprofundada é tratado segundo as regras do processo contraditório, como é exigido pelo artigo 43.°, n.° 3, do Regulamento n.° 44/2001, seria importante ter em consideração no âmbito da interpretação o facto de, de acordo com o disposto no § 13 do Capítulo 25a do Código de Processo Civil o tribunal de recurso poder solicitar à contraparte a apresentação de uma resposta antes da decisão sobre a autorização, podendo tê-la em consideração na sua decisão sobre a autorização do recurso. Importa ter também em consideração na interpretação que o interesse da parte recorrida em conhecer os fundamentos subjacentes à interposição do recurso e em apresentar a sua resposta antes da decisão sobre a autorização do recurso para apreciação mais aprofundada pode apresentar características diferentes, consoante o recorrente seja a parte contra a

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qual a execução é promovida ou aquela cujo pedido de execução foi indeferido perante o tribunal de primeira instância.

25 O Supremo Tribunal considera que as respetivas questões relativas à interpretação são também relevantes nos casos em que, em vez do Regulamento n.° 44/2001, é aplicado o Regulamento (UE) n.° 1215/2012 (Bruxelas I), que entrou em vigor em 2015, o Regulamento (CE) n.° 2201/2003 (Bruxelas II-A) ou o Regulamento (UE) n.° 650/2012 relativo às sucessões.

Questões prejudiciais

Após ter dado oportunidade às partes intervenientes de apresentarem as suas observações quanto ao conteúdo do pedido de decisão prejudicial, o Korkein oikeus (Supremo Tribunal) decidiu suspender a instância e submeter as seguintes questões prejudiciais ao Tribunal de Justiça da União Europeia:

1) O processo de autorização de recursos para apreciação mais aprofundada, previsto no sistema nacional relativo à interposição de recursos, é compatível com a exigência de vias de recurso eficazes garantidas para ambas as partes prevista no artigo 43.°, n.° 1, do Regulamento n.° 44/2001, quando o recurso tem por objeto a decisão de um tribunal de primeira instância relativa ao reconhecimento ou à execução de uma sentença na aceção do Regulamento n.° 44/2001?

2) No âmbito do processo de autorização de recursos para apreciação mais aprofundada, deve entender-se que as exigências relativas ao processo contraditório na aceção do artigo 43.°, n.° 3, do Regulamento n.° 44/2001 se encontram preenchidas, caso o recorrido não seja ouvido em relação ao recurso interposto antes da decisão sobre a autorização do recurso? Estas exigências estão preenchidas quando o recorrido é ouvido antes da decisão sobre a autorização do recurso para apreciação mais aprofundada?

3) É necessário, para efeitos da interpretação proposta, conceder relevância ao facto de o recurso poder ser interposto não só pela parte que requereu a execução e cujo pedido foi indeferido, mas também pela parte contra a qual foi requerida a execução, caso este pedido tenha sido deferido?

[…] [OMISSIS]

Referências

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