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Palavras-chave: Didática; teorias de ensino; plano de aula; quatro pilares da educação; práxis.

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A Didática na sala de aula em consonância com os quatro pilares da Educação: uma proposta de atividade prática

Isabel Celeste de Bastos Navarausckas

Bacharelado e Licenciatura, em Letras e Graduação em Pedagogia. Especialista em Psicopedagogia, Docência no Ensino Superior ,Professora de Língua Portuguesa e Oficina de Leitura e Escrita na Faculdade Progresso. Cursando

Mestrado em Linguística.

isabelcbn@yahoo.com.br Leide de Andrade Victorino

Graduação em Licenciatura -Pedagogia-; Especialização em Psicopedagogia; Mestrado em Educação; Professora em Didática Geral ;Coordenadora do Curso de Licenciatura em Pedagogia da Faculdade Progresso.

leide@faculdadeprogresso.edu.br

Resumo: este trabalho apresenta uma proposta de atividade que vem sendo aplicada no curso de Pedagogia em uma Faculdade no Município de Guarulhos, por meio da condução de aulas práticas orientadas, visando à formação dos futuros professores, na qual é sugerida a elaboração de um modelo de plano de aula, a ser realizado pelos alunos, que denominamos de oficinas didático- pedagógicas. Com o objetivo de acrescentar novos instrumentos aos futuros professores em formação inicial, buscou-se ressignificar a construção do plano de aula com o apoio das abordagens teóricas que embasam os processos de aprendizagem na sala de aula e os elementos essenciais de cada teoria de ensino. Com base nas linhas teóricas Behaviorista, Construtivista e Sócio interacionista, dos respectivos autores Burrhus Frederic Skinner, Jean Piaget e Lev Semenovitch Vygotsky, os alunos analisaram as diferentes formas do processo de aprender, visando aplicar na elaboração do plano de aula o embasamento teórico e ainda incorporar a esse processo os conceitos trabalhados sobre os quatro pilares da educação propostos pela UNESCO e abordados no livro Educação Um Tesouro a Descobrir, de Jacques Delors.

Entendemos, assim, ser esse o princípio norteador para compreensão do fenômeno educativo que envolve a sala de aula no momento atual e que, à luz dos teóricos analisados e dos documentos da UNESCO, intenciona-se promover uma reflexão mais ampla sobre o papel docente do ensinar, do aprender e da aplicação da Didática pelo professor na sala de aula.

Palavras-chave: Didática; teorias de ensino; plano de aula; quatro pilares da educação; práxis.

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Abstract: this paper presents a proposal of activity which has been applying through guided practical classes in the Pedagogy course of a college in the municipality of Guarulhos.

This activity aims at the training of future teachers, in which the elaboration of a model of a lesson plan to be done by students is suggested. This activity is denominated as didactic-pedagogical workshop. Aiming to add new instruments to the futures teachers who are in initial training, the activity sought to resignify the construction of the lesson plan with the support of the theoretical approaches that base the learning process in class and the essential elements of each teaching theory. According to Behaviorist, Constructivist and Social interactionist theoretical lines, written respectively by Burrhus Frederic Skinner, Jean Piaget and Lev Semenovitch Vygotsky, the students analyzed the different forms of the learning process, aiming to apply the theoretical basis at the lesson plan and to incorporate in this process the studied concepts about the four pillars of Education proposed by UNESCO, that are covered in the book Learning: the treasure within by Jacques Delors. Thus, we understand that this is the guiding principle to the comprehension of the education phenomenon that involves the classroom on the present days. Based on the analyzed authors and the documents of UNESCO, it is aimed to promote a vast reflection on the teachers’

role of teaching, learning and the application of didactics by the teacher in the classroom.

Keywords: Didactic; teaching theories; lesson plan, four pillars of education; praxis.

Introdução

A prática do professor tem sido há muito um tema bastante discutido nos cursos de e formação de professores, e o olhar crítico direcionado ao fazer pedagógico surge como questão recorrente e polêmica por natureza. Recorrente também é o discurso de que muitos professores, apesar de esboçarem um excelente referencial teórico, necessitam, entretanto, rever sua prática pedagógica, que só se realizaria pela compreensão do real sentido de sua ação como docente.

Diante dos desafios contemporâneos, tem sido sempre exigida do professor a tarefa de mudar a

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forma de ensinar. Pesa sobre o Professor ter uma “boa didática” que leve o aluno a aprender de forma significativa.

Não temos a pretensão de propor uma “revolução” no processo de ensinar (que sem duvida exigiria um estudo muito mais abrangente e amplo campo de pesquisa), mas trazermos uma reflexão sobre a prática da sala de aula que de forma constante se apoia em livros, textos e leituras interpretativas, mas muitas vezes distancia o aluno do que é esperado pelo professor. Em toda medida os aspectos da didática do professor é questionada: por que o aluno não aprende? Qual a melhor Didática? O Professor não tem Didática?

A Didática

Segundo Piletti (1991, p. 42), "didática é uma disciplina técnica e que tem como objeto específico a técnica de ensino (direção técnica da aprendizagem)".

Já de acordo com Libâneo:

A Didática é, pois, uma das disciplinas da Pedagogia que estuda o processo de ensino através de seus componentes – os conteúdos escolares, o ensino e a aprendizagem – para, com o embasamento numa teoria da educação, formular diretrizes orientadoras da atividade profissional dos professores. É, ao mesmo tempo, uma matéria de estudo fundamental na formação profissional dos professores e um meio de trabalho do qual os professores se servem para dirigir à atividade de ensino cujo resultado é a aprendizagem dos conteúdos escolares pelos alunos (LIBÂNEO, 1994, p. 52).

O primeiro autor, bastante sucinto, expõe puramente o caráter tecnicista da disciplina, dando-nos uma definição bastante árida. Libâneo (1994) explana melhor a relação estabelecida com a didática e o processo ensino-aprendizagem, focando também sua importância para a formação do professor.

Libâneo (1994) conclui, ainda, que a Didática nutre-se dos conhecimentos e práticas desenvolvidos nas metodologias específicas e nas outras ciências pedagógicas para formular generalizações em torno de conhecimentos e tarefas docentes comuns e fundamentais ao processo de ensino.

Este último adendo é, neste nosso trabalho, aspecto bastante importante e significativo que nos direciona aos problemas a serem discutidos: a formação do futuro professor como dar um significado prático às teorias apresentadas no decorrer da graduação.

Nessa busca pela práxis, emerge a intenção de, a partir dessa problemática, idealizarmos uma

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atividade e introduzi-la durante as etapas da compreensão das abordagens teóricas e a relação com o trabalho docente, por meio da preparação de aulas.

Assim, como explica Zabala (1998) “as relações que se estabelecem entre os professores, os alunos e os conteúdos de aprendizagem constituem a chave de todo o ensino e definem os diferentes papéis dos professores e dos alunos” (ZABALA, 1998, p. 89). Assim é de nossa responsabilidade como professores pensar e repensar tudo que fazemos em sala de aula.

É preciso insistir que tudo quanto fazemos em aula, por menor que seja, incide em maior ou menor grau na formação de nossos alunos. A maneira de organizar a aula, o tipo de incentivos, as expectativas que depositamos, os materiais que utilizamos, cada uma dessas decisões veicula determinadas experiências educativas, e é possível que nem estejam em consonância com o pensamento que temos a respeito do sentido e do papel que hoje em dia tem a educação (ZABALA, 1998, p. 98).

Pensar hoje a profissão do Professor significa olhar um quadro no qual ele vem tendo que romper limites, tanto na competição com as novas tecnologias, no enfrentamento da sala de aula, como nas competências que deverá desenvolver (autonomia intelectual, pensamento crítico, iniciativa própria, espírito empreendedor, destreza tecnológica, capacidade de visualização, resolução de problemas entre outras), exigências que apontam para um profissional que necessita estar em constante atualização.

A globalização, os avanços tecnológicos e a grande circulação de informações têm causado impacto no sistema educacional, acarretando mudanças que afetaram diretamente o papel do professor; tal cenário vem sendo mencionado por diversos autores, entre eles Zabala, Perrenoud, Libâneo, Nóvoa e outros, e exige um repensar sobre a postura e as competências desse profissional do ensino.

Há nesse contexto, além de questões éticas, a exigência para uma nova maneira de ensinar e de aprender. Os parâmetros tidos, até então, aparecem agora com novos referenciais sobre a atuação do Professor.

Nós, os professores, podemos desenvolver a atividade profissional sem nos colocar o sentido profundo das experiências que propomos e que podemos nos deixar levar pela inércia ou pela tradição, ou podemos tentar compreender a influência que estas experiências têm e intervir para que sejam o mais benéficas possível para o desenvolvimento e o amadurecimento dos meninos e meninas .[...] (ZABALA, 1998, p.28 )

Como bem observa o autor, a ação do professor sempre incorrerá em um resultado, e estar

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atento para a sua ação pedagógica o fará compreender como essa ação influencia o desenvolvimento de seus alunos. Desta forma, o professor que busca a intervenção benéfica, que se envolve ativamente no processo ensino-aprendizagem, terá com sua prática maior chance de propiciar bons resultados.

A formação docente e o papel desse novo professor tem nos levado frequentemente a questionamentos que nos impelem à busca de respostas: O que é ser professor afinal? Quais contribuições são condutoras para novas técnicas pedagógicas? Como aproximar a prática para propiciar qualidade ao trabalho docente? Como trazer mais sentido à profissão?

Essas indagações nos conduzem a repensar um discurso contínuo na sociedade e de indicadores que questionam a qualidade dos cursos de Formação de Professores, alegando que estes oferecem uma formação inadequada, ou antes, incipiente, muito aquém das reais necessidades de nossa sociedade, ganhando destaque nesse discurso a desvinculação entre a teoria e a prática.

Segundo Tardif (2002), a relação dos docentes com os saberes não se reduz a uma função de transmissão de conhecimentos já constituídos. Aprender a ser professor e a ensinar vai muito além de conteúdos trabalhados nos cursos de formação de professores, pois há aspectos do processo de aprendizagem que têm caminho próprio.

Dessa forma a reflexão crítica sobre a prática foi o ponto de partida deste trabalho ao pensarmos a sala de aula e as várias relações que nela se instauram. Ao programarmos a atividade que tem por base a elaboração do plano de aula, discutiram-se os conceitos que envolvem o aprender e o ensinar.

Para isso, foi apresentado aos alunos em formação um formulário, modelo de plano de aula (Anexo I), com uma estrutura específica, destacando-se os objetivos pretendidos.

Libâneo (1994) nos aponta que é necessária a explicitação de objetivos, a organização e seleção de conteúdos, a definição metodológica e o nível de compreensão do aluno.

Foi preciso, assim, revisitarmos as teorias dos autores estudados no curso de Pedagogia e que envolvem os processos de aprendizagem: behaviorista; construtivista e sociointeracionista. A esse estudo agregamos as indicações da UNESCO para a formação integral do indivíduo nos conceitos dos quatro pilares da Educação que, de forma resumida, descrevemos a seguir.

As Teorias de Aprendizagem X Quatro pilares da educação

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Durante o curso de formação dos futuros docentes, os estudos das metodologias propostos nas Diretrizes Curriculares, especialmente para a disciplina de Didática, envolvem as abordagens piagetiana, vygotskiana e skinneriana e o embasamento que busca possibilitar uma nova visão da docência e da sua prática.

Jean Piaget (1996) estudou a maturação biológica e sua relação com os estágios do desenvolvimento cognitivo, abordando a evolução da inteligência desde a infância.

Em Murani (2010) encontramos que, em seu postulado epistemológico, Piaget destacou que todo fenômeno, seja físico, psicológico ou social, está em busca de sua própria gênesis. Seu postulado contribui, assim, tanto para a prática pedagógica como para a reflexão sobre a educação.

Deste postulado básico nasce, então, uma nova norma pedagógica: se para aprender bem é necessário compreender bem, para compreender bem é preciso reconstruir, por si mesmo, não tanto o conceito ou objeto de que se trate, mas o percurso que levou do gesto inicial a esse conceito ou a esse objeto (MURANI, 2010, p. 23).

Dessa forma, Piaget analisa o processo da aprendizagem em que o aprendiz percebe a trajetória que traçou, a fim de compreender um princípio ou um objeto de conhecimento. Somente a partir dessa compreensão dá-se a aprendizagem.

Sob esse aspecto, a compreensão do aluno na construção de si mesmo e na compreensão do objeto de estudo pode ser direcionada à sala de aula, às descobertas independentes de aprendizado do indivíduo e na relação que podemos estabelecer com os pilares da educação: aprender a aprender, aprender a ser.

Lev Vygostski, em seus estudos, faz a análise do desenvolvimento cognitivo a par das interações sociais, ou seja, sua abordagem estabelece a teoria sociocultural do desenvolvimento cognitivo que se orienta para os processos de desenvolvimento do ser humano com ênfase sócio- histórica e na interação do homem com o outro no espaço social.

Sobre a aprendizagem, Vygotsky (2000) diz que a escola é um espaço e um tempo onde o ambiente social é vivenciado e onde o processo de ensino-aprendizagem envolve diretamente a interação entre sujeitos. Essa interação Vygotsky chama de (ZDP) Zona de Desenvolvimento Proximal, que se estabelece na distância entre o nível de desenvolvimento real e da compreensão do problema na interação com outro. É justamente nesta zona de desenvolvimento proximal que a aprendizagem vai ocorrer (Vygotsky 2000 p.89)

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Nesse sentido, cabe ao professor orientar para que esta aprendizagem ocorra. Entendemos nesse processo a relação com o aprender a fazer e o desenvolvimento da atividade de forma interativa com o outro com o aprender a conviver.

Já na abordagem Behaviorista ou skinneriana, a aprendizagem concentra-se na aquisição de

“regras” educativas que direcionam e orientam o aluno a novos comportamentos no processo de aprender, de modo que a aprendizagem ocorre através de estímulos e reforços e se torna mecanizada.

O ensino para Skinner corresponde ao arranjo ou à disposição de contingências para uma aprendizagem eficaz, sendo da responsabilidade do professor assegurar a aquisição desse comportamento. Podemos encontrar nas teorias de Skinner as técnicas da instrução programada e o período da Educação tecnicista cuja proposta consiste em um planejamento e organização racional da atividade pedagógica. A tendência tecnicista ganha destaque nas funções de planejar, organizar ,dirigir e controlar(p.183Aranha)

Compreendemos que essas teorias e sua aplicação na sala de aula necessitam ser reconhecidas pelo professor para que o processo de ensino aprendizagem faça sentido tanto para ele quanto para seu aluno. Desde a abordagem das teorias comportamentalista, interacionista aos processos afetivos, necessita-se estabelecer relações na prática e na aplicação didática do conteúdo a ser dado.

É um questionamento constante as capacidades e as habilidades dos professores em formação em ensinar posto que desconheçam como ocorre a aprendizagem. Entretanto também é consenso que nada adianta conhecer a teoria e não saber aplicá-la na prática. É preciso identificar as teorias e seus reflexos na sala de aula e no fazer pedagógico.

Conforme vem estabelecido no Relatório para a UNESCO da Comissão Internacional sobre Educação para o Século XXI, as tendências contemporâneas pensam a aprendizagem do aluno de forma integral.

Delors (1999) apresenta as propostas da UNESCO e defende que a aprendizagem deve ser organizada de modo a dar respostas ao conjunto das missões educacionais e ao papel do professor.

Nesse aspecto, utilizamos como linha mestre na condução do plano de aula os Quatro Pilares da Educação que foram definidos, identificando-se e comparando-se nesse trabalho proposto a descrição da abordagem teórica utilizada.

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Na proposição dos quatro pilares apresentados pela UNESCO – aprender a conhecer, aprender a fazer, aprender a conviver e aprender a ser – com vistas à sala de aula, temos que o princípio do aprender a conhecer ressalta a importância de uma educação geral e ampla na qual o domínio do conhecimento é priorizado, acentuando-se a ideia do aprender a aprender de modo que o aprendiz possa se beneficiar das oportunidades oferecidas pela educação ao longo de toda a vida.

O segundo pilar, o aprender a fazer, assume uma importância maior (a práxis) em vista da necessidade de transformar os conhecimentos teóricos em inovações técnicas e na aplicação da teoria na prática, o que implica mudança do comportamento.

O terceiro, aprender a viver juntos , ( conviver), exige disponibilidade para as relações em grupo, que significa empenho para desenvolvimento de relações interpessoais e sociais e para a compreensão do outro. Essa aprendizagem permitirá aos educandos a realização de projetos comuns, de trabalhos em equipe, para a gestão de possíveis conflitos, para o respeito pelos valores do pluralismo e para a paz.

O quarto pilar, aprender a ser, significa que a educação deve estar comprometida com o desenvolvimento total da pessoa, preparando-a para o pensamento autônomo e crítico, a fim de formular seus próprios juízos de valor, para decidir por si e para ser dona do seu próprio destino.

[...] todo ser humano deve ser preparado, especialmente graças à educação que recebe na juventude, para elaborar pensamentos autônomos e críticos e para formular os seus próprios juízos de valor, de modo a poder decidir, por si mesmo, como agir nas diferentes circunstâncias da vida [...] mais do que preparar as crianças para uma dada sociedade, a educação deverá fornecer forças e referências intelectuais que permitam compreenderem o mundo que as rodeia e nele comportarem-se como atores responsáveis e justos (DELORS, 1999, p.100).

Esses pilares do conhecimento tornam-se referenciais para a formação e o papel dos professores enquanto principais agentes de mudança da sociedade e na formação do indivíduo. O relatório da UNESCO, em seus princípios, visa inspirar e orientar as reformas educacionais seja na elaboração dos programas e planos de aula ou nas reformas das políticas de ensino.

Nessa perspectiva, nosso intuito foi estabelecer uma adequação do plano de aula esboçado, com foco com fundamentação nas teorias de grandes estudiosos de como se dê o processo

ensino/aprendizagem e nos quatro pilares da Educação.

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A busca pela práxis-considerações metodológicas na proposta das oficinas

Este trabalho apresenta uma atividade denominada oficinas de didática, empreendidas pelos alunos graduandos do curso de Pedagogia, durante quatro semestres entre 2015 e 2016.

O intuito principal era propiciar um momento de construção e reflexão sobre a práxis dos futuros professores. Como procedimento metodológico empregamos alguns critérios.

A partir da preparação para as oficinas que exigiu um planejamento, o qual, sustentado pelas teorias e tendências didáticas já estudadas pelos alunos, iniciou-se pela elaboração de um Plano de Aula.

Para a construção do Plano de Aula apresentamos um roteiro (Anexo I), por meio do qual foi possível estabelecer os objetivos gerais e específicos da área de estudo. Optamos em desenvolver um plano de aula voltado à aplicação de oficinas com base em referenciais que marcam a exigência de um novo perfil profissional no exercício da docência, possibilitando, assim, a compreensão de um conjunto de atividades, principalmente, que envolvem o trabalho do professor.

Previamente à construção do plano de aula, explicitaram-se os quatro pilares: aprender a aprender, aprender a fazer, aprender a conviver e a aprender a ser. A denominação figurativa de

"pilares" em muito contribui para a orientação de um trabalho que encare o processo ensino- aprendizagem de forma mais holística.

O plano de aula sugerido aos alunos traz em sua espinha dorsal aspectos básicos do trabalho pedagógico: a indicação de um tema, os objetivos que se espera que o aluno alcance, os conteúdos a ser abordado, o desenvolvimento das atividades sob uma metodologia, os recursos a serem empregados e a avaliação.

Como uma maneira de trabalhar a prática educativa, a elaboração do plano de aula foi direcionada na intenção de expressar o saber fazer, entretanto, embora este seja o motivador inicial, o processo ensino/aprendizagem não se sustenta por um único pilar, inevitavelmente aprender a aprender, a ser e a conviver permeiam todo o processo. Como modalidade organizativa, as oficinas abrangem um largo espectro, podendo ser aplicadas da educação infantil ao ensino fundamental. Em sua concepção, elaboração e aplicação, os alunos produzem e, enquanto produzem, aprendem, utilizando os diversos níveis do aprendizado, trabalhando as diversas inteligências.

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Com vistas a esse desempenho, é que foi proposta a concepção de diversas oficinas pelas turmas de 4o semestre de Pedagogia, a serem apresentadas às demais turmas do curso. Tais oficinas foram planejadas de modo a abrangerem atividades que possam ser aplicadas em todos os ciclos de formação, da educação infantil a cada ano do ensino fundamental.

São objetivos da atividade, além de aplicar os conhecimentos adquiridos em Didática e nas diversas disciplinas da Pedagogia, ter em vista e perspectiva os quatro pilares da educação de modo a propiciar a reflexão desejada; montar um planejamento que contemple todos os passos: tema, objetivos, conteúdos, metodologia, recursos e avaliação; estimar tempos e prazos para a realização das atividades; usar os mais diversos recursos para a realização das atividades pretendidas; propor produções que representem um produto da oficina; registrar as intervenções realizadas e seus resultados. Entretanto, a discussão e o desenvolvimento dos planos de aula sempre devem ser precedidos por um elemento de importância capital: o aluno, ou seja, a quem esse plano de aula se dirige. É do aluno que qualquer intenção pedagógica deve partir, por isso, antes de pensar ou elencar temas e conteúdos, há que se traçarem os objetivos – gerais e específicos – de toda e qualquer atividade que remetam ao aprendizado desse aluno em particular na realidade em que esteja inserido. Embora os alunos participantes das oficinas ainda não sejam pedagogos, a experiência visa a orientá-los para a sua vida profissional, propiciando uma vivência que lhe trará não apenas o olhar a seu principal alvo – seu aluno e suas necessidades - , como os caminhos para planejar ações que atendam aos objetivos de ensino.

Ao estabelecer os objetivos, são perceptíveis as intenções em relação aos quatro pilares e projetam-se as habilidades a serem ampliadas ou desenvolvidas em quatro níveis básicos relacionando-se nesse aspecto aos quatro pilares e às abordagens teóricas de aprendizagem já mencionada, o aprender a conhecer, ao nível do conhecimento; o aprender a fazer, ao nível da aplicação; o aprender a conviver, ao nível de interação e aprender a ser, ao nível da solução de problemas.

Após terem estabelecido o seu público alvo, ou seja, quem serão seus alunos e suas prioridades, o planejamento da oficina é pautado pelo levantamento de temas a serem desenvolvidos e que sejam não apenas pertinentes ao trabalho com a Educação infantil e ensino fundamental I, mas também instigantes. A partir daí, os recursos a serem utilizados, bem como espaço e materiais são definidos pelo grupo.

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As oficinas resultam na apresentação de um produto final, seguido de reflexão crítica e avaliação, que ocorre nos critérios em três momentos:

1. Auto avaliação - avaliarem o processo, a execução e os resultados, bem como o empenho e dedicação do grupo;

2. Avaliação do corpo docente e coordenação da instituição;

3. Avaliação dos participantes da oficina.

Embora a duração da oficina em si seja de apenas uma hora e quarenta minutos, o planejamento envolve algumas aulas da disciplina de Didática em que os alunos debatem, criam e preparam seus materiais.

Durante o processo, as idas e vindas entre os vários pontos de igual importância constroem uma rede de informações, conceitos e raciocínios que podem se consolidar em um plano abrangente e extremamente significativo. “Skinner”, “comportamento”, “Piaget”, “objetivos”, “aprender a conhecer”, “Vygotsky”, “habilidades”, “aprender a fazer”, “conteúdos”, “Zabala”, “recursos”,

“competências” e muitos outros nomes e termos, até então desconectados, revelaram-se verdadeiramente conexos, fontes de busca, pontos que se ligaram, como se as peças de um grande quebra-cabeça tivessem finalmente se encaixado.

É importante aprender a aprender, buscar informações, estar atento, buscar com o recurso da memória as teorias de quem há muito pesquisa o tema, empregar o raciocínio ao estabelecer a sua aplicabilidade. Os hoje alunos amanhã serão profissionais, estarão no comando do fazer pedagógico e didático, conviverão com outros e com eles compartilharão conhecimentos, ideias, saberes o mais variados; enfim: aprender, fazer, conviver e ser estarão intrinsecamente em sua vivência.

Reflexões /Concepções sobre as aplicações práticas.

Antes de apresentarmos os resultados colhidos para essa análise é importante enfatizarmos os objetivos propostos neste trabalho, na intenção de acrescentar novos instrumentos aos futuros professores em formação inicial e ressignificar a construção do plano de aula, tendo o embasamento das teorias de ensino aprendizagem. Esse objetivo vem se justificar, considerando-se a realização dos alunos envolvidos e as avaliações positivas no processo didático

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–pedagógico ao contemplar as necessidades da prática no papel do professor tão exigidos nos cursos de formação docente .

Nesse contexto, foi possível, no percurso deste trabalho, ao propormos a reflexão sobre o papel docente, observamos nesta dinâmica que os alunos, ao se reportarem às suas memórias sobre seus professores da infância e de sua vida acadêmica, reconhecem ter tido na sua formação um modelo tradicional apoiado nas teorias comportamentalistas, entendida como dominadoras e condicionantes na forma de ensinar.

Assim, falar sobre o que é uma boa aula e o que para eles é ser um bom professor exige compreender que tal paradigma precisa ser discutido e deve ser ampliado por meio do aprofundamento dos estudos específicos da área didático-pedagógica.

Sabemos que os professores influenciam diretamente a aprendizagem do aluno, mas também é relevante que, nesse processo inter-relacional, o professor também seja influenciado. Juntos constroem e juntos aprendem.

Para formar estes profissionais, levando em conta a quantidade de conteúdos teóricos, para compreensão do aluno, percebemos que uma das grandes dificuldades é trabalhar a Didática e sua aplicabilidade na sala de aula.

O trabalho docente somente é frutífero quando o ensino dos conhecimentos e dos métodos de adquirir e aplicar conhecimentos se convertem em conhecimentos, habilidades, capacidades e atitudes do aluno (LIBÂNEO, 1994, p.105).

Os temas estudados na Didática sobre os processos de ensino/aprendizagem e as novas metodologias de ensino apresentadas foram decisivos para os alunos elaborarem um plano de aula e aplicar os recursos escolhidos na atividade apresentada.

A escola e o professor não formam alunos, formam cidadãos, conscientes, responsáveis e capazes, aptos a enfrentar o mundo do trabalho e a buscarem a inserção em uma sociedade competitiva e muitas vezes não inclusiva. Repousa, portanto, na educação e formação desses futuros cidadãos as mudanças ansiadas por todos. Entretanto, não podemos olvidar o papel primordial dos professores na construção dessa nova sociedade e, em nossa análise, na formação desses professores, papel nosso a ser desempenhado.

A princípio, a ansiedade e a insegurança são personagens constantes das conversas e discussões entre eles e a professora orientadora da disciplina Didática e de outros professores do

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curso aos quais os alunos recorrem de acordo com a temática de cada oficina. Os alunos sentem-se premidos pela expectativa de se apresentarem não apenas para seu próprio grupo de sala (atividade usual em seminários e apresentações orais), mas por se apresentarem a toda a comunidade de Pedagogia, incluindo aí as turmas em estágio superior e os professores.

Temerosos de um resultado insatisfatório, muitas vezes devem ter sua atenção reorientada pelos professores para aquilo que está realmente em jogo: a experienciação da práxis. Esse é o mote principal do trabalho.

O feedback da atividade “Oficinas de Didática” aplicadas no Curso de Pedagogia, tem sido mais do que satisfatório. Observa-se que vencidos os primeiros minutos, os grupo na apresentação se soltam e, assegurados pelo planejamento previamente feito, apresentam as aulas em formato de oficinas em que o saber fazer foi exigido dos participantes e podem perceber o quanto conhecer esse caminho que se inicia na teoria ganha direção segura quando encontra a prática.

Tais resultados são de grande proveito, pois sua avaliação norteará futuros empreendimentos, além de propiciar uma experiência reveladora em relação à futura profissão desses alunos.

Considerações finais

Ao propor que se realizem Oficinas com os temas selecionados, nossa intenção é apontar aos alunos que não basta escrever no plano os objetivos de forma mecanizada, se não houver clareza de a quem e o que se pretende alcançar na ação didática.

Tendo em vista essa orientação, foi nossa intenção buscarmos na disciplina de Didática novas estratégias de ensino/aprendizagem que possibilitem aos futuros professores reconhecer que a proposta dos quatro pilares pode oferecer à sua prática uma formação integral e atingir os objetivos.

O plano de aula apresentado pela disciplina de Didática (conforme o anexo I) sugere que a aula abarque os quatro pilares como balizadores do ensino, de modo que o aprender a aprender seja conceituar o conteúdo explanado, dar significados a essa aprendizagem; o aprender a fazer seja a aplicação dos conteúdos em forma de atividades exercícios e dinâmicas articuladas ao conhecimento. O aprender a conviver, que nas atividades sejam formados pares grupos que estabeleçam a socialização e o convívio necessário à aceitação do outro. O aprender a ser se

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completa na articulação dos demais pilares, para que a aprendizagem seja na construção e desenvolvimento para a vida.

Ao oferecer instrumentos para a construção das aulas e a articulação da formação inicial de nossos alunos, futuros professores, o escopo desta proposta visa estabelecer novas reflexões no processo didático-pedagógico e na elaboração de um preparo de aula que se pretende; que possua o discurso sobre a quem ensinar, o que ensinar como ensinar, para que ensinar e que possibilite a formação cada vez melhor de novos profissionais, professores conscientes das políticas atuais, das teorias de ensino e aprendizagem e das reflexões sobre novos saberes didáticos.

Referências

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uma introdução ao estudo de psicologia. 13ed. São Paulo: Saraiva, 2002.

DELORS, Jacques (org.). Educação: um tesouro a descobrir. São Paulo: Cortez; Brasília, DF: MEC/UNESCO, 1999.

LIBÂNEO, José Carlos.Didática.São Paulo: Cortez, 1994.

MASETTO, M. T. Professor universitário: um profissional da educação na atividade docente. In: Masseto (org.). Docência na universidade. Campinas: Papirus, 1998

MURANI, Alberto. Jean Piaget. Recife: Fundação Joaquim Nabuco; Editora Massangana, 2010.

PERRENOUD, Philippe. A pedagogia na escola das diferenças: fragmentos de uma sociologia do fracasso/ Fhilippe Perrenoud; trad. Cláudia Schilling. Porto alegre: Artmed Editora, 2001.

PIAGET, Jean. Biologia e Conhecimento. 2ed. Petrópolis: Vozes, 1996.

PIMENTA, S. G. Saberes pedagógicos e atividade docente. São Paulo: Cortez, 1999.

PIMENTA, S. G. & ANASTASIOU, L. G. Docência no Ensino Superior. São Paulo:

Cortez Ed, 2002

PILETTI, Claudino.Didática Especial. 15.ª ed. São Paulo: Editora Ática, 1998.

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TARDIF, Maurice. Saberes docentes e formação profissional. Petrópolis: Vozes, 2002.

VYGOSTKY, Lev Semenovich. Pensamento e Linguagem. 3ed. São Paulo: Martins Fontes, 2000.

ZABALA,Antoni. A Prática Educativa: como ensinar. Porto Alegre: Artmed, 1998.

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Anexo I

Modelo Básico para o Plano de Aula

Tema da aula: (Oficina didática)

Aprender a Aprender: Noções conceituais e referência sucinta com base historiográfica que sustente o tema.

Objetivo geral: Ao final dessa aula o aluno deverá ter aprendido... (projetar o resultado esperado)

Objetivos específicos: Aprender a Fazer: – definir, resultados esperados observáveis (conhecimento) associar, comparar, contrastar, (aplicação) calcular, demonstrar, (solução de problemas) desafiar, construir, compor, concluir, criar, criticar,

Aprender a conviver: atividades em grupo.

Conteúdo: Organizar em tópicos os conteúdos programados para a aula

Desenvolvimento: descrever a abordagem teórica utilizada e os Recursos didáticos Avaliação: com base nos objetivos estabelecidos para a aula:

Bibliografia: indicar a bibliografia consultada para o planejamento da aula

Referências

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