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UNIVERSIDADE FEDERAL DO AMAZONAS-UFAM INSTITUTO DE NATUREZA E CULTURA-INC CURSO DE LICENCIATURA EM PEDAGOGIA TALLYS BRUNO DA SILVA E SILVA

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Academic year: 2022

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO AMAZONAS-UFAM INSTITUTO DE NATUREZA E CULTURA-INC CURSO DE LICENCIATURA EM PEDAGOGIA

TALLYS BRUNO DA SILVA E SILVA

PRÁTICAS LÚDICAS NA EDUCAÇÃO INFANTIL: UM ESTUDO SOBRE A PRÁTICA PEDAGÓGICA DO PROFESSOR DE UMA ESCOLA PÚBLICA DO

MUNICÍPIO DE BENJAMIN CONSTANT/AM

Benjamin Constant/AM 2021

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TALLYS BRUNO DA SILVA E SILVA

PRÁTICAS LÚDICAS NA EDUCAÇÃO INFANTIL: UM ESTUDO SOBRE A PRÁTICA PEDAGÓGICA DO PROFESSOR DE UMA ESCOLA PÚBLICA DO

MUNICÍPIO DE BENJAMIN CONSTANT/AM

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado como requisito parcial à obtenção do grau de licenciado(a) no Curso de Licenciatura Plena em Pedagogia pelo Instituto de Natureza e Cultura- INC/UFAM/BC.

Orientadora: Prof.ª Maria Auxiliadora dos Santos Coelho

Benjamin Constant/AM 2021

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TALLYS BRUNO DA SILVA E SILVA

PRÁTICAS LÚDICAS NA EDUCAÇÃO INFANTIL: UM ESTUDO SOBRE A PRÁTICA PEDAGÓGICA DO PROFESSOR DE UMA ESCOLA PÚBLICA DO

MUNICÍPIO DE BENJAMIN CONSTANT/AM

Trabalho de Conclusão de Curso aprovado como requisito parcial para a obtenção do grau de licenciado(a) em Pedagogia pelo Instituto de Natureza e Cultura – INC/UFAM/BC.

Aprovado em 02 de dezembro de 2021.

BANCA EXAMINADORA

_____________________________________________________________

Prof. Ma. Maria Auxiliadora dos Santos Coelho - Presidente Instituto Natureza e Cultura/UFAM/BC

_____________________________________________________________

Prof. Ma. Maria Francisca Nunes de Souza - Membro titular Instituto Natureza e Cultura/UFAM/BC

_____________________________________________________________

Prof. Me. Sebastião Melo Campos - Membro titular Instituto Natureza e Cultura/UFAM/BC

_____________________________________________________________

Prof. Me. Josenildo Santos de Souza - Membro Suplente Instituto Natureza e Cultura/UFAM/BC

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DEDICATÓRIA

Dedico este trabalho a minha família em especial, meu pai João Amâncio da Silva Filho e minha Mãe Rosemeyri Gomes da Silva por estarem sempre ao meu lado me apoiando e proporcionando momentos de dedicação e amor. A meu amado filho Théo Bruno Tavera Silva. Aos meus amigos pela motivação, dedicação e compreensão, em fim dedico a todos que acreditaram e sonharam junto comigo.

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AGRADECIMENTOS

Agradeço primeiramente a Deus por tudo que tens feito por minha pessoa, por não ter me deixado sozinho nunca nos momentos difíceis. Em especial agradeço toda minha família, por caminhar sempre ao meu lado, me encorajando e torcendo para seguir em frente nessa grande caminhada que apenas se inicia.

A universidade Federal do Amazonas – UFAM, por proporcionarmos esse curso de graduação. A todos professores de Pedagogia pela dedicação e pela boa vontade de repassar tanto conhecimento.

Agradecimento especial a minha orientadora Professora Maria Auxiliadora dos Santos Coelho pelo apoio inestimável.

Aos colegas de turma pelo companheirismo, em especial a Adriana Maciel, Denis Gerson, Fernando Barroso e Maria Eduarda, pela amizade e compreensão.

Enfim, agradeço a DEUS por estar sempre do meu lado guiando meu caminho.

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“Quando uma criança brinca, joga e finge; está criando um outro mundo. Mais rico e mais belo e muito mais repleto de possibilidades e invenções do que o mundo onde, de fato vive”.

Marilena Chauí

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RESUMO

Este Trabalho de Conclusão de Curso externa uma aproximação da importância das práticas lúdicas no desenvolvimento infantil. Pensar práticas lúdicas na escola é essencial para o processo de desenvolvimento contínuo do professor enquanto mediador e das crianças de modo a assegurar essas práticas no desenvolvimento cognitivo, motor e afetivo das mesmas, garantindo o brincar como instrumento fundamental para o educar e cuidar. Nessa perspectiva o trabalho está pautado em analisar o uso do lúdico na prática pedagágica do professor da Educação infantil em uma escola pública no município de Benjamin Constant-AM. Dentre os aspectos essenciais para a construção da fundamentação do trabalho e da análise dos dados utilizamos autores e legislações importantes como: MULLER (2006), Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB), FREIRE (1996), CARVALHO (2001), FERRO E VIEL (2019), BARANITA, (2012), FUJISHIMA (2009), FERRARI, (2003), SILVA (2018), SANT’ANNA;

NASCIMENTO (2011), MARANHÃO (2007), OLIVEIRA (2010), NADALINE; FINAL (2013), SANTOS (2010), ROSAMILHA, (1979), ALMEIDA (1998), PIAGET (1976) dentre outros que fizeram parte desta pesquisa. Configurou-se como uma pesquisa de campo de abordagem exploratória e qualitativa, utilizando a observação e questionário como instrumentos de coleta de dados. A pesquisa obteve como resultado uma contradição entre teoria e prática diante do uso do lúdico no ambiente escolar, pois alguns professores discorreram que o uso do lúdico é de grande relevância para mediar uma aula, sendo que os mesmos usavam o lúdico apenas em certos momentos da prática. Diante disso, conclui-se que é de suma importância que o lúdico em sala de aula ou em qualquer ambiente onde as crianças se encontrem, é uma atividade que garante uma maior compreensão de mundo e de sua construção como um ser social, e o mediador deve oportunizar uma educação para os diferentes níveis que cada criança se encontra no ambiente escolar.

Palavras-chave: Práticas Lúdicas. Prática Pedagógica. Educação Infantil. Desenvolvimento Infantil.

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RESUMEN

Este Trabajo de Conclusión del Curso proporciona una aproximación de la importancia de las prácticas lúdicas en el desarrollo infantil. Pensar en las prácticas lúdicas en la escuela es fundamental para el proceso de desarrollo continuo del docente como mediador y de los niños a fin de asegurar estas prácticas en su desarrollo cognitivo, motor y afectivo, garantizando el juego como instrumento fundamental para la educación y el cuidado. Desde esta perspectiva, el trabajo se basa en analizar el uso de la alegría en la práctica pedagógica del docente de Educación Infantil en una escuela público de la ciudad de Benjamin Constant-AM. Entre los aspectos esenciales para la construcción de la fundamentación del trabajo y de la análisis de datos, se utilizaron importantes autores y legislaciones como: MULLER (2006), Ley de diretrices y Bases de Educación (LDB), FREIRE (1996), CARVALHO (2001), FERRO E VIEL (2019), BARANITA, (2012), FUJISHIMA (2009), FERRARI (2003), SILVA (2018), SANT'ANNA; NASCIMENTO (2011), MARANHÃO (2007), OLIVEIRA (2010), NADALINE; FINAL (2013), OLIVEIRA (2010), SANTOS (2010), ROSAMILHA (1979), ALMEIDA (1998), PIAGET (1976) entre otros que formaron parte de esta investigación. Se configuró como una investigación de campo con enfoque exploratorio y cualitativo, utilizando la observación y un cuestionario como instrumentos de recolección de datos. Esta investigación resultó en una contradicción entre la teoría y la práctica en cuanto al uso del juego en el ámbito escolar, ya que algunos docentes afirmaron que el uso del juego es de gran relevancia para mediar en una clase, y utilizaron el juego solo en ciertos momentos de la práctica. Por tanto, se concluye que es de suma importancia el lúdico en el aula o en cualquier entorno donde se encuentren los niños, es una actividad que asegura una mayor comprensión del mundo y su construcción como ser social, y el mediador debe brindar educación para los diferentes niveles que cada niño encuentra en el entorno escolar.

Palabras clave: Prácticas Lúdicas. Práctica Pedagógica. Educación Infantil. Desarrollo Infantil.

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LISTA DE FIGURAS

Figura 01: Localização do Município de Benjamin Constant no Amazonas...44

Figura 02: Centro Educacional Batista Independente – CESBI...45

Figura 03: Brinquedoteca do Centro Educacional Batista Independente – CESBI...58

Figura 04: Quadra poliesportiva da Escola Municipal CESBI...59

Figura 05: Pátio do Centro Educacional Batista Independente -CESBI...60

Figura 06: Jogo de Boliche em sala de aula...66

Figura 07: Jogo de Boliche em sala de aula...66

Figura 08: Bingo de letras...67

Figura 09: Criação de desenhos para o Cantinho da Leitura...68

Figura 10: Construção do Material para o Jogo da Velha...69

Figura 11: Projeto de Intervenção via WhatsApp...74

Figura 12: Interação professor/Alunos/Pais via grupo WhatsApp...75

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LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

AM – Amazonas

BNCC - Base Nacional Comum Curricular

CESBI – Centro Educacional Batista Independente CNE – Conselho Nacional de Educação

COVID-19

FNDE – Fundo Nacional de Desenvolvimento Escolar IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística INC – Instituto de Natureza e Cultura

LDB - Diretrizes e Bases da Educação Nacional PMIC – Programa Municipal de Incentivo à Cultura PPP - Projeto Político Pedagógico

PVC – Policloreto de Vinila

SEMED - Secretaria Municipal de Educação TNT – Tecido não tecido

UFAM – Universidade Federal do Estado do Amazonas

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LISTA DE QUADROS

Quadro 01: Respostas sobre a Importância do Lúdico...50

Quadro 02: Respostas sobre a Prática Pedagógica e Planejamento Curricular...52

Quadro 03: Respostas sobre Rendimento dos alunos...56

Quadro 04: Respostas das Crianças...70

Quadro 05: Respostas das Crianças...71

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SUMÁRIO

PARA COMEÇAR AS REFLEXÕES ... 14

1. FUNDAMENTOS TEÓRICO SOBRE LUDICIDADE ... 16

1.1 CONTEXTUALIZAÇÃO DO LÚDICO: DOS ASPECTOS HISTÓRICOS E CONCEITUAIS ... 16

1.2 LUDICO NA EDUCAÇÃO INFANTIL: CONCEPÇÕES TEÓRICAS E METODOLÓGICAS ... 25

1.2.1 Relatos do brincar: vivências com o lúdico na infância... ...25

1.2.2 Lúdico no processo de educar e cuidar das crianças ...27

1.3 PRÁTICAS PEDAGÓGICAS A PARTIR DO LÚDICO ... 34

1.4 AS ESCOLAS E O PAPEL DO MEDIADOR NAS PRÁTICAS LÚDICAS ... 38

2. METODOLOGIA DA PESQUISA... 41

2.1 PROCEDIMENTOS DE COLETA DE DADOS ... 41

2.2 CARACTERIZAÇÃO DO CAMPO DE ESTUDO ... 44

2.3 SUJEITOS DA PESQUISA ... 45

3. ANALISANDO PRÁTICAS LÚDICAS NA EDUCAÇÃO INFANTIL ... 47

3.1 LÚDICO NO PLANEJAMENTO: IMPORTÂNCIA NO FAZER PEDAGÓGICO ... 47

3.2 PRÁTICAS LÚDICAS NA EDUCAÇÃO INFANTIL: EXPERIÊNCIAS VIVIDAS PELAS CRIANÇAS... 54

3.3 PROPONDO PRÁTICAS LÚDICAS COM AS CRIANÇAS ... 71

CONSIDERAÇÕES FINAIS ... 77

REFERÊNCIAS ... 79

APÊNDICES ... 82

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PARA COMEÇAR AS REFLEXÕES

Conota-se que as práticas lúdicas na atualidade têm sido importantíssimas no processo de ensino e aprendizagem das crianças, jovens e futuros cidadãos. Tratar sobre essa temática é fundamental e desafiador uma vez que adentramos na criatividade, brincadeiras e cantos de imaginação que outrora vem sendo substituídos por testes padronizados e ensino mecânico.

Para tanto o motivo que levou a realizar o presente estudo intitulado “Práticas Lúdicas Na Educação Infantil: um estudo sobre a prática pedagógica do professor de uma escola pública do Município de Benjamin Constant/AM”, configurou-se em compreender e refletir sobre a importância e as diferentes formas lúdicas aplicadas com crianças no Centro Educacional Batista Independente – CESBI de Benjamin Constant, e a parti daí elucidar a concepção de professores, pedagogos, gestores a respeito de práticas que contribuem para o desenvolvimento infantil. Para tanto, partimos da seguinte problemática: A não utilização do Lúdico na sala de aula pelo professor pode desenvolver situações de práticas pedagógicas tradicionais e sem dinamismo?

O trabalho teve como objetivo: Analisar o uso do lúdico na prática pedagógica do professor da educação infantil em uma escola pública no município de Benjamin Constant-AM.

Tendo como objetivos específicos: Analisar o planejamento escolar para o uso do lúdico em turmas de educação infantil; Verificar se os docentes utilizavam o lúdico como uma ferramenta pedágogica no decorrer de sua atuação, identificando as práticas lúdicas no espaço escolar e suas implicações no desenvolvimento das crianças; Realizar uma ação para o fazer pedágogico com o ludico, afim de atenuar os desafios encontrados no ambiente escolar. Nesse sentido, Muller (2006, p. 52) prossegue afirmando que a brincadeira proporciona à criança um meio para expressar seus sentimentos, suas ideias e é uma mostra do enorme impulso para autorrealização que existe na infância.

Esta pesquisa é relevante, uma vez que os professores hoje em dia vivem grandes desafios para elaborar aulas e metodologias que possibilitem uma melhor forma de ensinar e contribuir para o desenvolvimento infantil. Isso nos remete a refletir que o docente vem desenvolvendo a cada dia inovações e estratégias que outrora os levam a plenitude do desenvolvimento de muitas crianças em seu processo de ensino a aprendizagem. É importante enfatizar que no caso da Educação Infantil, as Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Infantil consideram que as aprendizagens e o desenvolvimento das crianças têm como eixos estruturantes as interações e a brincadeira, como forma de assegurar as crianças os direitos de conviver, brincar, participar, explorar, expressar-se e conhecer-se.

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Ponderando que as escolas dentro cenário global perpassam por diversas fases, nas quais apresentam diferentes dificuldades em função de sua origem e por estarmos vivendo tempos de pandemia são vistas como um marco referencial na promoção de geração e oportunidades no que tange a realização de sonhos não só dos alunos mais de muitas famílias.

O trabalho dentre suas especificidades justifica-se devido a importância que esse eixo temático tem para os agentes da educação, principalmente porque as crianças vêm aprendendo e se desenvolvendo através destas práticas. Já para o docente esta metodologia de formação lúdica possibilita ao educador conhecer-se como pessoa, saber de suas possibilidades, desbloquear resistências e ter uma visão clara sobre a importância do jogo e do brinquedo para a vida da criança, do jovem e do adulto

Alicerçada nessa ideia e com o intuito de alcançar os objetivos traçadas nessa pesquisa, foram utilizados alguns procedimentos metodológicos que organizou a pesquisa: abordagem qualitativa, pesquisa de campo, pesquisa exploratória, levantamento bibliográfico que deu suporte e embasamento teórico à temática abordada, a observação que acorreu através das práticas IV e V, além disso foram aplicados questionários para alcançar as informações necessárias para apresentação dos resultados.

Por fim, este trabalho está estruturado em três capítulos. O primeiro apresenta o referencial teórico onde se elucida a relevância da pesquisa baseado nos teóricos e legislações.

O segundo capítulo aborda a metodologia e o campo de pesquisa, no qual descrevemos os procedimentos adotados na pesquisa e dados referentes ao campo. O terceiro capítulo trata-se da análise e discussão dos resultados, enfocando nos dados coletados na observação e no questionário aplicado, além de apresentar uma proposta elaborada para o uso do lúdico com crianças. Ao final apresentamos as considerações finais, enfatizando a importância do trabalho e os direcionamentos necessários.

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1. FUNDAMENTOS TEÓRICO SOBRE LUDICIDADE

O presente capítulo tem o intuito de descrever o aporte teórico sobre o desenvolvimento das práticas lúdicas. Especificamente sobre lúdico e as diversas formas de aprimoramentos em diferentes áreas de desenvolvimento como cognitivo, motor, social e afetivo apontada por autores renomados nessa área. Nesse tópico foi desenvolvido discussões de autores como Piaget, Wallon Kischimoto, entre outros que abordam sobre o lúdico desde sua égide e contextos que embasam a historicidade, conceito e as práticas lúdicas. A finalidade deste tópico é buscar a compreensão que através do brincar a criança cria, descobre, experimenta, adquire habilidades, desenvolve a autoconfiança, autonomia, expande o desenvolvimento da linguagem, pensamento e atenção que possibilitaram uma melhor aprendizagem.

1.1 CONTEXTUALIZAÇÃO DO LÚDICO: DOS ASPECTOS HISTÓRICOS E CONCEITUAIS

“Os jogos sempre se constituíram como uma atividade ligada ao ser humano”

(FERRO; VIEL, 2019, p. 110). Entre os povos não civilizados, as atividades de dança, caça, pesca, lutas, eram uma maneira de sobrevivência, mas muitas vezes uma característica de diversão e prazer natural. De acordo com estes autores a ludicidade é assunto que tem conquistado espaço no panorama nacional, por ser o brinquedo a essência da infância e seu uso permitirem um trabalho pedagógico que possibilita a produção do conhecimento, da aprendizagem e do desenvolvimento.

Em se tratando do contexto histórico, Baranita (2012) salienta que é preciso voltar aos primórdios, quando foi possível observar que já na Grécia Antiga, o filósofo Platão (427-348) fazia referência aos jogos como sendo de grande valor moral e educativo para as crianças. Entre as civilizações egípcias, romanas e maias, os jogos eram utilizados para difusão de conhecimentos e valores que eram passados de gerações a gerações. Na época do Cristianismo os jogos eram tidos como algo profano e imortal, sendo deixados de lado pela sociedade (BARANITA, 2012).

Em suas pequenas atividades, o homem primitivo foi construindo ludicamente sua história, pois reunia prazer e gesto de alegria ao se relacionar com o meio (KISCHIMOTO, 1994). Esta autora diz ainda que através de análises de desenhos e pinturas encontrados em cavernas e elementos utilizados pelo homem primitivo para fabricar armas, ferramentas e utensílios, tudo indica que o ser primitivo já brincava.

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Os brinquedos que partem deste período foram resultados do instrumento de trabalho do homem e de sua história. Os ossos eram modificados formando um novo brinquedo para as crianças. Segundo Huizinga (1971, p. 07) “nas sociedades primitivas as atividades que buscavam satisfazer as necessidades vitais, as atividades de sobrevivência, como caça, assumiam muitas vezes a forma lúdica”. “O jogo como Metodologia de Ensino é utilizado desde a Antiguidade Clássica e definido pelos filósofos e educadores Aristóteles e Platão”

(KISCHIMOTO, 1994). Ferrari (2003, p. 07) afirma que.

Platão foi o principal deles e forma, com Aristóteles, as buscas do pensamento ocidental. A educação, segundo a concepção platônica, deveria testar as aptidões do aluno [...] formulou modelos para o ensino por que considerava ignorante a sociedade grega de seu tempo. Por seu lado, Aristóteles, que foi discípulo de Platão, planejou um sistema de ensino bem mais próximo do que se praticava realmente na Grécia de então, equilibrado entre as atividades físicas e intelectuais e acessível a grande número de pessoas.

Fujishima (2009) afirma que, “a partir da Idade Média, os jogos caíam em descrédito, não só no âmbito educacional, mas no cotidiano de modo geral, influência de uma Educação Eclesiástica”. Uma vez, que não eram vistos como uma ferramenta que proporcionava o ensino.

Ferrari (2003), diz que “com o domínio do cristianismo, as ideias de Platão foram adaptadas e as de Aristóteles totalmente ignoradas até o advento do Renascimento, que marca a Idade Moderna”. Já a partir da Idade Moderna, a Educação passa a ser um direito de todos garantido pelo Estado, um dos ideais do Iluminismo e da Revolução Francesa (século 18):

Essa tarefa do Estado ganhou especial realidade na França, após a Revolução Francesa (1789). A escola tornou-se, então, não só a grande construtora da nação francesa como também a instituição que garantia certa homogeneidade entre os cidadãos e, daí, pelo mérito, a diferenciação de cada qual. Como dever do Estado será expandido por toda França. (FERRARI, 2003, p. 09).

De acordo com Santos (2010) nem sempre a educação da criança esteve em destaque, na idade Medieval o sentimento de infância foi esquecido, só a partir do século XVII a igreja juntamente com a escola passa a ter papéis fundamentais nessa educação. No século XVIII a criança passa a ser vista como uma página em branco que poderia ser moldada, conforme a vontade dos demais, apenas somente em meados do século XX por meio de pesquisadores como Piaget e Vygotsky, que apresentam indagações sobre como proceder com formação das crianças e contribuem com o pensamento da importância que tem a educação para as crianças pequenas.

A história mostra o surgimento de várias concepções de infância. A criança era vista como um adulto em escala reduzida, sua educação e cuidados eram de responsabilidade da mãe.

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“[...] mal adquiria algum embaraço físico, era misturada aos adultos e partilhava de seus trabalhos e jogos” (ÁRIES, 1978 apud OLIVEIRA, 2012, p. 60). Na fase pré-histórica o homem conseguiu vencer as dificuldades impostas pela natureza e seguir com o desenvolvimento da humanidade na terra.

Neves (2020, p. 05) salienta que por volta do século XII, na arte medieval a infância era desconhecida ou os artistas não tentavam representa-la. Naquela época a criança era retratada e tratada como um pequeno adulto, e embora exibisse mais sentimento ao retratar a infância, o século XII continuou fiel a esse procedimento. Os homens dos séculos X e XI não tinham interesse pela imagem da infância, para eles essa era apenas uma fase de transição, onde brevemente ela se tornaria um pequeno adulto, sem muita afeição.

De acordo com esta autora somente por volta do século XII que começam a surgir algumas pinturas que retratam tipos de crianças um pouco mais próximas do sentimento moderno. Dessa vez podia-se observar que ao invés de pequenos adultos, as pinturas mostravam algo como pequenos “adolescentes” (a fase após a infância). Essas crianças adolescentes tinham a idade correspondente para serem educadas para ajudar à missa. Eram vistas como crianças que seriam o modelo e ancestral de todas as crianças pequenas da história da arte: o menino Jesus, ou a Virgem Maria menina, pois a infância aqui se ligava a maternidade da Virgem tese Neves (2020, p. 06).

Neves (2020, p. 08) enfatiza que “a infância não era vista como uma fase de fragilidade, tendo em vista que a criança tinha uma atenção especial somente no início da vida”.

Era vista diferente do adulto apenas no tamanho e na força e o importante era que crescesse para enfrentar a vida adulta. Nesta época não existia a valorização da família ela existia para a conservação dos bens; a prática comum de um ofício, a criança tinha que trabalhar desde cedo.

“[...] para aprender os trabalhos domésticos e valores humanos, mediante a aquisição de conhecimento e experiências práticas” (MENDONÇA, 2013, p. 17) e, dessa forma, não era possibilitada a criação de sentimentos entre pais e filhos. Não havia distinção entre crianças e adultos, usavam os mesmos tipos de trajes e de linguagem, não existia um sentimento em especial aos mais novos. Na educação, pessoas de todas as faixas etárias frequentavam a mesma sala de aula e recebiam o mesmo ensinamento.

Para tanto é relevante salientar que quando a criança percebe que existe uma sistematização na proposta de uma atividade dinâmica e lúdica, a brincadeira passa a ser interessante e a concentração do aluno fica maior, assimilando os conteúdos com mais facilidades e naturalidade. (KISHIMOTO, 1994).

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Kishimoto (1996) destaca que: “O jogo educativo surge no século XVI, como suporte de atividade didática, visando à aquisição de conhecimentos e conquista, um espaço definitivo na educação infantil”. Na concepção desta autora, por meio de uma aula lúdica, o aluno é estimulado a desenvolver sua criatividade e não a produtividade, sendo sujeito do processo pedagógico. Por meio da brincadeira o aluno desperta o desejo do saber, a vontade de participar e a alegria da conquista, desta forma, o processo de aprendizagem tornasse então, algo divertido e interessante para a criança.

Após o advento da Revolução Francesa e da influência de seus valores pelo Mundo Contemporâneo, o Lúdico passa a conquistar cada vez mais espaço na sala de aula, passa a ter um olhar mais minucioso. Miranda (1984) enfatiza “a importância das atividades físicas e lúdicas em países europeus desde o século XVIII”. Mesmo havendo uma desconfiança quanto ao caráter educativo do jogo, com o avanço da psicologia, isto tem evoluído bastante.

A partir do século XIX e mais sistematicamente no XX, inúmeros teóricos veem analisando o processo de ensino aprendizagem, como Herbart (1776-1841), Wallon (1879- 1962), Piaget (1896-1980) e Vigotski (1776-1934), destacando os dois últimos.

[...] criou um campo de investigação que denominou epistemologia genética – isto é, uma teoria do conhecimento centrada no desenvolvimento natural da criança.

Segundo ele, o pensamento infantil passa por quatro estágios, desde o nascimento até o início da adolescência, quando a capacidade plena é atingida. A grande contribuição de Piaget foi estudar o raciocínio lógico-matemático, que é fundamental na escola (FERRARI, 2003, p. 46).

Com Piaget, o processo de ensino-aprendizagem tornou-se um campo de possibilidades, onde o educador deve proporcionar meios que estimulem a procura do conhecimento, a exemplo disso.

É enorme a influência do brinquedo no desenvolvimento de uma criança [...] A essência do brinquedo é a criação de uma nova relação entre o campo do significado e o campo da percepção visual – ou seja, entre situações no pensamento e situações reais. (VIGOTSKI, p. 112-124).

A história da infância mostra que o lúdico sempre existiu e fez parte da vida do ser humano. Desde os povos mais primitivos aos mais civilizados, todos quando crianças, tiveram e ainda tem seus objetos de brincar, que além de divertir proporciona aprendizagens significativas. Cada um com seu modo de brincar e aprender por meio de brincadeiras e jogos lúdicos. Em Silva (2018, p. 16) é destacado ainda que,

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[...] o termo lúdico tem origem no latim (ludus) e quer dizer brincar, neste brincar fica compreendido jogos, brinquedos e brincadeiras e é coerente também, a conduta daquele que participa do jogo, que brinca e se diverte do mesmo modo que, a música, a literatura, o teatro, as dramatizações, igualmente são consideradas manifestações do lúdico.

Desta forma, podemos compreender por meio da fala do autor, que várias manifestações culturais também podem ser consideradas lúdicas, e que estes não se limitam somente a crianças. O lúdico faz parte de nossa vida, daí sua importância de ser explorado cada vez mais em ambientes de ensino, uma vez que é na escola que o lúdico poderá ser visto como uma ferramenta de aprendizagem, e não somente diversão.

Santos (1997, p. 19) nos diz que os “jogos e brinquedos, embora sendo um elemento sempre presente na humanidade desde seu início, também não tinham a conotação que têm hoje, eram vistos como fúteis e tinham como objetivo a distração e o recreio. Os divertimentos lúdicos, para muitos filósofos, psicólogos e educadores é o berço obrigatório das atividades intelectuais e do desenvolvimento das funções superiores, por isso é indispensável à prática educativa.

Antes os jogos e brincadeiras eram vistos como um passatempo para as crianças, onde a mesma só aprendia em sala de aula, mas hoje houve várias mudanças, o recreio e brincadeiras estão até inseridos dentro e fora de sala de aula, hoje enquanto as crianças sorriem e brincam elas estão aprendendo fora dos métodos tradicionais. “[...] a educação lúdica é uma ação inerente na criança e aparece sempre como uma forma transacional em direção a algum conhecimento, que se redefine na elaboração constante do pensamento individual em permutações constantes com o pensamento coletivo. [...]” (ALMEIDA, 1995, p. 11 apud DALLABONA e MENDES, 2004).

O brincar em sala de aula tem na última década impulsionando positivamente o processo de ensino e aprendizagem de forma exorbitante, os jogos na educação têm chamado atenção consideravelmente principalmente nos anos iniciais. Como resultado desse interesse, existe um corpo considerável da literatura disponível sobre aprendizagem baseada em jogos em sala de aula e os benefícios potenciais disso para a educação e aprendizagem.

Cada sociedade, cada época assume o jogo com significados diferentes. Kishimoto (2008, p. 17) afirma que” [...] em tempos passados, o jogo era visto como inútil como coisa não seria. Já nos tempos do Romantismo, o jogo aparece como algo sério e destinado a educar a criança”. O lúdico envolve várias artes também, que além de envolver os jogos e brincadeiras, perpassar pela música, teatro e entre outros. Partindo desse raciocínio acredita-se que ensinar de forma lúdica pode contribuir para aumentar o prazer tanto de aprender quanto de ensinar.

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A ludicidade não se limita apenas aos jogos, as brincadeiras e aos brinquedos, ela está relacionada a toda atividade livre e prazerosa, podendo ser realizada em grupo ou individual.

Freire (2010, p. 09) ressalta que,

[...] estudar é, realmente, um trabalho difícil, que exige trabalho intelectual que não se ganha, se não praticando, dá ao trabalho (ato de estudar) a significação lúdica, pois ninguém se atiraria a uma atividade eminentemente séria e penosa se não tivesse o mínimo de prazer, satisfação e predisposição para isso.

A função da brincadeira no desenvolvimento infantil é de práxis importantíssimo, brincar é a característica definidora do desenvolvimento humano: o impulso está embutido em nós e não pode ser suprimido. Ferreira (2002, apud Silva, 2019) diz que “[...] o lúdico pode ser tanto brincadeira que provoca divertimento por meio de alguma atividade quanto jogo, ação de jogar, disputar, onde se facilita a aprendizagem, ou seja, não podemos afirmar que o lúdico é jogo e brincadeira, mas sim uma junção dos dois que provoca a ação de divertimento”.

É crucial que reconheçamos que, embora o impulso de brincar seja uma coisa, entender os detalhes de se jogar realmente nem sempre é tão natural e pode exigir um cultivo cuidadoso.

É por isso que uma abordagem baseada em brincadeiras envolve tanto a aprendizagem iniciada pela criança quanto a aprendizagem apoiada pelo professor. O professor incentiva a aprendizagem e a investigação das crianças por meio de interações que visam estender seu pensamento a níveis mais elevados.

E assim sabendo da “[...] importância do lúdico para o desenvolvimento da criança, não se pode deixar de defender seu valor dentro do contexto escolar, uma vez que a escola acolhe crianças em fase de crescimento, ativas e dispostas a aprender” (GOMES, 2009, p. 17).

De acordo com este autor é durante a brincadeira, as crianças usam todos os seus sentidos, devem transmitir seus pensamentos e emoções, explorar seu ambiente e conectar o que já sabem com novos conhecimentos, habilidades e atitudes. Na concepção de Almeida (2005, p.56), brincar “[...] é meio de expressão, é forma de integrar-se ao ambiente que o cerca. Através das atividades lúdicas a criança assimila valores, adquire comportamentos, desenvolve diversas áreas de conhecimento, exercita-se fisicamente e aprimora habilidades motoras.”

É no contexto da brincadeira que as crianças testam novos conhecimentos e teorias.

Eles reconstituem experiências para solidificar a compreensão, aprendem e expressam o pensamento simbólico, um precursor necessário para a alfabetização. Brincar é a primeira forma de contar histórias. E é assim que as crianças aprendem a negociar com os colegas, resolver problemas e improvisar. Segundo Santos (2010, p. 13) é “[...] através do brincar, que a criança

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terá condições de construir sua identidade, socializar-se, enquanto parte integrante de um grupo, conhecer e reconhecer-se, amar e ser amada. O brincar é um ato cultural e para que o brinquedo exista é preciso que um grupo da sociedade lhe dê sentido e significado.”

Considerando o anterior exposto, Silva (2018, p. 16) salienta que “[...] o termo lúdico tem origem no latim (ludus) e quer dizer brincar, neste brincar fica compreendido jogos, brinquedos e brincadeiras e é coerente também, a conduta daquele que participa do jogo, que brinca e se diverte do mesmo modo que, a música, a literatura, o teatro, as dramatizações, igualmente são consideradas manifestações do lúdico”.

A infância é uma fase muito importante para toda pessoa, e brincar nesse período é fundamental para aprendizagem infantil, e se torna algo que não deve ser deixado de lado, a criança precisa ter contato direto com brincadeiras, uma vez que essa fase é de descobertas. Isso significa que as crianças aprendem bem, quando são mentalmente ativas, engajadas, sociais e podem fazer conexões significativas com suas vidas, que são características da brincadeira.

Outro fator importante que o brincar propõe, além de melhorar as habilidades lúdicas e de linguagem narrativa, um currículo baseado em brincadeiras também tem e sempre terá uma influência positiva na aquisição da gramática.

Para tanto é pertinente a colocação de Almeida (1995, p. 195) quando diz que,

“[...]a educação lúdica pode ter duas consequências, dependendo de ser bem ou mal utilizada: a educação lúdica pode ser uma arma na mão do professor despreparado, capaz de mutilar o verdadeiro sentido da proposta; e a educação lúdica pode ser para o professor competente um instrumento de unificação, de liberdade e de transformação das reais condições em que se encontra o educando”.

Conforme o autor, assim como outras ferramentas de ensino, o lúdico pode ou não trazer benéficos para o ensino dos alunos, isso vai depender do professor saber fazer o bom uso deste. O educador precisa estar bem preparado para quaisquer atividades que queira desenvolver, precisa haver o propósito de alcançar um objetivo e a intenção de proporcionar aos discentes a obtenção de conhecimentos significativos através destas atividades.

Para Piaget a atividade lúdica só pode trazer a sensação de experiência plena para o todo do aluno quando da participação do mesmo, e como mais um recurso para a busca de um desenvolvimento motor, cognitivo e afetivo. Almeida (2005, p. 119) informa que “[...] jogos de expressão, interpretação [...] enriquecem a linguagem oral, a escrita e a interiorização de conhecimentos, libertando o aluno do imobilismo para uma participação ativa, criativa e crítica no processo de aprendizagem”.

De acordo com Silva (2018, p. 13),

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[...] as brincadeiras representam no mundo real atividades constitucionais para as crianças e são importantes em todos os aspectos de sua formação, já que sua personalidade começa a se solidificar no ato de brincar, onde estão inseridas relevantes funções, capazes de ajudar a criança no seu desenvolvimento, no seu aprendizado e na influência mútua com o ambiente onde interage responsável pela construção de sua identidade, observando também que a criança dedica a maior parte do seu tempo ao brincar.

Brincando a criança realiza diversas atividades como conversar, cantar, dançar, dramatizar, imitar, pular, imaginar, fantasiar. Além disso, serve a diversos propósitos, entre eles os educacionais visto que pode ser controlado, orientado de acordo com regras que conduz aos objetivos pretendidos. Piaget (1976) diz que “a atividade lúdica é o berço obrigatório das atividades intelectuais da criança”. Estas não são apenas uma forma de entretenimento para gastar energia das crianças, mas meios que contribuem e enriquecem seu desenvolvimento intelectual.

[...] sob as suas formas essenciais de exercício sensório-motor e o simbolismo, uma assimilação do real à atividade própria, fornecendo a esta seu alimento necessário e transformando o real em função das necessidades múltiplas do eu. Por isso, os métodos ativos de educação das crianças exigem todos que se forneça às crianças um material conveniente, a fim de que, jogando, elas cheguem a assimilar as realidades intelectuais que, sem isso, permanecem exteriores à inteligência infantil. (PIAGET, 1976, p. 160).

Outro grande pesquisador que vale destacar, assim como Piaget, e que desenvolveu trabalhos na área de psicologia genética e se interessou pelo jogo infantil foi Henri Wallon.

Analisando o estudo dos estágios propostos por Piaget, Wallon fez inúmeros comentários onde evidenciava o caráter emocional em que os jogos se desenvolvem, e seus aspectos relativos à socialização. Referindo-se a faixa etária dos sete anos, Wallon (1975, p. 210) demonstra seu interesse pelas relações sociais infantis nos momentos de jogo, diz que a “[...] criança concebe o grupo em função das tarefas que o grupo pode realizar, dos jogos a que pode entregar-se com seus camaradas de grupo, e também das contestações, dos conflitos que podem surgir nos jogos onde existem duas equipes antagônicas”.

Entre as concepções sobre brincar, destaca-se também as concepções de Froebel, o primeiro filósofo a justificar seu uso para educar crianças pré-escolares. Sua teoria metafísica pressupõe que o brinquedo permite o estabelecimento de relações entre os objetos do mundo cultural e a natureza, unificados pelo mundo espiritual.

O jogo tornou-se, nos últimos tempos, objeto de interesse de vários psicólogos, educadores e pesquisadores como decorrência da sua importância para a criança e da

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constatação de que é uma prática que auxilia o desenvolvimento infantil, na construção de conhecimentos, uma vez que está ferramenta de ensino influencia grandemente em sua vida.

De acordo com Oliveira (2010, p. 18) a participação ativa da criança e a natureza lúdica e prazerosa, inerente a diferentes tipos de jogos, têm servido de argumento para fortalecer a concepção segundo a qual aprende-se brincando. E é inevitável dizer o contrário, pois são muitos os estudos que comprovam a eficiência do lúdico e sua importância para educação. Para Oliveira (2010, p. 76) o,

[...] jogo é um fenômeno cultural com múltiplas manifestações e significados que variam conforme a época, a cultura ou o contexto. O que caracteriza uma situação de jogo é a atividade da criança: sua intenção em brincar, a presença de regras que lhe permitem identificar sua modalidade.

De maneira geral o jogo infantil compreende brincadeiras de faz-de-conta (em que intervém a imaginação, a representação a simulação), jogos de construção (manipulação, composição e representação de objetos), jogos de regras, e assim por diante. Quando as pessoas praticam esportes ou quando as crianças brincam estão manifestando uma simulação lúdica da realidade.

O jogo deve ser uma atividade espontânea. Havendo ordens não é jogo, perde a característica da liberdade. “A criança e os animais brincam porque gostam de brincar, e é precisamente em tal fato que reside sua liberdade” (HUIZINGA, 1971, p. 10). Conforme este autor pensa-se no jogo como algo oposto à seriedade, contudo ao se observar um jogo de xadrez ou futebol, por exemplo, percebe-se a mais profunda concentração entre os jogadores. O jogo tem início e fim e nesse intervalo ocorrem movimentos, sucessões, associações, tensão, equilíbrio, união, etc. Mesmo quando chega ao fim, o jogo fica na memória, sendo transmitido e repetido outras vezes, tornando-se uma tradição.

O jogador é afastado por um momento da vida real. O que está acontecendo fora do jogo não importa, leis e costumes da vida cotidiana perdem o valor, sendo substituídas por contratos e combinações entre os jogadores. E assim ocorre com a criança, pois “[...] quando brinca, a criança toma certa distância da vida cotidiana; entra no mundo imaginário”.

(KISHIMOTO 1996, p. 24)

Hoje, psicólogos e pedagogos reconhecem o papel fundamental da brincadeira no desenvolvimento e na construção do conhecimento infantil, pois possuem uma importância relevante no desenvolvimento da criança. A brincadeira de faz-de-conta, por exemplo, é a que

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está mais presente nas situações imaginárias, pois é nela que a criança pode mostrar suas vivências em diferentes contextos. Kishimoto (1996, p. 39) explica que:

Ideias e ações adquiridas pelas crianças provêm do mundo social, incluindo a família e seu ciclo de relacionamento, o currículo apresentado pela escola, as ideias discutidas em classe, os materiais e os pares. O conteúdo das representações simbólicas recebe, geralmente, grande influência do currículo e dos professores.

Ao brincar de faz-de-conta a criança aprende a criar símbolos, através da mudança do significado dos objetos, das situações, bem como da criação de novos significados, trabalhando assim sua racionalidade. As brincadeiras de construção, aquelas em que as crianças constroem cidades e bairros com tijolinhos, por exemplo, garantem além das experiências sensoriais, um estímulo à criatividade e o desenvolvimento de habilidades.

As brincadeiras tradicionais infantis, têm o poder de desenvolver a expressão oral. As crianças acabam por expressar a cultura naturalmente em brincadeiras como amarelinha, pião, parlendas, pipa, etc., além de desenvolver formas de convivência social.

Através do jogo é possível desenvolver no ser humano a capacidade de tomar decisões, a enfrentar o perigo, tornar-se criativo e emancipado, além de servir para preparar as pessoas para novos desafios, dando coragem e habilidades suficientes para gerarem confiança em si mesmo. A relação não é unilateral, pois não é só o aluno que constrói seu conhecimento. O aluno, através deste processo interativo, assimila e constroem conhecimentos, valores, regras, adquirir hábitos, formas de ser expressa, sentir e ver o mundo, forma ideias, conceitos.

1.2 LÚDICO NA EDUCAÇÃO INFANTIL: CONCEPÇÕES TEÓRICAS E METODOLÓGICAS

Refletimos neste subcapítulo sobre o lúdico na infância e na Educação Infantil. Nos propomos a relatar sobre a vivência com o brincar enquanto criança e assim tratar teoricamente sobre o lúdico nesta etapa de ensino.

1.2.1 Relatos do brincar: vivências com o lúdico na infância

Sendo o objeto de estudo deste trabalho o lúdico, pretendemos aqui relatar um pouco de minha experiência com jogos e brincadeiras durante minha infância. Por volta dos meus sete anos de idade, onde minha memória permite chegar, lembro-me que foi de muitas brincadeiras,

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amor e muito cuidado por parte dos meus pais, embora muito pequeno posso dizer que foi a fase de grandes descobertas em minha vida, foi a época que pude de fato brincar, construir, destruir, inventar, viver além do que minha imaginação poderia imaginar. Pois no “[...] brincar as crianças tem mais liberdade de expressão, ao brincar a criança vivência um novo cenário, obtendo uma dimensão imaginária e criativa da sociedade”. (HUANCA, 2020, p. 07)

Meus pais sempre me oportunizaram momentos de brincadeiras com os amigos, me possibilitaram aproveitar bastante o espaço e o tempo que me era dado aos arredores de casa, vivi momentos felizes, foram diversas aventuras havia brincadeiras de taco, pique-esconde, bola, caça ao tesouro e entre outras.

Minha mãe ficava mais tempo em casa cuidando de mim e dos meus irmãos, por muitas vezes a brincadeira era dentro de casa mesmo, onde minha mãe era líder, e juntamente com minha irmã brincávamos de jogo da velha, trilha, dominó e xadrez, me recordo bastante que meu pai comprava bastante blocos também para que pudéssemos montar e com isso instigar nossa mente a pensar.

Oliveira (2010, p. 14) ressalta que.

A brincadeira, seja ela qual for, é algo de suma importância na infância. Pelos pais, ela deve ser vista não apenas como um momento de entretenimento e lazer de seus filhos, mas também como uma oportunidade de desenvolver nas crianças hábitos e atitudes que os façam amadurecer se tornando responsáveis.

Sendo assim, é importante que os pais se façam presente nesses momentos de descobertas, dando ferramentas e suporte para as crianças realizarem brincadeiras. Lembro-me ainda que quase todo final de semana meu pai me levava para casa dos meus avós, era o melhor momento, pois lá tinha vários primos e minha querida avó tem um quintal grande. Era então o momento da construção, nesse quintal construímos casinhas, traves para futebol, peças de madeira e muitos acessórios que possibilitou uma infância cheia de alegria e realizações.

No referido quintal acima citado, construíamos casinhas, pois minha família vem de pais, tios, primo e avôs, onde os mesmo exerciam e exercem a profissão de marceneiro ou carpintaria, que diante desse convívio com os mesmos, meus primos e eu, imaginávamos fazendo as mesmas coisas, e a única forma de se aproximar dessa realidade era apanhando peças de madeiras velhas no quintal e fazíamos casinhas pequenas da mesma estrutura que nossas casas. O nosso maior foco era jogar futebol no quintal, pegávamos quatro estacas pequenas e enfiávamos na terra para fazer suas traves e o time era dividido em duplas e ao final do termino do jogo, ganhava quem obtivesse o maior números de gols.

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Diante disso, aprendi que mesmo não estando em um ambiente não escolar, estava me divertindo em um ambiente informal e aprendendo ao mesmo tempo, de forma prazerosa, descontraída e não intencional, perdendo assim o medo e a timidez que sempre me acompanhou durante a minha infância.

1.2.2 Lúdico no processo de educar e cuidar das crianças

A infância é a fase da vida que a criança realiza a descoberta pelo brincar. Sua curiosidade, imaginação, aprendizagem, criação e conhecimento são construídos pelo brincar, sozinha, com outras crianças, com adultos, com amigos imaginários.

O lúdico faz com que as crianças tenham mais criatividade, conhecimento e desenvolvimento social com os demais colegas, faz com que a criança viva numa relação do mundo real e o mundo cheio de fantasias propícias para seu aprendizado. E, isso permite que ele desenvolva funções satisfatórios à sua vida cotidiana com maior interação em sua vida social.

“Quando brinca, a criança toma certa distância da vida cotidiana e entra no mundo imaginário” (KISHIMOTO, 2009, p. 24), tudo para ela se torna mais divertido, descontraído e mais prazeroso. Por isso é essencial que o professor use com mais frequência a ferramenta de jogos e brincadeiras, sendo que desta forma, pode facilitar o processo de socialização e aprendizagem das crianças. A infância é a idade das brincadeiras, por meio dela, as crianças satisfazem grande parte de seus desejos e interesses particulares. O aprendizado da brincadeira, pela criança, propicia a liberação de energias, a expansão das criatividades, fortalece a sociabilidade e estimula a liberdade do desempenho.

O lúdico faz com que as crianças se desenvolvam, já que possibilita uma forma diferente de se aprender, testam novos conhecimentos e teorias. Eles reconstituem experiências para solidificar a compreensão. E é aqui que as crianças aprendem e expressam o pensamento simbólico, um precursor necessário para a alfabetização. Brincar é a primeira forma de contar histórias, e é assim que as crianças aprendem a negociar com os colegas, resolver problemas e improvisar.

Partindo desses pressupostos, Vygotsky (apud SANTOS 2014, p. 41-47), classifica o brincar em três fases. Na primeira fase ocorre a separação do seu primeiro grupo social, a família desenvolvendo algumas habilidades inerentes ao ser humano, tal fase estende-se até os sete anos. A segunda fase corresponde a caracterização da imitação, a criança reproduz o modelo dos adultos. E finalmente a terceira fase é identificada pela institucionalização de regras

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exigindo um grau maior e mais complexo de socialização. Assim, à medida que o indivíduo vai crescendo, seu nível de interação aumenta, fazendo-o tornar-se um ser social, através do incentivo e uso das brincadeiras.

O tradicionalismo por sua vez torna esse ensino um tanto cansativo e repetitivo para as crianças, por isso a necessidade de desenvolver práticas lúdicas que contribuam para o desenvolvimento integral da criança. Entendendo aqui que esta criança brinca a todo tempo e espaço, e ao mesmo tempo aprende e ensina. Daí a importância do lúdico na educação infantil.

A criança de 0 a 5 anos de idade que estão na educação infantil se expressam pelo brincar, significa dizer que o brincar é o momento de expressão infantil. Estruturar intencionalmente uma oportunidade de aprendizagem baseada em brincadeiras para encorajar brincadeiras criativas, bem como incluir materiais que enfatizem um padrão de aprendizagem apropriado para o desenvolvimento é certamente uma prática de alto nível. De acordo com (TAVARES, 2017) brincar dentro da escola, através da inclusão do lúdico nas propostas pedagógicas, possibilita o desenvolvimento infantil; sobretudo, quando se trata da questão do imaginário e da aquisição dos símbolos, momento quando a criança faz associações e recria no momento em que brinca proporcionando novas vivências e, por consequência, seu desenvolvimento.

Para Tavares (2017) a utilização do brinquedo com a finalidade pedagógica na educação infantil é importante para se pensar na relevância existente na utilização desses materiais no processo de desenvolvimento da criança e de sua aprendizagem. Quando se trata de crianças no nível pré-escolar, o fato de que elas aprendem de modo intuitivo durante os processos de interação com os brinquedos e com as ações que acontecem ao seu redor pode interferir de forma positiva no momento dessa aprendizagem.

Para este autor as crianças aprendem melhor por meio de experiências em primeira mão a brincadeira motiva, estimula e apoia as crianças no desenvolvimento de habilidades, conceitos, aquisição de linguagem, habilidades de comunicação e concentração. Durante a brincadeira, as crianças usam todos os seus sentidos, devem transmitir seus pensamentos e emoções, explorar seu ambiente e conectar o que já sabem com novos conhecimentos, habilidades e atitudes.

Ferro e Viel (2019, p. 119) afirmam ainda que,

[...] os jogos didáticos podem ser utilizados como uma ferramenta auxiliar na prática pedagógica, permitindo que o educador possa desenvolver diversas habilidades em seus alunos, despertando sentimentos que as aulas tradicionais não propiciam, atraindo os alunos de maneira desafiadora e descontraída, onde o conhecimento é

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construído de maneira divertida, pois o aluno aprende brincando, trabalhando também o raciocínio lógico, a memória, onde dificilmente esquecerão o que aprenderam.

Pode-se destacar que através da ludicidade, a criança tem a oportunidade até mesmo de adquirir uma melhor comunicação, e esse fator é essencial para o professor que almeja um ensino de qualidade para seus discentes. Garbarino (apud KISHIMOTO 2009, p. 69) ressalta que é “[...] através de seus brinquedos e brincadeiras que a criança tem oportunidade de desenvolver um canal de comunicação, uma abertura para o diálogo [...]”, uma vez que o lúdico impulsiona a criança a conversar, a perguntar e debater sobre determinada brincadeira ou jogo, tanto com os colegas como com os professores. Sendo assim, Silva (2018, p. 35) ainda ressalta que,

[...] a ludicidade vem para corresponder a uma configuração de linguagem que possibilita a criança manter um diálogo com o próximo, proporcionando a oportunidade não apenas da liberdade de expressão, todavia também da autonomia criativa, expandindo o seu conhecimento a propósito de a realidade e propiciando por decorrência seu desenvolvimento tanto emocional quanto social.

É através do brincar que as crianças adquirem mais comunicação com o seu próximo, tornam-se mais observadoras, começam a perceber o seu próximo numa questão de alteridade, ou seja, valorizar que o seu colega existe, fazendo com que assim tenham mais interação um com outro, ao mesmo tempo irão estar brincando com o colega enquanto aprendem.

Quando a criança se encontra no meio de outras crianças, brincando e aprendendo, ela estará se socializando e adquirindo novos conhecimentos e saberes que os colegas podem lhe proporcionar, e as brincadeiras que antes não eram vistas como forma de ensino, pode ser considerada agora uma ferramenta necessária para os docentes se apropriarem, e assim proporcionará às crianças uma melhor interação e colaboração, pois o que “a criança é capaz de fazer hoje em cooperação, será capaz de fazer sozinha amanhã”. (VIGOTSKY, 2000, p. 129) Pelo uso do brinquedo, a criança aprende a agir de forma cognitiva; os objetos têm um aspecto motivador para as ações da criança, desde a mais tenra idade. (MARANHÃO, 2007, p.

34-35). A criança quando se encontra em meio dos brinquedos, ela começa a ter mais criatividade e a ter um raciocínio mais rápido e amplo do meio em que vive, isso motiva seus instintos, até estabelece vivências do seu dia a dia. Conforme Oliveira (2010, p. 22),

Toda criança que brinca vive uma infância feliz, além de tornar-se um adulto muito mais equilibrado física e emocionalmente, conseguirá superar com mais facilidade, problemas que possam surgir no seu dia-a-dia. A criança é curiosa e imaginativa, está sempre experimentando o mundo e precisa explorar todas as suas possibilidades.

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É no jogo que as habilidades sociais básicas - como compartilhar e revezar - são aprendidas e praticadas. As crianças também trazem sua própria língua, costumes e cultura para o jogo. Como um benefício adicional, eles aprendem sobre seus colegas no processo. Essa ferramenta possibilita que o aluno deixe o egocentrismo mais de lado, pois quando ela errar no ato de brincar, ela não ficará frustrada e sim vai rir da situação ou vai querer acertar. Com isso ela vai adquirindo novos conceitos em relação às brincadeiras e a vida que a cerca.

A educação por meio do lúdico, além de contribuir e influenciar na formação da criança, possibilitando um crescimento sadio, um enriquecimento permanente, integra-se ao mais alto espírito de uma prática democrática enquanto investe em uma produção séria do conhecimento. Sua prática exige a participação franca, criativa, livre, crítica, promovendo a interação social e tendo em vista o forte compromisso de transformação e modificação do meio.

Conduzir a criança à busca, ao “domínio de um conhecimento mais abstrato misturando habilmente uma parcela de trabalho (esforço) com uma boa dose de brincadeira”

(PIAGET, 1994, p. 78), e assim transforma o trabalho, o aprendizado, num jogo bem-sucedido, momento este em que a criança pode mergulhar plenamente sem se dar conta disso.

Em poucas palavras, Froebel (apud ALMEIDA ,1998, p. 23) contribui dizendo que a

“[...] educação mais eficiente é aquela que proporciona atividade, auto expressão e participação social às crianças”. Tal teoria realmente determinou a atividade lúdica como fator decisivo na educação, partindo do pressuposto de que a verdadeira atividade educativa é aquela que cria no aprendiz o melhor comportamento para satisfazer suas múltiplas necessidades orgânicas e intelectuais, como necessidade de saber, de explorar, de observar, de jogar, de viver e assim por diante.

Aspectos psicomotores do comportamento da criança podem constituir condições para o desenvolvimento de determinados aspectos cognitivos. Ambos podem, por sua vez, determinar modificações no desenvolvimento afetivo-social. Condições emocionais e motivacionais podem constituir a base necessária para determinadas aquisições ou constituir bloqueios.

As habilidades psicomotoras incluem a destreza manual e digital, a coordenação mãos- olhos, a resistência à fadiga, o equilíbrio físico, a visão periférica, entre outras. Segundo a autora, “É evidente que a escrita é, enquanto conjunto dos movimentos coordenados, excelente exemplo, complexo, desses aspectos”. (ROSAMILHA, 1979, p. 71)

Nos aspectos cognitivos incluem-se conceitos e habilidades de operação, que envolvem identificar, nomear, descrever, ordenar, construir, redigir, criticar, compreender, relacionar. Atos de ler e de escrever operacionalizados por meio dessas ações. No jogo, as

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crianças aprendem quem são, quais são os papéis das pessoas que a cercam e tornam-se familiarizadas com a cultura e os costumes da sociedade. “Elas começam a raciocinar, a desenvolver o pensamento lógico, a expandir seus vocabulários e a descobrir relações matemáticas e fatos científicos” (ALVES, 1981, p. 42).

Quando se analisa tais aspectos psicomotores e cognitivos pode-se perceber que a falta de um determinado, pré-requisito, como conceitos, habilidades, vocabulário ou um nível de inteligência mais baixo prejudicam ou impedem a aprendizagem pela ausência. Já na questão afetiva, Almeida (1998, p. 19) diz que as crianças:

[...] mexem ou movem os brinquedos (bolas, animais, carrinhos de puxar); elas acariciam (bonecas, ursinhos e outros bichos de pano); elas representam, faz-de-conta (roupinhas, marionetes); elas fazem ou modelam (recortes, tecelagem, armações); elas constroem (com madeira, metal) e elas jogam com os outros (peteca, pingue-pongue e etc.).

Se para criança é fornecido material conveniente, a fim de que, jogando elas cheguem a assimilar as realidades intelectuais, o lúdico toma sua verdadeira forma, onde toda a educação familiar, social, escolar e toda a sua vida centrada na necessidade de um trabalho-jogo conduzem a mesma a retirar as mais delicadas e mais calorosas fruições, dando ao jogo uma concepção harmônica, de equilíbrio, que suscitará uma nova concepção de relações sociais.

Assim, o trabalho é uma atividade intrinsecamente ligada ao ser, como o jogo, que se toma como “uma função cujo exercício constitui por si mesmo sua própria satisfação”.

(BEAUCAIR, 2004, p. 37). De acordo com este autor, Freire é um dos maiores pensadores da educação como prática da liberdade, aborda implicitamente em seus estudos a relação entre a educação e ludicidade afirmando que o ato de buscar, de apropriar-se dos conhecimentos, de problematizar, de estudar é, realmente um trabalho difícil, exigindo desta forma que a disciplina intelectual se alcança somente praticando.

O ensino precisa manter uma relação profunda com a experiência para revelar a si o sentido e o valor daquilo que se vive, uma vez que este é um fator primordial para nossa vida.

Para Freire (apud CHATEAU, 1987, p. 17) sendo o homem, “[...] o sujeito de sua própria história, toda ação educativa deverá promover o indivíduo, sua relação com o mundo por meio da consciência crítica, da libertação e de sua ação concreta com o objetivo de transformá-lo”.

A realização de atividades lúdicas variadas e frequentes, pelas crianças, fornece o seu desenvolvimento, pois elas estarão tendo contanto com as mais diversas formas de ensino, e

“[...] estas atividades geram espaços para pensar, onde fazemos avançar o raciocínio desenvolvendo o pensamento, já que a atividade lúdica provoca a cooperação e a articulação de

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ponto de vista, estimulando a representação e engendrando a operatividade”. (OLIVEIRA, 2010, p. 14)

Daí “[...] a importância do desenvolvimento de capacidades físicas através de exercícios regulares e rigorosos para que certos comportamentos corporais não se desenvolvam inadequadamente ou se atrofiem” (ROSAMILHA, 1979, p. 69).

Uma grande variedade de atividades e jogos ajudam as crianças a desenvolver habilidades e conceitos que facilitam a transição da educação infantil nas séries iniciais do ensino fundamental, destacando que a autoconfiança é um dos resultados mais importantes a serem conquistados através deles, e como expressos “ao lado das atividades de integração da criança à escola (dramatizações, conversas, recreação, desenho), de preparo para se interessarem pela leitura, são úteis atividades de reconhecimento”. (CRATTY apud FREINET, 1974, p. 64)

A educação lúdica integra uma teoria profunda e uma prática atuante. Seus objetivos, além de explicar as relações múltiplas do ser humano em seu contexto histórico, social, cultural, psicológico, pedagógico, enfatizam a libertação das relações pessoais passivas, relações reflexivas, criadoras, inteligentes, socializadora, fazendo do ato de educar um compromisso consciente, de esforço, sem perder o caráter de prazer, de satisfação individual e modificador da sociedade.

Alain (apud KISHIMOTO, 1993, p. 21) defende o emprego do jogo na escola. Sua justificativa é a de que o jogo favorece o aprendizado erro e estimula a exploração e a solução de problemas no aspecto cognitivo. Segundo o autor, “[...]o jogo, por ser livre de pressões e avaliações, cria um clima adequado para a investigação e a busca de soluções”. O benefício do jogo está nessa possibilidade de estimular a exploração em busca de respostas, em não constranger quando se erra.

O autor vê dois momentos na situação escolar: o trabalho pedagógico de aquisição sistemática do saber e o jogo que, escapando à severa lei do trabalho, tem um fim lúdico, não se submetem à ordem, criando um espaço de liberdade de ação para a criança. Já Chateau (1987, p. 96), entende que,

“[...] o jogo tem fins naturais quando a ação livre permite a expressão do eu. Para o autor, o jogo é um instrumento do adulto para formar a criança, considerando o aspecto social, intelectual, cognitivo afetivo”. Ele valoriza o jogo por seu potencial para o aprendizado moral, integração da criança no grupo social e como meio para a aquisição de regras.

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O autor considera que habilidades e conhecimentos adquiridos no jogo preparam para o desenvolvimento do trabalho. Embora estabeleça um estreito vínculo entre o jogo e o trabalho escolar, indica que a educação deve, em certos momentos, separar-se do comportamento lúdico.

Não se pode pensar em uma educação exclusivamente baseada no jogo, uma vez que esta postura isolaria o homem da vida, fazendo-o viver num mundo ilusório. Chateau (1987) ainda diz que,

[...] a escola tem uma natureza própria distinta do jogo e do trabalho. Entretanto, ao incorporar algumas características tanto do trabalho como do jogo, a escola cria a modalidade do jogo educativo destinado a estimular a moralidade, o interesse, a descoberta e a reflexão.

Em suma, a polêmica em torno da utilização pedagógica do jogo, deixa de existir quando se respeita sua natureza. Qualquer jogo empregado pela escola aparece sempre como um recurso para a realização das finalidades educativas e, ao mesmo tempo, um elemento indispensável ao desenvolvimento infantil.

Cada fase da criança vem sendo marcada por acontecimentos particulares e características especificas que estão relacionadas às áreas motoras, cognitivas e afetivas. Para que a criança tenha um desenvolvimento adequado, é fundamental que estes três domínios sejam conjuntamente trabalhados e de modo harmônico.

Se a criança age livremente no jogo de faz de conta em sala, expressando relações que observa no seu cotidiano, a função pedagógica será garantida pela organização do espaço, pela disponibilidade de materiais e, muitas vezes, pela própria parceria do professor nas brincadeiras. Segundo Oliveira (2012, p. 125) “[...] muitos especialistas em educação veem o brincar, especialmente o imaginário, como solução de problemas, criatividade e flexibilidade nas crianças pequenas”.

Além desse grupo de educadores, algumas propostas pedagógicas vêm inserindo-se como práticas relevantes nas realidades dos educandários infantis, que incentivam e difundem a brincadeira como importante estímulo para o desenvolvimento de aprendizagens. Nesse sentido, qualquer jogo empregado pela escola, desde que respeite a natureza do ato lúdico, apresenta o caráter educativo e pode receber também a denominação geral de jogo educativo.

Brincar não é uma obstrução ao aprendizado acadêmico, nem é um ensino preguiçoso.

Experiências de brincadeira podem ser construídas para criar experiências de aprendizagem mais profundas que a criança irá lembrar e internalizar. Salas de aula de alta qualidade que utilizam atividades lúdicas e de aprendizagem prática são espaços bem pensados e intencionais

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não apenas um espaço aberto para todos, onde as crianças saltam de uma atividade para outra e um professor se separa e passa seu tempo/seu dia gerenciando comportamentos. Desse modo Tavares (2017) salienta que “[...] as brincadeiras realizadas, na educação infantil, devem ter planejamento, possibilitando o desenvolvimento integral de suas habilidades motoras, mentais e sociais básicas; fundamental para o crescimento saudável”.

1.3 PRÁTICAS PEDAGÓGICAS A PARTIR DO LÚDICO

É importante que o professor leve para a sala de aula, de forma consciente e planejada a ludicidade, já que ela tem apenas a acrescentar tanto em sua formação contínua quanto no aprendizado das crianças. Por meio do lúdico o educador pode realizar jogos e brincadeiras infantis que possibilitam ao mesmo tempo explorar e formalizar conceitos de maneira que seja prazeroso para a criança, pois o brincar faz parte de seu mundo, faz parte de sua realidade. A criança, por meio do brincar, acaba por instruir-se, ou seja, ela aprende brincando, aprende lições fundamentais para sua vida.

Silva (2018, p. 13) destaca ainda que.

As brincadeiras representam no mundo real atividades constitucionais para as crianças e são importantes em todos os aspectos de sua formação, já que sua personalidade começa a se solidificar no ato de brincar, onde estão inseridas relevantes funções, capazes de ajudar a criança no seu desenvolvimento, no seu aprendizado e na influência mútua com o ambiente onde interage responsável pela construção de sua identidade, observando também que a criança dedica a maior parte do seu tempo ao brincar.

No brincar ocorrem processos psíquicos que preparam o caminho de transição da criança para um novo e mais elevado nível de desenvolvimento, e é por meio do “brinquedo que a criança aprende a agir numa esfera cognitiva, ao invés de numa esfera visual externa, dependendo das motivações e tendências internas, e não dos incentivos fornecidos pelos objetos externos” (VYGOTSKY, 2000, p. 126).

Durante o brincar é fundamental a participação do professor, pois permite que ele possa conhecer seus alunos, e esse fator influenciará positivamente em sua prática. Vale destacar ainda que, qualquer que seja a brincadeira, a questão central é não esquecer do aspecto lúdico envolvido nela.

A brincadeira é um momento que o imaginário da criança deve ser respeitado e deve ter um espaço para isso. Dessa forma, cabe ao professor observar se as propostas de jogos e brincadeiras em sala de aula estão despertando uma motivação interna na criança. Sem essa

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