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Descritores: Ecocardiografia de contraste; Infarto agudo do miocárdio; Extensão transmural.

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Academic year: 2022

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ISSN 010

ecocardiografia com perfusão miocárdica em tempo real. Comparação com a ressonância magnética

Assessment of transmural extent of acute myocardial infarction by real time myocardial con- trast echocardiography a comparison with magnetic resonance imaging

Maria Luciana Zacarias Hannouche da TRINDADE1, Márcia A. CALDAS 2, Jose Antonio F. RAMIRES 3, Carlos E.ROCHITTE 4, Jeane M. TSUTSUI 5, Jose Carlos NICOLAU 6, Wilson MATHIAS JR. 7

RESUMO

Introdução: A Ecocardiografia com contraste em tempo real (EPTR) e a ressonância magnética (RM) podem identificar a necrose miocárdica após infarto agudo do miocárdio (IAM). Entretanto, a correlação da EPTR com a extensão transmural após o infarto é desconhecida. Objetivo: Determinar a extensão transmural do IAM pela EPTR em comparação com a RM.

Métodos: A EPTR e a RM foram realizados em 20 pacientes com IAM do 2º ao 5º dia após a recanaliza- ção mecânica ou farmacológica. A análise ecocardiográfica foi feita por uma análise qualitativa (visual) denomina- da escala de cinza (EC) e por uma análise quantitativa, chamada imagem paramétrica (IP). A extensão transmural do infarto em cada segmento pela escala de cinza, apresentou uma correlação menor (r=0,77) em relação à imagem para- métrica (r=0,93). Conclusão: A Ecocardiografia com contraste reflete a extensão transmural do IAM tanto quanto a RM.

Descritores: Ecocardiografia de contraste; Infarto agudo do miocárdio; Extensão transmural.

SUMMARY

Background: Both real time myocardial contrast echocardiography (MCE) and cardiovascular magnetic resonance (CMR) can identify myocardial necrosis after acute myocardial infarction (AMI). However, transmural extent of infarction (TEI) correlates of myocardial perfusion by MCE after AMI are unknown. We sought to ascertain the ability of MCE to predict TEI as defined by contrast-enhanced CMR after AMI. Methods: MCE and CMR were performed in 20 patients with AMI 2º to 5º days after mechanical or pharmacological reperfusion. The perfusion images by MCE was assessed by qualitative analysis (visual-VIS) and a quantitative called parametric image (PI). Results: The transmural extent at each segment by VIS had a lower correlation with MRI (r=0,77) than PI (r=0,93). Conclusion: MCE reflects the transmural extent of AMI as assessed by CMR.

Descriptors: Contrast Echocardiography; Myocardial Infarction Acute; Transluminal Extent.

Instituição:

Instituto do Coração – Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo.

Correspondência:

Wilson Mathias Jr; Instituto do Coração (InCor), Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo; Av. Dr. Enéas de Carvalho Aguiar,44 São Paulo, Brasil CEP: 05403-900 Telefone: 55 (11) 30695646 Fax: 55 (11) 30695293 E-mail: wmathias@incor.usp.br

Recebido em: 10/08/2006 - Aceito em: 25/08/2006

1 - Doutora em cardiologia pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP), Médica colaboradora do Serviço de Ecocardiografia – InCor.

2 - Doutora em cardiologia pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP), Médica assistente do Serviço de Ecocardiografia- InCor.

3 - Professor Titular de Cardiologia da Faculdade de Medicina da USP.

4 - Professor Livre-Docente de Cardiologia-USP.

5 - Doutora em cardiologia pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP), Médica supervisora da equipe de adultos do Serviço de Ecocardiografia InCor.

6 - Professor Livre-Docente de Cardiologia-USP. Diretor da Unidade coronariana do Instituto do Coração.

7 - Professor Livre-Docente de Cardiologia-USP. Diretor do Serviço de Ecocardiografia, InCor.

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Introdução

A ecocardiografia é a modalidade de imagem não invasiva mais utilizada na prática clínica para a avaliação da estrutura e função cardíacas. Com os avanços nas imagens dos sistemas de ultra-som, concomitantemente, com o desenvolvimento de agentes de contraste, capazes de ultrapassar a bar- reira capilar pulmonar, fizeram da ecocardiografia com contraste um método efetivo para avaliação da perfusão miocárdica1.

A ecocardiografia com contraste utiliza mi- croesferas preenchidas com gás (microbolhas), as quais possuem cinética similar à das hemácias2. A ecocardiografia com contraste de perfusão em tempo real (EPTR) permite avaliação simultânea da função regional e global do ventrículo esquer- do, bem como da perfusão miocárdica3. Esta técni- ca vem sendo utilizada para avaliação não-invasiva da microcirculação coronariana em pacientes com infarto agudo do miocárdio, com importantes implicações prognósticas. Entretanto a validação das técnicas quantitativas na avaliação da extensão transmural do infarto ainda não foi demonstrada em seres humanos.

Um outro método capaz de avaliar a perfusão miocárdica é a ressonância magnética de perfusão (RM) que se destaca sobre os demais por sua exce- lente resolução espacial4,5. A ressonância magnéti- ca de perfusão é capaz de avaliar de forma acurada a extensão transmural do infarto. O objetivo deste trabalho foi estudar o valor das técnicas quantita- tivas da EPTR para determinação da localização e extensão transmural do infarto agudo do miocár- dio, tendo a ressonância magnética como padrão- ouro.

Método Pacientes

Foram estudados prospectivamente 20 pacien- tes, com primo infarto agudo do miocárdio, com supra ou infra-desnível do segmento ST, que reali- zaram a recanalização da artéria culpada do infarto em doze horas ou menos. Os critérios de exclusão foram revascularização miocárdica prévia, imagem ecocardiográfica inadequada, relato de alergia à albumina humana e impossibilidade de realizar a

RM. A EPTR e a RM foram realizadas do segundo ao quinto dia do infarto.

Todos os participantes foram informados sobre os exames a serem realizados, assinaram o Termo de Consentimento Pós Informação, aprovado pela Comissão Científica e de Ética do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universida- de de São Paulo.

Obtenção da imagem ecocardiográfica As imagens de EPTR foram obtidas com o equi- pamento SONOS 5500 (Philips Medical Systems Andover, WA, USA), utilizando-se o transdutor S3 e imagem em segunda harmônica. Para a ava- liação da perfusão miocárdica foi utilizado índice mecânico de 0,1, associado ao flash ecocardiográfi- co, com índice mecânico de 1,4. Os exames foram gravados em vídeoteipe e disco óptico e a análise da perfusão segmentar foi realizada off line por um softerware específico para quantificação.

Infusão do contraste ecocardiográfico O contraste utilizado foi o PESDA, na dose de 0,1 ml Kg diluído em soro fisiológico a 0,9%, inje- tado continuamente por bomba de infusão.

Análise da perfusão miocárdica

O ventrículo esquerdo foi dividido em 17 seg- mentos, como recomendado pelo Cardiac Imaging Committee of the Council on Clinical Cardiology of the American Heart Association (Figura 1) e fo- ram analisadas as projeções apicais 2,3 e 4 câma- ras6. As imagens ecocardiográficas foram optimiza- das antes da injeção do contraste e os parâmetros ecocardiográficos mantidos constantes durante o exame. Um índice mecânico de 0,1 foi mantido, permitindo o enchimento da cavidade ventricular esquerda e do miocárdio pelo contraste. Após a sa- turação de todo o miocárdio por microbolhas, um flash com cinco quadros e um índice mecânico de 1,4 eram emitidos com o objetivo de destruir as microbolhas no miocárdio e possibilitar a análise do repreenchimento do miocárdio pelas microbo- lhas e, conseqüentemente, permitir a avaliação da perfusão miocárdica em tempo real (Figura 2).

Os dados ecocardiográficos foram transferidos

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para uma estação de trabalho para análise, usando um programa específico para quantificação do flu- xo miocárdico (QLab versão 2.0, Philips Medical Systems, Bothel, WA, USA). Foram realizadas duas análises: a primeira visual, denominada imagem em escala de cinza (EC), em que foram atribuídos escores de perfusão: 1 para opacificação normal, 2 para opacificação diminuída, e 3 para ausência de opacificação. A segunda análise foi quantitativa,

denominada imagem paramétrica (IP). A taxa de aumento da intensidade acústica foi determinada por uma função exponencial na forma de I(t)= A (1-exp Bt), em que I representa a intensidade do pixel como função do tempo, A corresponde à in- tensidade máxima do repreenchimento miocárdi- co e β a taxa constante de mudança de intensidade.

Os parâmetros A e β foram automaticamente ta- bulados, de acordo com a posição e valor do pixel,

Figura 1 Divisão do ventrículo esquerdo em 17 segmentos para avaliação da contração e perfusão miocárdicas. ADA = artéria coronária descendente anterior; CD = artéria coronária direita; CX = artéria coronária circunflexa.

Figura 2 Demonstração do repreenchimento miocárdico pelas microbolhas nos batimentos posteriores a um Flash e método de cálculo do fluxo miocárdico regional pela ecocardiografia de perfusão miocárdica em tempo real. VOL = volume sangüíneo microvascular, VEL = velocidade das microbolhas na microcirculação.

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então, um mapa de cor foi aplicado para gerar a IP do volume sangüineo (A), da velocidade sangüinea (β) e do fluxo sangüineo (Axβ) para cada pixel do miocárdio em cada uma das três projeções. Para a análise deste material, apenas as IP representativas da velocidade do fluxo (β) foram utilizadas.

A extensão transmural do infarto foi calculada, dividindo-se a área total do segmento pela área do segmento infartado em cada um dos 17 segmen- tos e comparada com as imagens planimetradas do mesmo modo pela RM (Figura 3). O infarto foi considerado não transmural, quando era menor ou igual que 50% da área do segmento miocárdico infartado e transmural, quando maior que 51% da área do segmento miocárdico infartado.

Análise estatística

A concordância entre a extensão transmural pe- las técnicas avaliadas, foi classificada em 1 a 50%

(não transmural) e 51 a 100% (transmural), e fo- ram avaliadas com o teste de simetria e o índice de Kappa, e a média da extensão transmural em todos os segmentos foi avaliada com a análise de regres- são linear (testando a hipótese de que o intercepto é igual a zero e o coeficiente angular é igual a 1) e pelo método Bland-Altman, em que o gráfico das médias entre os métodos versus as diferenças exis- tentes entre eles foi avaliado. Os valores de p<0,05 foram considerados estatisticamente significantes.

Resultados gerais

Vinte pacientes foram incluídos no estudo, sen- do 12 (60%) homens e oito (40%) mulheres, com idade média de 64,3 ± 14,7 anos. O intervalo mé- dio entre o infarto e a EPTR foi de 2,5 dias; entre o infarto e a RM foi de 3,3 dias e entre os dois es- tudos foi de um dia. Nenhum paciente apresentou sinais clínicos de angina, re-infarto ou submeteu-

Figura 3 Ecocardiograma com contraste em escala de cinza, imagem paramétrica e pela ressonância magnética.

Revista Brasileira de Ecocardiografia 19 (4): 28 - 35, 2006. Trindade MLZH et al. Avaliação da extensão transmural do infarto agudo do miocárdio pela ecocardiografia com perfusão miocárdica em tempo real. Comparação com a ressonância magnética

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se a uma intervenção coronariana percutânea ou cirúrgica no intervalo entre os dois estudos. Não houve complicações clínicas ou alterações hemodi- nâmicas durante a realização da EPTR e de RM.

Correlação do porcentual da

extensão transmural média do infarto entre a ecocardiografia e a ressonância magnética

A extensão transmural média dos segmentos de cada um dos vinte pacientes, mostrou melhor cor- relação entre a IP e a RM, com uma diferença en- tre as médias de -0,03%, ao passo que na EC esta diferença foi de 1,11 (Figura 4). Para a compara- ção com a EC, a mensuração da extensão transmu- ral foi exeqüível em 89 segmentos. Destes, houve 63 segmentos nos quais o infarto foi transmural e 26 segmentos, nos quais o infarto foi não trans- mural (Kappa=0,69; Mcnemar, p=0,194). Para a comparação com a IP, a mensuração da extensão transmural foi exeqüível em 103 segmentos. Des-

Tabela 1 Correlação do percentual da extensão transmural entre as mo- dalidades ecocardiográficas e a ressonância magnética

EC= ecocardiograma com contraste em escala de cinza, IP= imagem paramétrica, RM= ressonância magnética

RM

1-50% 51-100%

EC 1-50% 15 11

51-100% 18 45

IP 1-50% 38 3

51-100% 9 53

tes, 62 nos quais o infarto foi transmural e 41 não transmural (Kappa=0,89; Mcnemar, p=0,083), conforme demonstrado na (Tabela 1).

Correlação da extensão transmural do infarto nos 340 segmentos do ventrículo esquerdo

Quando se analisou a extensão transmural do infarto nos 17 segmentos do ventrículo esquerdo,

Figura 4 Correlação do porcentual de extensão transmural média entre a ecocardiografia e a ressonância magnética, e curvas de Bland-Altaman. EC=

ecocardiograma com contraste em escala de cinza, IP= imagem paramétrica, RM= ressonância magnética,

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notou-se uma melhor correlação entre a IP e a RM, em relação a correlação entre EC e RM (Figura 5).

Discussão

Correntemente, a avaliação da perfusão mio- cárdica pela ecocardiografia com contraste em humanos é mais freqüentemente feita pela análi- se visual qualitativa. A acurácia desta depende da experiência do investigador e, em especial, de sua habilidade em distinguir artefatos dos verdadei- ros defeitos de perfusão e tem sido, portanto, um desafio. Técnicas de quantificação têm sido desen- volvidas para permitir a avaliação quantitativa ou semiquantitativa da perfusão miocárdica, a fim de reduzir a influência desses artefatos. Embora estes métodos tenham sido validados experimentalmen- te, são trabalhosos e, no geral, não são amplamente aplicados na clínica de maneira rotineira7.

A análise visual semiquantitativa dos defeitos de perfusão do nosso estudo é diferente dos acha- dos de Marwick et al8. que usaram a ecocardiogra- fia com imagem intermitente e encontraram uma sensibilidade relativamente baixa para a detecção

de defeitos de perfusão moderados ou importan- tes, pelo SPECT Sestamibi. Isto provavelmente ocorreu pela falta de recursos técnicos necessários, a exemplo da EPMTR e a adequada comparação com padrão de referência, como a RM no presente estudo.

A perfusão miocárdica também foi avaliada por Caldas et al9. empregando a análise visual semi- quantitativa das imagens ecocardiográficas com contraste em pacientes com primo IAM de parede anterior. Os autores mostraram que o índice de es- core de perfusão foi preditor de remodelamento ventricular esquerdo em seis meses. Os pacientes foram classificados com e sem fenômeno de no re- flow, e demonstraram maior número de segmentos miocárdicos da parede anterior com recuperação funcional ou reserva contrátil nos pacientes que apresentavam dois ou menos segmentos miocárdi- cos sem opacificação pela análise visual.

A imagem paramétrica tem sido validada para a análise da perfusão miocárdica em modelo expe- rimental e tem permitido uma avaliação espacial rápida e semiquantitativa da perfusão. Ela pode

Figura 5 Correlação entre a ecocardiografia e a ressonância magnética, e curvas de Bland-Altman, da extensão transmural do infarto nos 17 segmentos do ventrículo esquerdo dos 20 pacientes. EC= ecocardiograma com contraste em escala de cinza, IP= imagem paramétrica, RM= ressonância magnética.

Revista Brasileira de Ecocardiografia 19 (4): 28 - 35, 2006. Trindade MLZH et al. Avaliação da extensão transmural do infarto agudo do miocárdio pela ecocardiografia com perfusão miocárdica em tempo real. Comparação com a ressonância magnética

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ser realizada pela imagem do volume sangüíneo (A), velocidade (ß) e do fluxo sangüíneo (AXß) e tem correlação com imagens de fluxo sangüíneo marcado com microesferas10. Em concordância com nossos achados, Yu et al11 estudaram 46 pa- cientes com doença arterial coronária conhecida ou suspeita pelo SPECT em repouso e estresse e compararam os defeitos de perfusão da ecocardio- grafia com contraste; utilizando a modalidade de imagem intermitente, demonstraram que a quan- tificação dos defeitos de perfusão pela imagem paramétrica apresentou uma melhor concordân- cia com o SPECT (92%) do que a análise visual (83%). Estes pesquisadores utilizaram contraste de segunda geração, o Definity e o Optison, que são compostos pelo gás perfluoropropano; nós também usamos um contraste de segunda gera- ção (PESDA), composto por perfluorocarbono e diferentemente, empregamos a modalidade de perfusão em tempo real.

O principal achado deste estudo foi que a EPTR foi capaz de avaliar com acurácia a extensão trans- mural do infarto, quando comparada com a RM.

Em concordância com nossos achados, Janardha- nan et al12 estudaram 42 pacientes, pela EPTR e a RM, com infarto agudo do miocárdio com 7 a 10 dias após trombólise. Os parâmetros qualitativos e quantitativos da EPTR mostraram uma relação inversa (p<0,0001) com o aumento da extensão transmural do infarto, e a velocidade das microbo- lhas (ß) foi o melhor preditor isolado da extensão transmural do infarto. Diferentemente do nosso trabalho, eles utilizaram regiões de interesse para a análise quantitativa da perfusão miocárdica.

Estudos de ressonância magnética de Kelly et al4 e Kim et al5 demonstraram que essa técnica tem a capacidade de mostrar com detalhes sua extensão transmural, fato de grande importância no que diz respeito à previsão da recuperação da função ven- tricular e remodelamento cardíaco.

A extensão transmural do segmento infartado e o percentual da extensão transmural correlacio- naram melhor com a imagem paramétrica do que com a imagem em escala de cinza, evidenciando que a análise qualitativa do padrão de opacificação miocárdica é mais sujeita a erros do que a análise

quantitativa realizada por programas de computa- dor específicos.

Limitações

A ecogenicidade do miocárdio em estado ba- sal, sem contraste, é heterogênea, ou seja, algumas regiões do miocárdio já são mais refringentes que outras. Por esta razão e pelo fato de o olho huma- no ter dificuldade em diferenciar graus de escalas de cinza, a análise apenas qualitativa do padrão de perfusão miocárdica possui várias limitações. A primeira é a dificuldade inerente na identificação visual da velocidade de repreenchimento do mio- cárdio pelas microbolhas e da intensidade do con- traste ecocardiográfico no miocárdio. A segunda é a presença de artefatos de imagem que podem pro- duzir heterogeneidade na opacificação do contraste como, por exemplo, o fenômeno de atenuação na cavidade ventricular esquerda gerado pelo exces- so de microbolhas, que tem concentração 10 a 20 vezes maior na cavidade que no miocárdio. E, por último, apesar dos recentes avanços na tecnologia dos equipamentos de ultra-som, há ainda substan- cial diferença no campo acústico, produzindo di- ferenças na opacificação do contraste, dependendo do local das microbolhas no feixe acústico e da po- sição do foco acústico.

Observa-se que o aperfeiçoamento no processa- mento digital das imagens e na análise quantitativa da intensidade do sinal do contraste ecocardiográ- fico no miocárdio, associado aos métodos de corre- ção, oferece boas oportunidades para estudos nessa área13. Por sua vez, a imagem quantitativa paramé- trica depende de análise semiquantitativa prévia, e é ainda bastante trabalhosa, porque requer seleção, alinhamento e identificação das bordas endocárdi- cas e epicárdicas da imagem.

Contrastes de natureza e propriedades físicas diferentes foram usados; como o gadolíneo que é um agente intersticial, e as microbolhas são exclu- sivamente intravasculares. O contraste ecocardio- gráfico utilizado, o PESDA, é formado por bolhas heterogêneas, tamanhos variáveis, e geralmente maiores que as moléculas de gadolíneo, que são uniformes.

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Referências

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Revista Brasileira de Ecocardiografia 19 (4): 28 - 35, 2006. Trindade MLZH et al. Avaliação da extensão transmural do infarto agudo do miocárdio pela ecocardiografia com perfusão miocárdica em tempo real. Comparação com a ressonância magnética

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