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Recurso Administrativo a que se dá provimento para acolher a sugestão da Comissão e determinar o arquivamento da Sindicância.

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Recurso Administrativo a que se dá provimento para acolher a sugestão da Comissão e determinar o arquivamento da Sindicância.

Vistos, relatados e discutidos os presentes autos de RECURSO ADMINISTRATIVO, em que figuram, como recorrente, JOSÉ LUIZ LOUREIRO DE MENDONÇA, e, como Recorrido, o EXCELENTÍSSIMO DESEMBARGADOR PRESIDENTE DO TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA PRIMEIRA REGIÃO.

Cuida-se de Recurso Administrativo, interposto por JOSÉ LUIZ LOUREIRO DE MENDONÇA, servidor ativo deste Egrégio Tribunal Regional do Trabalho da 1ª Região, insurgindo-se contra r. decisão de fl. 64, do EXCELENTÍSSIMO PRESIDENTE DO TRIBUNAL REGIONAL DA PRIMEIRA REGIÃO, DESEMBARGADOR CARLOS ALBERTO ARAUJO DRUMMOND.

Por meio da r. decisão, restou acolhido o parecer da Assessoria Jurídica (fls. 50/57) e aplicada a penalidade de advertência ao Recorrente, por infringência dos incisos III e X do art. 116 da Lei nº 8.112/90.

Pretende o Recorrente, em síntese, a reforma da r. decisão recorrida, a fim de que seja acolhida a conclusão da comissão de sindicância, no sentido do arquivamento da representação apresentada pela servidora Marcelle Cehab Maleson.

Deixo de encaminhar os autos ao Ministério Público do Trabalho, na forma do Ofício PRT/1ª Região nº 885/12 – GAB.

É o relatório.

VOTO

I. CONHECIMENTO

Conheço do Recurso Administrativo, por tempestivo.

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II. MÉRITO

Cuida-se de Sindicância instaurada por determinação do Excelentíssimo Presidente deste Egrégio Tribunal Regional do Trabalho da 1ª Região, em virtude da representação apresentada pela servidora Marcelle Cehab Maleson em face de Luciana Favielle Ferreira e José Luiz Loureiro de Mendonça, servidores lotados na 23ª Vara do Trabalho desta Capital, na época dos fatos.

Restaram designados o Excelentíssimo Juiz do Trabalho Marco Antonio Belchior da Silveira, Titular da 14ª VT/RJ, a Diretora de Secretaria, Ana Luiza Bordallo da Costa, da Secretaria de Gestão e Conhecimento, e Augusto Cesar Nascimento, Chefe de Divisão de Arrecadação Judicial, para, sob a presidência do primeiro, constituírem a Comissão de Sindicância.

Segundo a denunciante, a servidora Luciana Faviere Ferreira teria extrapolado em 07 (sete) dias o prazo legal de 30 (trinta) dias de férias e o servidor José Luiz Loureiro de Mendonça, então Diretor daquela Secretaria, teria permitido tais ausências ao serviço, sem registrar no livro de ponto os dias de falta injustificada.

Requereu, pois, a denunciante a aplicação de punição individual adequada aos representados.

A Comissão de Sindicância, nos termos da ata de fls. 44/47, sugeriu o arquivamento do feito, na forma do art. 145, inciso I, da Lei nº 8.112/90.

Contudo, acolhendo o parecer da Assessoria Jurídica, às fls.

50/57, o Excelentíssimo Presidente deste Egrégio Tribunal Regional resolveu aplicar a penalidade de advertência ao Recorrente, por infringência do inciso III do art. 116 da Lei nº 8.112/90 – não observar as normas regulamentares deste E. TRT (em especial o PAD-VT – 003/2010), deixando de prestar as corretas informações de frequência dos servidores no livro de ponto.

Entendo, d.v., que assiste razão ao Recorrente.

Aqui, peço licença para transcrever trecho da fundamentação da Comissão de Sindicância e adotá-lo como razão de decidir, menos por inércia e mais por refletir o posicionamento deste Relator, verbis:

“Da análise das manifestações dos envolvidos e provas documentais apresentadas, resta incontroverso que o período de férias ora discutido se refere a 12/8/2013 a 26/8/2013 e que o retorno da servidora Luciana ocorreu, com efeito, em 02/09/2013 (segunda-feira). Além disso, é unânime entre os envolvidos que houve concordância do segundo representado, na condição de então diretor da Secretaria e superior hierárquico da primeira representada, com as faltas nos dias 27, 28, 29 e 30 de agosto mediante compensação.

(...)

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É sabido que o dever de assiduidade do servidor público decorre de expressa disposição contido no art. 116, inciso X, da Lei nº 8.112/90. Desta Forma, advinda falta ao serviço, deve o servidor, oportunamente, justificá-la à sua chefia imediata, sob pena de ter descontado em sua remuneração os dias não trabalhados, nos termos do art. 44, inciso I, da referida lei.

Especificamente com relação à justificativa para as faltas ao serviço, destaca Ivan Barbosa Rigfolin em Comentários ao Regime Único dos Servidores Públicos Civis, 7 ed., 2012, pág.

173: “como motivo justificado, deve-se entender aquele que a Administração, por seus critérios mais objetivos ou menos objetivos – o ideal seria objetividade máxima neste caso, mas isto é sabiamente irrealizável, por razões em conta - , acate como abonador da ausência.”

Igualmente, há de se entender que a decisão a este respeito decorre do poder discricionário do ato administrativo que decorre da competência de atribuições do segundo representado, no exercício da função de diretor de secretaria e superior hierárquico da primeira representada.

É sabido que o poder discricionário dá à Administração a possibilidade de decisão em responsabilidade própria.

Verifica-se que o ato administrativo in casu encontra-se sob a égide da lei, nos termos do inciso II do artigo 44 da Lei 8.112/90.

“Artigo 44. O servidor perderá:

II – a parcela de remuneração diária, proporcional aos atrasos, ausências justificadas, ressalvadas as concessões de que trata o art. 97, e saídas antecipadas, salvo na hipótese de compensação de horário, até o mês subsequente ao da ocorrência, a ser estabelecida pela chefia imediata.” (grifo nosso)

Neste sentido, em relação à compensação dos dias não trabalhados, Ivan Barbosa Rigolin, ao interpretar o dispositivo supracitado bem esclarece:

“Em caso de horário compensado, não se cuida de qualquer desconto na remuneração, bem como de acréscimo ou de

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diferenciação, uma vez que a compensação, em princípio e não apenas em direito administrativo, mas também no direito do trabalho, pressupõe igualdade de realidades e de valores.” (Comentários ao Regime Único dos Servidores Públicos Civis, 7 ed., 2012, pág. 174).

Não bastasse, verifica-se que o ato administrativo é válido por ter sido produzido de acordo com as normas que o regem, eficaz por ser apto a produzir efeitos e perfeito, por ter sido concluído. Assim, ainda que se considerasse a existência de vícios no ato em questão, seria possível a sua convalidação, tendo em vista obediência aos princípios da legalidade, proporcionalidade, razoabilidade e moralidade, além da inexistência de prejuízos à Administração.

Do contrário, na hipótese, de revogação do ato de compensação dos dias faltados, seria devido o pagamento à primeira representada das horas compensadas, sob pena de enriquecimento ilícito da Administração, uma vez que o ato foi decorrente de decisão administrativa nos limites do poder discricionário do administrador público.

Portanto, uma vez comprovada a devida compensação dos dias não trabalhados e o consentimento do superior hierárquico e, ainda, não vislumbrados prejuízos à Administração, verifica-se a legalidade do ato decisório e obediência aos princípios aplicáveis à Administração Pública na espécie.”

De se notar que o próprio parecer jurídico, aprovado pelo Excelentíssimo Presidente deste Egrégio Tribunal Regional, afirma que a caracterização das faltas em justificadas ou injustificadas não é tema livre de polêmica, ante a falta de clareza da redação do artigo 44, II, da Lei 8.112/90. E que, seja pela falta de clareza, seja pela própria polêmica que rege o tema, poderia ter ocorrido erro de interpretação, ou erro sobre a ilicitude do fato (erro de proibição), instituto importado do Direito Penal que resultaria excludente de culpabilidade (reprobabilidade da conduta) do Recorrente.

Faz mister registrar, ainda, que o Recorrente agiu com a autorização da chefia imediata, a Juíza Titular da 23ª VT/RJ, o que revela a prudência e boa fé na condução da decisão que deu ao caso em exame.

Dou, pois, provimento ao presente Recurso Administrativo para acolher a sugestão da Comissão e determinar o arquivamento da Sindicância.

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III CONCLUSÃO:

Pelo exposto, conheço do Recurso Administrativo para, no mérito, dar-lhe provimento para determinar o arquivamento da presente Sindicância.

A C O R D A M os Desembargadores da Primeira Turma do Tribunal Regional do Trabalho da Primeira Região, por unanimidade, I - retirar o segredo de Justiça do presente processo; II – por unanimidade, conhecer do Recurso Administrativo para, no mérito, dar-lhe provimento para determinar o arquivamento da presente Sindicância.

Rio de Janeiro, 02 de outubro de 2014

DESEMBARGADOR JOSÉ NASCIMENTO ARAUJO NETTO RELATOR

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